Em pronunciamento
ao país, carregado de forte pitada de condimentos políticos, muito mais
apropriado para candidato a pleito eleitoral, a presidente da República anunciou,
enfim, a tão esperada redução dos preços da energia elétrica, deixando à
evidência o cumprimento da promessa feita no desenrolar da campanha para
eleição dos prefeitos municipais, tendo por objetivo melhorar, na oportunidade, a
imagem do PT, bastante desgastada com o julgamento do mensalão pelo Supremo
Tribunal Federal. De início, a mandatária aproveitou para rebater críticas ao
seu governo, dizendo: “Algumas pessoas,
por precipitação, desinformação ou qualquer outro motivo tenham feito previsões
sem fundamento” e lembrou que “É a
primeira vez que isso ocorre no Brasil, mas não é a primeira vez que o nosso
governo toma medidas para baixar o custo, ampliar o investimento, aumentar o
emprego e garantir crescimento para o país e bem-estar para os brasileiros.”.
Num estilo bem peculiar petista, ela fez questão de enfatizar os resultados do
governo e condenar a atitude dos opositores, quando disse que “o time vencedor e os pessimistas” e “No Brasil, aqueles que são sempre do contra
estão ficando para trás”. Já em tom mais otimista, ela disse que “Temos baixado juros, reduzido
impostos, facilitado o crédito e aberto como nunca as portas da casa própria
para os pobres e para a classe média. Ao mesmo tempo, estamos ampliando
investimento na infraestrutura, na educação e na saúde e nos aproximando do dia
em que a miséria estará superada no nosso Brasil”. Não deixa de ser
estranho tanto ufanismo para anunciar a queda dos preços da energia, quando o próprio
governo terá que suportar parte da redução, em superior a R$ 8 bilhões, como
forma de não prejudicar o desempenho das empresas do setor, cujo socorro deverá
vir do Tesouro Nacional, que terá de emitir novos títulos da dívida para
levantar recursos suficientes para garantir a sua promessa, ou seja, a redução será
paga, pasmem, pela sociedade beneficiada pela aludida diminuição de preços. O governo deveria ter a dignidade de reconhecer que os preços da energia
elétrica não poderiam permanecer no patamar absurdo que chegou, haja vista que
os valores foram reajustados, ao longo dos anos, muito além do devido, conforme
reconheceu o Tribunal de Contas da União, que decidiu no sentido de que os
reajustes irregulares devem ser corrigidos, fato que o governo prefere omitir
da sociedade, prejudicando, com isso, a observância ao salutar princípio da
transparência, que ele não pode ignorar. Trata-se, na realidade, de um governo sem
projeto de programa algum e de gestão recheada de deficiências nas áreas
econômica, de saúde pública, educacional, de segurança pública, de transportes,
do serviço público e, enfim, em todos os segmentos da administrativa pública,
onde imperam completa incompetência gerencial, com exceção da arrecadação
tributária, cuja eficiência vem obtendo recorde sucessivamente. Não obstante, a
medida agora anunciada não passa de deslavada e ridícula “bondade” impregnada de
explícito populismo, com o objetivo de desviar a atenção da sociedade das
graves questões nacionais, como se os brasileiros fossem um bando de
ignorantes, idiotas e desentendidos dos problemas nacionais. A sociedade,
rechaçando, com veemência, as medidas demagógicas do governo, anseia por que
sejam promovidas, com urgência, amplas e abrangentes reformas estruturais, de
modo a contribuir de verdade para a melhoria das condições de vida dos
brasileiros e o desenvolvimento socioeconômico da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de janeiro de 2013
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