sábado, 10 de maio de 2014

Ditatorial gestão pública

Segundo o ministro da Fazenda, o governo pode elevar os impostos sobre bens de consumo para compensar a “bondade” da alta das imprevistas despesas com o reajuste nos benefícios do Bolsa Família, tendo em vista que a meta de superávit primário é compromisso "irreversível". Como se sabe, a presidente da República, em ato de visível “generosidade” eleitoreira, anunciou, em discurso alusivo ao Dia do Trabalhador, a correção da tabela do Imposto de Renda pessoa física, no percentual de 4,5%, com impacto fiscal estimado em R$ 5,3 bilhões, e aumento de 10% nos benefícios do Bolsa Família. Ele afirmou que o gasto com a elevação do benefício não é expressivo e será compensado com aumento da arrecadação ou redução de despesas. O ministro garantiu que "Temos uma previsão de aumento de alguns tributos. Nada impede que, se for necessário, façamos algum corte adicional para que o controle fiscal seja cumprido na íntegra". Já se cogita aumentar impostos referentes ao PIS/Confins sobre importação, com vistas a possibilitar a equalização do tributo do produto importado ao do bem produzido no Brasil. Ainda não há decisão sobre o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas é outro tributo que pode ser incluído na sanha voraz do Leão. A máquina arrecadadora tupiniquim tem suas garras cada vez mais afiadas, a exemplo da elevação dos impostos sobre bebidas frias, representadas por cervejas, refrigerantes, energéticos, isotônicos e refrescos. Não obstante, o ministro assegurou: "Mas, na verdade, estamos trabalhando mais com contenção de gastos e estamos contando com a recuperação da arrecadação por conta da melhoria do crescimento econômico", ou seja, na verbalização, o governo chega a ser hilariante, ao afirmar, pasmem, contenção de gastos, que jamais houve efetivamente nesse governo, nem mesmo nas viagens, pois os gastos no exterior são espantosos, superando despesas semelhantes realizadas por países desenvolvidos. Nesse embalo injustificável de aumento de tributos, em verdadeira contramão da realidade contributiva dos tolos dos contribuintes, quando o correto seria a redução de tributos, o governo acena com a intenção de facilitar o crédito para exportação e incentivar aumento do crédito no mercado doméstico. Ele também adiantou que o governo estuda a criação de fundo para garantir a melhoria da segurança dos bancos, com vistas a permitir que eles se sintam mais à vontade para liberar o crédito. Normalmente a competência da administração pública deve se refletir, necessariamente, conforme preconiza o comando constitucional, na capacidade de o governo somente conceder benefício depois de ter garantia da existência recursos orçamentários suficientes. No entanto, no caso das “bondades” em comento, primeiro houve seu anúncio, em momento de ímpar oportunismo eleitoreiro, para depois correr-se atrás dos recursos, que, para variar, deverão ser conseguidos mediante o emprego do costumeiro menor esforço, como sói acontecer, com o aumento de impostos, obrigando a sociedade a mais esse pesado sacrifício. O povo não aguenta mais ouvir do governo apenas alegar contenção de gastos públicos, sem a comprovação de medida efetiva, mas os recursos para manter os programas eleitoreiros e assistenciais são extraídos, de forma escorchante, dos contribuintes, mediante aumento de tributos. Isso não evidencia competência da gestão pública, mas significa abuso sobre a boa vontade dos tolos dos contribuintes, que toleram injustiças tributárias e aceitam-nas passivamente, chancelando a continuidade da incompetência na administração do país. A sociedade tem o dever cívico de repudiar mais essa forma incompetente e ditatorial de gestão dos recursos públicos, em nome de bondades inexistentes e de oportunismos eleitoreiros que já não mais se justificam em pleno século XXI, quando a administração pública tem a obrigação de primar pela eficiência e economicidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de maio de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário