Diante da iminência do rompimento
entre a presidente da República e seu vice, subiu a pressão da "guerra
fria" envolvendo interesses dos dois principais ocupantes de cargos da
República, onde sobressai a definição de estratégias distintas para enfrentar o
processo de impeachment da petista.
Enquanto
o vice - que poderá assumir a Presidência em eventual afastamento da petista –
tenta, como principal medida, a unificação da bancada do PMDB da Câmara dos
Deputados, que se encontra rachada ao meio, por conta da escolha do seu líder, o
Palácio do Planalto aumenta a pressão sobre os deputados da bancada
peemedebista que detêm cargos do governo federal, notadamente nos Estados,
havendo cada vez mais frequentes ameaças lado a lado, na tentativa de mostrar
domínio da bancada.
A
presidente e seu vice concluíram conversa afirmando que trabalhariam na busca
de convivência "profícua", mas o peemedebista deixou claro que vai se
dedicar ao comando do PMDB.
Não
obstante, aliados do vice garantem que a petista busca fustigá-lo dentro da
sigla, que se encaminha para convenção, com vista a consolidar o rompimento com
o governo, sem antes a bancada se unir em torno do vice, depois de entregar os
cargos que ainda estão sendo ocupados na Esplanada dos Ministérios.
O
vice vem se esforçando, como estratégia fundamental, para “consolidar” a sua
força na Câmara, conforme ressaltou um auxiliar do vice-presidente, que disse:
"Esse é o primeiro passo, pois temos
certeza de que, se houvesse uma convenção nacional do partido agora, a tese do
rompimento venceria de lavada". Já outro deputado peemedebista disse
que, hoje, o Palácio do Planalto ainda exerce pesada influência na bancada,
porque "A caneta ainda está com a
Dilma".
Não
há dúvida de que o PMDB é o partido que tem enorme poder de influenciar decisão
de outros partidos da base aliada, com relação ao impeachment da presidente,
conforme sentenciou um parlamentar, nestes termos: "É por isso que está todo mundo de olho no PMDB. Se de fato o partido se
unir e romper em favor do impeachment, os demais partidos da base vão fazer o
mesmo. Podemos ir até o velório, mas ninguém vai querer ser enterrado com o
governo.".
Na
verdade, o primeiro passo para o rompimento entre o PT e PMDB foi dado com a
divulgação da carta dirigida à presidente, onde o vice reclama da falta de
confiança da petista a ele e ao seu partido.
É
impressionante como o Brasil foi completamente tomado por graves crises de
governabilidade, evidenciando a incompetência da gestão pública, em que a
presidente do país demonstra total incapacidade para evitar que a situação se
torne cada vez mais periclitante, mas os homens públicos estão se debruçando e
brigando sobre as definições de estratégias para a dominação e a distribuição
de cargos, como forma de garantir a permanência no poder.
A
situação se torna ainda mais ridícula porque ninguém está preocupado em pensar
no que seja melhor para o Brasil e o povo, em termos de solucionar a questão de
ingovernabilidade, que já atingiu o ápice da incompetência, inépcia e
ineficiência, porque já foi esgotada qualquer possibilidade de reversão das
crises política, econômica, ética e administrativa, mas a briga se concentra na
disputa de cargos na Esplanada dos Ministérios, como instrumento capaz de dizer
se o país vai continuar sendo comandado pela incompetência administrativa ou se
haverá mudança, como forma de possibilitar a interrupção dessa agonia
massacrante que o governo impôs aos brasileiros.
Tanto isso é verdade que a presidente do país já sinaliza
por minirreforma ministerial, ainda no começo deste ano, para atender sua
aliança com o presidente do Senado Federal, que tem a incumbência de travar o
prosseguimento do processo de impeachment, ou seja, em troca de cargos
públicos, evidentemente fazendo uso, de forma ilegítima, da máquina pública
para atender interesse e conveniência pessoal, notadamente para solucionar
questão relacionada com a pessoa da presidente do país.
Caso
isso ocorra, trata-se de cristalino afago espúrio da presidente à pessoa do senador
alagoano, em forma de indecente retribuição totalmente incompatível com o
exercício de cargos públicos, deixando a transparência de desprezo aos
princípios da legalidade, moralidade e dignidade que devem imperar na
administração pública, tendo o condão de expor ainda mais a degeneração da
decência entre homens públicos, que expressam falta de pudor na utilização de expedientes
nada republicanos para se beneficiarem mutuamente.
À
luz dos acontecimentos, é lamentável se imaginar que o governo seja capaz de
usar a máquina pública, com a distribuição de ministérios e empresas públicas a
aliados, para comprar a consciência de inescrupulosos parlamentares em troca de
apoio no Congresso Nacional, na tentativa de se livrar do impeachment, em que
pese isso representar nítida ilegalidade e implicar a continuidade da destruição
do patrimônio dos brasileiros, porque a matriz de governabilidade permanecerá a
mesma, sem a menor possiblidade de reversão do terrível quadro de precariedade,
incompetência, inépcia e ineficiência, evidentemente com prejuízos para os
interesses dos brasileiros, conforme demonstra a cruel realidade dos fatos.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de janeiro de 2016
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