Em
harmonioso encontro entre os chefes do Executivo e do Legislativo, quando tudo
transcorria sob o clima de meras amenidades não muito próprio nas movimentadas
relações políticas de Brasília, eis que o presidente do Senado Federal tratou
de animar o momento, ao fazer revelação inesperada e de extrema importância de que
a presidente afastada teria jogado a toalha e admitido não ter mais chances de
impedir a aprovação do impeachment na Câmara Alta.
O
senador alagoano disse que ouviu da presidente afastada declaração, em tom de
desabafo, de que, in verbis: “Quero acabar logo com essa agonia”.
O
presidente do Senado é considerado “político de Brasília”, por sempre estar ao
lado do poder, tendo sempre merecido a confiança e a amizade das principais
autoridades da República e não tem o menor escrúpulo para se bandear para perto
de quem melhor possa atender às suas conveniências políticas.
Não
faz muito tempo, ele se empenhava em afastar o presidente interino da
presidência do PMDB, o que poderia distanciá-lo do Palácio do Planalto, o que o
deixaria sem condições de ocupar a principal poltrona do poder, com o conforto
que ele desfruta agora.
Mesmo
integrando os quadros do PMDB, que já não mais formava aliança com o PT, o
alagoano desfilava, meses atrás, com os poderes de principal general da batalha
da petista, na tentativa de blindá-la contra o impeachment.
Encarando
o clima de “político de Brasília”, o alagoano é autêntico termômetro capaz de identificar
a temperatura do poder e a sua conversa, em tom de confidencialidade com o
presidente em exercício, com quem nem sempre manteve grande simpatia, demonstra
a certeza de que é bastante improvável o retorno da petista ao Palácio do
Planalto.
Diante
do quadro delineado na atualidade, em que os ventos sopram em favor do presidente
interino, quando os fatos e acontecimentos estão se encaixando sem maiores
embaraços, a premonição do alagoano de se agasalhar em local seguro não chega a
ser nenhum fato extraordinário, à vista da dificuldade de se encontrar alguém
no Congresso Nacional, mesmo do PT, que ainda acredite na volta da presidente
ao governo, em que pese a opinião pública mostrar, em mais de 60% do eleitorado,
preferência pela realização de nova eleição presidencial.
Não
se pode ignorar que o presidente interino, em pouquíssimo tempo no governo,
conseguiu implantar na administração do país clima favorável à estabilidade na
política e na economia, que favorece, no seio da sociedade, sua permanência no
poder, a ponto de políticos acenarem por vitória folgada da parte do atual
governo, no julgamento do processo de impeachment.
Também
não é novidade que, com vistas à consolidação da maioria folgada favorável ao
impeachment, o governo cuida de agradar os congressistas, com nomeações de
pessoas indicadas por deputados e senadores de sua base de apoio, para a ocupação
de cargos públicos, no segundo e terceiro escalões, como forma de sacramentar a
distribuição de cargos federais entre parlamentares, dando continuidade à
velha, surrada e sempre abominável política vergonhosa do toma lá, dá cá, que
nunca vai ter fim.
Se
é verdade que a presidente afastada teria dito que “Quero acabar logo com essa agonia”, ela, como ninguém, tem infinito
poder para dar cabo ao seu martírio, que, na verdade, é muito mais dos
brasileiros que repudiam a incompetência, a desmoralização e a ineficiência
administrativas.
Se
realmente ela quisesse acabar com sua angústia e a dos brasileiros, não
hesitaria em decidir pelo ato mais nobre que um estadista de verdade,
reconhecedor da sua incompetência, faz com altruísmo e respeito à nação, qual
seja, apresentar sua renúncia ao cargo que ocupa, que certamente representaria
enorme contribuição para ela e a nação, o qual apenas desagradaria aos
seguidores dela, que já se acostumaram com idolatria à incompetência na
administração do país.
Nas
circunstâncias, a presidente afastada já foi capaz de destruir os princípios da
administração pública, sobretudo no que diz respeito às políticas econômicas, que
foram colocadas impiedosamente à lona, capitaneada pela terrível recessão e
pelo desastre do desemprego, além de todas mazelas representadas pela pior
qualidade dos serviços públicos, que muito bem seriam recompensados pela feliz
ideia de renúncia da petista, que passaria para a história como a presidente
que teve a dignidade de reconhecer a sua incapacidade para comandar o país com
as potencialidades econômicas do Brasil.
Não
há a menor dúvida de que a renúncia da presidente afastada funcionária como extraordinário
presente para os brasileiros, em recompensa por tudo de ruim que a sua gestão
foi capaz de produzir em prejuízo dos interesses nacionais, que foram reduzidos
à sua menor significância, em termos dos princípios da moralidade, dignidade,
legalidade, economicidade, transparência, eficiência e eficácia. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de julho de 2016
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