O
ex-presidente da República petista criticou a denúncia do Ministério Público
Federal, que o acusa de ser o "comandante
máximo" da Lava-Jato e de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina.
Diante da militância petista, de lideranças
políticas e movimentos sociais, o ex-presidente negou ter praticado as irregularidades
apontadas pelos procuradores e afirmou que ganhou o direito de "andar de cabeça erguida" no país,
tendo chorado vários momentos do discurso, para mostrar a sua veemente
indignação.
Ele
afirmou: "Todas essas denúncias,
tenho a consciência tranquila, e mantenho o bom humor, porque me conheço, sei
de onde vim, sei para onde vou, sei quem me ajudou a chegar onde estou, sei
quem quer que eu saia, sei quem quer que eu volte.".
O
petista disse que fala como "cidadão
indignado", e não como político e que "Nunca pensei em passar por isso.", porque "construíram uma mentira" e agora é
hora de "concluir a novela. Vão agora dar o desfecho, acabar com a vida
política do Lula. Não existe outra explicação para o espetáculo de pirotecnia
que fizeram.".
Para
o político, a lógica de coletivas de imprensa como a do MPF foi dar manchete,
"mostrar quem vamos demonizar. Isso
acontece desde 2005. O PT é tido como partido que tem que ser extirpado da
política brasileira.".
Mostrando
muita indignação, o petista afirmou que "Quando eu transgredir a lei, me punam para servir de exemplo. Mas
quando eu não transgredir, procurem outro para criar problema.". Em
seguida, ele disse que "Ninguém está
acima da lei, nem um ex-presidente, nem um procurador da República, nem um
ministro do Supremo Tribunal Federal. Respeito
as instituições e respeito as leis. Vou prestar quantos depoimentos quiserem. É
só me chamar.”.
Em
tom de extrema contestação, o petista se concluiu, com ardor seu discurso,
concitando que "Provem uma corrupção
minha que irei a pé para ser preso.", esquecendo ele que, agora, as
provas da corrupção já constam dos autos da denúncia, cabendo-lhe provar em
contrário, com documentos e elementos capazes de ilidir os fatos objeto da denúncia,
sob pena de nem precisar que ele vá a pé para a prisão, porque compete à
Justiça prendê-lo, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nos
termos do enquadramento penal pelo Ministério Público, ante os crimes por ele
cometido.
Na
prática, o político diz uma coisa e age diametralmente em contrariedade a isso,
rebelando-se contra tudo que não esteja em sintonia com seus planos políticos
ou sua cartilha ideológica, principalmente no que diz à tentativa de
desacreditar o resultado das investigações contra ele, quando cabe, no caso, a
contestação contra os fatos com base em elementos e provas capazes de ilidir as
denúncias construídas em apoio em materiais bastantes consistentes e
fundamentados.
Em
que pese a gravidade das denúncias contra o petista, ele não consegue enxergar
a realidade dos fatos, que exigem esclarecimentos e justificativas à altura dos
acontecimentos e não apelação diante de plateia para sensibilizá-la, com a
indicação de situação de penúria que ele teria enfrentado na infância pobre,
como se isso tivesse o condão de imunizá-lo e de servir de salvo-conduto para
as falcatruas que foram praticadas por ele na governança do país, segundo
afirmação do Ministério Público, na sua denúncia aceita pela Justiça.
Por
seu turno, o petista repete a surrada catilinária de que os governos petistas
tiveram capacidade para implantar programas sociais que contribuíram para
melhorar as condições de vida da população, em especial dos nordestinos, como
se isso não constituísse programas obrigatórios do Estado de propiciar apoio
financeiro às famílias carentes e sem condições de sobrevivência por outros
meios, além de que isso não tem absolutamente nada com as roubalheiras
atribuídas ao governo petista, como se a execução de algum programa governamental
tivesse o poder de justificar a prática de irregularidade em benefício próprio
e do seu partido.
Na
verdade, o petista pode até se indignar contra os procuradores e a Justiça, embora
eles estejam apenas cumprindo a sua nobre missão institucional, no sentido de
investigar fatos denunciados, inquinados de irregularidades, que, no caso,
diante da fatalidade, têm como pivô o ex-presidente da República, que, ao
contrário, jamais deveria estar envolvido em situação escabrosa, indecente,
recriminável, quando ele poderia servir de exemplo de dignidade e de
honestidade, sem precisar passar por momento tão cruel e deprimente como esse
que demonstra toda fragilidade de ser humano diante da imputação da prática de
atos incompatíveis com a dignidade de ex-presidente do país.
Os
brasileiros anseiam por que o ex-presidente da República petista se digne refletir
sobre a realidade da situação fática e resolva, enfim, provar com elementos
consistentes, com embargo dos apelos de sentimentalismo inócuo e infrutífero, a
sua inculpabilidade sobre os fatos denunciados pelo Ministério Público Federal
e aceitos pela Justiça Federal, na forma inteligente como fazem normalmente os
homens públicos dos países sérios, civilizados e evoluídos democraticamente, em
harmonia com os princípios fundamentais inerentes aos direitos humanos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 27 de setembro de 2016
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