Em
depoimento à juíza responsável pela Operação Lava-Jato, o empresário e um dos
donos do sítio em Atibaia (SP) disse que achava que o ex-presidente da
República petista faria o pagamento das obras, na sua propriedade.
Segundo
o Ministério Público Federal, o petista teria recebido propina das empreiteiras
OAS e Odebrecht, por meio da reforma e decoração no referido sítio, que era frequentado
por ele e sua família.
Na
mesma ocasião, também foram interrogados um ex-assessor da Presidência da
República, no governo do petista, que cuidava da reforma no sítio, um delator
da Odebrecht e o advogado, compadre e amigo do ex-presidente, os quais reafirmaram
os depoimentos prestados anteriormente à Justiça.
Os
procuradores afirmaram que, na qualidade de então assessor da Presidência da
República, ele era apontado por testemunhas como o representante do petista no
sítio, durante as reformas, que também tinha a incumbência de fazer os
pagamentos em dinheiro vivo, que fora repassado pela Odebrecht.
O
assessor do Palácio do Planalto disse à juíza que "A gente como empregado, você pega uma conta e paga. Não tenho autonomia
para perguntar de onde ele arrumou o dinheiro".
No
interrogatório, o citado assessor afirmou, verbis:
"Dona Marisa sempre foi durona,
exigente e reservada em relação a esse tipo de coisa. As pessoas falam você era
de ‘confiança'. Eu era de confiança sim, pra buscar um pão na padaria, comprar
uma carne, levar cachorra no veterinário, buscar filho na escola, ou até mesmo
o neto, isso era confiança". O
segundo cidadão interrogado foi o empresário e um dos donos do sítio em Atibaia,
que também responde como réu no mesmo processo, pela acusação da prática de lavagem
de dinheiro.
O
mencionado cidadão explicou que, em determinado momento, passou a frequentar
menos o sítio e que a família do ex-presidente começou a utilizar mais o imóvel,
inclusive levando objetos pessoais para o local.
Ele
disse ainda que acreditava que o ex-presidente faria o pagamento das obras,
contrariando o que foi afirmado pelo Ministério Público Federal, de que notas
fiscais da reforma estão em nome dele, embora os pagamentos das despesas das
reformas foram feitos pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, igualmente aos
pagamentos efetuados a um empreiteiro das obras.
O
réu foi questionado em juízo sobre nota fiscal de prestação de serviços de um
empreiteiro em nome do proprietário do imóvel e de um contrato de prestação de
serviços também em nome do citado empreiteiro, tendo dito (o dono do sítio) que
não tinha conhecimento, tendo alegado que "Soube posteriormente através da mídia, imprensa. Eu não conheço essas
pessoas".
Por
fim, houve o depoimento de um advogado e amigo do ex-presidente que, na
qualidade de delator, afirmou que um advogado e compadre do petista ajudou na
elaboração de contrato fictício, para esconder o real beneficiário da reforma.
Não
obstante, o advogado e compadre do ex-presidente apenas disse que é testemunha
do caráter e da lisura do petista e que se lembra de somente uma reunião com o citado
delator, tendo declarado desconhecer a razão pela qual a Odebrecht teria escondido
que fazia obras no sítio e que, sobre a reunião com o delator, ele afirmou que
se tratou de "consulta jurídica
direta e objetiva em relação à questão da averbação" e que apenas a respondeu.
Diante
dos interrogatórios, a defesa do ex-presidente disse que eles não deixaram
qualquer dúvida de que o primeiro depoente é o proprietário de fato e de
direito do sítio, tendo afirmado ainda que ficou evidente que o ex-presidente não
tinha conhecimento ou relação com as obras enquanto estava no exercício do
mandato e que as provas do processo não mostram relação entre as obras e
contratos da Petrobras.
O
depoimento do assessor presidencial, que trabalhava no sítio particular e não na
Presidência da República, como servidor público, mostra, de forma inexorável e notória,
a ligação dele com a família do petista, que tenta se passar por homem mais
honesto do planeta, embora, por mínimo que seja, esses fatos já evidenciam o
tanto de promiscuidade que o homem público precisa evitar nas suas atividades
como representantes do povo, ficando muito claro que essa forma de desleixada
de procedimento não condiz com a moralidade esperada de quem tem a incumbência constitucional
de administrar recursos e patrimônio dos brasileiros.
A
declaração do assessor palaciano, de que “A
gente como empregado, você pega uma conta e paga. Não tenho autonomia para
perguntar de onde ele arrumou o dinheiro", simplesmente confirma a
transação irregular com dinheiro sujo, repassado pela Odebrecht, que era oriundo
de contratos celebrados entre ela e a Petrobras, conforme declarações feitas
pelos delatores, que foram confirmadas
pelos planilhas, demonstrativos financeiros e documentos de despesas inerentes às
reformas em apreço.
Convém
que também seja apurada a participação de assessor da Presidência da República
em atividade particular de interesse do então presidente da República, cuidando
das reformas do sítio, que não tem nenhum liame com o interesse público e
jamais poderia ele ficar trabalhando sob a orientação da ex-primeira dama, em
atividade particular, absolutamente estranha ao serviço público, ficando claro
o abuso de autoridade, com o desvio de função de servidor pago pelos
contribuintes para a satisfação de causa absolutamente privada e particular,
ainda mais em imóvel registrado em nome de estranho ao legítimo usuário.
No
depoimento do mencionado assessor presidencial, consta declaração, em afirmação
ao que ele já havia dito anteriormente, que a ex-primeira dama do Brasil, já
falecida, pediu para que ele acompanhasse as obras e isso é mais uma contundente
prova da participação direta do petista na questionada reforma, que ele, com a
cara mais deslavada, nega de forma peremptória, embora os fatos simplesmente
conspirem contra ele, dando reforço substancial aos atos que não são assumidos
por ninguém, restando apenas a certeza exposta pelos depoimentos e vasta
documentação relacionados com as reformas em questão, executadas exatamente sob
a orientação da ex-primeira dama do país e isso é indiscutível, à luz dos fatos
constantes dos autos.
Por
aí se percebe a personalidade do então presidente do país, que tinha um
assessor da Presidência da República executando trabalho particular de mero
serviçal da então primeira dama, como ele próprio disse que “(...) Eu era de confiança sim, pra buscar um pão
na padaria, comprar uma carne, levar cachorra no veterinário, buscar filho na
escola, ou até mesmo o neto, isso era confiança", sendo pago pelos
bestas dos contribuintes, mas isso é considerado normalíssimo por seus ingênuos
seguidores, que também acham normal esse escândalo da reforma do sítio, às
expensas de suas empreiteiras, com dinheiro desviado da Petrobras, para benefício
do ex-presidente.
Ao
dizer que não conhecia o executor das obras, além do desconhecimento sobre a existência
de notas fiscais em seu nome e principalmente de ter afirmado que achava que o
ex-presidente pagava as reformas, o dito proprietário do sítio presta relevante
contribuição à verdade, ao mostrar a sua sinceridade quanto às tramoias envolvendo
as reformas na sua dita propriedade, porque tudo foi conduzido pelo próprio
petista, a sua família e um assessor presidencial, obviamente sob às expensas
das empreiteiras OAS e Odebrecht, conforme mostram muito ricamente os fatos,
que são confirmados pelos depoimentos dos interrogados, delações premiadas,
onde sobram divergências e incongruências por parte de quem nega a verdade
sobre os fatos, mas há a patente certeza da incriminação do principal
interessado nas questionáveis e irregulares reformas, que não conseguem
ultrapassar os salutares padrões republicanos.
Outra
história estranha e absurda é a formulação de contrato fictício sobre as obras,
fato que só reforça sobremaneira a forma bisonha como tudo foi tentado, de
forma sub-reptícia, para transparecer legitimidade nunca existente e assim limpar
o nome do principal envolvido, que também demonstra, nesse humilhante caso, não
ter dignidade nem caráter para assumir atos suspeitos e condenáveis, cuja
autoria que é atribuída, não somente na qualidade homem público, mas nem mesmo
como cidadão comum.
A
junção dos fatos relatados pelos interrogados leva à incontestável conclusão de
que, em termos jurídicos, fica extremamente difícil não se concluir pela
participação do ex-presidente nesse maquiavélico imbróglio, em que o sítio está
registrado em nome de laranja, as reformas foram orientadas pela então primeira
dama e pagas por duas empreiteiras, que afirmaram que o dinheiro foi oriundo da
Petrobras, sob desvio de contrato, ele esteve 270 vezes no local, em cujas
dependências guardam objetos e pertences dele e da sua família, não deixando a
mínima dúvida quanto ao beneficiário, posto que foi confirmado pelo dono sítio,
que disse que achava que o petista estava pagando as despesas da reforma,
porque era ele que usava o imóvel.
Diante
desses e de outros fatos deploráveis, finalmente, é chegado o momento de os
brasileiros tomarem vergonha na cara, se conscientizarem e se dignarem quanto à
avaliação e à decisão sobre qual seja o seu real sentimento ínsito do homem público
digno e honrado, suficientemente capaz de representar, de forma transparente,
cristalina, o interesse exclusivamente dos brasileiros, com o descarte sumário daqueles
que se envolvem ou se envolveram em situações sob suspeitas de ferimento aos
princípios republicano e democrático, porque somente assim o Brasil tem reais
condições de se afirmar como verdadeira nação respeitada e honrada pelos próprios
brasileiros, que podem se orgulhar de ter brios e vergonha da sua cidadania, diante
da certeza de que os homens públicos são valorizados pelo que eles representam,
em termos de qualidades ética e moral, sem máculas ou suspeita de irregularidade
na vida pública.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília,
em 14 de novembro de 2018
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