O
ministro brasileiro das Relações Exteriores referiu-se aos bárbaros invasores
do Congresso americano como "cidadãos de bem" e sugeriu que é
preciso "investigar se houve participação de elementos infiltrados",
nesse deplorável episódio, dando a entender a reprovável insurreição teria sido
ato normalíssimo da democracia.
Centenas
de apoiadores enlouquecidos do presidente norte-americano, visivelmente insuflados
por este, invadiram e destruíram o Capitólio, sede do Legislativo dos EUA, causando
enorme tumulto e conflito generalizado com agentes de segurança, cuja desagradável
batalha resultou em cinco mortes.
O
alvo da invasão foi a tentativa da paralisação da sessão conjunta do Congresso,
destinada à contagem dos votos do Colégio Eleitoral e à certificação da vitória
do candidato democrata, nas eleições de novembro, que determinou a derrota do atual
líder americano, que vinha fazendo o diabo para reverter o resultado das urnas,
até se chegar no ápice da irracionalidade da invasão do Capitólio, algo
extremamente inadmissível na modernidade democrática do século XXI.
O
chanceler brasileiro lamentou e condenou a invasão, mas, em seguida, a sua
mensagem mostra indisfarçável simpatia ao grupo pró-candidato republicano
derrotado que entrou no Capitólio, na marra, para praticar violenta desordem, ao
afirmar que é preciso reconhecer que “grande parte do povo americano se
sente agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo
eleitoral".
Com
isso, o ministro se associa às declarações do presidente brasileiro, que na
quarta-feira disse “ter notícias de que houve muita fraude no pleito que
culminou com a derrota de Trump.”, com o detalhe que ele não mencionou a
senha da confirmação dessas “notícias”, que é a falta de provas para a sua
confirmação, ou seja, o descuidado mandatário dá mais crédito aos boatos do que
a veracidade dos fatos, por meio da comprovação de fatos, algo absolutamente
inexiste, até o momento.
O
ministro declarou que "Há que distinguir 'processo eleitoral' e
'democracia'. Duvidar da idoneidade de um processo eleitoral não significa
rejeitar a democracia. Ao contrário, uma democracia saudável requer, como
condição essencial, a confiança da população na idoneidade do processo
eleitoral".
Em
outro trecho, o chanceler afirma que é preciso parar de chamar de "’fascistas’
a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político
ou integrantes das instituições".
O
ministro disse que "Deslegitimar o povo na rua e nas redes só serve
para manter estruturas de poder não democráticas e seus circuitos de interesse".
Ele
concluiu a mensagem reafirmando que "nada justifica uma invasão como a
ocorrida ontem", mas fez outra ressalva, de que "Nada
justifica, numa democracia, o desrespeito ao povo por parte das instituições ou
daqueles que as controlam".
O
ministro disse que "O direito do povo de exigir o bom funcionamento de
suas instituições é sagrado. Que os fatos de ontem em Washington não sirvam de
pretexto, nos EUA ou em qualquer país, para colocar qualquer instituição acima
do escrutínio popular".
O
ministro precisa ter pouco de inteligência para defender a seriedade da
democracia, porque isso não se confunde com “Duvidar da idoneidade de um
processo eleitoral (...)”, diante do questionamento sobre dúvidas quanto à
idoneidade das eleições, que implica necessariamente a existência de provas e
estas são apenas inexistentes e as alegações de fraudes são objeto de acusações
vazias e destituídas do principal elemento jurídico, que é a prova da
materialidade do atos suspeitos, ou seja, não há prova alguma sobre fraudes e
os republicanos e os idiotas assemelhados do resto mundo ficam alegando
suspeitas de irregularidades sem mostrá-las pelas evidências materiais, as quais
precisam de comprovação sobre os fatos alegados.
Não
passa de prova de clássica ignorância por parte de autoridades públicas ou não,
tanto americanas como de outros países, ao alegarem fraudes que causaram a
derrota do candidato republicano, quando eles não conseguem apresentar provas junto
aos tribunais e à sociedade sobre os atos e fatos irregulares havidos no
processo.
É
bastante estranho que autoridades brasileiras fiquem defendendo o desmoralizado
presidente norte-americano, diante dos atos por ele protagonizados, exatamente
por terem torcido pela vitória dele, tendo em vista que as autoridades eleitorais
dos 50 Estados americanos terem atestado, à unanimidade, que as eleições naquele
país foram as mais bem organizadas, cujos procedimentos e resultados foram de regularidades
plenas, não tendo havido reparos em nada.
A
despeito disso, o candidato republicano derrotado insistir em questionar
somente os processos eleitorais realizados nos estados onde ele perdeu, dando a
entender que não houve fraude nos outros estados onde ele foi vitorioso, na
certeza de que neles somente houve legitimidade em tudo, fato este que parece
cômodo ao extremo.
Ademais,
os republicanos e os demais seguidores do candidato derrotado precisam também acreditar
na Justiça dos Estados Unidos, que não acolheram unzinho recurso dos mais de 60
impetrados pelo presidente desprestigiado e desrespeitado, certamente por não haver
provas cabais sobre a existência das irregularidades alegadas por ele, o que só
demonstra a falta de sensibilidade de autoridades brasileiras, que ficam
defendendo os bandidos que invadiram o Congresso americano, sob a alegação de
que eles são coitadinhos prejudicados pelo injusto sistema eleitoral americano.
É
preciso que as autoridades brasileiras se conscientizem de que as eleições americanas
não têm nenhuma influência nos interesses dos negócios do Brasil e que não
passa de descabida e injustificável irresponsabilidade de elas ficarem se imiscuindo
em processo eleitoral de outro país, ante a falta de motivação plausível, em
termos diplomático, principalmente quando, de maneira totalmente inexplicável,
se toma partido para determinado candidato, quando é preciso que elas cuidem,
apenas e forma primordial, dos assuntos referentes aos interesses do Brasil,
porque, do contrário, fica a impressão de que as questões de interesse do presidente
norte-americano são muito mais importantes do que as causas brasileiras.
É
bastante deplorável a declaração do ministro que insinua que houve desrespeito
ao povo americano, dando a entender que este passou a ser vítima, ou seja, em qualquer
circunstância, o povo defensor do candidato republicano derrotado sempre tem razão,
para a inteligente interpretação do digno chanceler brasileiro.
Ao
qualificar de “cidadãos de bem” os bárbaros que invadiram o Congresso americano,
o ministro somente se permite que ele seja compreendido como pessoa que não tem
a menor sensibilidade para perceber a monstruosidade da violência ao Estado
Democrático de Direito, com grave desrespeito à pátria mais importante do planeta,
à Constituição, às instituições públicas, às autoridades republicanas, à ordem
pública e à dignidade dos demais norte-americanos, cujos atos demandaram a
morte de cinco pessoas e ferimentos em dezenas de outras.
Diane
desses terríveis acontecimentos, fica a certeza para as pessoas sensatas,
inteligentes e responsáveis, sobre a indiscutível evidência de que “pessoas de
bem” jamais seriam capazes de protagonizar tamanha insanidade, logo diretamente
contra a dignidade do povo americano, uma vez que pouca ou nada se resolve à
base da brutalidade, da irracionalidade ou da violência.
O
ministro das Relações Exteriores brasileiro, a bem da diplomacia, poderia ter ficado
calado em situação da maior gravidade como esse melancólico acontecimento que
ocorreu no Congresso americano, porque a sua manifestação é prova inconteste da
clara insensibilidade quanto aos assuntos da maior importância para o mundial
moderno, diante do benefício da preciosa oportunidade para evitar expor evidente
incompetência para opinar sobre fatos horrorosos, à vista das suas declarações
inoportunas, o que teria sido aconselhável, nas circunstâncias, que ele não tivesse
dito nada, diante de assunto que somente cabem palavras de tristeza, contestação,
consternação e jamais apoio, como ficou assente nas declarações dele, refletido
certamente o deformado pensamento do governo brasileiro.
Brasília, em 10 de janeiro de 2021
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