sexta-feira, 22 de abril de 2016

"SOS" não é suficiente


A revista The Economist, depois de publicar, meses atrás, reportagem sobre a derrocada do Brasil, volta a analisar as terríveis situações ética, política e econômica do país, tendo colocado na sua capa a imagem do Cristo Redentor pedindo socorro, em cujo editorial defende novas eleições gerais.
A publicação britânica mostra o Cristo carioca empunhando cartaz com a inscrição "SOS", enquanto o seu editorial afirma que a presidente petista tem responsabilidade sobre o fracasso econômico, embora os políticos que tentam afastá-la da Presidência "são, em muitos aspectos, piores" que ela, tendo nominado o presidente da Câmara dos Deputados.
A revista tem opinião de que, "No curto prazo, o impeachment não vai resolver isso", motivo pelo qual ela defende novas eleições gerais.
O texto afirma que "Dilma Rousseff levou o país para baixo, mas toda a classe política também. O fracasso não foi feito apenas pela senhora Rousseff. Toda a classe política tem levado o país para baixo através de uma combinação de negligência e corrupção. Os líderes do Brasil não ganharão o respeito de volta de seus cidadãos ou superarão os problemas econômicos, a não ser que haja uma limpeza completa".
A revista ressalta que a petista tem responsabilidade sobre as graves crises, porque houve incompetência do atual governo na condução da economia, o Partido dos Trabalhadores se envolveu no esquema de corrupção da Petrobras e ela ainda tentou proteger o seu antecessor das investigações, embora as reiteradas acusações contra ele sejam relativizadas quando comparadas com as existentes contra os nomes daqueles que lideram o processo de impeachment, como se os erros pudessem ser justificados com a existência de falhas cometidas por outrem.
A revista é taxativa ao dizer que "O que é alarmante é que aqueles que estão trabalhando para o seu afastamento são, em muitos aspectos, piores", lembrando que o vice-presidente da República é filiado ao PMDB e que "O PMDB também está perdidamente comprometido. Um dos seus líderes é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que presidiu o espetáculo do impeachment de seis horas, no domingo. Ele é acusado pelo Tribunal Superior Federal de aceitar suborno da Petrobras".
 A The Economist entende que "não há maneiras rápidas" de resolver as crises, porque as raízes dos problemas políticos viriam da economia baseada no trabalho escravo do século XIX, a ditadura do século XX e o sistema eleitoral em vigor, tendo asseverado que "No curto prazo, impeachment não vai consertar isso".
O editorial diz que a acusação da manipulação contábil da presidente parece "tão pequena que apenas um punhado de deputados se preocupou em mencionar isso em seus dez segundos", embora a própria revista não teve o devido cuidado de avaliar o real motivo pelo qual o Congresso Nacional foi levado a discutir o grave descumprimento das normas de administração orçamentária e financeira pela presidente, à luz das disposições de que tratam as Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, no que diz respeito aos limites do ajuste fiscal, implicando isso em crime de responsabilidade fiscal.
À vista do real sentido da responsabilidade administrativa, não se trata de mera manipulação contábil de pouca expressividade, ante seus reflexos diretos no déficit das contas públicas, que nenhum gestor de recursos públicos pode ignorar, para o fim de ultrapassar os limites prudenciais quanto ao binômio receita e despesa, conquanto os gastos maiores do que a arrecadação resultarão em aumento da dívida pública e inexistência de investimentos em obras e serviços públicos, que redundariam em benefícios e melhoramentos para a população.
A revista defende que a situação poderia ser contornada com a realização de nova eleição, com vistas à escolha de presidente que tenha apoio popular para a execução de reformas das estruturas do Estado, uma vez que "Os eleitores também merecem uma chance de se livrar de todo o Congresso infestado de corrupção. Apenas novos líderes e novos legisladores podem realizar as reformas fundamentais que o Brasil necessita".
Dificilmente os sistemas político-partidário e administrativo passem a funcionar com a ansiada e indispensável eficiência no país, diante das péssimas qualidades ética, moral e intelectual da expressiva maioria dos políticos em atividade.
Urge que haja mudanças não somente dos protagonistas das crises que grassam no país, mas principalmente da consciência do eleitorado, que tem o dever de reciclar a maneira de escolha de seus representantes políticos, de modo que haja abrangente mudança no critério de escolha de seus candidatos, embora isso parece bastante impossível, diante do populismo e do caudilhismo que imperam no sistema político-eleitoral, implantado a partir dos programas considerados populares de distribuição de renda, com a marca indelével do ideário socialista, que tem sido o retrato do petismo, como forma de se perpetuar no poder e de manutenção do domínio absoluto da classe política.
Não há a menor dúvida de que, de uma forma ou de outra, o Brasil continuará encrencado quanto às perspectivas de futuro, porque o país se encontra quebrado, esfacelado e sem a menor condição de soerguimento em curto e médio prazos, porque as estruturas das instituições do Estado apodreceram e ruíram de forma a impossibilitar a adoção de medidas com cunho de crescimento, ante a voracidade como a incompetência administrativa tomou conta do país, cujos reflexos econômicos são os piores possíveis para a retomada do desenvolvimento, que terá dificuldade para aparecer, uma vez que os principais fatores econômicos, notadamente da produção, foram atacados nas suas raízes, contribuindo para a instalação da forte recessão, do desemprego, da inflação, dos juros altos, do aumento das dívidas públicas, da desindustrialização, da expressiva diminuição da arrecadação, da falta de investimentos público e privado e da fartura de precariedades na prestação dos serviços públicos, que são responsáveis por esse estado deplorável da gestão petista.
Diante desse estado deplorável, não se vislumbra a menor alternativa para possibilitar tirar o país do buraco e do atoleiro, que apenas se intensificam com a continuidade do governo impopular, desacreditado e exaurido por suas próprias ineficiência, incompetência e omissão, em cristalina demonstração de inaptidão, com estrondoso reflexo no atendimento das necessidades básica da população, que padece por força dos prejuízos causados pela crônica paralisia da administração do país, que, por falta de alternativa, apenas implora para que venha algum milagre do céu, de onde somente caem chuvas, aeronaves descontroladas e meteoritos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 22 de abril de 2016

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