As
delações dos empresários da JBS acusam o senador tucano de Minas Gerais,
afastado do Senador Federal, pelo Supremo Tribunal Federal, de ter pedido propinas
dos valores de R$ 63 milhões, em 2014, e R$ 2 milhões, nos primeiros meses do
corrente ano.
Como
contrapartida, o parlamentar atuaria em favor do grupo empresarial J&F e de
ajuda prometida, mas não entregue, da liberação de R$ 24,1 milhões, em crédito
de ICMS.
O
senador também teria se comprometido a trabalhar para aprovar, no Congresso
Nacional, a lei de abuso de autoridade e o projeto de anistia ao caixa 2 de
campanha eleitoral, conforme interlocução entre ele e o empresário.
Embora
tenha sido um dos principais candidatos à Presidência da República, em 2014, o
tucano caiu em desgraça, por ter sido afastado do cargo de senador e se
sentido obrigado a licenciar-se da presidência do PSDB nacional e pouco não foi
preso porque o Supremo rejeitou pedido da Procuradoria Geral da República, mas
a irmã dele, que é jornalista, não teve a mesma sorte, porque foi presa, por
envolvimento também em atos de corrupção.
O
senador é suspeito da prática dos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem
de dinheiro, constituição e participação em organização criminosa e obstrução
de investigação, tudo absolutamente incompatível com o exercício do relevante
cargo de senador da República.
O
roteiro do caminho da propina ao senador foi detalhado nos depoimentos de
integrantes da cúpula do frigorífico JBS, nas pessoas do principal interlocutor
do senador e do ex-diretor, sendo que este cabia executar os pagamentos em
dinheiro vivo.
Em
2014, parte da propina serviu para a compra de apoio partidário à campanha
presidencial do tucano. De acordo com o citado ex-diretor, o dinheiro abasteceu
os cofres de diretórios e bolsos de caciques de vários partidos que apoiaram,
formal ou informalmente, a candidatura do tucano ao Palácio do Planalto.
Além
disso, o tucano teria recebido dinheiro em outras vezes da JBS, conforme a
delação do empresário, ao citar a compra de um imóvel, segundo ele, um “predinho” superfaturado, de um jornal,
em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, para que o dinheiro chegasse às mãos do
senador, em 2015.
O
empresário disse ainda que, no ano passado, o senador tucano lhe pediu mais o
valor de R$ 5 milhões, durante encontro pessoal, na casa do parlamentar.
O
empresário sublinhou que, ante sucessivos pedidos, foi preciso implorar para
que as exigências de dinheiro cessassem. O delator disse que “Eu chamei um amigo dele, o Flávio Carneiro,
e pedi para o Flávio pedir ao Aécio para parar de me pedir dinheiro, pelo amor
de Deus, porque eu já estava sendo investigado”.
Aproveitando
encontro com o empresário, em março passado, o senador tucano combinou o
pagamento da propina no valor de R$ 2 milhões, solicitada inicialmente por meio
da irmã do parlamentar, que se encontra presa.
Também
pesa sobre os ombros do senador tucano seu esforço, conforme relato do delator,
para aprovação, no Congresso, de projetos como o da anistia ao caixa dois e o
do abuso de autoridade. Ele disse que “Nós
estamos com essa agenda, eu estou mergulhado nisso aqui. Até a tampa”. O
tucano conversa com o empresário ainda sobre a necessidade de “tirar tudo (dinheiro) do Caribe”, em referência às empresas offshore que operam na região.
É mais do
que lamentável que homem público de tamanha relevância, no contexto nacional, se
prostitua com enormes vulnerabilidade e promiscuidade, como no caso em comento,
quando importante senador fica persistentemente implorando por dinheiro a
empresário, a ponto de ele resolver pedir que o político se conscientizasse
sobre a necessidade de parar de pedir dinheiro, de forma indiscutivelmente
irregular.
A que
ponto chegou a indignidade de um político que carrega no sangue o nome de um
dos mais ilustres homens públicos da história deste país, que chegou a ser
eleito presidente da República, não tomando posse no cargo por ter morrido, mas
o estigma da corrupção suplantou os maravilhosos ensinamentos de seu famoso
avô, como que jogando na lama importante legado político?
O tucano
precisa compreender que as atividades políticas precisam ser desempenhadas por
homens públicos cônscios sobre o real sentimento de idoneidade, conduta ilibada
e acima de tudo de caráter, porque são conceitos derivados e inspiradores da
vontade do povo, que carrega consigo a índole da dignidade e da honorabilidade
e por isso mesmo precisa ser representado com as mesmas decência e integridade
de caráter e de probidade públicas.
Certamente
que a vida política desse senador mineiro acaba de ser encerrada a partir das
revelações constantes das delações de executivos da JBS, o envolvendo e o qualificando
como sendo contumaz corrupto aproveitador, completamente indiferente aos
salutares princípios da ética, do decoro, da moralidade, da legalidade e principalmente
da dignidade que devem imperar na entranha dos homens públicos, à vista da sua incontida
insistência em pedir dinheiro em forma de propina. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de maio de 2017
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