Com o dobro das intenções de voto sobre o segundo
colocado, o líder nas pesquisas vem fazendo discurso no exato tom de quem está
conformado e perfeitamente adequado à situação de pessoa que será impedida pela
Justiça de concorrer à disputa presidencial.
De maneira meticulosa, seus discursos estão sendo
preparados e calculados em harmonia com o pensamento próprios para a transferência
aos candidatos do partido a sólida plataforma antigoverno e antirreforma que
tem muito a ver com o sentimento da população, que se mostra contrária às
reformas de ajustes fiscal e econômico do governo.
O discurso preparado mais à esquerda também pode
ser considerado como boa ideia para a manutenção do PT na disputa pela longeva
liderança da esquerda brasileira. A opção pelo abraço destemido e efetivo à
esquerda do ex-presidente tem tudo com a estratégia de se marcar posição política,
principalmente se ele for impedido de concorrer.
Esse posicionamento definitivo e contrário às
reformas e a favor da ideologia de esquerda poderá criar seus embaraços para o
petista, se ele puder concorrer e se ganhar, porque ele terá dificuldades para
a implementação de reformas, que não são aceitas pela esquerda.
O discurso antirreforma será problemático para se
governar sob os lemas da esquerda de que "não há déficit na Previdência", quando é mais do que evidente
que as contas públicas precisam de urgentes ajustes e a primeira reforma acena justamente
para a Previdência, diante dos rombos existentes na sua gestão.
Sabe-se que a economia vem em lento processo de
recuperação, que não pode ser posta em risco, mediante a ação de políticas contrárias
a ele, conquanto o discurso político precisa ser ajustado às boas técnicas da
ponderação e da harmonização com os fatos da realidade, sem essa de
radicalização, mesmo que, como se sabe, seus mentores tenham por objetivo claro
a conquista do poder, mas isso tem seu preço, principalmente no campo
econômico, com a fragilidade advinda justamente do governo símbolo de
incompetência e ineficiência na gestão de recursos públicos, à vista dos rombos
nos orçamentos públicos deixados por ele.
O atual quadro político mostra que a esquerda
brasileira passa por queda de credibilidade, após treze anos no governo, à vista
de visível período de declínio no nível de seu desgastado discurso fincado na
mesmice, em cristalina demonstração de resistência ideológica às reformas das
estruturas do Estado, cujas consequências se refletiram na recessão econômica,
no estrondoso desemprego, nos juros altos, na queda da arrecadação, na falta de
recursos para investimentos em obras necessárias ao desenvolvimento
socioeconômico, no rebaixamento do grau de investimento, nos rombos dos
orçamentos, nos desperdícios de recursos por má gestão, entre outras mazelas
próprias das mentalidades contrárias à modernização das políticas da administração
pública.
À toda evidência, o atual discurso da esquerda não
dá a nenhum candidato a mínima esperança da realização de bom governo, em
especial porque o Brasil precisa de estadista que tenha compromisso com profundas
reformas estruturais do Estado, entre as quais a previdenciária, política, econômica,
tributária, administrativa, trabalhista, entre outras que são fundamentais para
a modernização e o aperfeiçoamento do funcionamento da administração pública,
que se encontra afundada no abismo do atraso e da ineficiência de gerenciamento.
Convém
que a mentalidade política seja completamente arejada, de modo que as políticas
públicas enxerguem os pobres não apenas como instrumento próprio de reserva
eleitoral, mantendo-os sob perenes programas assistencialistas, quando o Estado
tem condição de implementação de programas com finalidades econômicas, por meio
da profissionalização dos beneficiários, que seriam colocados no mercado de
trabalho por intermédio de recursos que apenas os manteriam na ociosidade, por
meio de convênio com os empresários.
Há
que necessidade de se avalizar os resultados dos governos brasileiros de
esquerda, para se sopesarem os indicadores favoráveis dos crescimentos econômicos,
em contrapartida com os terríveis fatos de predominância da desastrosa, arraigada
e consolidada corrupção, em que reinaram o mensalão e o petrolão, que arrasaram
os princípios da moralidade, legalidade, dignidade, entre outros que precisam
ser rigorosamente observados na administração pública, em conjuminância com a
incompetência de gestão que possibilitou o afloramento da decadência econômica,
com o surgimento da recessão, do desemprego, das demais precariedades que
levaram o país à ruína e ao descrédito.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que há quem, sem o menor pudor, como
candidato, defenda agora o discurso de esquerda contra as medidas de ajustes
fiscal e econômico do atual governo, como forma de angariar a confiança do
eleitorado simpatizante dessa famigerada ideologia, para, posteriormente, caso
seja eleito, adotá-las tal e qual ou ainda mais abrangente, como justificativa
de se evitar o desastre da economia.
O
belíssimo discurso genuinamente de esquerda precisa ser visto, na prática, na
Venezuela, para se sentir e acompanhar as agruras vivenciadas por seu povo, que
foi submetido ao sofrimento e ao inferno do desabastecimento de alimentos, gêneros
de primeira necessidade e remédios, além da ferrenha ditadura, onde foram
suprimidos dos venezuelanos os direitos humanos e os princípios democráticos,
com a implantação do combate violento àqueles que se opõem ao regime tirânico e
totalitário.
Em
que pese os venezuelanos estarem passando fome, literalmente, com altos índices
de desnutrição da população, em especial infantil, e ainda faltando tudo nas
prateleiras dos supermercados, há quem venere e idolatre o regime chavista, que
é baseado na ideologia de esquerda mais radical, defendida pelo partido do
político brasileiro que lidera as pesquisas de intenções de voto, que
certamente não terá o menor pudor de implantar, no Brasil, famigerado semelhante
regime, como forma de convencer os brasileiros que é maravilhoso viver em país
que não precise de reforma alguma, muito menos da Previdência, que pode subsistir
com os gigantescos rombos nas suas contas, porque os bestas dos contribuintes
podem arcar com os déficits pertinentes.
É preciso que o discurso político tenha por base a
moderação, principalmente no que diz respeito à economia, que ainda inspira
cuidados e exigem delicadas estratégias, para que o processo de sua recuperação
não sofra solução de continuidade, salvo se o pensamento político tenha por
base tão somente a conquista do poder, sem a menor preocupação com o interesse público,
que precisa ser preservado na sua integridade, sob pena de se perpetuar o crime
de responsabilidade, nada desejável no país que não pode compactuar com aqueles
que apenas pensam nos seus interesses políticos, ao empregar discursos que não
se coadunam com a realidade brasileira, mas sim com a sua retrógrada e maléfica
ideologia. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de dezembro de 2017
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