De acordo com a agência de notícia Reuters, já está
praticamente definida a indicação de um dos filhos do presidente da República,
que ocupa cargo de deputado federal, para assumir a embaixada brasileira em
Washington, Estados Unidos da América.
A aludida notícia caiu como uma bomba no Itamaraty,
que esperava a indicação de um embaixador experiente e de carreira, que havia
sido promovido recentemente ao topo da diplomacia e estava aguardando a sua indicação,
justamente para poder ocupar o cargo de suma importância para os interesses do
Brasil.
O filho do presidente completou 35 anos, recentemente,
cuja idade é a mínima para poder ocupar o principal cargo de embaixada
brasileira.
No Itamaraty, diplomatas ouvidos pela Reuters se
diziam perplexos e vários ainda questionavam se o presidente brasileiro levaria
mesmo adiante a escolha do filho e se o caso não seria enquadrado como
nepotismo, à vista do entendimento contido na súmula do Supremo Tribunal
Federal, que proíbe a prática na administração pública.
A indicação de pessoas de fora da carreira para
ocupar embaixadas não constitui novidade, porque pessoas importantes, estranha
à diplomacia, já foram indicadas para ocuparem embaixadas estratégicas para os
interesses nacionais, mas, por certo, jamais o presidente da República tinha
indo tão longe, quanto à indicação do próprio filho para ocupar embaixada, quanto
mais em se tratando da principal diplomacia brasileira, caso que contrária a seriedade
e o prestígio que precisam prevalecer no âmbito das relações com as nações, que
somente confiam suas embaixadas a pessoas com competência e notórios conhecimentos
inerentes à diplomacia internacional.
Não há a menor dúvida de que essa indicação é
surpreendente e absolutamente fora de propósito, exatamente porque o indicado é
estranho ao Itamaraty e padece dos conhecimentos e das experiências necessários
ao exercício da diplomacia internacional e ainda por ter pouquíssima idade, o
que só demonstra extrema precipitação da diplomacia brasileira em se aventurar
em investimento de altíssimo risco para os interesses do Brasil.
É evidente que se trata de notícia verdadeira,
porque a informação partiu do Palácio do Planalto, dando como certa a indicação
de um dos filhos do presidente da república para cargo da maior importância da
diplomacia brasileira.
Percebe-se, nessa decisão, que o presidente do país
se encontra no mundo da lua, em outro planeta em órbita da Terra, em se tratando
da principal embaixada tupiniquim, onde,
em princípio, são tratados assuntos e negócios da mais alta relevância para os interesses
diplomáticos brasileiros, que exigem, no mínimo, a experiência de diplomata com
vastas andanças e conhecimentos na área, justamente para que os assuntos e interesses
entre as nações sejam tratados em nível da importância e da responsabilidade que
jamais seriam possíveis com a participação de pessoa visivelmente ainda
engatinhando, que nem se livrou das fraldas, em se tratando de assuntos
diplomáticos.
Não há a menor dúvida de que, se essa indicação se
efetivar, será um dos maiores tiros no próprio pé que o presidente dá no seu governo,
porque demonstra extrema insensatez, em termos de medida de gestão pública, por
colocar pessoa completamente incapaz, inexperiente e fora do contexto diplomático
em cargo que exige conhecimentos da área e traquejo suficientes para
representar a diplomacia brasileira à altura da grandeza do Brasil, que não merece
tamanhas insensatez e irresponsabilidade, em se tratando de assunto do maior
interesse nacional.
Além da notória e preocupante perda da qualidade diplomática,
ainda tem a forte suspeita sobre a prática de nepotismo, que é prática abominável
na administração pública, por ficar mais do que evidente que se refere a indicação
indiscutivelmente discutida entre pai e filho, quando envolve assunto precisamente
estranho ao seio familiar.
Na verdade, a matéria diz respeito estritamente ao
interesse do Brasil, que exige sensatez e critério absolutamente relacionado
com os fins de ordem pública, visando à satisfação do interesse público, mas a
indicação de filho para o exercício de tamanha magnitude só demonstra extremas irresponsabilidade
e insensibilidade administrativas, cuja decisão precisa ser urgentemente
avaliada pelos órgãos de controle, para se evitar, enquanto há tempo, a efetividade
de loucura sem precedente na história republicana.
Quando se falava em mudanças na gestão pública, era
de se esperar que também houvesse um pouco mais de sensibilidade e bom senso com
relação aos assuntos de interesse da nação, não se permitindo qualquer prática
de insanidade como essa da indicação de pessoa da família do mandatário
brasileiro e de notória inexperiência diplomática para o exercício de cargo de
expressiva relevância para os interesses nacionais, ainda mais em se tratando do
principal posto das embaixadas, para o qual se exigem requisitos que certamente
um menino na vida pública não tem como preenchê-los, o que significa decisão absolutamente
precipitada e prejudicial aos interesses do Brasil.
É evidente que não se tem elementos para se fazer juízo
de valor sobre essa desastrosa decisão presidencial, mas fica muito claro que ele
demonstra extremo grau de imperícia e irresponsabilidade em deixar de seguir a
cartilha, o manual da normalidade diplomática, eis que a formação de servidores
nessa área estratégica tem como exclusiva finalidade a satisfação desse requisito
próprio da carreira, onde seus integrantes são preparados exaustivamente para
servir ao Brasil, não se permitindo que o sentimento visivelmente egocêntrico do
presidente possa contribuir para prejudicar eficiente sistemática que vem sendo
adotada, de longa data, de forma absolutamente satisfatória em benefício dos
interesses do Brasil.
Convém que o presidente da República reflita melhor
essa decisão, para o fim de se evitar que ele mergulhe em aventura extremamente
prejudicial não somente à sua já debilitada imagem de homem público, mas em
especial aos interesses do Brasil, porque a sensatez e o bom senso acenam, no caso, para
a indicação de embaixador de carreira, com comprovada experiência, para ocupar a
principal embaixada brasileira, como forma de satisfazer plenamente aos saudáveis
princípios da administração pública.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 12 de julho de 2019
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