Nesta
época do ano, muitas regiões brasileiras, em especial o Pantanal e a Amazônia,
se transformam em verdadeiro e fumegante braseiro a céu aberto, de abundantes e
inclementes labaredas inclementes, facilitadas pelo mato seco que convida ao fogaréu
a irromper incontrolavelmente às alturas e às profundidade das extensões
territoriais alcançáveis pelas chamas.
Há
volumosas cinzas e a catinga forte dos animais fritados ainda em vida e a terra é transformada em verdadeiro cenário
de cruel e real filial do inferno, em ambiente de tristeza, trevas e desolação.
O
precioso bioma, extremamente rico em diversidade das espécies, além de ser especialmente
cobiçado pelo resto do mundo, simplesmente arde em chamas implacáveis, incontroláveis
e avassaladoras.
É
o paraíso na Terra sendo dizimado pelas chamas e queimadas, com rapidez que consumem
tudo e destrói sem paralelo na história da região, que sofre com o abandono generalizado
do governo, que se omite quanto à fiscalização e à ausência de pessoas na
região, somente o providenciando quando do auge das desgraças e da
impossibilidade de se evitar a perversa destruição da natureza.
Sem
dúvida, há inaceitáveis descaso e abandono da região, que é extremamente
importante para o equilíbrio do ecossistema, mas, independentemente disso ela vem
sendo derretida sob fumegantes brasas, que, de forma avassaladora, castigam toda
vegetação e promove o massacre e o abate criminosos dos animais de toda espécie
da região, em completo e explosivo caos impingido ao meio ambiente, em forma de
extinção de exuberante e incomparável paisagem da rica natureza brasileira.
A
alegria dos cantares dos pássaros e incontrolável movimento dos animais
silvestres foram substituídos por quadro monstruoso de animais mortos, exterminados
e dizimados pela ação arrasadora do fogo impiedoso.
A
extensão territorial pantaneira, considerada a maior planície alagável do
planeta, perdeu expressiva vazão de água, o que significa enorme prejuízo para
a região e para a natureza.
Resultado
do mesmo pendor à irresponsabilidade de governantes, nos diversos escalões, que
fizeram secar recursos e brigadas de vigilância para proteger a região.
Dados
levantados pelo INPE mostram que os incêndios provocados e os desmatamentos
ilegais cresceram 210% entre janeiro e 15 de setembro em curso, em comparação
com o mesmo período do ano passado e isso é fato incontestável que merece investigação
pertinente e responsabilização.
O
fogo já consumiu a área equivalente a 2,5 milhões de hectares, o correspondente
ao território de estado como Sergipe ou a quase quatro vezes o tamanho do
Distrito Federal.
O
descaso das autoridades e o fracasso do controle oficial estão estampados nas
cenas que mostram a mortandade na região as cinzas da que fora verdadeiro
paraíso terrestre, em meio à angústia dos brasileiros, que se espantam com a irresponsável
ação do poder federal, que, pasmem, foi capaz de reservar insignificante quantia
de R$ 3,8 milhões para fazer face à ferocidade das forças da destruição, o que
não representa nem mesmo pequena esmola.
Isso
representa verdadeiro vexame diante dos ingentes esforços do governo federal, que
se mostra favorável ao perdão do valor equivalente a R$ 1 bilhão de dívidas de
igrejas evangélicas, conforme iniciativa articulada pelo próprio presidente do
país, o que bem evidencia a maneira distorcida das prioridades do governo, quanto
ao sentimento do zelo que deveria existir ao patrimônio dos brasileiros.
As
autoridades teimam em ignorar a realidade dos fatos e insistem em dizer que
nada é o que parece, quando as imagens são indiscutíveis e expressivamente reais
e chocantes.
A
preservação do rico e precioso ecossistema pantaneiro, diante da sua importância
tanto nacional como mundial, não pode mais ficar circunscrita a meros discursos
e opiniões infrutíferos, de ecologistas, defensores e ambientalistas ocasionais
e de plantão, mas sim ele exige ação efetiva
do governo, que precisa priorizar políticas de proteção abrangente do valioso bioma.
Enfim, o governo tem a competência constitucional para
garantir a preservação do meio ambiente e do gigantesco complexo que o integra,
cujo poder de polícia o capacita a agir com força e poder para pôr ordem e
segurança no sistema de que se trata.
Com base nisso, o governo vem se consolidando refém de si
próprio, em termos de incompetência, ao afirmar que fazendeiros, índios,
mineradores e outros seres irresponsáveis vêm ateando fogo na floresta, de
forma criminosa, para incriminá-lo.
Se isso é realmente verdadeiro, por qual motivo o governo ainda
se permite ficar nesse infindável “blábláblá” de acusações infrutíferas e não
parte, de forma efetiva, para as devidas apurações e investigações dos incêndios
criminosos?
É
preciso que o governo apure e, se for o caso, acuse formalmente os envolvidos à
Justiça, com a finalidade de puni-los, na forma da lei, e, ao fim, adotar
medidas da sua incumbência legal capazes de exterminar, de vez, esse que parece
ser novela cancerosa de acusações sem provas e destituídas de consistência
material, ante a insensata verborragia que
nunca termina por parte do governo, que prefere se omitir, ao invés de agir na
forma legal, no sentido de que, repita-se, imediatamente sejam investigados os
incêndios suspeitos de irregularidade, para as devidas imputações de
responsabilidades penal e civil, eis que há danos à natureza que exigem
urgentes reparações.
Enquanto
a caravana passa, o governo fica se esquivando, se justificando e se ausentando
do fiel cumprimento da sua responsabilidade de garantidor da preservação do
meio ambiente, que fica se ardendo e sendo transformado em cinzas, à mercê de
providências enérgicas para pôr fim a esse estado lamentável e criminoso, onde
somente prevalecem indiscutíveis omissão, acusação e incompetência, diante de desastre
ecológico da maior dimensão que somente exige sensibilidade, racionalidade e
compreensão para a gravidade da crise que afeta a humanidade, à vista da fragilização
das condições ambientais favoráveis à vida.
Independentemente
de ideologias, urge que o governo se conscientize de que não é mais momento de explicações
ou justificativas sem bases probantes e científicas, mas sim de ações efetivas,
no sentido de se promover forte investimento nas investigações sobre as verdadeiras
causas dos incêndios criminosos, com as consequentes adoções das medidas
preventivas pertinentes, com vistas à salvação dos biomas prejudicados, que não
merecem ser tratado com tantas incompetência e irresponsabilidade.
Urge
a mobilização geral dos brasileiros, no sentido de que haja a adoção das
medidas constitucional e legal de competência dos governantes, como maneira
inteligente de conscientização para a salvação das áreas vitais para a
humanidade, de modo que seja possível se evitar o comprometimento das futuras
gerações que dependem muito do fortalecimento do meio ambiente e com plenas
integridade e vitalidade.
Brasília,
em 23 de setembro de 2020
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