Não
importa que o governo se apresente como nova gestão, mas, no PMDB, a história
apenas se repete, sempre que a presidente da República mexe nas cadeiras da
Esplanada dos Ministérios e das empresas estatais. O mal-estar que se forma no
âmbito do partido é notório e indiscutivelmente explícito, tomando conta de suas
bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Não
se fala outra coisa na cúpula do partido de que a legenda teria sido excluída
do importante processo de divisão de cargos para o segundo mandato da petista,
tendo inclusive diminuído o poder que ele havia conquistado no primeiro mandato
dela.
Essa
insatisfação foi explicitada com bastante clareza aos ministros da Casa Civil,
das Comunicações e das Relações Institucionais, com recado duro de que as
bancadas não vão deixar barato quanto houver projeto do governo a ser votado no
Congresso.
As
ameaças, segundo as lideranças peemedebistas, são realmente para valer, uma vez
que o partido foi prejudicado e desprestigiado pelo Palácio do Planalto, que
não teria levado em conta, na divisão dos cargos, o fiel apoio que o PMDB
sempre presta ao governo nos importantes projetos apreciados no Congresso, a
exemplo da suspensão da meta fiscal, recentemente aprovado pelo Parlamento, em
que a presidente do país ficou desobrigada de cumpri-la, em face da imposição
prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Por
enquanto, o Palácio do Planalto se faz de mouco quanto aos apelos do seu maior
e mais fiel aliado na coalizão de governabilidade, por avaliar, naturalmente, que
tanto o governo como o PMDB são peças do mesmo tabuleiro que não conseguem
conviver isoladamente, em desarmonia, porque isso seria desastroso para ambos,
principalmente porque o poder ainda é a coroa que os une com o mesmo propósito
de absoluto domínio da administração do país, para o fim do usufruto das suas
benesses.
Não
obstante, as ameaças do PMDB ao governo se tornam preocupantes e muito
perigosas para o Planalto, que precisa contar, como nunca, com o fortalecido
apoio de seu principal aliado, tanto para as votações importantes no Congresso,
que são muitas, inclusive o orçamento para 2015, como para digladiar em
conjunto contra a oposição quando os resultados da Operação Lava Java já
estiverem sendo discutidos no Parlamento, e isso ficou muito evidente com a
formação do ministério, com a participação de partidos capazes de se juntar à
situação, para se defenderem das terríveis acusações sobre os desvios de
recursos da Petrobras.
Não
há a menor dúvida de que a presidente brasileira termina cedendo aos apelas do
PMDB, com relação aos cargos do segundo escalão, que se encontram na fase de discussão
e composição, pois o partido os considera muito importantes para seus planos
políticos, com vistas a assegurar empregos relevantes para seus caciques que
não conseguiram se eleger no último pleito eleitoral e não podem ficar sem o
tutano do osso que os nutrem.
O país que tem o Parlamento que pouco produz e ainda
fica se preocupado com o rateio dos cargos públicos, principalmente nos
ministérios e nas empresas estatais, como forma de retribuir com o fisiológico ideológico
apoio político, não pode aspirar melhores dias, em termos de dignificação dos
princípios político e democrático, perdendo-se, com isso, importantes
aspirações para o aprimoramento e a modernização das salutares práticas
político-administrativas, tão comuns nos países evoluídos social, econômico,
político e democrático.
A vergonhosa briga por cargos na administração
pública, por inescrupulosos políticos, normalmente para serem ocupados por
afilhados e amigos da clientela partidária, sem a menor competência técnica e a
devida preparação profissional, não somente compromete a eficiência e a eficácia
das atividades primaciais do serviço público, à vista da evidente desqualificação
das reais funções políticas do Estado, como desmoraliza completamente a
administração do país, ante ao visível desprezo aos princípios da dignidade,
legalidade, honestidade e eficiência, que devem sempre imperar na aplicação dos
recursos públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de março de 2015
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