Recentemente, em atitude histórica, o Vaticano realizou
a primeira cúpula para discutir um dos temas mais relevantes para a Igreja Católica,
que tem sido o seu preocupante calcanhar de Aquiles, nesse momento difícil, qual
seja, o abuso sexual de crianças e adolescentes no seu seio, que tem sido
objeto de constantes e perturbadoras denúncias.
A expectativa sobre o resultado positivo do
encontro foi plenamente atendida, tendo sido decidido, com a liderança do papa,
que a igreja não pode aceitar mais que crimes tão hediondos continuem a ser
cometidos sob o manto da impunidade, sendo necessária, em contraposição, resposta
dura à questão da pedofilia, diante do enorme e iminente risco do rebanho de Jesus
Cristo debandar cada vez mais, exatamente por completo descrédito das
autoridades eclesiásticas.
As dificuldades para a discussão de tema bastante espinhoso
para a igreja se arrastam de longa data, mas, desde o início de pontificado do
atual papa, vez por outra, ele vinha à tona, sempre contando com a disposição
dele para o enfrentamento desse câncer que tem sido capaz de não somente de infernizar,
mas de vergonhar a Igreja Católica.
Mesmo se tratando de tema de notória degradação da ética
e da moral cristãs, existe, de maneira absolutamente incompreensível, a ala
conservadora da igreja que se opõe e resiste à sua discussão, justamente porque
ela é composta por religiosos que ainda dominam parte importante da instituição
e participa, em cumplicidade, em complô para dificultar a apuração dos casos de
pedofilia na igreja, talvez por acreditar que a melhor forma de abafar o horrorosa
escândalo é manter os religiosos criminosos escondidos em paróquias nos confins
do mundo ou não se fazendo comentários sobre eles.
No discurso de abertura do encontro, sob o sugestivo
título de “A proteção de menores na
igreja”, o papa foi bastante enfático, ao afirmar que “O povo de Deus nos olha e espera não condenações óbvias e simples, mas
medidas concretas e eficazes”.
Nem precisa de esforço para se compreender que são visíveis
e alarmantes os estragos, principalmente psicológicos, causados por membros da igreja
às vítimas de abusos sexuais e isso exige punições severas e extremamente
exemplares, para que haja solução, em benefício tanto para a própria instituição
como para a comunidade religiosa de todo mundo.
Convém que os delinquentes pedófilos sejam
identificados, punidos e sejam obrigados a pagar por seus terríveis pecados,
porque a impunidade tem o condão de estimular as mentes doentias e perversas
contra vítimas inocentes e indefesas.
No encontro, o papa disse que ”Estendia a mão a todos que foram violentados na sua inocência e
assegurou que a escória que se apresenta como representante de Deus será
varrida do mapa.”.
A comunidade católica mundial nutre a esperança de
que esse vaticínio papal seja realmente objeto de efetividade, com a limpeza moral
da Igreja Católica, medida essa extremamente necessária, que já vem com
bastante atraso, depois de muito martírio vivido pelas vítimas.
A verdade é que alguns bons exemplos já vêm sendo
mostrados pelo papa, que, na véspera do encontro histórico no Vaticano, decretou
a excomunhão de um padre goiano, em razão de ter abusado sexualmente, pelo
menos, 11 ex-freiras e ex-noviças, além de outro caso modelar da eliminação de
um cardeal da igreja, diante da constatação de violência contra seminaristas e
outros religiosos.
A igreja católica precisa compreender que a sua
sobrevivência depende não somente da transparência e da verdade, mas, em
especial, da implacabilidade contra os abusos que são cometidos em nome de
instituição de extrema respeitabilidade, que precisa restabelecer a sua
dignidade perante o rebanho de Jesus Cristo, que foi indiscutivelmente o modelo
de ser humano a ser sempre seguido, por ter sido indiscutivelmente a maior
autoridade, em termos de amor ao próximo.
Não há a menor dúvida de que a solidez e a
pertinácia nas boas intenções do papa, na tentativa de colocar a Igreja
Católica no plano da modernidade da história, constituem verdadeiro galardão
capaz de coroar o seu pontificado, a despeito da inconciliável fúria dos religiosos
incomodados e insatisfeitos com a destemida atitude de transparência,
modernidade e limpeza moral da instituição de Jesus Cristo.
Embora a Igreja Católica não represente toda
humanidade mundial, já merecia ter sido dado esse grito de reafirmação e de
libertação da sua clausura bastante prejudicial aos anseios apenas de
evangelização, com base nos princípios instituídos por quem mais teve o dom da
influência religiosa mundial, justamente porque a palavra de Deus não pode
ceder à deturpação que vem sendo dada por religiosos imbuídos de sentimentos
demoníacos.
Há que se reconhecer o valoroso empenho do papa em
resistir à força da ala tradicional da igreja, na sua missão espinhosa e corajosa
de combate aos casos indignos que não podem continuar no seio da instituição
que tem o dever da disseminação somente das práticas do bem e do amor entre os
seres humanos, tal qual assim era o verdadeiro desejo de Jesus Cristo.
Percebe-se, com muita clareza, que nasce real esperança,
à vista da demonstração de interesse do papa, tanto de enfrentar os trogloditas
da ala conservadora da igreja como de punir os criminosos que agem desrespeitosamente
em nome Deus, de que os tempos de impunidade e de olhos fechados para as
atrocidades contra vítimas inocentes podem estar por um fio ou até mesmo com os
dias contados, porquanto, doravante, não haverá perdão para a omissão das
autoridades eclesiásticas, à vista da obrigatoriedade da purificação moral da
igreja, que precisa ser irreversível.
Espera-se que, com o resultado desse
importantíssimo encontro para a discussão de abusos sexuais a menores, onde foi
batido o martelo sobre a necessidade da limpeza ética e moral da Igreja Católica,
não somente as excomunhões, mas outras punições duras aos religiosos com índole
criminosa e deformada passem a ser frequentes, justamente para a eliminação, em
definitivo, das práticas tão perversas e desumanas contra fiéis ingênuos e indefesos,
por serem atos dissonantes dos saudáveis princípios e fundamentos do
cristianismo, que se funda em linda, relevante e valiosa missão evangelizadora
dos ensinamentos construtivos e edificantes disseminados desde Jesus Cristo, o
idealizador e fundador dessa santa instituição milenar, que precisa urgentemente
restabelecer, na prática, o verdadeiro sentido da pureza moral.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília,
em 5 de março de 2019
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