Seguindo a linha de raciocínio da cúpula do PT, o
presidente da Câmara dos Deputados declarou que o suposto esquema de pagamento
de propina a parlamentares no governo do ex-presidente petista, o denominado
mensalão, é uma “falácia”. Ele disse que “Me
chamou a atenção ter voltado esta tese do mensalão. Eu, por exemplo, acho uma
grande falácia. Não houve, por exemplo, pagamentos mensais aos deputados do PT.
Os deputados do PT não tinham nenhuma necessidade de ter pagamentos mensais
para votar com o governo. Há uma tentativa de se reforçar e afirmar uma coisa
que não é verdade, que não condiz com verdade” e que “A expectativa é que se faça o julgamento mais justo possível, olhando
as provas que foram produzidas nos autos do processo.”. Na realidade, a
afirmação do político sintetiza meia verdade, haja vista que, de fato, não
houve pagamentos aos deputados petistas, visto que o mensalão foi arquitetado
para a compra de votos de deputados de outros partidos, tendo por finalidade a
aprovação de matérias de interesse do governo e o aumento da sua base de
sustentação no Congresso Nacional. A ilação do presidente da Câmara, na
tentativa de descartar a existência do mensalão, é forma disfarçada para tentar
negar o óbvio, no sentido de que, para ele, não havendo propina para os próprios
deputados, também não faria sentido haver para os parlamentares de outros
partidos. Ledo engano, tendo em vista a revelação pelo Supremo Tribunal Federal,
dos procedimentos sobre a distribuição, passo-a-passo, dos dinheiros sujos aos partidos
participantes do esquema, em cumprimento aos acordos indecorosos, tramados nos
bastidores do Palácio do Planalto, sede presidencial. No momento em que os
fatos escandalosos estão sendo revelados, de forma esmiuçada, nos mínimos
detalhes, como se dizia no passado, parece mais do que natural e evidente o surgimento
dos líderes petistas, em mobilização nacional, se manifestando contra a existência
do famigerado mensalão, que, pelo aviltamento da sua criação, finalidade e
operabilidade seria capaz de envergonhar e desmoralizar terminantemente
qualquer instituição que funcionasse num país com um pouco de cultura, cujo
povo tivesse a compreensão do exato valor da dimensão da dignidade simbolizada
por um partido político perante a sociedade, que seria representá-la tendo por
base o ideário da estrita observância dos princípios da ética, moralidade,
honradez, decência e demais sentimentos de caráter de retidão, além do respeito
ao patrimônio dos cidadãos. Não deixa de ser inacreditável que parte da sociedade
ainda tenha dúvida sobre esse terrível golpe do mensalão, quando o Poder Judiciário
já atestou a sua perversidade com os cofres públicos. O pior cego é aquele que
não quer enxergar, mesmo que as provas constantes dos autos em julgamento no
Supremo demonstrem a robusteza das roubalheiras jamais vistas dentro do governo,
cujos mentores tiveram a “competência” de desviar dinheiros dos cofres públicos
para a mesquinha compra de votos e o fortalecimento do seu projeto de poder.
Não fosse o aliciamento com a distribuição de bolsas eleitoreiras, essa concepção
de “falácia” já tinha sido desmascarada há bastante tempo também pela sociedade
menos esclarecida, que, diante de tal "bondade", não tem interesse de
se convencer de que o "homem tão bom" seja membro da quadrilha do
mensalão. A sociedade precisa se conscientizar de que a rejeição à realidade do
mensalão tem contribuído para o fortalecimento da corrupção e para a formação
de homens desonestos e despreocupados com o progresso da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de setembro de 2012
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