Um médico neurocirurgião, visivelmente contrariado
com a precariedade do Hospital São Lucas, em Vitória/ES, decidiu denunciar sua
indignação sobre a situação desse nosocômio, ao afirmar que o atendimento em
geral ali está caótica e insuportável, com a sala de emergência lotada e o Samu
trazendo mais pacientes graves a cada minuto. Ele disse que “É o verdadeiro rascunho do inferno” e “até mosca e mosquitos foram vistosa dentro
de uma sala de cirurgia”. Trabalhando há 20 anos no hospital, o médico foi
enfático: “Imaginem o pessoal do Samu
atendendo um paciente acidentado em estado grave, entubam e ressuscitam o
paciente e resolvem levar para o São Lucas. Lá, se deparam com um
congestionamento de macas, tentando entrar no hospital. Imagine o desespero
desses profissionais. O negócio está insuportável” e “O que encontramos ali é uma situação desumana. Pacientes deitados em
macas baixas, a 10 ou 20 centímetros do chão. Estão predispostos a uma infecção
hospitalar”. As queixas e os desabafos totalmente abalizados feitos pelo
médico foram respaldados por seus pares, que atestaram o verdadeiro abandono e
descaso pelos hospitais e de resto pela saúde pública, que não é privilégio
negativo somente daquele hospital, porque o absurdo em matéria de atendimento
médico-hospitalar na rede pública de saúde é generalizado e, se fosse possível
dizer, endêmico, para não falar da falta de espírito humanitário das
autoridades públicas, ao se passarem por moucos para não ouvir as queixas e os
pedidos de socorros da população brasileira. A vergonha nacional tem vários
nomes, mas a saúde pública não comportaria denominação tão apropriada, diante
da deficiência do tratamento das pessoas, como se elas fossem serem desumanos e
não tivessem direito à atenção digna. O certo é que sai e entra governo, mas
nenhum tem a dignidade de designar pessoas qualificadas, com preparação
gerencial em saúde pública, para administrar o caos crônico nos hospitais, onde
as pessoas são tratadas como animais, como algo desprezível, que terminam
morrendo por falta de assistência médico-hospitalar, não por culpa dos
profissionais médicos, enfermeiros, administrativos, mas exclusivamente pela
incompetência das autoridades públicas, que não priorizam recursos e políticas
destinados à valorização e ao saneamento de atividades tão importantes a saúde do
ser humano. Na realidade, a saúde pública brasileira sempre foi tratada com
deboche, a exemplo da menção feita pelo último presidente da República, que um dia disse:
"O SUS é tão bom, mais tão bom, que
dá até vontade de ficar doente". Todavia, quando ele adoeceu de
verdade, procurou socorro no Sírio Libanês. Com absoluta certeza, a grave e
crônica enfermidade da saúde pública, que foi denominada sem muito exagero de “rascunho
do inferno”, tem solução e pode ser sarada, desde que cuidada antes da sua transformação
em definitivo em inferno, mas depende unicamente da sociedade, que deve se
conscientizar com urgência de que não se pode insistir com a continuidade da
incompetência, da corrupção, dos investimentos faraônicos com estádios de
futebol inúteis, com assistencialismo eleitoreiro, com fisiologismo
interesseiro e outras tantas gestões antieconômica, contraproducentes e prejudiciais
aos interesses da nacionalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de setembro de 2012
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