O
ex-gerente de Engenharia Petrobras declarou, em depoimento prestado à Justiça
Federal, que o PT teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em
propina, no período entre 2003 e 2013. Com isso, o tesoureiro do PT é colocado no
epicentro nervoso das investigações, por deixar claro que ele participava do
esquema de pagamento em apreço.
O
mencionado ex-gerente disse que “... João
Vaccari Neto recebeu em nome do partido dos Trabalhadores – PT, por conta dos
aproximadamente 90 (noventa) contratos firmados com a Petrobrás ao longo dos
anos de 2003 a 2013, (Barusco) afirma
que, considerando o valor que o declarante recebeu a título de propina, que foi
de aproximadamente US$ 50 milhões, estima que foi pago o valor aproximado de
US$ 150 a 200 milhões de dólares ao Partido dos Trabalhadores – PT, com a
participação de João Vaccari”.
Como
parte da investigação, o tesoureiro do PT foi levado para prestar depoimento à
Polícia Federal, sob condução coercitiva, por ordem da Justiça, em face das
acusações de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás. Logo após o
interrogatório, ele informou ao comando do PT que os questionamentos foram
“genéricos”, abordando, em especial, o funcionamento da atividade financeira do
partido e o relacionamento com empresas.
O
tesoureiro afirma que “ansiava pela
oportunidade de prestar esclarecimentos à Polícia Federal, para, de forma
cabal, demonstrar as inúmeras impropriedades publicadas pela imprensa”. Ele
“reitera, mais uma vez, que o Partido dos
Trabalhadores – PT, não tem caixa dois, nem conta no exterior, que não recebe
doações em dinheiro e somente recebe contribuições legais ao partido, em
absoluta conformidade com a lei, sempre prestando as respectivas contas às
autoridades competentes”.
Já
o PT afirmou que “o partido recebe apenas
doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral. As novas declarações
de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras
feitas em processos de ‘delação premiada’ e que têm como principal
característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não
apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades e, portanto, não
merecem crédito. Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas
mentiras proferidas contra o PT”.
Na
prática, o PT tenta desesperadamente rebater as robustas denúncias de que teria
recebido dinheiro sujo desviado dos cofres da Petrobras, mas tudo isso não
passa de mais uma demonstração de como o partido está desnorteado e completamente
atolado na lama da corrupção, pois se afirmar que o “partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça
Eleitoral” contradiz o que disse em defesa no escândalo do mensalão, quando
ele teria afirmado que o dinheiro recebido na ocasião fazia parte “apenas de caixa 2”, que considerava prática
comum na política brasileira, segundo o então presidente da República,
assertiva essa confirmada pelo ex-tesoureiro do PT, que usava “dinheiro não contabilizado” no partido.
As
novas revelações sobre o escândalo da Petrobras dão a real dimensão dos fatos
delituosos ocorridos na maior estatal brasileira, ficando explícita, a cada
momento, a perversa atuação do próprio partido do governo que foi capaz de
aparelhar os cargos da estatal com a finalidade de cometer a maior rapina que
se tem notícia na história republicana, a ponto de deixá-la descapitalizada e bastante
endividada, contrariando completamente a sua tradição de sucessivos superávits.
Causa
espanto o relato do ex-gerente da estatal, confirmando o esquema de corrupção,
em que funcionários corruptos se aproveitavam de posição privilegiada para
fazer negócios espúrios, com o objetivo de financiar partidos políticos da base
aliada do governo, ante a facilidade do uso de canais oficiais para a nomeação
de diretores e gerentes nas áreas mais vitais da empresa, tendo “beneficiado”,
mais fartamente, o PT, com o possível repasse de suntuoso montante entre US$
150 a 200 milhões, segundo o citado ex-gerente, que teria declarado mediante delação
premiada, que pressupõe provas, as quais foram dadas por ocasião do depoimento,
a exemplo de uma planilha detalhada com a divisão do butim, cujos relatos relacionados
com essas declarações tornam verossímeis as alegações vindas à tona.
Como
já se tornou prática corriqueira no âmbito do partido, ao completar 35 anos de
criação do PT, os festejos inseriram na agenda, embora diante de fato
lastimável envolvendo o recebimento de vultosas propinas e também de ele se
encontrar bem no fundo do poço, em termos de credibilidade, o tesoureiro
petista foi ovacionado seguidamente aos discursos, tendo o ex-presidente da
República exortado os companheiros para não aceitarem os insultos, não baixarem
a cabeça e não se envergonharem sobre a atuação do partido, por entender que a
oposição não tem moral para exigir dignidade na administração do país, como se
a pouca-vergonha de outrem pudesse justificar as falcatruas ocorridas na
estatal.
O
certo é que o PT perdeu a confiança e a credibilidade não somente dos
brasileiros, mas também da opinião internacional, ante a falta de condições e
de capacidade para administrar o país, à vista do descalabro e a precariedade na
condução das políticas econômicas e da falta de controle e de fiscalização do
patrimônio dos brasileiros, a exemplo do vexaminoso escândalo da Petrobras, que
teve seu patrimônio dilapidado por gestão deletéria, com a participação de
integrantes de partidos da base de sustentação do governo, como o PT, PMDB e
PP, conforme declaração à Justiça Federal do ex-diretor de Abastecimentos da
estatal.
Chega ser
revoltante a afirmação criminosa do tesoureiro do PT de que as doações
recebidas pelo partido são somente legais, que são normalmente convalidadas
tranquilamente pela Justiça Eleitoral. Veja-se que o partido do governo tem o
poder de transformar dinheiro sujo de propina, desviado de contratos com preços
superfaturados, por imposição de diretores da Petrobras, nomeados com a
exclusiva finalidade para combinar licitações com a obrigatoriedade de destinar
percentual para partido da base de sustentação do governo, conforme depoimentos
do ex-diretor de Abastecimento da estatal, à Justiça Federal.
Ou seja,
a propina, na bonita versão do citado tesoureiro, não pode ser denominada de
roubalheira de dinheiro recebido pelo partido, que teve origem em contratação
feita pelo governo, considera legal por ele, embora proveniente de sobrepreço
ilegítimo, justamente para ser posteriormente desviado para os cofres do
partido governista, que concede o devido recibo, mediante nota fiscal, como
forma de legitimar algo que é absolutamente ilegal e imoral, sob o prisma da
juridicidade.
Chega a
ser risível, ante a incoerência do tesoureiro, ao afirmar que “ansiava pela oportunidade de prestar esclarecimentos à Polícia Federal,
para, de forma cabal, demonstrar as inúmeras impropriedades publicadas pela
imprensa”, haja vista que ele resistiu ao chamamento, na sua casa, da
Polícia Federal, que, incontinenti, foi obrigada a pular muro da mansão dele para
levá-lo de forma coercitiva, como determinada pela Justiça.
Ao que se
pode perceber, há enorme insensibilidade dos políticos tupiniquins, por imaginarem
que os brasileiros são um bando de imbecis que não conseguem atinar para o fato
de que as falcatruas que o tesoureiro considera normais não passam de trapaças
e de graves irregularidades com recursos públicos, ante a manifesta maquiagem
processada para recebê-los pelo partido, cujos procedimentos caracterizam, de
maneira cristalina, crime contra a administração pública, punível nas esferas
cível, criminal e penal. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de fevereiro de 2015
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