Na primeira reunião do segundo mandato com seus
ministros, a presidente da República pôs em destaque seu propósito de garantir
que não haverá comprometimento do crescimento econômico e da geração de emprego
em detrimento dos ajustes das contas públicas no país, que, no caso, não
passaram de aumento de imposto, elevação das taxas de juros, redução de
direitos dos empregados na área previdenciária, majoração das tarifas de
energia etc., sem redução dos gastos públicos, que continuam liberados.
Ela pediu aos ministros que "Façam o possível" para a consecução
das metas de ajustes sem sacrificar o desenvolvimento econômico, tendo
determinado aos ministros, com bastante ênfase, que passem a
desmentir opositores que acusarem o governo sobre o planejamento de
medidas que coloquem em risco direitos trabalhistas, como se a minirreforma da
previdência não tivesse tirado parte desses direitos.
A petista ressaltou as ações do governo na segurança
pública, nas concessões em mobilidade urbana e na ajuda a estados com crise
hídrica, exigindo dos ministros que argumentem com vigor a tais críticas nessas
áreas, mostrando dados de investimentos nesses programas.
A presidente deixou claro que “Devemos enfrentar o desconhecimento e a desinformação. Reajam aos
boatos. Travem a batalha da comunicação. Se façam entender, não podemos deixar
dúvidas (...). Os Direitos
trabalhistas são intocáveis.”. Todavia, eles foram mexidos pelo governo,
com a nova regulamentação sobre as pensões previdenciárias e estatutárias.
No discurso, a petista foi enfática ao dizer que "As mudanças anunciadas darão
ao nosso projeto mais consistência e mais velocidade, consolidarão e
ampliarão um projeto vitorioso nas urnas em quatro eleições consecutivas. São
medidas para transformar o Brasil. Queremos um país próspero, cada vez
menos desigual, e fazer todo o possível para fortalecer e desenvolver o
crescimento econômico, a distribuição de renda e a evolução social. Este é
o nosso compromisso: fazer as mudanças necessárias para, juntos, termos um
governo ao mesmo tempo de continuidade e de mudanças. Vamos mostrar a cada cidadão ou cidadã que não alteramos em um só
milímetro o projeto de desenvolvimentos que aplicamos desde 2003, um
projeto de crescimento com distribuição de renda".
A presidente ressaltou mais de uma vez, fazendo eco
a tantos outros semelhantes feitos desde o início da campanha eleitoral, que a
reelegeu no ano passado, que "Nosso
povo votou em nós porque acredita na nossa capacidade, na nossa honestidade com
propósitos.".
Nesse ponto, a petista comete grave equívoco,
porque é mais do que notório de que o pouco mais da maioria dos votantes –
muitos dos quais desinformados sobre o desgoverno - não significa o voto do “Nosso povo”, i.e., dos brasileiros,
porque a expressiva minoria dos votantes não acredita na capacidade dela nem na
sua “honestidade com propósitos”,
visto que a condução das políticas públicas, principalmente econômicas, e a
falta de medidas contra a corrupção são insuficientes para a garantia da
governança do país, que se distancia em muito do que nação com a pujança do
Brasil precisa para a sua administração com eficiência e competência.
A mandatária do país detalhou algumas das medidas
anunciadas pela equipe econômica até o momento, como as de ajuste fiscal, que
mudaram parte das regras previdenciárias, as quais foram bastante criticadas
por sindicalistas que a apoiam.
No discurso, a presidente não apresentou senão
desculpas fajutas, procurando jogar a culpa pelo insucesso do seu governo às
crises econômicas internacionais, ressaltando que o Brasil sofreu na área
devido à desaceleração econômica mundial, à queda expressiva de preços das
commodities (como soja e minério de
ferro), além da valorização do dólar, da seca histórica que atingiu parte do país
e do aumento do preço da energia, mas jamais admitiu a desastrosa condução das
políticas públicas por seus inexperientes e incapacitados ministros, recrutados
mediante o espírito do execrável fisiologismo ideológico, altamente prejudicais
aos interesses nacionais.
Ela se mostrou otimista, explicando que compete ao
governo adotar as medidas capazes de recuperar o crescimento o mais rápido
possível, com a garantia da geração de empregos e do controle inflacionário,
sem a menção de qualquer projeto com essa finalidade.
Quanto à crise na Petrobras, objeto de investigações
pela Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal sobre caixa dois e
corrupção, a presidente defendeu a criação de mecanismos que evitem que os
problemas voltem a acontecer, dizendo que "Temos de continuar acreditando na mais brasileira das empresas. Devemos
punir as pessoas e defender a empresa. Punir a corrupção não pode significar
punir as empresas".
Trata-se de mais uma reunião da presidente da
República com seus ministros, com o nítido propósito de mostrar à nação que a
administração do país continua absolutamente acéfala, sem qualquer iniciativa
de projetos para solucionar a séria crise que atormenta com gravidade os setores
fundamentais da economia e da prestação dos serviços públicos, pela afetação
dos mecanismos que contribuem para a geração de investimentos.
Na verdade, a presidente estava muito mais
preocupada em mostrar aos ministros que defendam, a qualquer custo, a
incapacidade de o governo reagir às graves crises nos setores hídrico, elétrico,
econômico, da prestação de serviços públicos de qualidade e principalmente de
moralidade, conquanto ela vislumbrasse tão somente a premente necessidade de
refutar as críticas dos opositores sobre as precariedades do governo, sem
indicar uma única medida de contenção dos gastos públicos, de redução da carga
tributária, da diminuição das taxas de juros, de controle das dívidas públicas
e de quaisquer iniciativas capazes de contribuir para controlar a inflação e favorecer
a volta dos investimentos públicos e privados.
O certo é que os investimentos se encontram
sumidos, principalmente por parte dos empresários, que perderam a credibilidade
nas ações e metas do governo, que cada vez mais demonstra incapacidade para
conter os gastos públicos e agir com efetividade para punir os corruptos que
dilapidaram o patrimônio da Petrobras, embora ela, como verdadeira cigarra,
continua repetindo a alegação sobre a necessidade de punição aos corrutos, mas
os políticos acusados de assaltarem os cofres da estatal, nas pessoas de
integrantes do PT, PMDB e PP, conforme denúncias do ex-diretor de
Abastecimentos da empresa, permanecem impunes, intocáveis, mas, ao contrário, sendo
aplaudidos em reuniões do partido do governo.
Compete à sociedade, no âmbito do seu dever patriótico
e da sua responsabilidade cívica, se conscientizar, com a máxima urgência,
sobre a necessidade de se exigir das forças políticas e representativas da
nação atitudes enérgicas do governo, no sentido de que as graves crises
hídrica, energética, da precária prestação dos serviços públicos, econômica e
de moralidade sejam atacadas com competência e efetividade, de modo que o cerne
das questões seja objeto de discussão com as mentes pensantes e capazes de
oferecer subsídios para extirpá-las imediatamente, com embargo dos projetos
políticos que têm a finalidade tão somente da perenidade da classe dominante no
poder, que vem contribuído, de forma efetiva, para prejudicar os verdadeiros interesses
nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de fevereiro de 2015
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