Escrevi crônica lamentando a
perda do grande ator Paulo Gustavo, que certamente deixará irreparável lacuna
no seio da sociedade brasileira, porque ele se tornara pessoa de muitas
qualidades, tanto como humorista de muito talento como ser humano bastante sensível
às ansiedades e carências do seu semelhante.
Diante disso, a sempre
admirável amiga Bernadete Gonçalves, pessoa extremamente sensível às questões
sociais, escreveu a seguinte mensagem: “Lamentável a perda desse grande
humorista, ator generoso de um grande coração. A perda deste ser iluminado
poderia ser evitado se tivéssemos vacinas para todos!!! Eu vi uma postagem do
Padre Julio Lancellotti que Paulo Gustavo ajudou com uma quantia de 1,5 milhão
no centro de tratamento de câncer e depois continuou ajudar na causa. As
pessoas iluminadas, de bom coração, se atraem, por amor aos seus semelhantes.
Padre Júlio Lancellotti, protege os que se encontram em dificuldades, Paulo Gustavo,
ajudou sem fazer alarde, sem holofotes para aparecer na mídia. Ajudou tbm com
oxigênio para Manaus na época que faltou, ele só fazia o bem sem saber a quem.
Muito triste essa doença!! Que Deus o receberá no céu Paulo Gustavo e dê o
conforto para os seus.”.
A propósito da mensagem acima, transcrevo a seguir
textos se referindo a Paulo Gustavo, escritos pela médica e diretora que
dirigiu “Minha mãe é uma peça 3”, que o acompanhou durante a internação dele:
“Como sei o quanto você ama os seus amigos,
comecei a falar de cada um deles e você se emocionou, chorou, a sua saturação
caiu e eu na hora mudei de assunto e comecei a falar de projetos. Você disse
que queria transformar todo aquele sofrimento em arte. Você começou a se
empolgar, e você é tão genial, que inventou toda uma história linda que se
passava no hospital. Tinha humor, amor e generosidade. Como você!”.
“Como eu admiro o ser humano que você é. A sua
generosidade me emociona. Você, na pandemia, depositou, por três meses, R$ 1
mil por mês para quase 120 pessoas que trabalharam nos filmes que nós fizemos.
Você mandou um e-mail para todo mundo das equipes perguntando quem estava precisando
de ajuda. E as pessoas foram tão corretas, que várias falaram que estavam
conseguindo segurar e que não precisavam. Mas a maioria recebeu essa ajuda. Na
crise em Manaus, você enviou R$ 500 mil para compra de oxigênio e nunca
divulgou nada. Lembro um dia, antes de você ser intubado, que você me disse que
estava sentindo muita falta de ar, mesmo com cateter de oxigênio, e que você
estava feliz de ter comprado oxigênio para as pessoas”.
“Você, que pouco antes de ser intubado, me disse
que estava com medo de não ver seus filhos crescerem, saiba que eles vão
crescer vendo a sua história. Você é o maior artista do momento. Você
transformou muitos lares brasileiros com Dona Hermínia, tocou em assuntos tabus
e através do seu humor, conseguiu ser político e ajudar a muitas famílias. Você
é unanimidade. A maior bilheteria do teatro e do cinema! Você foi o maior
símbolo da resistência potente da nossa cultura. Torço para que a dor de tanta
gente vire símbolo de mudança na nossa sociedade. Você vai contribuir para
substituir o ódio e o individualismo pela alegria e pelo cuidado do coletivo.
Vou seguir assim, com você vivo dentro de mim. Te amo para sempre.".
Os referidos textos mostram um pouco das grandezas humana
e cristã que que existiam no coração de pessoa que sabia valorizar o seu
semelhante, notadamente na compreensão dos seus sentimentos, tendo sido amoroso
com as pessoas.
É evidente que o meu texto enalteceu a genialidade
de humorista que conquistou o carinho do seu público por tantos trabalhos artísticos
onde ele teve oportunidade de mostrar as suas qualidades de representação como
ator versátil e possuidor de muita inteligência.
É
pena que pessoa de coração tão generoso seja vencida facilmente por vírus, que
realmente tem sido terrivelmente cruel contra as pessoas, por não fazer
distinção sobre a sua origem, raça, ideologia etc.
É
muito triste que isso esteja acontecendo, mesmo diante da evolução do homem,
diante dos avanços científico e tecnológico, a serviço do próprio homem e em
benefício do aperfeiçoamento humanitário.
É
evidente que eu gostaria que todos os brasileiros já estivessem imunizados
muito antes mesmo da vacinação (força de expressão), se houvesse sensibilidade,
boa vontade humanitária e interesse por parte das autoridades incumbidas de
zelar e proteger a preciosa vida humana.
Estou
me referindo à priorização sobre o salvamento de vidas humanas, de modo que
tivesse havido mobilização e interesse em resguardar vidas desde antes mesmo do
aparecimento da Covid-19 (força de expressão), em demonstração de sensatez,
competência, amor ao ser humano e disponibilização pessoal na luta por causa
mais do que justa, que é a defesa da vida humana.
Certamente
que as autoridades públicas e privadas que se destinaram a trabalhar
exclusivamente em benefício da vida humana, se dedicando integralmente a essa
que é a causa mais nobre que existe no planeta, porque não há nada mais
precioso do que a vida, nem mesmo a economia, serão glorificadas e lembradas
eternamente como grandes benfeitores da humanidade, diante do relevante, do
mais sublime dos atos pessoais de salvar vidas humanas, mesmo que elas não
tenham realizado mais absolutamente nada como homem público, porque isso não
tem a menor significância perante a grandeza de eles terem a sensibilidade e a
nobreza por terem lutado e conseguido salvar vidas humanas.
Imagino
só a tragédia impregnada na mente das pessoas públicas que tenham se
interessado apenas para as causas referentes à economia e a outras mais, menos para
a vida humana, como priorização exigida no caso da pandemia do cororavírus, e,
no fim da história, cheguem à conclusão de que ela se transformou em verdadeiro
fracasso, que ainda tem o peso do terrível abandono à principal causa referente
à vida humana.
Posso imaginar o quanto de sofrimento terá que suportar a
vida dessas pessoas que tiveram especial oportunidade celestial de estarem com
os competentes mecanismos sob seu domínio, com tudo às suas mãos, para a
prática de ações verdadeiramente humanitárias, mas, infelizmente, permitiram passar
em brancas nuvens, apenas adotando o mínimo possível.
Na
verdade, na guerra da pandemia, é preciso imperar o estabelecimento de prioridades
revolucionárias, muito além do impossível, diante do momento excepcional, que
depende muitíssimo de abnegação, entrega, priorização, generosidade, sensibilidade
e excepcional sentimento humanitário, atitudes estas que até podem ter existido
no combate à pandemia, mas, lamentavelmente, em quantidade insuficientemente
incapaz de gerar forças necessárias para a derrota do vírus e salvar todas as
vidas consumidas nessa trágica calamidade humanitária.
Brasília,
em 6 de maio de 2021
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