Como
sempre acontece nos países sob o regime ditatorial, os cubanos estão sendo obrigados
a prestar homenagem ao tirano-mor por nove dias de luto, que é o tempo que o
povo tem para se despedir dele.
Como
de praxe em tudo que acontece na ilha, o governo cubano impôs os rituais e as medidas
sobre como fazê-lo, ficando a população na obrigação de segui-los rigorosamente,
sob pena de sanções sempre desproporcionais aos fatos.
Para
tanto, pasmem, houve a proibição de se ouvir música em volume alto, de bares e
restaurantes apresentarem música ao vivo e da apresentação do concerto de
Plácido Domingo.
Nas
ruas, a proibição sonora tem a fiscalização da polícia, que não deixa passar
nada, como no caso da proibição feita a um garoto, que teve que seguir a
orientação de tirar os fones dos ouvidos, e dos Comitês de Defesa da Revolução
(CDRs), que se encarregam de espionar, dedar e punir os vizinhos que
infringirem as indecentes e insensatas regras de conduto.
Os
membros dos CDRs foram avisados de que devem abordar a casa de quem estiver ouvindo
som alto e pedir para desligar o aparelho, em razão do barulho incomodador. Eles
também estão nas ruas para impedir que pessoas andem expondo bebida alcoólica
na mão. Só há liberação para se beber cerveja ou vinho, desde que seja dentro
de casa, sob silêncio.
Nos
locais destinados aos turistas, foram cancelados os shows de música, sem que
ficassem proibidas as bebidas, diante da sua impossibilidade. Fala-se que ninguém
se contenta com um único mojito, que é a bebida da preferência dos cubanos.
Os
únicos canais de televisão do país, cinco ao todo, só transmitem a mesma
programação em rede nacional, tendo sido suspensos os programas culturais e as novelas,
inclusive as brasileiras, que são adoradas na ilha, e privilegiados os
programas com convidados, que ficam debatendo eternamente a extrema importância
do ditador desaparecido.
As
rádios substituíram as canções de reggaeton, ritmo malicioso amado pelos
cubanos, por músicas clássicas.
Os
jornais estatais só estão sendo impressos em preto e branco, que perderam as
características dos coloridos do Granma,
na cor laranja, e do Juventud Rebelde, na cor azul, ficando desfigurada a
atração dos cubanos, que usam o jornal como papel higiênico, mas isso dá a
verdadeira dimensão do que seja a imposição do luto oficial em homenagem a um
prepotente ditador.
À
toda evidência, o luto oficial imposto aos cubanos é de gigantesca e incomparável
mediocridade, à vista dos absurdos rigores das proibições, a mostrarem o nível
rasteiro de um país que se distanciou da realidade mundial, custando acreditar
que ainda tem governo que adota regime com mentalidade absurdamente rasteira,
atrasada e desprezível, em completa dissonância com os avanços dos
conhecimentos da humanidade.
Não
há a menor dúvida de que as restrições impostas à população até parece coisas
do mundo inexistente, onde as pessoas demonstram sequer terem cérebros, ante a
maneira esdrúxula de controlar os sentimentos das pessoas, dando a entender que
todos são débeis mentais e alienados que não fazem questão de perceber o
tamanho da imbecilidade em haver proibição para tudo sem a menor importância,
ressalvada ainda apenas a faculdade da livre respiração pessoal, ante a
impossibilidade material de haver controle sobre o ar, certamente por ele ser
riqueza natural invisível e inodora.
Todos
já sabiam que Cuba passa por terríveis dificuldades de natureza diversa, como
moral, política, econômica, administrativa e democrática, mas jamais se poderia
imaginar que o governo ditatorial fosse tão pequeno e incompetente, em razão de
chegar ao ponto de restringir que as pessoas ouçam músicas até por meio de fone
de ouvido, possivelmente para não perturbar o sono profundo do tirano morto, fato
que demonstra estrondosa mediocridade e brutal intolerância com os seres
humanos, que são tratados em ambiente de visíveis e absolutas irracionalidade e
incivilidade, totalmente inacreditáveis para os padrões minimamente aceitáveis
para o ser humano. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 29 de novembro de 2016
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