Em entrevista ao jornal La Jornada, do México, a presidente da República do Brasil
afirmou, entre outras coisas, que não teme pedido de impeachment contra ela e disse que responde por seus
atos.
A petista disse que "O problema do impeachment é sem base real, e não é um
processo, e não é algo, vamos dizer assim, institucionalizado? Eu acho que tem
um caráter muito mais de luta política, você entende? Ou seja, é muito mais
esgrimido como uma arma política, não é? Uma espécie de espada política,
mistura de espada e de dama que querem impor ao Brasil. Agora, a mim não
atemorizam com isso. Eu não tenho temor disso, eu respondo pelos meus
atos. E eu tenho clareza dos meus atos".
A presidente ressaltou que democracia não é
representada pelas "situações de paz
dos cemitérios, mas sim por manifestações de rua, reivindicações e expressões
de descontentamento. Onde tem algum
conflito, ele faz parte da democracia. Nós, quanto mais resilientes formos,
quanto mais normal for a manifestação política, 'Eu estou divergindo', 'Eu sou
contra', e isto não levar à ruptura, nem à situação extrema, mais evoluídos, do
ponto de vista democrático nós somos".
À toda evidência, trata-se de entrevista muito
confusa, cheia de figuras vazias, sem convicção e absolutamente desconexa,
muito aquém do que pode e deve produzir o ocupante do principal cargo do país,
justamente por ela demonstrar falta de concisão e objetividade, dando apenas a
entender que as palavras pronunciadas constituíram meras evasivas, sem conteúdo
capaz de explicar a destroçada administração do país, fruto da incompetência
gerencial, objeto de reiterados pedidos de afastamento da petista da Presidência
da República, ante a insatisfação quase generalizada dos brasileiros.
Não obstante, o desprazimento de parcela expressiva
da sociedade apenas demonstra que a maioria dos brasileiros gosta de viver
perigosamente, ao sabor das incertezas e das inconsistências na administração
do país. Veja-se que a presidente da República já deu cabal demonstração de que
perdeu completamente os rumos e as rédeas de seu governo, que tem sido
criticado até mesmo por seus correligionários no Congresso Nacional, a exemplo
de um senador carioca e de outro gaúcho, que não concordam com os ajustes
fiscal e econômico, sob a alegação de que o seu conteúdo não condiz com a
ideologia do seu partido.
Contudo, paradoxalmente, verifica-se que ainda há
quem concorde com a incompetência da administração do país, representada pelo
debacle que conduziu a economia à horrorosa recessão, causando terríveis
consequências para os brasileiros, na forma de aumento do desemprego, redução
da renda dos trabalhadores, fechamento de empresas, diminuição de arrecadação,
falta de investimentos público e privado, incremento da má qualidade dos
serviços públicos prestados pelo Estado e tantas dificuldades geradas pela
incapacidade gerencial do próprio governo, que não teve condições de controlar
as contas públicas, a inflação, as taxas de juros, as contas públicas e muito
menos de adotar medidas de incremento ao desenvolvimento do país.
Além das mazelas administrativas, o país passa por
terrível crise de credibilidade, justamente em razão das corrupções sistêmicas
e endêmicas, da maior gravidade registrada no âmbito do governo, a começar pelo
mensalão e desaguando no petrolão, sendo que este teve o condão de quebrar a espinha
dorsal da maior empresa brasileira, cujas roubalheiras por integrantes do
partido do governo e de agremiações da base de sustentação dele, conforme
depoimentos prestados por delatores à Justiça Federal, foram capazes de levar a
Petrobras, em face da sua gestão deletéria, ao 406º lugar no ranking mundial
das empresas, quando ela ocupava, pasmem, a 30ª posição, ou seja, a estatal
quase perde a sua identidade de empresa referência em eficiência de gestão,
além de ela ter se tornado a maior devedora do mundo, tudo graças às
desastradas políticas do governo, com relação à petrolífera, por meio da
ingerência, do aparelhamento e principalmente da falta de controle e de
fiscalização capazes de evitar os superfaturamentos dos preços constantes dos
contratos, cujas irregularidades sequer foram levadas em consideração quando
alertadas pelo Tribunal de Contas da União, mas ninguém foi ainda responsabilizado
pela insanidade na gestão da Petrobras.
Caso os brasileiros tivessem reais condições de se informar
e se conscientizar sobre as verdadeiras inépcias quanto à administração do
país, com certeza a mandatária brasileira jamais se atreveria a afirmar que não
teme o impeachment, à vista dos estragos e dos danos causados ao bem comum e ao
desenvolvimento da nação, como evidenciam os fatos à saciedade, que conspiram
contra as falácias governamentais e seriam mais do que suficientes para o afastamento
de mandatário nessas condições, caso tamanha tragédia administrativa
acontecesse num país sério, cujo povo tivesse o mínimo de zelo pela integridade
patrimonial e eficiência administrativa do país.
Causa perplexidade que a extrema gravidade na
administração do país, onde há evidente deterioração dos indicadores econômicos,
da prestação dos serviços públicos e dos princípios ético e moral, ainda conte
com o beneplácito e a passividade dos brasileiros, que apenas, de vez em
quando, se manifestem e batem panelas, em protestos contra o desgoverno, quando
deveriam exigir que a administração do país passasse a ser imediatamente cuidada
com competência e eficiência, de modo que fosse possível a retomada do
desenvolvimento, melancolicamente sepultado pela má gestão pública, por conta
da insensibilidade governamental para o estabelecimento de priorizações das
políticas públicas, objetivando o exclusivo atendimento do interesse público,
com embargo das maléficas medidas com a finalidade da absoluta dominação das
classes social e política e do poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de junho de 2015
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