As lideranças petistas acreditam que o PT somente
reagirá da crise profunda se a presidente do país tiver condições de reagir de
forma heroica, suplantando a muralha atrás da qual ela própria se colocou, por
ter feito governo indiscutivelmente desastroso no primeiro mandato.
A primeira grande crise do PT, desde que a
agremiação tomou conta do poder, foi sem dúvida o escândalo do mensalão, que
deu azo à oposição para se cogitar, com total cabimento, o impeachment do então
presidente da República, mas as lideranças petistas, ainda com poder de
aglutinação dos movimentos simpatizantes ao petismo, conseguiram abafá-la, sob
a forma de ameaça de se colocar multidões fanatizadas nas ruas, para defender o
mandatário do país, cuja manobra terminou sendo exitosa, permitindo a passagem
do “andor”, sem trauma.
Agora, parece que o caso é mais complicado, por
força da segunda e estrondosa crise de credibilidade, eclodida por intermédio das
investigações da Operação Lava-Jato, que expuseram à luz do dia, de forma
minuciosa e incontestável, as vísceras das irregularidades e corrupções,
deixando transparecer para o mundo a gigantesca e descomunal roubalheira jamais
imaginável na história da República, que foi encabeçada exatamente por
integrantes do partido do governo e de agremiações da sua base de sustentação, cujas
propinas eram destinadas aos cofres desses partidos, em evidente demonstração
de degradação dos princípios da moralidade, legalidade e dignidade que se impõem
na administração pública séria e zelosa do patrimônio da sociedade.
O certo é que o governo e o seu partido não
conseguem assimilar e dar o devido trato às sucessivas pancadas nos seus lombos,
em razão de tantos casos de indignidade protagonizados contra o interesse
público, que culminaram com as ondas de manifestações de protestos nas ruas e
com elas vieram as frequentes quedas de popularidade da presidente petista, que
permanece completamente tonta, zonza e atordoada diante dos torpedos vindos das
ruas, com recados curtos e grossos de que seu governo é um mar de incompetência,
que gera muita insatisfação ao povo, por prejudicar terrivelmente os interesses
da nação.
Não há a menor dúvida de que a maior crise da
história do PT não tem como ser disfarçada, diante da incompetência
administrativa e gerencial, notadamente com a tragédia instalada na condução da
economia e na precária prestação dos serviços públicos, cujos indicadores são
visivelmente desanimadores e prejudiciais aos interesses da nação, com claras
perspectivas de aprofundamento da crise político-administrativa e terríveis reflexos
para a sociedade, que tem sido obrigada a pagar o ônus da má administração do
país.
Na atualidade, há motivos suficientes para o PT se
preocupar com a sua situação de visível falta de credibilidade, porque as mobilizações
das ruas eclodiram não por sua iniciativa para convocá-las, como sempre ocorria
no passado, mas sim pela espontânea vontade do povo sem partido, para
demonstrar forte e arraigado idealismo de defesa dos interesses do Brasil, cuja
participação popular superou a extraordinária manifestação realizada nos idos
da campanha pelas eleições diretas, em 1984, sendo que, agora, elas tiveram o
poder de mostrar, com muita clareza, estrondosa rejeição ao governo e ao seu partido.
Diante
do descrédito do governo e da onda de rejeição ao seu partido, pesquisa especialmente
encomendada revelou que a avaliação do PT é pior até que o desempenho do
governo da petista, que obteve, na ocasião, a pontuação de 13% de “ótimo” e
“bom”, enquanto o partido mereceu aprovação de menos de 10%.
Junto com a pesquisa, foram levantados outros
pontos comuns do diagnóstico de dificuldades, quais sejam, faltam quadros
expressivos para o debate político; a representatividade do PT está
subdimensionada no governo e no Congresso Nacional; os movimentos sociais se
distanciaram da sigla; e a classe média dos grandes centros urbanos encabeça os
movimentos anti-PT, tudo
conspirando contra a recuperação da imagem do partido no curto prazo, ante os
efeitos destrutivos acumulados pelos desastrosos resultados da economia e das
investigações da Operação Lava-Jato, que são realidades incontestáveis de difícil
remendo por meio apenas de discursos vazios e destituídos de conteúdo, como
aqueles próprios arranjados pelas lideranças petistas, nos momentos de
dificuldades, que a sociedade já não os atura mais.
Compete à sociedade se manter em permanente
mobilização, para avaliar o desempenho do governo, manifestando-se precisamente
em repúdio à má administração do país, que não pode continuar sendo prejudicado
pelas precariedades e deficiências na condução das políticas públicas, que são
executadas ao sabor das conveniências política e oportunista, notadamente na
política econômica, cujos indicadores apontam para forte recessão, com
drásticos reflexos no desemprego, no aumento da inflação, na redução da renda
dos trabalhadores, na desindustrialização, na significativa diminuição da
arrecadação, na falta de investimentos público e privado e, enfim, na
intensificação dos gargalos prejudiciais ao desenvolvimento do país e mais
especificamente na piora das condições de vida da população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 10 de junho de 2015
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