Um
vídeo circula nas redes sociais, mostrando a fotografia do presidente da República
e do logotipo da Rede Globo, juntos, encimados da seguinte mensagem, verbis:
“TÁ CHEGANDO. A CONCESSÃO DA REDE GLOBO ESTÁ CHEGANDO AO FIM, VOCÊ APOIA A EXTINÇÃO
DA EMISSORA?
Qualquer
pessoa normal certamente que apoia, sem pestanejar, a extinção da emissora
supracitada, desde que seja tendo por base motivos plausíveis e justos,
diferentemente do sentimento ideológico, porque isso nunca foi parâmetro para
se fazer justiça.
É
evidente que tanto a ideia dessa mensagem como também o seu compartilhamento devem ser obra da iniciativa de
pessoas fanáticas ao presidente do país, que combate a ferro e fogo a
existência daquela emissora, com obsessividade ao extremo, em sintonia com a
ideologia agressiva defendida pelo mandatário do país, que é o principal pitbull,
com as garras afiadas em direção àquela empresa, pronta para atacá-la, mesmo
que seja apenas porque ela noticia os fatos contrários aos interesses do
governo, justamente por não fazer parte da linha política adotada por ele.
Todos
sabem que o presidente do país e aquela emissora são inimigos fidagal e
dificilmente ela vai perder oportunidade para noticiar o que mais for possível
para expor os fatos que deponham contra o desempenho do governo, no linguajar
que realmente não agrada em nada aos interesses do Palácio do Planalto.
A
verdade é que aquela emissora e todos os demais meios de comunicação precisam seguir
o padrão de comportamento estabelecido para os seus trabalhos informativos que
satisfaçam aos seus interesses e objetivos para os quais ela tem como órgão de
comunicação.
A
concessão outorgada às emissoras e aos meios de comunicação em geral precisam
observar e cumprir as normas aplicáveis à espécie, no sentido do respeito à fidelidade
aos fatos e à verdade, como forma de asseguramento da sua finalidade institucional.
Isso
vale dizer que não faz o menor sentido haver verdadeira disputa inglória entre o
presidente da República e a emissora, que tem a importante missão da prestação de
serviços noticiosos aos brasileiros, na forma dos seus estatutos sociais, que
demandam a obrigação de somente disseminar os fatos sob a ótica da verdade.
Por
via de consequência, a emissora não pode extrapolar o sentido dos fatos noticiosos,
à vista do compromisso legal quanto ao equilíbrio sustentado sob os pilares da
verdade, a sombrear forma de penalização, ante o império da responsabilização
criminal ou penal para quem agir diferentemente disso.
Ou
seja, a manutenção de acirrada disputa entre o presidente do país e a emissora
tem o condão de evidenciar altíssimo grau de irracionalidade, ignorância, pelo
mais do que notório sentimento de involução civilizatória, uma vez que existem
os meios e os caminhos apropriados para a discussão das questões que não
estejam perfeitamente sob o regramento da verdade, do respeito e da dignidade
que são merecedoras, em princípio, as autoridades públicas.
Convém
ficar claro que a mensagem compartilhada nas redes sociais, na forma transcrita
acima, é prova cabal da falta de maturidade e inteligência não somente das
autoridades públicas e dos fanáticos que defendem ideias medíocres de extinção de
emissora, tão somente pelo simples fato de ela distorcer os fatos sobre o
interesse do governo, porque isso somente passa na cabeça de quem tem ideias
truculentas e anticivilizatórias, quando as notícias falsas, agressivas e
mentirosas demandas somente as devidas ações judiciais, conforme o caso, com
vistas à reparação dos possíveis danos causados à imagem do presidente do país,
do governo ou do Brasil.
Sobre
as questões envolvendo notícia mentirosa, inverídica ou os demais casos não
condizentes com os princípios civilizatórios, que divirjam da normalidade, o
remédio passa pelo crivo da Justiça, que tem o poder constitucional e legal
para mediar o acerto que se fizer necessário, de forma civilizada e racional,
sem necessidade de se imaginar o uso de truculência, que funcionava nos tempos
da idade da pedra lascada, mas, enfim, o homem conseguiu evoluir, tendo a obrigação
ou a faculdade de usar a mente para raciocinar com sabedoria e inteligência.
É
muito importante que os brasileiros se esforcem para lutar por causas justas, que
realmente justifiquem o sacrifício por seu
resultado, em especial quando o empenho tenha por objetivo o benefício da
sociedade.
A
extinção de emissora de comunicação não tem a influência de peso na sociedade,
que continua a existir, tendo em conta que ninguém está obrigado a assistir aos
seus programas, o que vale dizer que o martírio dos fanáticos bolsonaristas
pode perfeitamente ser evitado, apenas não ligando os canais dessa emissora,
como fazem normalmente as pessoas sensatas que somente assistem aos programas
que lhes satisfaçam.
Infelizmente,
esse caso emissora parece movimento típico de tentativa de justiçamento com as próprias
mãos, quando é aconselhável o emprego do bom senso e da racionalidade, para se
entender que essa medida não encontra parâmetro nem servir de caminho
apropriado, uma vez que ele deriva do puro sentimento ideológico, em demonstração
de dissonância com os procedimentos jurídicos aplicáveis à espécie, em que a participação
da sociedade tem o condão de tumultuar e dificultar o melhor caminho para a solução
do caso, que precisa se restringir somente à emissora e aos órgãos públicos vinculados
à renovação da concessão, na forma legal.
Essa
mobilização que se pretende estabelecer se o povo concorda ou não com a
extinção da emissora só demonstra mentes ociosas e carentes de ocupação útil a serviço
da sociedade, uma vez que medida nesse sentido somente faz necessária em caso de
configuração do descumprimento de alguma exigência legal, a exemplo de dívida
para com o erário, no caso de obrigações previdenciárias, fiscais e outras
falhas que são situação sine qua non, para a continuidade da sua existência.
Eis
aí o momento de os brasileiros puderem mostrar sentimento de grandeza, no
sentido de compreender que a renovação ou não da concessão da emissora complete
exclusivamente à satisfação dos critérios técnicos, na forma estabelecida em
lei, com embargo de sentimento ideológico, porque isso configura forma abjeta
de avaliação apenas pelo ódio, em dissonância com os princípios de justiça.
Brasília,
em 8 de fevereiro de 2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário