O agravamento da crise entre a Rússia e a Ucrânia expôs a
precariedade operacional da diplomacia brasileira, que for agravada com
indevida e inoportuna visita do presidente do Brasil ao primeiro país, ainda
mais diante das despropositadas declarações feitas pelo mandatário tupiniquim.
Em
termos diplomáticos, constituiu enorme erro o presidente brasileiro ter manifestado
“solidariedade” ao líder russo, por ocasião da recente visita a Moscou, fato
que evidenciou espantoso desequilibrou diplomático, em consonância com a
tradicional postura de neutralidade do Brasil em conflitos internacionais.
Sobre
o mesmo assunto, o vice-presidente da República foi bem coerente com a diplomacia
que o país precisava firmar, quando ele teve posição mais apropriada ao momento
de crise, quanto à preocupação sobre a situação conflituosa, ao declarar que “Julgo
que não podemos aceitar intervenções dessa natureza”.
Ele se posicionou ao contrário do presidente do país, que
simplesmente se omitiu, não tendo sequer se referido à crise, embora ele
estivesse no epicentro da fervura bélica e falado com o principal interessado
em explodir o mundo, começando pela Ucrânia, uma vez que o começo da guerra nesse
país pode servir para espalhar centelhas para o resto do mundo, porque os
demais países serão, inevitavelmente, atingidos com os efeitos da guerra, em especial
a economia e o comércio.
Alguns diplomatas de países ocidentais avaliam como tímida demais a posição brasileira, diante da gravidade daqueles conflitos, à vista da sua importância no contexto mundial, notadamente no cenário econômico, o que se exige que o Brasil precisava ter sido bastante incisivo, manifestando posição em aconselhamento pelo esforço na busca da paz, por meio do diálogo construtivo entre os países envolvidos e seus aliados, principalmente porque a guerra somente tem como consequência a destruição e a perda de muitas vidas humanas.
Especialistas diplomáticos, avaliam que o Brasil tomou o bonde errado da história político-diplomática, quando perdeu excelente oportunidade para marcar a sua posição contra a guerra, quando a presença do presidente brasileiro em Moscou seria momento ideal para ele dizer isso para o mundo, de forma a ter antecipado o seu deseja da paz por meio dos esforços diplomáticos.
Vejam-se
o tamanho da infelicidade do mandatário brasileiro, que, de maneira constrangedora
e indevida, declarou solidariedade com a Rússia, ao afirmar, depois de se reunir
com o presidente daquele país, sem fazer qualquer menção pública ao conflito
com a Ucrânia, que o Brasil é “solidário” à Rússia e “aos países que
se empenham pela paz”, acrescentando que os dois países compartilham de “valores
comuns, como a crença em Deus e a defesa da família e defendem a soberania dos
estados”, sem se reportar à questão da guerra, em momento algum, quando
esse momento teria sido ideal para manifestação de apoio às medidas tendentes à
paz, sempre defendida pelos Brasil e seu povo.
Não obstante, o melancólico desempenho do presidente
brasileiro contribuiu para deixar o Itamaraty em situação embaraçosa, uma vez que
ele - que fala pelo e em nome do país - declarou a posição brasileira ao
mencionar solidariedade com a Rússia, que demonstra visceral interesse em
realizar a guerra e, para isso, se encontra empenhada.
Diante
da posição manifestada pelo presidente brasileiro, o Itamaraty ficou com limite
de ação diplomática, diante da manifestação pessoal dele, que praticamente
disse que concorda com a declaração de guerra à Ucrânia, ao solidarizar-se com
a Rússia, mostrando postura absolutamente indesejável e precipitada, porque certamente
a opinião dele não coincide com o real pensamento dos brasileiros, que são
firmemente a favor de medidas que levem somente à paz mundial.
A
imaturidade diplomática do presidente brasileiro firmou o entendimento de que o
governo brasileiro manifestou pleno apoio, na forma da simpatia de
solidariedade, ao líder belicista russo, que não conta com o beneplácito dos
brasileiros sensatos, que propugnam por medidas apenas capazes de contribuir para
a paz mundial.
A um só tempo, a incoerência presidencial é patente e de
extrema preocupação, por ele ser de direita e ter declarado apoio logo a presidente
comunista, além de ter deixado de condenar, que certamente é o pensamento
predominante dos brasileiro, ações belicistas prestes a acontecer, conforme tem
sido a tendência que impera na índole do líder russo, fato que não condiz com a
tradição da diplomacia brasileira, que se encontra à mercê do despreparo e do
descompasso com o ardente desejo de paz.
Convém que os brasileiros que amam verdadeiramente o Brasil
se manifestem em repúdio, até com veemência, contra a condenável solidariedade do
presidente brasileiro com o mandatário da
Rússia, pela reconhecida evidência de erro grasso da diplomacia contemporânea,
que jamais concordaria com posição que não fosse voltada exclusivamente para a construção
da paz mundial, inclusive contando com os esforços das lideranças mundiais,
sensíveis ao emprego dos princípios humanitários para o atingimento desse importante
objetivo.
A diplomacia brasileira precisa se despertar urgentemente
da letargia onde se encontra em berço esplêndido, para que a sua voz seja
ouvida aos quatro cantos, com muita altivez e nitidez, em especial em nome da
paz mundial, diferentemente do que foi protagonizado pelos imensuráveis vacilo
e indiferença do presidente da República, que foi capaz de solidarizar-se, em
nome do Brasil, com o líder comunista que se esforça para promover a guerra.
Brasília,
em 23 de fevereiro de 2022
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