Em
entrevista à Carta Capital, o ex-presidente da República petista, preso em
Curitiba (PR), não confirma nem nega a vontade de se candidatar à Presidência
da República, em 2022, apenas admite que os outros candidatos serão mais novos
e terão mais disposição para enfrentar a batalha da campanha eleitoral.
Não
obstante, ele disse que, dependendo da situação política do país, pretende sim
concorrer e crava: “Jair Bolsonaro não será reeleito.”.
Em
que pese ter dito que tem pretensões modestas, o petista afirmou que tem
disposição para “derrotar a podridão da elite do país. Como posso falar?
Estou com 74 ano. Estou pensando em casar. Estou novo. Obviamente que vai ter
gente muito mais nova e com mais disposição do que eu. Eu não sei. Eu preciso
sair daqui (da prisão), saber como estou, como estão as forças
políticas. Um monte de gente com 40, 50, 60 anos. Eu me contentaria em ser cabo
eleitoral, mas se não tiver ninguém capaz de derrotar essa podridão da elite
brasileira que governa esse país pode estar certo que o Lula estará no jogo (sic)".
Na
opinião do político, nossos vizinhos argentinos dão uma boa mostra do que
acontecerá politicamente no Brasil, nos próximos anos, porque “O Macri foi
vendido como uma mentira maior que o Bolsonaro. Aliás, o Bolsonaro se mirava no
Macri como espelho do bom governante. Não deu certo e aqui no Brasil também o
Bolsonaro não vai se reeleger, não vai sobreviver politicamente em uma nova
eleição, não acredito".
Para
o ex-presidente, as críticas à polarização entre PT e o presidente do país é
uma “moda”, tendo defendido o próprio partido, ao afirmar que, “Quando
eram os tucanos, eles não queriam acabar com a polarização. O PT é o maior
partido existente nesse país, é um p... de um partido. Não é um amontoado de
interesses como é o PSL", fazendo alusão direta ao partido do
presidente do país.
O
petista ainda aproveitou o ensejo para ironizar e criticar a troca constante de
partidos por políticos do cenário atual, dizendo que ”O Bolsonaro perde as
eleições, e o PSL acaba, igual foi com o Collor. Os caras trocam de partido
como se trocasse de cueca (sic)”.
Há
o ditado popular que diz que o povo tem o governo que merece e isso vem
acontecendo normalmente no país tupiniquim, em que o povo resiste em não se
conscientizar sobre o que é melhor para o Brasil.
O
Brasil atravessa momento dificílimo diante das crises política, social,
administrativa, econômica, entre outras, em decorrência de governos deletérios,
quanto aos princípios da gestão pública e da moralidade, tendo dificuldade para
a sua superação, exatamente diante da mentalidade dos brasileiros, que insistem
em continuar apoiando políticos que já demonstraram seu modelo retrógrado e
ultrapassado de governo, com viés estritamente populista, sem nenhuma
preocupação com a administração científica, que consiste na modernização das
estruturas do Estado, por meio de reformas estruturantes e prioritárias ao seu
funcionamento com eficiência e economicidade.
O
caso do político preso é bem sintomático, por demonstrar visível situação de
incompatibilidade entre a condenação por improbidade administrativa com a aderência
aos princípios da decência e da moralidade exigidos na gestão de recursos
públicos, em que pese o seu carisma, que não pode prevalecer sobre o interesse
público, que precisa se acomodar sob parâmetro de imaculabilidade na vida
pública, o que, indiscutivelmente, não é o caso do político em causa, à
evidência dos fatos lamentáveis.
Ademais
disso, não se pode olvidar que a gestão do político em tela foi marcada por
muitos pontos negativos que poderiam ter sido evitados em benefício da
eficiência administrativa, a exemplo da governabilidade por coalizão, em que as
alianças eram seladas com o loteamento entre partidos das alianças políticas de
ministérios e empresas públicas, sem a menor preocupação com a responsabilidade
pública.
No
caso, os partidos cuidavam de implantar as próprias políticas, à luz de seus
interesses políticos, em detrimento das ações de governo, fato que contribuiu
sobremaneira para a elevação da precariedade da prestação dos serviços da
incumbência do Estado, que foi dividido em função de interesses
político-partidários, por exigências das lideranças da chamada velha política,
hábitos extremamente degradantes e decadentes da coisa pública.
Nesse
contexto conhecido como fisiologismo clássico, houve a expansão da decadência
administrativa do Brasil, em que os homens públicos desavergonhados e
inescrupulosos mais aproveitaram dos recursos públicos, em que os desvios
aconteciam de roldão, conforme apontam as investigações promovidas pela
Operação Lava-Jato, mostrando o quanto o patrimônio dos brasileiros estava
exposto a toda sorte de vulnerabilidade, a exemplo do petrolão, que representou
a página negra e trágica de governo comandado por quem ainda pensa em voltar a
comandar o pobre e maltratado Brasil.
É
extremamente lamentável que o petista tenha se referido “a podridão da elite do
país”, quando fala em derrotá-la, dando a entender que ele é a pessoa mais
honesta e pura do país, sendo exemplo de retidão e boas condutas de ética e
moralidade, esquecendo-se que ele se encontra encarcerado justamente em
cumprimento de condenação à prisão, em razão da prática dos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, o que evidencia total dissonância com o
exercício de cargo público eletivo.
Ou
seja, por questão de princípios, nada impede que ele entenda que há podridão na
elite brasileira, diante das evidências, o que não chega a ser nenhuma
novidade, mas a pessoa condenada pela Justiça à prisão deveria se conscientizar
de que o fato em si jamais se recomendaria em sequer pensar em ser
representante dos brasileiros, porque isso representa, no mínimo, afronta aos princípios
republicanos e, sobretudo, à dignidade do povo honrado, que certamente
discordará da volta ao governo de quem já demonstrou a sua verdadeira índole.
Causa
enorme estranheza o político não se dignar a fazer autoavaliação sobre o seu
estado de decadência moral, por estar cumprindo pena de prisão, em razão da
prática de crimes graves contra a administração pública, ter sido condenado, na
primeira instância da Justiça, em outra ação penal, a par de ainda responder a
mais cinco processos penais, já qualificado como réu.
Diante
desses fatos terríveis e lastimáveis, em se tratando de pessoa pública de
relevância política, somente se aconselharia que ele se afastasse das
atividades políticas, enquanto estivesse implicado com a Justiça, com vistas a
se esforçar a limpar seu nome perante a Justiça, provando a sua inculpabilidade
em todos os casos onde se encontra envolvido, de modo que, somente depois
disso, ele teria condições éticas e morais para tentar se reabilitar na vida
pública, que não pode aceitar a participação de quem não consegue provar as
condições essenciais de conduta ilibada e imaculabilidade perante a sociedade.
À
toda evidência, nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos
e democráticos, o próprio povo tem a consciência cívica de repudiar os atos
contrários à moralidade e afastar da vida pública os políticos que se
envolverem em casos implicados com a Justiça, exatamente porque os fundamentos
pertinentes às atividades políticas são irremediavelmente incompatíveis com as pessoas
consideradas ficha suja.
Nesse
ponto, há clara incoerência por parte de quem defende ou apoia o político
preso, imaginando que pode e deve o Brasil ser comandado por político nessas
condições, mesmo quando há esse terrível peso sobre seus ombros de envolvimento
de cabeludas suspeitas de participação em casos escabrosos, em que pese ele
jurar inocência, mas não conseguiu, até o momento, reunir elementos capazes
para a contestação das provas coligidas pela parte instrutória, conquanto, na
Justiça, somente tem validade os elementos probantes, aqueles juridicamente
válidos e aceitáveis, caindo no vazio qualquer outra forma de contraprova,
inclusive o grito, que faz barulho, mas não ajuda em nada.
Enfim,
os defensores da soltura do político encarcerado precisam se conscientizar de
que compete exclusivamente a ele produzir as contraprovas para se infirmar as
provas constantes dos autos, porque elas existem e são robustas, se não ele não
estaria preso por tanto tempo, considerando inclusive que o processo pertinente
permanece intato, ou seja, nenhuma peça
foi retirada dele nem inserida, depois do julgamento, o que seria diferente se
ele fosse realmente inocente, porque quem o é basta apresentar as contraprovas,
algo que não aconteceu até o momento.
Na
verdade, o apoio incondicional de parte dos brasileiros tem o especial condão
de encorajá-lo a afirmar que é inocente, mesmo estando preso, quando seria
bastante diferente se esses mesmos defensores poderiam contribuir positivamente
se resolvessem exigir que o seu apoio a ele somente seria dado depois que todos
os casos perante a Justiça sejam devidamente esclarecidos e justificados, por
força da necessidade da rigorosa observância do princípio da “Ficha Limpa”,
exigida para quem pretende representar politicamente o povo, que não pode
compactuar com a desmoralização dos princípios consagrados da ética, da
dignidade, do decoro e principalmente da imaculabilidade nas atividades
públicas.
Ou
seja, quanto mais apoio o político recebe de seus seguidores, menos ele tem
interesse em se esforçar em se defender contra as acusações sobre ele, que termina
se prejudicando em se contentar apenas com o apoio de seus defensores,
principalmente por entender que não vale a pena sacrifício nesse sentido, uma
vez que ele conta com o apoio de seus idólatras, mesmo estando com a ficha
suja, o que bem demonstra a falta de civismo e
patriotismo por parte deles, que pouco importam pelo juízo de moralidade
nas atividades políticas, o que é muito ruim para a imagem do país, que é vista
pela face da devassidão aos princípios republicanos.
Os
brasileiros precisam, com urgência, se conscientizar de que os novos tempos de
modernidade e de avanços científico e tecnológico exigem revolucionárias
mudanças de mentalidade, no sentido de se operar transformação na administração
do Brasil, em que não se podem mais ser aceitos homens públicos que tenham, de
alguma forma, se envolvido em situações escabrosas completamente incompatíveis
com a gestão de recursos públicos, principalmente tendo em conta que o respeito
aos princípios republicanos, quanto à ética, à moralidade, à probidade, à
dignidade, entre outros, demonstra a maturidade e a evolução de um povo, que
precisa dá as mãos em cruzada moral contra o retrocesso e a decrepitude nas
atividades políticas.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília, em 10 de setembro de 2019
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