O presidente eleito
afirmou, em bom e alto som, ipsis litteris: “O que vou buscar é,
seguindo o exemplo do patrono do Exército brasileiro, Duque de Caxias, buscar
pacificar o nosso Brasil. Nós, pacificados, sem eles contra nós ou nós contra
eles, temos como fazer políticas que atendem ao interesse de todos.”.
Pois bem, até o momento,
a prometida pacificação parece bem distante da promessa, por ser tema que se perdeu
no caminho nos seus tresloucados devaneios presidenciais.
Até agora, o presidente
se debate em táticas jamais imaginadas do bate-boca, da humilhação, da acerbada
provocação, da provocação, da desmoralização pública e da notória falta de
ética compatível com manual ridículo e recriminável, onde foi institucionalizado
o sentimento contrário do homem público que tem a obrigação de pregar a
decência, o equilíbrio, a confiança, a segurança e, sobretudo, o respeito aos
princípios civilizatórios.
Tempos idos, o
presidente costumava lembrar ensinamentos bíblicos, que a insinuar que seguiria
o exemplar mandamento de São João Evangelista, que tem como inspiração algo
extraordinário, nessa benfazeja expressão: “a verdade liberta”.
Infelizmente, o tempo
cuidou de forjar horrenda versão no seu linguajar mais apropriado à realidade
atual, com a tonalidade e o viés muito mais com a cara voltada para a
truculência e o topa-tudo, para impor a sua verdade, sem se preocupar com as
consequências, como instrumentalização de discurso que extrapola os comezinhos princípios
da diplomacia e da civilidade, sem se atentar para o fato de tratar-se da
pessoa do mandatário da nação com a grandeza do Brasil, de quem se espera a
nobreza dos grandes ou, no mínimo, somente estadistas, para se harmonizarem na banalização
da proximidade das fake news, por meio de conversas grosserias e inapropriadas à
liturgia da cartilha presidencial, por preferir trilhar o discurso com
entonação de doutrinação de adeptos adoradores do seu estilo estabanado.
A alinha escolhida pelo
presidente transcende em muito a vontade do brasileiro mediano, porque o seu
dia a dia vem sendo marcado sempre com um espanto seguido de outro, no afã de
mostrar ao mundo a volúpia a sua visão estapafúrdia do totalitarismo e da clara
ânsia pela perseguição àqueles que se mostram contrários ao seu pensamento
ideológico, ou seja, os seus opositores, por pregar a ideia de que, segundo o
presidente: “Se eu levantar a borduna, todo mundo vai atrás de mim”, em
clara alusão aos seus seguidores, entusiasmados com o seu estilo de
comportamento ditatorial.
Esses fatos estão
refletidos nas pesquisas de opinião pública, mostrando que a popularidade do
presidente se desidrata e se derrete como gelo no asfalto, em contraposição à sua
pobre e inadequada verborragia que vem em crescimento galopante, dia após dia,
como fábrica de terremotos completamente inúteis e frívolos, apenas
prejudiciais às imagens dele, do governo e do Brasil.
Causam preocupação os
desatinados impropérios ditos pelo presidente, em muito pouco tempo, somente
com relação aos seus assessores ou órgão vinculados a ele, visto que, para ele,
a Polícia Federal é dada a “babaquices”, o ministro redentor da Economia
virou um “chucro” (sem habilidade), o herói da Justiça não passa de “ingênuo”
e supostos adversários na política, a exemplo do governador de São Paulo, seria
uma “e... precoce”, entre outras declarações com grau de ofensividade que
deveriam jamais constar do se vocabulário, diante da relevância do cargo que
ocupa na República tupiniquim.
À toda evidência, esses
desacertos refogem da normalidade e podem entrar para ao anais da história
republicana como estranha patologia presidencial, digna de compêndios de fatos
bizarros, de invejável espontaneidade por parte de quem precisar se expor para
se passar destoante da normalidade cordata, pacífica, amável e civilizada dos
brasileiros, que anseiam não por salvador da pátria a qualquer preço, de se
manter no holofote da mídia no sentido contrário do esperado, mas sim alguém que
tenha o tino do bem lembrado pacificador, que tenha realmente capacidade para
ouvir, ponderar, compreender e decidir sob o sentimento de integração, união e ajuntamento
do pensamento da nacionalidade, sem precisar agredir ou polemizar, porque isso
apenas contribui para o afastamento da pacificação e da união em prol das
causas nacionais.
Nesse ambiente de intolerância e de não
pacificação, falta espaço para o debate de ideias e da formulação de políticas públicas
capazes de contribuir para a convergência de pensamentos em benefício dos
brasileiros, que estão muito mais divididos e ansiosos pelo aparecimento de
lucidez nas mentes dos homens públicos, principalmente daquele que tem o poder
sob seus pés, mas age com a cabeça no mundo da lua.
Inexiste forma possível
para se atinar sobre a padronização de comportamento imaginada pelo presidente
dos brasileiros, porque ela segue modelo próprio de ignomínias incontroláveis e
ilimitadas, mesmo que o seu reflexo já tenha chegado à tona, de forma transparente,
que mesmo assim o seu padrão segue aos costumes, nivelado por baixo e muito aquém
do limite minimamente razoável e civilizado.
As ações do presidente
seguem o estilo da afronta preferencial da verborragia, mas ele não se incomoda
de agir diretamente, como fez, por exemplo, com os dirigentes do INPE, da
Ancine, que foram mandados para casa, por discordarem da orientação do capitão
reformado do Exército, dando a entender que o diálogo, o debate não têm vez no
seu governo.
Não há a menor dúvida
de que é inconcebível o mandatário de nação com a grandeza do Brasil se tornar protagonista
de atitudes de machismo declarado, possivelmente com o objetivo de atrair as
atenções da mídia para a sua pessoa, fato este que tem como ressonância o
aumento do descrédito à sua autoridade, a insegurança e baixíssima compreensão sobre
a sua verdadeira função de presidente dos brasileiros.
Na verdade, o
comportamento nada republicano do presidente brasileiro, marcado por atitudes e
declarações polêmicas, certamente que não se coaduna com a melhor definição de governabilidade
saudável, haja vista que a implementação da bizarrice litúrgica, absolutamente dissonante
de gestão moderna, tem o condão de ferir mortalmente a sua credibilidade e a sua
confiança quanto à sua capacidade de liderança e de promoção das ansiadas mudanças
estruturais do Estado, que precisa urgentemente de reformas abrangentes, com
vistas ao seu aperfeiçoamento e à sua modernidade, em harmonia com os avanços
da humanidade.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 13 de setembro de 2019
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