segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Cuidados divinos?

 

Em pregação diária, um padre diz que “E Deus já está cuidando de tudo, porque você já apresentou a Ele as suas preocupações. Deus já está cuidando de tudo, porque Ele sabe que você está sendo perseguido, maltratado, machucado. Ele sabe que tudo que estão tentando contra você não verdade e não vai dar certo. Deus está cuidando de tudo, basta você ter paciência e esperar o tempo certo (...).”.

Infelizmente, contrariamente aos dizeres da aludida mensagem, não é verdade que Deus esteja cuidando de tudo nem especificamente de alguém, porque isso não tem o menor cabimento, em termos racionais e concretos, sob o prisma religioso e espiritual.

O religioso precisa e deve apenas ser honesto e verdadeiro, na transmissão das suas ideias sobre o verdadeiro poder divino, porque Ele jamais e em tempo algum cuidou, cuida ou cuidará de absolutamente nada de ninguém.

Isso que o padre professa não passa de puras heresia, mentira e tapeação, à luz da verdadeira existência de Deus, que pode ter todos os poderes possíveis e imagináveis, mas Lhe falta precisamente esse do cuidador de nós, porque, para tanto, a única maneira de ligação entre nós e Ele é a crença, a esperança que nutre os nossos sentimentos de fé e amor no nosso verdadeiro Pai celestial.

Ele nos concedeu a faculdade do importante livre-arbítrio, que permite que o homem tenha a sabedoria de acreditar, veja-se, em forma de crença, na figura espiritual de um ser supremo, com poderes apenas etéreos, por meio dessa convicção íntima, de ter condições e merecimentos para a pessoa poder alcançar os seus objetivos, exclusivamente mediante o seu empenho de realizá-lo segundo a sua capacidade de empreendedor pessoal, de fazer ele próprio e diretamente, sem a mão de Deus, senão sob o sentimento da ajuda espiritual.

Nada disso tem o cuidado fazedor indiretamente de Deus, porque isso é algo absolutamente impossível, sob o prisma realista dos princípios espirituais e religiosos, onde se acredita nos poderes divinos apenas como Aquele em que se acredita que pode contribuir como força espiritual que estimula, abençoa e fortalece em tudo que se imagina que seja factível, não que Deus vai cuidar, como se fosse possível se imaginar algo importante a se incumbir a Deus para cuidar da sua realização!

Que loucura essa ideia do padre, que poderia pensar antes para não se manifestar tão distanciado da realidade religiosa e espiritual, logo envolvendo o ser supremo, a quem somente se pode atribuir os poderes importantes e verdadeiros da esperança e do naquilo em que se acredita, por conta da crença espiritual.

É muito importante se evitar a transmissão da ideia de que Deus está cuidando de tudo, bastando a pessoa ter paciência e esperança e esperar o tempo certo para a realização de seus objetivos, porque isso não passa de ilusão, em forma de enganação.

Enfim, o importante é que nós leigos temos a certeza de que Deus realmente não cuida de nada, em absoluto, mas nós temos a crença Nele para a realização de nossos propósitos de vida religiosa, que permite o sentimento de fé, esperança e amor incutidos nas obras divinas e isso já é o suficiente.

Amém!

Brasília, em 7 de novembro de 2025

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