quinta-feira, 5 de abril de 2018

A insensata rebeldia


Os principais dirigentes do PT desembarcaram, às pressas, em São Paulo para reunião de emergência no Instituto Lula.
As lideranças foram alertadas por criminalistas sobre a possibilidade de a detenção do ex-presidente ocorrer até mesmo nas próximas horas e que havia necessidade da imediata mobilização da militância.
Sem perder tempo, um senador fluminense do PT já postou mensagens em suas redes sociais, convocando caravanas de militantes de todo o país para se dirigirem a São Bernardo do Campo, São Paulo, onde mora o petista-mor, para concentração em solidariedade a ele.
As lideranças querem formar cordão humano em torno da casa do petista, para evitar que ele seja preso.
   Os petistas entendem que as saídas jurídicas, no momento, são consideradas pouco confiáveis e nada eficazes, como a votação, pelo Supremo Tribunal Federal, das duas ações que questionam a prisão depois da segunda instância, mas a ocorrência dessa possibilidade é considerada remotíssima, diante da falta de interesse da presidente daquela Casa.
Na falta de medida excepcional que possa salvar o ex-presidente da prisão, o recolhimento dele é dado como certo e o partido já discute se é preferível que ele se entregue espontaneamente ou se seria melhor esperar que a polícia fosse buscá-lo em sua residência.
Essa absurda forma da formação de cordão humano para a pseudoproteção do político só demonstra a gigantesca infantilidade de quem precisa encarar a situação com responsabilidade, deixando que o próprio condenado se defenda com os meios que ele entender mais viáveis, tendo em vista que a relação jurídica tem vínculo entre ele e a Justiça, que devem buscar os meios necessários ao deslinde desse episódio, sem qualquer participação de terceiros e sabidamente estranhos ao imbróglio, principalmente quando se sabe que o político mantém banca de quase trinta advogados, que certamente entendem que essa multidão da militância somente contribuiria para dificultar a solução dos problemas em causa.
Neste exato momento, praticamente a situação já se encontra, em princípio, definida e não há alternativa milagrosa senão esperar a hora do "teje preso" e acatar às ordens judiciais, sem estrebuchar inutilmente.
O bom senso e a razoabilidade recomendam que é preferível não tentar entornar o caldo ainda mais do que já foi derramado, porque certamente os prejuízos serão alargados e não adianta tentar agora tapar o sol com a peneira, porque decisão judicial, para quem tem juízo no lugar, simplesmente se cumpre e depois recorre-se por via dos caminhados indicados na forma do ordenamento jurídico do país.
A tentativa de arrastar multidões para proteção do petista-mor somente demonstra a falta de sensibilidade das lideranças partidárias, que precisariam medir, antes, as consequências sobre a adoção de medida na tentativa de querer solucionar, na base do grito e da violência, a questão referente à condenação já sentenciada.
Na altura dos acontecimentos, é possível se vislumbrar que perderá totalmente a razão o uso da força, haja vista que essa forma de ação nada convencional somente tem o condão de potencializar ainda mais as dificuldades com vistas à pacificação dos ânimos da militância, que até pode se exaltar, mas não tem o direito de tentar evitar a prisão sentenciada pela Justiça de seu líder, que é apenas passível de recurso e jamais de atos de rebeldia e de violência, sob o infundado argumento de solidariedade, que parece que é o caso pretendido por liderança de cabeça quente e desesperada, por ter perdido mais outra questão nos tribunais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de abril de 2018

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