terça-feira, 3 de abril de 2018

Conversa com Corrinha


Agora, outra enorme alegria aconteceu com o contato muito especial que mantive, depois, como consequência do aludido evento, com minha querida tia-irmã Socorro Meira, a Corrinha dos meus tempos de infância, no saudoso Sítio Canadá, onde vivermos como verdadeiros irmãos, dadas as nossas idades muito próximas entre a dela e a minha.
A Corrinha acompanhou toda movimentação referente à supracitada homenagem e depois resolveu se comunicar comigo, cuja beleza das conversas faço questão de transportar para o presente texto, que passa a integrar este livro.
Os contados tiveram os registros a seguir transcritos, que mostram, com fidelidade, momentos de nossas vidas, que precisam ficar eternizados neste livro e em nossos corações: 
Socorro Meira (Corrinha) disse: “Antonio, meu querido sobrinho e irmão, digo assim porque fomos criados praticamente juntos na nossa infância. Você com seu pai Volney, meu irmão, morando em Uiraúna, mas sempre ia ao Sitio Canadá, onde eu e seus avós paternos morávamos e, lá chegando, muitas vezes dormia e passava dias com a gente. Os anos se passaram e nós nos separamos. Você saiu mais cedo do que eu. Você em Brasília e eu em Jequié-Bahia. Em Uiraúna, fiz apenas o primário, terminando meus estudos, ou seja, o primeiro e o segundo graus aqui na BA, onde me formei professora e mais alguns tempos me casei. Depois tive o prazer de receber você aqui em minha casa, que para mim foi uma surpresa inexplicável, pois jamais pensaria que você iria um dia sair de Brasília exclusivamente para me visitar aqui em Jequié. Pena que foram poucos dias, porque veio só me ver e voltou logo. E agora, depois de tantos anos, você volta à sua terra natal, trazendo uma bagagem tão importante, que foi o lançamento do livro em homenagem ao nosso Grupo Escolar Jovelina Gomes. Digo nosso porque também eu passei por lá, onde fiz meu primária com minha querida professora Maria Claudino. Eu e minha mana Maria Francisca. Pois, meu querido, diante disso tudo quero te parabenizar pela tão grande homenagem que você deu não ao Grupo Escolar Jovelina Gomes como à nossa querida terra natal, Uiraúna. Sinto orgulho de ter você como meu sobrinho e com esta capacidade de escritor, onde já escreveu tantos livros importantes, inclusive este último que homenageou o Jovelina Gomes. Parabéns, meu amado sobrinho que Deus continue poderosamente abençoando sua capacidade cada dia mais e mais. Aqui fica o abraço de Parabéns da sua tia que te ama muito.”.          
Eu disse, em resposta à Corrinha: ”Querida tia e irmã Corrinha, este momento é de muitíssima emoção para mim, depois de ler suas precisas e lindas palavras que resumem muito bem a nossa convivência na infância, no saudoso Sítio Canadá, onde, certamente, também morava a felicidade ao nosso lado. A minha ida à sua casa em Jequié tratava-se de um sonho que me acalentava há muito tempo, porque eu gostaria de lhe rever e matar as saudades de velhos tempos de nossa rica e feliz infância. Foi maravilho lhe rever, mesmo por pouco tempo, mas o suficiente para se colocar um tanto do passado e da conversa em dia. Agradeço, mais uma vez, a sua fidalguia da recepção a mim, Aldenir e Aline. Quanto à felicidade de prestar a homenagem ao Grupo Escolar Jovelina Gomes, acredito que ela (a ex-professora Jovelina) se encarregou de mostrar que é possível fazer uma grande festa, como foi, quando eu imaginava que tudo não se passasse de algo singelo e despercebido, mas o evento ganhou destaque nacional e eu terminei proporcionando algo inédito e magnífico, diante da sua enorme repercussão, mostrando a gigantesca importância do Jovelina Gomes para os uiraunenses, principalmente por eu ter conseguido reunir pessoas importantes e queridas que souberam valorizar e potencializar o significado do que sejam reconhecimento e gratidão e isso eu fui muito feliz em patentear na minha crônica de pouco mais de quatro laudas, mas tiveram a ressonância e o rendimento de quase uma hora. Fiquei honrado de ter, em nome da família Fernandes, realizado evento que certamente ficará na história daquele grupo como o ex-aluno pioneiro e corajoso de mostrar seu amor à escola que um dia já foi seu berço na educação, ao me ensinar as primeiras letrinhas do alfabeto. Também foi maravilhosa a reunião, em um só evento, das queridas tias Maria da Conceição, Terezinha e Maria Francisca, só faltando você, mas aí o encantamento da felicidade teria resplandecido de vez, não é mesmo? Fico envaidecido com suas palavras mais do que carinhosas, creditando tudo isso ao seu coração bondoso e generoso que nunca deixou de ser. Mesmo na distância, nunca deixei de me lembrar de nossa infância maravilhosa no Sítio Canadá, onde estive agora para sentir o quanto ele é apenas espectro do que foi, parecendo que o tempo contribuiu para que houvesse gigantesco processo de decomposição de suas estruturas, como que se a natureza pudesse ser castigada simplesmente por um momento já ter participado do nosso verdadeiro paraíso, porque agora não mais existir a exuberância do açude, com águas mansas, transparentes, abundantes e perenes, e do sítio, rico e poderoso, com dezenas de frutas à nossa disposição, as mais saborosas da Terra. Ah! São muitas as saudades de tempos celestiais de nossa maravilhosa infância. Com o meu muitíssimo obrigado por suas amáveis e carinhosas palavras, que tocaram no íntimo do meu coração, acompanhado de longo beijo na sua fronte. Não deixe de transmitir o mesmo beijo para seus queridos esposo, filhos e netos.“.
Corrinha imediatamente me respondeu, dizendo: “Quantas palavras lindas vindas de tão longe e ditas por pessoa tão querida e amável. Realmente Antonio, o nosso antigo Canadá nos traz grandes recordações boas da nossa infância. Infância essa rica em todos os sentidos, dos banhos às comidas e às sobremesas, que eram da melhor qualidade, cada uma com um toque especial, feita pela nossa saudosa e querida mana Ritinha, que sabia e fazia com muito amor e carinho. Quantas vezes aqui em casa, sozinha no meu cantinho, fico a refletir horas e horas todo o meu passado, que realmente eu fui uma criança muito feliz, independente de nunca ter recebido presentes de Natal. Pra falar a verdade, a figura do Papai Noel era desconhecida entre nós e nem por isso eu deixei de ser uma criança feliz e mais ainda por ter perto de mim pessoas tão maravilhosas como vocês. Infelizmente o nosso Canadá hoje é uma verdadeira tristeza, nem parece que ali já teve tantas belezas naturais, como o açude, o sitio, onde nós podemos nos orgulhar de termos desfrutado das mais deliciosas frutas e tomado maravilhosos banhos. Ai como era, nós éramos crianças muito felizes ao lado de papai, mamãe, irmãos e sobrinhos lindos e queridos como você, Zé e Canidé. Então foi assim a nossa infância no nosso querido e saudoso sítio Canadá, que hoje só nos traz muitas recordações boas e de lá saiu esse ilustre e lindo escritor de muito talento e reconhecido orgulhosamente por todos nós da família, que amamos você. Siga em frente, meu querido e amado sobrinho, que você tem muito mais capacidade para escrever lindos livros, que Deus abençoe esta pessoa linda e maravilhosa que é você, Antonio Adalmir Fernandes, hoje e sempre, amém!!!! Um grande beijo da tia saudosa que te ama de coração. Corrinha.”.
Logo em seguida, eu a respondi a Corrinha, nestes termos: “Querida tia-irmã Corrinha (prefiro lhe chamar pelo nome de infância), as suas colocações são recebidas com muita alegria e intensidade no meu coração, que agradece e jamais esquece o carinho e a bondade recebidos das pessoas amadas dos meus tempos de criança, que certamente tiveram enorme contribuição na minha vida, tanto que não me canso nem me cansarei de reconhecer e agradecer o tanto de bondade, porque eles foram realmente valiosos para mim. Fico muito feliz com os votos de sucesso a mim desejados, na certeza de que eles apenas se transformam em tonelada de responsabilidade que passam a pesar sobre meus ombros, porque recebo a incumbência de caprichar cada vez mais naquilo que escrevo, mas a minha experiência, por certo, me ajudará a entender essa nova responsabilidade. Falando sobre o Canadá, tempos atrás, Aline esteve no país com esse nome, e nos convidou (eu e Aldenir) para visitá-la e então eu disse (brincando) que bela oportunidade para regressar ao local onde nasci. Ainda sobre o Canadá, outro dia eu vi uma fotografia do Casarão, constante do Face dos Filhos de Candinha, tirada do alto de quem vem de carro da Lagoa e então eu fiz o seguinte comentário, que estou lhe repassando: ‘Foi nessa casa imponente que tenho a grande honra de ter nascido e vivido por longos anos de minha vida. Foi aí que se passaram os melhores momentos de minha infância, onde reinava o amor familiar, a prosperidade e a fartura. Foi exatamente lá que nasceu o meu sonho de vir para Brasília, quando as pessoas chegadas de Brasília contavam para o meu avô histórias encantadoras e maravilhosas sobre o progresso que exista na terra de Dom Bosco, o visionário sobre o lugar onde iria jorrar mel e de onde partiria o progresso para o Brasil. No meu 23º livro (...), eu presto expressiva homenagem à Casa Grande, onde narro, em uma crônica, um pouco do meu sonho de ter vivido em um pequeno canto do paraíso, que, infelizmente, não existe mais, principalmente pela inexistência de água no açude e da riqueza das inúmeras fruteiras no sítio, que era verdadeiro canteiro de delícias da natureza. Enfim, era tudo real e maravilhoso...’. Com a minha incontida alegria de responder suas belas e confortáveis colocações, despeço-me com muita saudade dos bons tempos de nossas vidas. Beijos.”.
Como se pode perceber, são conversas ricas de fatos da nossa infância simplesmente encantadora, em todos os sentidos, porque na Casa Grande, onde moramos, que era a residência de meus avós paternos, reinavam harmonia e amor, em ambiente sonhado por qualquer criança da época, onde o tempo passava como agora, mas, naquela encantadora vida rural, espargiam os benfazejos fluídos da pureza nos corações das pessoas e tudo era facilitado pelas fartura e abundância que vinham da natureza dadivosa.
Enfim, agradeço a Deus pelo momento prazeroso de meu contato com você, Corrinha, onde pudemos nos expressar alegremente sobre bons tempos de nossas vidas.
Com meu fraterno beijo de reencontro e agradecimento.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de abril de 2018

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