sexta-feira, 6 de abril de 2018

Momento dramático


Segundo notícia publicada no site da revista VEJA, existe hipótese cogitada de que a reação do ex-presidente da República petista à decretação expedida pelo juiz responsável pela Operação Lava-Jato, para a sua prisão, é a de que ele não se entregue e aguarde a Polícia Federal na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.
Aliados do ex-presidente disseram que ele estaria cogitando aguardar a dimensão das manifestações em frente ao sindicato, durante a manhã e o começo da tarde de hoje, para decidir se cumpre, ou não, a determinação em comento de se apresentar à Superintendência da Polícia Federal, no Paraná, no horário estabelecido de até às 17h.
Um deputado federal pelo PT/SP disse à VEJA que “Ele ainda não decidiu”, tendo afirmado que o político “está tranquilo”.
Uma deputada estadual pelo PC do B/RS afirmou que a possibilidade do petista não se entregar ainda depende de “uma decisão exclusivamente de Lula”.
Outro parlamentar petista disse que se o protesto “empolgar”, ganha força a alternativa de obrigar os policiais ao obstáculo de terem que atravessar a eventual multidão para cumprir o mandado judicial, mas, caso contrário, ele ficaria mais suscetível à possibilidade de viajar a Curitiba e comparecer à sede da Polícia Federal.
Por enquanto, parece que a decisão de se entregar ou não está em banho-maria, uma que o ato perdeu força nas últimas horas, quando boa parte dos militantes que estavam no sindicato, desde o começo da noite, foram aos poucos indo embora, conforme os discursos em cima do carro de som também cessaram.
A expectativa dos aliados do político é que o protesto retome o vigor inicial com a chegada das primeiras caravanas de movimentos sociais oriundos de outros estados, fato este que se criaria motivação para a decisão definitiva.
Essa forma de tratar questão delicada e grave não chega a ser novidade, em se tratando de integrantes desse partido, que tem sido movido à base da pressão, do movimento social, do grito e, em muitos casos, da violência, como agora, que já há notícia de que os baderneiros do MST já ocuparam mais de vinte rodovias do país, em protesto contra a prisão do ex-presidente.
Por seu turno, as próprias informações de aliados confirmam a ideia absurda de que, conforme o apoio recebido da militância e simpatizantes, o político poderá deixar de se entregar voluntariamente à polícia, preferindo se esconder atrás das saias de uma minoria fanatizada, que não faz ideia e não tem consciência sobre o momento dramático e grave da história política do pais, fato este que somente contribui para acirrar os ânimos e complicar ainda mais a situação.
É preocupante se a decisão do político for mesmo de desrespeito à lei, que demonstra, de forma indiscutível, que essa maneira nada civilizada de agir tem o nome de tentativa de vitimização, como forma de transformá-la em dividendos políticos, mas ele não pode ignorar que as consequências podem ser desastrosas para o seu futuro político, inclusive na avaliação do mundo civilizado e evoluído, em termos políticos e democráticos.
É normal, quando há ordem judicial para se prender autoridades públicas, ter o cuidado da prévia negociação, tendo por finalidade a salutar preservação da imagem das próprias autoridades.
Não obstante, se não forem observadas as condições oferecidas à autoridade, ela passa a ser tratada como preso comum e a sua captura pela polícia, no caso, federal, será feita sob procedimento adotado em relação a preso comum, sem qualquer privilégio, ou seja, aos costumes.
No caso do político, se ele estiver no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na hora limite estabelecida e não se entregar de bem, a voz de prisão será dada ali mesmo e, se houver resistência do ex-presidente ou de manifestantes, poderá haver confronto entre as partes e isso, como previsível, poderia ser evitado, para o bem de todos, em nome dos princípios civilizatórios.
Trata-se de decisão lamentável para quem foi presidente do país, que deveria ter a sensatez de compreender que decisão judicial, por mais absurda que seja, somente se resolve por meio de recurso contra ela, na via adequada, em demonstração de civilidade que se impõe no âmbito do Estado Democrático de Direito.
Certamente que, se assim for o desfecho desse triste episódio que envolve ex-presidente da República, a imagem dele ficará ainda mais manchada, por resistir à ordem judicial, dando a entender que ele está acima das leis do país e não se submete a elas e isso não é bom para o currículo de quem é considerado o maior político da atualidade brasileira.
Os brasileiros esperam que o bom senso e a razoabilidade possam prevalecer no caso em tela, enquanto há tempo, para que essa decisão insensata e incivilizada seja transformada em ato de sensibilidade e maturidade políticas, no sentido de normal acatamento à decretação da prisão, evitando-se possível confronto entre a militância e os policiais incumbidos de cumprir o mandado judicial e isso poderá ter resultado imprevisível e trágico, que pode ser evitado por meio do entendimento e da racionalidade entre as partes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 6 de abril de 2018

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