Conforme
reportagem publicada no Gl da Rede Globo, o uso do remédio conhecido por cloroquina,
em pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, encontra-se ainda sob estudos
em muitos países, mas as pesquisas não foram suficientemente capazes de se
assegurar sobre resultados conclusivos quanto à sua eficácia no combate à
Covid-19.
As
fontes informaram que a aplicação doahidroxicloroquina, que é um derivado da
cloroquina e guarda as mesmas propriedades, mas tem a toxicidade atenuada, para
a mesma finalidade, também não deram os resultados de eficiência em pacientes
leves a moderados, conforme mostraram estudos aplicados com o remédio.
Diante
dos resultados desses estudos, por enquanto o Conselho Federal de Medicina
brasileiro não recomenda aos seus associados o uso da hidroxicloroquina em
pacientes com Covid-19, ficando o médico com a faculdade da posologia dessa
droga.
Uma
das principais revistas científicas, a Jama, do Journal of the
American Medical Association publicou, no dia 11 último, resultado de pesquisas
sobre a efetividade da hidroxicloroquina no tratamento do Covid-19, cujo
estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Albany, no estado de Nova
York, não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da
mortalidade pela doença, com base em análises feitas em 1.438 pacientes
infectados com coronavírus, em 25 hospitais de Nova York.
Segundo
a aludida pesquisa, a taxa de mortalidade dos pacientes tratados com
hidroxicloroquina foi semelhante à dos doentes que não tomaram o medicamento,
assim como à das pessoas que receberam hidroxicloroquina combinada com o
antibiótico azitromicina.
Os
autores do estudo asseguram que os pacientes que tomaram a combinação de
medicamentos tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca durante
o período de análise, ou seja, em confirmação com um dos efeitos colaterais
conhecidos da hidroxicloroquina.
De
acordo com a reportagem, outra pesquisa idêntica à citada acima, cujo resultado
foi publicado recentemente pela revista britânica The New England Journal of
Medicine, já havia chegado à conclusão análoga àquela publicada pela revista
Jama.
Por
seu turno, estudo realizado no Presbyterian Hospital, em Nova York, e
revisado por outros cientistas, também não encontrou evidências de que a hidroxicloroquina
tenha reduzido o risco de entubação ou de morte pela Covid-19, em pacientes com
teste positivo para o vírus, que estavam em quadros moderados a graves.
Conforme
os pesquisadores, entre 1.376 pacientes acompanhados, com e sem o tratamento
com a droga, apresentaram o mesmo risco de piora do quadro clínico, necessidade
de entubação e de morte.
No
citado estudo, os pacientes receberam a hidroxicloroquina associada ao
antibiótico azitromicina, cujos resultados, embora considerados promissores,
dividiram a comunidade científica, em relação à possível eficácia do
medicamento.
Depois
de receber críticas sobre a necessidade de análises mais aprofundadas e os
efeitos colaterais do remédio, como a arritmia cardíaca, o pesquisar francês
ampliou seus estudos com maior quantidade de pacientes, tendo recebido as
mesmas críticas em relação à suposta falta de rigor científico, embora ele
garantisse que o segundo estudo confirma a eficácia da hidroxicloroquina,
associada ao antibiótico azitromicina, porque 81% dos doentes deixaram o
hospital, em cinco dias, em média.
Ressalte-se
que o hidroxicloroquina ganhou projeção mundial, inclusive no Brasil, como
possível milagre para a cura do coronavírus, depois da notícia sobre estudo
realizado na França, por infectologista da Universidade de Medicina de Marselha,
cujos resultados levaram líderes mundiais, como os presidentes brasileiro e dos
Estados Unidos da América, a defenderem o uso desse medicamento contra a
Covid-19.
A
Organização Mundial da Saúde informou apenas que o uso da cloroquina, combinada
ao azitromicina, é uma das quatro combinações medicamentosas em fase de testes
em 74 países, cujos resultados estão sendo monitorados por ela.
No
Brasil, até hoje, o Ministério da Saúde autoriza somente o uso do hidroxicloroquina
em pacientes em estado crítico e naqueles em estágio moderado já internados em
hospitais, desde que médico e paciente concordem com o uso dele.
Como
se vê, em termos de estudos científicos, há resultados de pesquisas da maior
credibilidade mundial, atestando que não existe possibilidade de se garantir
sobre a eficácia da hidroxicloroquina, tendo por base experiência com pacientes
que receberam o tratamento com o medicamento e sem ele, cujos resultados foram
indiferentes.
À
vista do tanto que se apregoa, fala, prega e discute, no Brasil, sobre o
emprego do hidroxicloroquina, há muitas pessoas que defendem cegamente o seu
emprego no combate ao Covid-19, o que é bastante natural e até faz sentido, mas
não se pode olvidar que é preciso que também se divulgue as notícias que dão
conta das pesquisas realizadas com relação à sua eficácia, porquanto algumas
são claras e objetivas, mostrando que essa droga não tem a mesma efetividade
propalada por seus defensores no Brasil.
Isso
é muito importante que seja levando ao conhecimento da população, para mostrar
que, se autorizada, pelo governo, a sua aplicação em larga escala e em qualquer
situação, não significa que a questão foi solucionada, em definitivo, porque os
estudos sobre a matéria ainda se encontram inconclusos, justamente porque ainda
há dúvida sobre a sua total eficácia.
A
propósito, levanto questão de ordem, para suscitar a possibilidade no sentido
de que as diferenças entre as pesquisas estrangeiras e os bons e auspiciosos
resultadas obtidos por médicos brasileiros estejam exatamente nos protocolos médicos
empregados, lá e aqui, onde o tupiniquim esteja muito ajustado aos termos
capazes de combater o vírus com muito mais efetividade.
Não
obstante, percebe-se que, na prática, muitos médicos brasileiros estão obtendo
sucesso com o uso desse medicamento, conseguindo curar, com muito sucesso, seus
pacientes acometidos pelo Covid-19, que tem se mostrado excelente alternativa diante
da falta de outro remédio.
No
caso especificamente brasileiro, independentemente dos resultados que vierem
das pesquisas em curso, mundo afora, é preciso que sejam usados os recursos médicos
que melhor se adaptaram como fórmula eficaz já comprovada, na certeza de que a
efetividade medicamentosa depende extremamente do estado de imunidade do
paciente, o que vale dizer que o mesmo remédio, aplicado para a mesma
enfermidade, pode não surtir os mesmos resultados para todas as pessoas.
Enfim,
não há a menor dúvida de que o ideal teria sido o governo brasileiro ter melhor
se empenhado nos estudos do assunto referente ao coronavírus, diante das
peculiaridades e características próprias da população brasileira, para a aplicação
da medicação mais adequada ao seu combate, nas circunstâncias, mas, na falta de
melhor preparo, é preciso empregar os instrumentos disponíveis e a hidroxicloroquina
passa a ser o remédio genuinamente brasileiro contra esse poderoso vírus.
Brasília,
em 16 de maio de 2020
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