Diane da crônica intitulada “O fim da imaculabilidade?”,
que discorri sobre a importância de um vídeo para desvendar o caso ainda polêmico
referente à exoneração do ministro da Justiça, uma atenta conterrânea disse
exatamente o seguinte: “Fico perdidinha quando o assunto tem conotação
política. Sei que faz parte e como. Mas prefiro me esquivar. Parabéns prezado
conterrâneo Seus escritos são sempre muito bons.”.
Em resposta à aludida mensagem, eu disse que
não se perda prezada conterrânea, com assuntos políticos, porque, como a
senhora disse, eles fazem parte do dia a dia do ser humano, que tem o dever de eleger
seus representantes para defenderem o povo nos podes Executivo e Legislativo.
Quanto mais se acompanha a vida política, o homem
tem melhores condições de compreender o que se passa nesses poderes.
No caso do presidente da República, é o que
mais importante tem chamado a atenção dos brasileiros, que ficariam mais
tranquilos se seus atos administrativos estivessem revestidos das formalidades intrínsecas
da legalidade.
Não obstante, ultimamente, o mandatário
brasileiro tem se envolvido em casos não muito republicanos, como, por exemplo,
o acordo com o Centrão, que tem por finalidade exatamente a blindagem dele
junto ao Congresso Nacional.
Para tanto, ele permitiu o loteamento de cargos
em órgãos e entidades do governo, envolvendo dinheiro público para que a pessoa
dele possa ficar a salvo do processo de impeachment, em caso estritamente escabroso,
por ser pessoal, particular.
Isso não se justifica, porque se trata do
vergonhoso e abominável sistema conhecido como “toma lá, dá cá”, em que governos
anteriores se enlamearam com aproveitadores do dinheiro público e sujaram a
dignidade da gestão pública, como mostraram os fatos.
O caso ainda carente de maiores explicações
fica por conta do imbróglio referente à exoneração do então ministro da
Justiça, em que o vídeo de reunião ministerial pode trazer luzes aos fatos, ao
mostrar que o presidente tinha interesse em mudar a cúpula da Polícia Federal,
para ele ter condições de manipular e acompanhar trabalhos do órgão, como forma
de satisfação de interesse igualmente particular, quando se trata de órgão de Estado,
que tem independência constitucional e legal para trabalhar sem a interferência
política, em face das suas relevantes atribuições institucionais.
Nesses casos, há verdadeira rede de
nebulosidade com possível grave ferimento dos princípios, em especial, da
transparência, impessoalidade, ética e moralidade, evidenciando, em princípio. absoluta
incompatibilidade com a regularidade e a seriedade que se exigem de governos que
precisam estar acima de quaisquer suspeitas.
Isso revela que não é o caso da atual gestão,
que não consegue explicar os fatos nos quais ele tem se inserido, ultimamente,
o que não é muito saudável para os trabalhos do governo, que precisa demonstrar
seriedade e decência em todos os seus atos, para o aperfeiçoamento da
República.
Como a senhora percebe, que antes estava “perdidinha”,
comigo fica mais perdida ainda, com a tentativa de simplificação dos fatos, que
se tornam ainda mais difíceis.
É pena que isso aconteça dessa forma, porque
política é exatamente assim como funciona, em que, quanto mais se explica, mais
se complica, não é mesmo?
O fato é que comecei a escrever e não achei o
ponto final nos teclados: ele tinha sumido. Brincadeira...
Brasília, em 13 de maio de 2020
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