quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A conscientização de brasilidade?

 

De acordo com os resultados da pesquisa XP/Ipespe, divulgados ontem, o presidente da República perderia, se a eleição fosse agora, em eventual segundo turno, para diversos candidatos, entre os quais o ex-presidente da República petista, o ex-governador do Ceará, os ex-ministros da Justiça, da Saúde do atual governo e o governador de São Paulo.

Os resultados da pesquisa indicam que, para o segundo turno, o petista teria 51% x 32% o atual presidente (ele); o ex-governador do Ceará 44% x 32% para ele; ex-ministro da Justiça 36% x 30% para ele; ex-ministro da Saúde 38% x 34% para ele; e o governador de São Paulo 37% x 35% para ele.

A aludia pesquisa mostra que o petista venceria qualquer outro candidato em eventual segundo turno. 

A empresa SP/Ipespe informa que a pesquisa foi realizada com 1.000 eleitores, em todo o país, entre os dias 11 e 14 do fluente mês.

No primeiro turno, a pesquisa XP/Ipespe projetou dois cenários e, em ambos, o petista se encontra na liderança.

No primeiro cenário, o petista teria 40% e ele 24% e, no segundo cenário, o petista teria 37% e ele ticaria 28%.

Finalmente, os entrevistados foram questionados sobre em qual candidato não votariam de jeito nenhum, cujas respostas foram de que 61% disseram que não votariam de jeito nenhum no presidente e 45% não votariam de jeito nenhum no petista.

Em princípio, é quase impossível se avaliar a tendência pela preferência de voto com apenas 1.000 pessoas, sim, com a simples quantidade de um mil votos, a ponto de se afirmar que alguém poderia se eleger à Presidência da República, com tão pouquíssimos votos.

Essa estupefação parece razoável e parte do princípio de que estão habilitados para votarem, no Brasil, mais de 150 milhões de eleitores, sim, o universo de mais de 150 milhões eleitores, mas alguém acha que, com base em que apenas um mil eleitores, podem se sinalizar que seja possível se eleger alguém?

Agora, por outro lado, há o mais surrealista de tudo isso que é alguém acreditar em situação tão estapafúrdia como essa, sem que haja explicação plausível para tão mirabolante conclusão, salvo pela extraordinária e espantosa crença da absurda multiplicação dos votos, que é algo absolutamente impossível.

Além do universo de mais de 150 milhões de votos, comparativamente a apenas um mil votos, há ainda que se considerar alguns outros fatores de suma importância, como o peso da quantidade de votos pelas regiões de todo país, onde umas têm mais força preferencial de votos do que outras e isso não tem sido explicado, em termos de influência eleitoral.

Outro aspecto que pode ser da maior importância para a decisão da escolha do presidente do país diz com a conduta moral dos candidatos, que precisam se empenhar para mostrar à sociedade, enfim, aos eleitores a sua ficha referente aos seus atos na vida pública, que tem como exigência, em primeiro plano, o preenchimento dos requisitos de imaculabilidade quanto à gestão de recursos públicos, diante da incompatibilidade com o exercício de cargo público por quem responde a processo na Justiça, mesmo que seja por suspeitas da prática de irregularidade com dinheiro público, que é o caso do candidato supostamente na dianteira das pesquisas, como se ele tivesse habilitado e qualificado para dignificar o principal cargo da República.

Se existe questões sendo apreciada na Justiça, com relação a esse candidato, é evidente que isso é sinal de que não houve a devida prestação de contas sobre seus atos na vida pública e, se houve, eles ainda pendem da confirmação sobre a sua regularidade que se impõe como dever de estrita observância dos princípios da ética, moralidade, honestidade, dignidade, entre outras condutas que precisam ser confirmadas, como forma de engrandecimento e valorização da gestão de recursos de natureza pública.

Nesse ponto da imaculabilidade no exercício de cargo público eletivo, é muito importante que o eleitor exija que o candidato preencha os requisitos de conduta ilibada e decência na vida pública, mas esse dever si impõe também com muita obrigação por parte do próprio candidata, que se desmoraliza por si só quando ele se atreve a se apresentar como candidato, mesmo estando com vários processos penais tramitando na Justiça, referentes à suspeita de atos irregulares cuja autoria é atribuída a ele.

Fica evidente que, nesse caso, o candidato precisa ter, em primeiro plano, a dignidade para se esforçar no sentido de conseguir provar a sua inocência, para que ele, então, possa olhar para a cara dos brasileiros e dizer que o seu passado político é limpo e decente e se compatibiliza perfeitamente com a responsabilidade de puder exercer cargo público sem nenhuma restrição legal, em termos de questionamento judicial.

Há de se perceber também que a questão da moralidade tem muito a ver com a dignidade do Brasil, que teria a sua imagem afetada, caso seja eleito o presidente que foi totalmente incapaz de afastar dos tribunais graves denúncias sobre precisamente o coração da moralidade, por força da prática de atos irregulares, que pendem de julgamento pela Justiça.

Isso é forte indício, se até lá não houver prova em contrário, de que há robusta possibilidade da reincidência de atos irregulares semelhantes, evidentemente tendo agora o respaldo dos eleitores, para legitimá-los, uma vez que eles não tiveram o cuidado nem a decência de se evitar tamanha tragédia para a imagem do Brasil, que pode voltar a ser governado por pessoa visivelmente dominada pela decadência moral, à vista dos fatos irregulares que se encontram pendentes das devidas e necessárias explicações na Justiça, fato este que é, indiscutivelmente, da maior gravidade para a nação e os brasileiros.

À vista dessa horrível caracterização, fica muito claro que os eleitores estão plenamente de acordo que pessoas sem condições de gerir recursos públicos, conforme mostram os fatos investigados, possam receber a chave do Tesouro Nacional, com plenos poderes chancelados nas urnas, fato este que simplesmente permite que a esculhambação e a desmoralização campeiem livremente na administração do Brasil.

Nesse caso da cristalina indiferença aos princípios ínsitos, em especial, da moralidade, da dignidade e da honestidade, com relação ao trato com a coisa pública, é bastante vergonhoso e indecente para o candidato, que não se preocupa em provar a sua inocência quanto às ações penais existentes na Justiça, que elas até podem nada significar para a sua índole de homem público que as entende, como visto, como normal e natural, diante da compreensão sobre o que seja de real importância no âmbito da administração pública, mas a verdade é que os casos irregulares existem mesmo, porque eles foram investigados e precisam das devidas justificativas perante a opinião pública.

O que mais impressiona e preocupa, vexaminoso caso, é a leniência de brasileiros perante tamanha monstruosidade demonstrada por político indigno da vida pública, enquanto as ações estiverem em tramitação na Justiça o questionando por algo indevido, exatamente porque isso é de extremas gravidade e ofensa à pureza da administração pública, que tem a essencialidade da legalidade da gestão dos recursos públicos como princípio supremo e isso não foi provado pelo político, que tenta se passar por pessoa imaculada, quando os fatos investigados negam as suas demência, indiferença e irresponsabilidade e exigem a prova da sua imaculabilidade na vida pública, como condição sine qua non para se candidatar a cargo público.

Ou seja, o candidato à Presidência da República que se mostra na dianteira das pesquisas de opinião pública somente se encontra nessa situação porque conta com o apoio de brasileiros sem a consciência cívica e patriótica  sobre o verdadeiro valor dos princípios da moralidade e da dignidade na gestão pública, ao acharem normal que político em decadência moral, ante as questões demandadas na Justiça, que exigem justificativas plausíveis contra elas, tem condições republicanas para comandar o Brasil, quando isso seria algo desastroso em se ter o presidente da nação respondendo a processos sob a acusação do recebimento de propinas.

À luz do bom senso e da razoabilidade, seria de bom alvitre que esses brasileiros se conscientizassem no sentido de que o seu apoio a esse político ficasse condicionado à prévia limpeza do nome dele junto à Justiça, como forma da garantia da plena satisfatoriedade dos princípios republicano e democrático, como praticados nas nações sérias e civilizadas, em termos de evolução política de seus povos, que primam pelo bom nome de todos, povos e países.

Enfim, convém ficar muito claro de que não se pretende, de forma alguma, desvalorizar nem muito menos questionar os institutos das pesquisa sobre opinião pública, mas o bom senso e a razoabilidade aconselham que a sua pouca consistência não anima à conclusão muito satisfatória, como no presente caso, em que, praticamente, meia dúzia de pessoas, em relação ao fantástico universo de milhões de eleitores, é absolutamente incapaz de se fazer avaliação precisa sobre o destino das urnas, o que vale dizer que maior abrangência dos entrevistados pode realmente oferecer muito mais credibilidade ao seu instituto.  

É preciso que, independentemente de ideologia, os brasileiros se conscientizem de que o Brasil merece ser governado por alguém que valorize terrivelmente os princípios fundamentais da República, em defesa da ética, da moralidade, da dignidade, da honradez e de tudo o mais que possa dizer ao mundo que o seu povo prima pelas decência e altivez na gestão da coisa pública, como assim procedem normalmente todas as nações sérias e evoluídas, em termos político-administrativos.

Brasília, em 18 de agosto de 2021

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