Outro dia, um ilustre conterrâneo de
Uiraúna, Paraíba, conversando digitalmente comigo, confessou a sua preocupação
com a situação brasileira, diante de sucessivas e grandiosas crises, tendo
aproveitado para manifestar o seguinte:
“Isso nobre amigo e o meu pensamento
desde essa polêmica. E duro ver a politização desse vírus, só porque o
presidente citou esse protocolo a esquerda que só se interessa pelo poder,
prefere que muitos morram a reconhecer que Bolsonaro está certo muito triste a
situação do nosso país! Um grande abraço amigo conterrâneo.”.
Nesse ponto, eu disse que achava
importante todo apoio ao presidente, mas é preciso analisar os fatos com mais
ponderação.
No momento, a água está na fervura, mas
o presidente põe mais lenha para aumentar a ebulição e causar maior impacto
social, que ainda conta com o apoio de seus seguidores, que nunca estiveram tão
dispostos a empunharem armas para defendê-lo.
Eu vejo tudo isso com muita
preocupação, inclusive percebendo que as avaliações por parte do governo já se
encontram no limite e isso não é bom.
É preciso jogar água nesse fogo, antes
que ele se alastre e não tenha mais como controlar, resultando em graves
consequências para os brasileiros, inclusive confrontos generalizados entre
grupos ou facções antagônicos.
No meu modo de entender, falta um pouco
de juízo para o presidente, que possa contar exatamente com alguém que tenha um
pouco mais de maturidade política do que ele, para dar o tom da moderação, do
equilíbrio e da sensatez, que são extremamente importantes e necessários quando
se atinge momento crucial como o atual.
Vejam-se que o presidente fez
fortíssimas ameaças aos poderes, no sentido de deixar claro, dito com todas as
letras, que tinha chegado ao limite e não ia mais tolerar abusos de autoridade,
dando a entender que ele pode fechar o Supremo, se houver mais algum ato
considerado abusivo, evidentemente na concepção dele.
Isso é muito ruim, diante da gravidade
que ele venha assim considerar, quando ele realmente entender de tomar medida
violenta e até despropositada, a troco de nada, só porque ele tenha entendido
que foi passado o limite e aí Inês está morta, ou seja, não tem mais conserto
nem volta à normalidade.
Não será nada fácil a adoção de medida
de exceção à normalidade constitucional, como o fechamento do Supremo, por
exemplo, tão somente por interpretação pessoal, quando não se trata exatamente
daquilo que ele achava que era abusivo, ou ainda, pelo contrário, quando a
situação é realmente gravíssima e ele não adota as medidas que dissera que
tomaria.
Vejam-se que a situação exige bastante
equilíbrio, mas o presidente está simplesmente nadando nas ondas das
manifestações de protestos, porém totalmente absorto e fora de sintonia da
realidade sobre seus arroubos.
Ao que tudo indica, é bem provável que
não tenha ninguém à altura com a necessária capacidade de inteligência e
ponderação para assessorá-lo como precisa agir com moderação, calma e
acertadamente nesses momentos delicados, à vista das tresloucadas declarações
dele, que não têm limites, em razão dos fatos que acontecem no Supremo, principalmente.
É evidente que o presidente precisa
avaliar com muita responsabilidade as medidas que entender necessárias
exclusivamente ao interesse público, mas, neste último caso, ele tomou as dores
de casos estranhos ao governo.
Não poderia haver maior absurdo, o
presidente do país chegar à exaustão, motivado por questões relacionadas com apoiadores
dele, diante de determinação do Supremo, envolvendo pessoas que teriam
participado da disseminação de mensagens consideradas fake news ou outras do
gênero.
À toda evidência, trata-se de casos
completamente estranhos à competência constitucional do presidente, por não
haver qualquer ligação com o interesse do Estado, mas o presidente se mostrou
extremamente ofendido e mandou recado duríssimo e totalmente desnecessário,
descabido e ofensivo ao Supremo, em forma de fortes ameaças, falando em nada
mais será tolerado, porque ele entendeu que já chegou ao limite de tolerância,
cujo contexto estar-se-ia muito mais adequado a governos totalitários, que
entendem que é preciso se estabelecer limites, mesmo no pleno exercício das
faculdades propiciadas pelo Estado Democrático de Direito.
Ou seja, não assiste a mínima razão
para que o presidente do país se intrometa em assuntos que não lhe dizem
respeito, mas além da indevida intromissão, ele procura intimidar o trabalho do
Supremo, ao dizer que não vai aceitar outra decisão que não esteja na linha da sua
aceitação, mas, na avaliação do grosso e duro tom das ameaças, com certeza a
medida que ele pensa em adotar não será de carícia nem de mimo para os padrões
militares.
O pior de tudo isso é que seus
apoiadores ainda ficam dando apoio em algo que não tem nada a ver com a
competência privativa de governo, porque trata-se de assunto estranho ao
interesse público.
Enfim, cada cabeça uma sentença, assim
diz o ditado.
Urge que o presidente da República se
conscientize de que é preciso que ele se dedique, com a extrema urgência, para
os afazeres pertinentes às suas importantes funções constitucionais, exatamente
com vistas ao fiel cumprimento do cargo para o qual ele foi eleito, com embargo
de outras atividades de somenos importância, principalmente neste momento em
que as crises econômicas, de saúde pública e outras importantes políticas
públicas estão reclamando e implorando por permanentes cuidado e coordenação.
Brasília, em 7 de junho de 2020
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