terça-feira, 30 de junho de 2020

Basta de esculhambação!


Diante da divulgação das trapaças envolvendo o currículo escolar do nome do ministro indicado para a Educação, integrantes da ala ideológica do governo tentam convencer o presidente da República a desistir da nomeação dele, ante o reconhecimento de que as inconsistências apontadas pelas instituições pertinentes podem prejudicar a imagem do governo.
Como já é do conhecimento público, as universidades da Alemanha e da Argentina, onde o futuro ministro teria concluído cursos de pós-graduação superior, disseram que ele não obteve os diplomas indicados no seu currículo, ou seja, há inconsistência de informação.
A Fundação Getúlio Vargas disse que apura possível plágio na dissertação de mestrado apresentada pelo candidato a ministro, que teria frequentado o curso em Administração profissional nessa instituição.
Ao meio da polêmica, consta que a escolha do nome cogitado para ministro da educação teria sido apadrinhada por um almirante que é um dos mais próximos assessores do presidente do país, que mereceu a chancela dos generais-chefes da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional, sacramentando a vitória da chamada ala militar para comandar o MEC, em clara derrota da ala ideológica predominante nesse órgão.
Diante  da repercussão negativa da divulgação das inconsistências curriculares, integrantes da ala ideológica culparam, nos bastidores, a Agência Brasileira de Informações por não ter identificado previamente as clamorosas e grosseiras falhas em apreço.
Diante disse circo muito louco e deprimente formado logo no Ministério da Educação, que tem sublimes avaliação e respeitoso conceito nos países sérios, evoluídos e civilizados, em termos de ensino e educação públicos, o governo do país tupiniquim escolheu um gringo que só contribuiu para complicar e atrasar a dinâmica do órgão e depois um agressivo, lunático, briguento e desaforado, que prestou enorme desserviço para a educação.
Enquanto isso, o país clama por um verdadeiro educador com capacidade, inteligência e conhecimento das precariedades do setor, com enorme disposição para implementar políticas públicas educacionais revolucionárias, em termos de reformulação geral do sistema de ensino e da educação.
Por último, os militares não tiveram o menor cuidado, ao escolherem logo um descuidado feitor de currículo fake news, completamente incompatível com as relevantes atribuições de educador-mor brasileiro, fato que somente contribui para desmoralizar as instituições da República, de quem são exigidas as melhores qualificações profissionais, com credibilidade incontestável e acima de qualquer suspeita.
Com absoluta convicção, as pessoas sensatas, que pensam na melhoria qualitativa da prestação dos serviços públicos, estão torcendo para que o governo se conscientize de que o sentido de democracia pretendida por elas se assenta nos salutares princípios da verdade, que não combinam com horrorosa mentira materializada em currículo fake news, apoiado parte da ala militar do governo, que não tem o direito de patrocinar tamanha aberração na administração pública, logo para a chefia da Educação, que exige, no mínimo, competência comprovada na área educacional, credibilidade e respeito aos conceitos de moralidade e cidadania, como forma de servir de exemplo aos brasileiros.
Caso o presidente confirme o nome desse cidadão que apresentou currículo fajuto, até se provar em contrário do que foi divulgado sobre ele, seria apenas a decretação da desmoralização e da degeneração da confiança de governo que passou para os brasileiros, na campanha eleitoral, excelente intenção de mudanças das patifarias predominantes em gestões públicas irresponsáveis, sem a menor preocupação com o aprimoramento, o aperfeiçoamento e a modernização da administração pública, que apenas, infelizmente, vem sendo usada como instrumento da consecução de objetivos políticos, em visível decadência dos conceitos republicanos, conjuminada com o detrimento da satisfação do interesse público e do bem comum da sociedade.
A nomeação de pessoa que demonstrou não ter currículo compatível com a conclusão dos cursos nele indicados apenas confirma a degeneração moral e intelectual do governo, além de claro e indiscutível desamor à educação brasileira, que bem merece ser conduzida por educador capacitado e competente, mas  já vem sendo conduzida bem distanciada dos padrões exigidos por país que valoriza sobretudo a qualidade do ensino e da educação públicos, como forma de se pensar no melhor para o desenvolvimento cultural, intelectual e tecnológico do povo.   
Convém que o governo eleja esse deplorável episódio de possível desvio de conduta moral, protagonizado por cidadão integrante da alta intelectualidade, para o fim de se investigarem os fatos a ele relacionados, de modo que os esclarecimentos pertinentes possam servir de modelo contra todos os aproveitadores que usam métodos análogos e possam servir para se evitar a sua reincidência, uma vez que, no caso de caracterização de crime de falsidade ideológica, isso certamente contribuirá para desestimular as índoles contrárias aos princípios da cidadania e da moralidade.
Custa acreditar que o governo brasileiro não tenha condições de enxergar que a educação brasileira se encontra atolada na lama fedorenta e ainda tem a indignidade de ficar alimentando essa pouca-vergonha de nomear para comandá-la pessoa ligada à ala ideológica ou militar, como vem normalmente acontecendo, sem a menor condição para transformar o desastroso e criminoso estágio de demência do ensino, que precisa de urgentes solavanco e reformulação dos métodos arcaicos e ultrapassados vigentes, à vista da sua avaliação bastante negativa pelas organizações internacionais especializadas, inclusive diante dos Índices de Desenvolvimento Humanos.
Os brasileiros que reconhecem o verdadeiro valor da educação de qualidade, competência e responsabilidade, como forma de instrumento capaz de contribuir para a consecução de políticas públicas em nível satisfatório para o progresso da sociedade, em termos culturais e de conhecimentos, torcem para que o governo tenha a sensibilidade pública de nomear pessoa com capacidade e experiência comprovadas para comandar o Ministério da Educação, acabando, em definitivo, da vergonhosa esculhambação predominante da escolha de nome sob ideologia ou militarização, porque isso não condiz com o princípio da verdadeira educação pública de competência e eficiência.
Brasília, em 30 de junho de 2020

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