A
tarde do domingo do dia 21 de junho de 2020 passará para a história dos filhos
de Uiraúna, Paraíba, como momento encantado para muitos que se ausentaram da
terra natal e vivem das lembranças dos lindos e maravilhosos acordes,
superafinados da banda Jesus, Maria e José, que continua sendo símbolo vivo de
musicalidade e sonoridade refinadas, cujo repertorio é modelo de embevecimento
para os apreciadores da música de qualidade, conforme foi mostrado ontem.
O
meu caso, penso, é especialíssimo, porque, depois de mais de 54 anos, voltei a
ouvir, ao vivo e em continuada apresentação de vasto e especial repertório, a querida
e fantástica banda musical da minha terra tocar, com a emoção muito forte no
peito, em especial quando se tratava de dobrado, que era o forte da especialidade
dela, que atrai o acompanhamento da meninada, por onde ela passasse ou
estivesse.
Digo
isso também porque eu chegue a ser aspirante ao ingresso nessa famosa banda,
caso não tivesse vindo embora para Brasília, porque o meu objetivo mesmo era “desbancar”
(Vixe!) dois célebres pistonistas da banda, chamados Constantino Fernandes e
Anchieta Pinto, que eram indiscutivelmente verdadeiros Hércules da sua arte pistonística,
quando eles sopravam seus instrumentos, mas eu não queria nem saber dessa
história de fama, não!
A
minha impetuosa “valentia” se justificava porque eu estava sendo preparado, com
carinho muito especial, logo pelo maior e genial professor de música de Uiraúna,
o maestro e mágico Ariosvaldo Fernandes, que, pasmem, por meio da sua sábia habilidade
professoral, conseguiu fazer com que eu aprendesse a solfejar e, em seguida, a ler
de carreirinha as complicadas notinhas musicais metidas de importantes entre
linhas horizontais e paralelas.
A
princípio, eu achava aquele mundo das notas musicais muito complicado para se aprender
e compreender, a ponto de me conformar que logo eu me integraria à banda dos
músicos do uiraunense que mais entende de banda de música, o querido e gente
boa Carlos Antônio, exatamente em razão
de não conseguir aprender nada, mas o primoroso talento do grande mestre me
deixou quase pronto, faltando muito pouco, para ingressar como músico profissional
nessa extraordinária banda, o que certamente teria sido verdadeira glória para mim.
Ainda
bem que, por força do destino, Deus quis que eu não ingressasse na banda de
fama região, porque, por certo, eu não passaria de sustentador das partituras
musicais para aqueles monstros sagrados e memoráveis, que conseguiam que os pistons
sorrissem de alegria nos habilidosos mãos e lábios dos maiores pistonistas da história
da banda Jesus, Maria e José, de todos os tempos, com o maior respeito aos
demais músicos da mesma especialidade.
Ainda
sobre o saudoso maestro e mestre Ariosvaldo Fernandes, aproveito o ensejo para
dizer da sua importância para o desenvolvimento e a consolidação dessa banda,
que recebeu em seu seio muitos talentosos músicos preparados e formados por esse
ser humano maravilhoso, de extraordinários coração e visão, que compreendia como
ninguém a importância cultural da existência da banda Jesus, Maria e José, a única
da minha época, e tudo fazia para mantê-la à altura do prestígio galgado por
ela, ao longo da sua fantástica história de grandes e notáveis músicos, que contribuíram
para o seu continuado engrandecimento.
Cito,
como exemplo de sentimento de puros amor e dedicação à arte musical do
professor Ariosvaldo Fernandes, a sua infinita disposição em contribuir para a cultura
musical da cidade, quando ele se dispôs a me ensinar música sem me cobrar
absolutamente nada, em clara demonstração, ao que se pode deduzir, do seu espírito
não só de gentileza, mas de valorização de seus conhecimentos acerca da nobre
arte musical, que entendia ele quanto à importância sobre a necessidade da disseminação
dela para o bem da humanidade, ao ensiná-la às pessoas, mesmo que não houvesse recompensa
financeira, porque, para ele, o que certamente importava mesmo era a realização
pessoal de ajudar e ser útil ao seu semelhante, em fiel cumprimento aos verdadeiros
princípios cristãos referentes à distribuição do “pão” da sabedoria e do
conhecimento que, generosamente, ele recebeu de Deus, para a prática do bem e
da valorização do seu irmão em Jesus Cristo.
Voltando
à apresentação magistral de ontem, pode-se se afirmar que a banda secular,
integrada por gente muito jovem e talentosa, mesmo com menor quantidade da sua normal
composição, em razão da imposição das normas de segurança inerentes à prevenção
contra o novo coronavírus, mostrou extraordinária evolução nos requinte e manejo
das partituras musicais, em belos domínio e sintonia dos princípios e das
ideias harmônicos, rítmicos e melódicos, resultando em majestoso espetáculo, a
enlevar nossos sentimentos a lugares remotos e saudosos, à vista da relembrança
da sonorização de memoráveis dobrados calejadamente a tanto de ouvir na minha infância
em Uiraúna.
Releva
sublinhar a importância dos patrocinadores da Live, que, por certo, contribuíram
para a realização desse valioso espetáculo musical, além das generosas doações,
que são formas preciosas e capazes de manter esse conjunto de talento musical
em plena harmonia e união com os acordes e seus instrumento, dando vida à banda
Jesus, Maria e José.
Finalmente,
digo, como forma de homenagem aos extraordinários músicos que integravam a banda,
à minha época de Uiraúna, que me lembrem de todos eles, ontem, e que enorme
saudade invadiu meu coração, porque eles davam seu sangue pela grandeza daquela
banda, sempre mantida no pico mais elevado do prestígio musical da cidade.
Seria
de grande importância que os nomes deles fossem declinados neste texto, como
justa maneira de relembrá-los, mas resolvi não fazê-lo para não cometer
injustiça da omissão de algum nome, justamente por tanto tempo decorrido sem o
contado com eles e certamente não seria de fácil lembrança, mas fica o registro
sobre o meu carinho e a minha admiração de gratidão a todos eles, como
verdadeiros heróis do meu tempo naquela cidade.
Assim,
ao me congratular pela maravilhosa apresentação da banda Jesus, Maria e José,
em agradecimento pelo brinde espetacular ao povo de Uiraúna, por meio do seu
show de gala, em especial para os uiraunenses saudosos desse contato
maravilhoso, ouso sugerir que novos Lives aconteçam regularmente em todo final
de mês, com transmissão ao vivo para o Brasil, exatamente nos moldes do que foi
realizado, apenas com a variação do repertório, salvo com relação aos dobrados,
por eles fazerem parte do show da vida, que não pode parar,
Meus
parabéns à banda Jesus, Maria e José, de Uiraúna, Paraíba, desejando crescente
sucesso.
Brasília, em 22 de junho de 2020
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