sexta-feira, 12 de junho de 2020

Estudo aponta arritmia

        Equipe de investigadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos da América, recorreu à utilização de sistema de mapeamento ótico, com a finalidade de observar como a hidroxicloroquina provoca danos graves no coração de animais.
        A pesquisa acaba de ser publicada no Heart Rhythm e divulgada pela revista Galileu, com o esclarecimento de que ela pretendia entender e identificar os impactos negativos do uso do fármaco em doentes infectados com o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19.
        A Galileu ressaltou que os cientistas observaram que o medicamento torna "surpreendentemente fácil suscitar arritmias em dois tipos de coração de animais, modificando o tempo das ondas elétricas responsáveis por controlarem os batimentos cardíacos.”.
        Segundo aquela revista, os investigadores “depararam-se com alongamento da onda T, uma parte do ciclo cardíaco no qual as tensões em condições normais se desvanecem preparando-se para a batida seguinte. Por outras palavras, a hidroxicloroquina impacta a palpitação seguinte, originando arritmia capaz de afetar a habilidade do coração de bombear sangue para o resto do corpo.”.
      Por sua vez, o co-autor do estudo emitiu alerta, em comunicado à imprensa, com esclarecimento segundo o qual "Os dados apurados são extremamente preocupantes e, juntamente com os relatos clínicos de morte súbita e arritmia em pacientes de Covid-19 a tomarem hidroxicloroquina, sugere que o medicamento deva ser considerado potencialmente prejudicial e o seu uso em pacientes com o novo coronavírus deve ser restrito a ensaios clínicos".
        A revista Galileu explicou que, “num batimento cardíaco considerado normal, a onda elétrica é produzida nas células especializadas do átrio direito do coração, disseminando-se pelo órgão. Essa onda, ao mover-se pelo coração, gera um potencial elétrico que faz com que os íons de cálcio sejam libertados. Tal estimula a contração coordenada e adequada do músculo cardíaco. “.
       O resultado do estudo mostra que “fármacos como a hidroxicloroquina alteram as propriedades desses canais iônicos e bloqueiam o fluxo de correntes de potássio, alongando assim o comprimento das ondas elétricas e criando variações espaciais nas suas propriedades. Consequentemente podem ocorrer ritmos cardíacos perigosamente acelerados e irregulares.”.
        Os cientistas autores do estudo ressalvaram no sentido de que, “quem toma hidroxicloroquina para o tratamento do lúpus e artrite reumatoide raramente sofre de arritmia, isto porque as doses recomendadas são significativamente menores relativamente àquelas necessárias para combater o SARS-CoV-2. “.
        Como se vê, trata-se de importante estudo especifico e aprofundado dirigido para o acompanhamento do funcionamento do coração de quem usa a hidroxicloroquina, nas doses recomendadas e entendidas como necessárias para o devido tratamento, tendo sido observado que, no caso de dose mais elevada, que parece ser o caso daquela indicada ao combate ao SARS-Cov-2 ou Covid-19, pode haver influência no normal funcionamento dos canais iônicos, com consequente bloqueio do fluxo da corrente de potássio, com perda do estímulo do músculo cardíaco, resultando, com isso a arritmia.
       Ou seja, trata-se de estudo que tem por finalidade se aferir a potencialidade ou não de o uso da cloroquina puder causar os temidos efeitos colaterais graves, notadamente no que se refere à arritmia, do mesmo molde como são feitas pesquisas para se aquilatar a eficácia da aplicação da hidroxicloroquina no combate ao Covid-19.
        Naquele caso, já se tem esse primeiro resultado, que é notoriamente estarrecedor, diante da conclusão dos pesquisadores, que se revelaram extremamente preocupados diante dos relatos clínicos de morte súbita e arritmia em pacientes de Covid-19, a ponto de eles sugerirem que a hidroxicloroquina “deva ser considerada potencialmente prejudicial e o seu uso em pacientes com o novo coronavírus deve ser restrito a ensaios clínicos".
Esclarece-se que ensaios clínicos se referem aos estudos sistemáticos de medicamentos em voluntários humanos, o qual deve seguir às estritas diretrizes do método científico, tendo por finalidade a descoberta ou a confirmação de efeitos e/ou a identificação de reações adversas ao produto investigado, com vistas a se aquilatar as suas eficácia e segurança.
        É evidente que não é o aludido resultado científico que terá o condão de impedir o uso da hidroxicloroquina, na forma do protocolo brasileiro, sob o alerta de que isso pode levar à morte, não pelo Covid-19, mas sim por problemas de arritmia causada na forma de efeito colateral.
      Ou seja, o paciente infectado pelo Covid-19 precisa tomar a cloroquina, porque é o único remédio diagnosticado para combatê-lo, cuja eficácia somente está comprovada na prática, carecendo ainda da manifestação dos organismos com competência em nível de capacidade científica, como a Organização Mundial da Saúde, mas não se pode ignorar esse alerta de que a droga pode contribuir para o descontrole do funcionamento do coração, pela ocorrência de “ritmos cardíacos perigosamente acelerados e irregulares.”, ou seja, arritmia, com capacidade de levar à paralisia do coração.
        O estudo confirma o que muita gente vem dizendo, no sentido de que a cloroquina existe há muitos anos e não se tem conhecimento dessa tal de arritmia por parte de seus usuários para o combate ao lúpus e à artrite reumatoide, tendo em conta a explicação científica, agora, de que a posologia em dose normal da cloroquina, diferente da que é necessária para o combate ao Covid-19, dificilmente causa alteração no funcionamento cardíaco, o que vale dizer que essa dúvida fica dirimida, em definitivo.
       É preciso se compreender, finalmente, que se trata de estudo normal e de extrema importância como elemento informativo sobre a real possibilidade de efeito colateral, que pode causar ao coração de quem é submetido ao tratamento do Covid-19 com a cloroquina.
      Nesse caso, se confirma a prudencial premência da formal concordância do paciente, evidentemente depois dos devidos e necessários esclarecimentos médicos nesse sentido, em relação ao uso do medicamento, diante da comprovação cientÍfica de que ele realmente tende a causar arritmia, que também é maneira patológica que pode levar à letalidade.
         Brasília, em 12 de junho de 2020

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