quinta-feira, 18 de junho de 2020

Beira da estultice

Em crônica que mostra a premente necessidade de o governo priorizar as reformas do Brasil, notadamente no que se refere à melhoria da educação, que se encontra bastante distanciada da realidade de desenvolvimento, alguns comentários foram lançados sobre o tema.
Nessa linha, o nobre conterrâneo de Uiraúna, Paraíba, Francisco Fernandes Pinheiro escreveu mensagem dizendo que, verbis: “(...) Não concordo com seu texto, vc parece que não mora no Brasil e se mora, não acompanhou o desgoverno do PT! A bem da verdade, foi no Desgoverno do PT onde mais se investiu na educação, mas infelizmente não apresentou resultados, vc deve acompanhar os dados estatísticos da educação pra ver que o nosso Brasil não configura em nenhum destaque. Portanto, é notável o crescimento físicos das instituições, mas esse crescimento não apresentou nenhum resultado na produção acadêmica! Assim sendo, as instituições de ensino viraram nichos de práticas de ideologia que geraram impactos em todos os contextos, inclusive familiar, basta observar o comportamento e atitudes dos jovens em suas atividades. A pedagogia Freiriana corrompeu a mente universitária, formando um batalhão de jovens deprimidos e em grande parte de usuários de drogas! (...)”.
Sinto-me aliviado com a sua discordância sobre o que escrevi, porque entendi, no geral, que o comentário só corrobora tudo o que eu disse, no sentido de que o atual governo sabe que herdou herança maldita, pelo motivo de muitos investimentos púbicos e poucos resultados na área educacional, o que realmente evidencia o monstruoso passado brasileiro, em termos de gestão pública, com destaque especial para a educação, onde todos os critérios de avaliação sobre o seu desempenho são os piores possíveis, mas, infelizmente, o que ele tem feito, no que se refere especificamente à reforma e ao aperfeiçoamento do sistema educacional?
Ao que se tem conhecimento, parece que absolutamente nada, a menos que haja engano, nesse particular.
Noutra parte, concordo com o que foi dito sobre as mazelas da educação, porque é pura verdade, como também o que eu disse, porque refletem a realidade nua e crua dos fatos acontecidos no passado recente.
Ao contrário do que muitos possam pensar, eu moro e sempre morei sim no Brasil, logo no seu coração, e qualquer insinuação de que desconheço os fatos da história recente não passa de afirmação que não condiz com eles, porque, possivelmente, poucas pessoas foram tão críticas ao desgoverno que aconteceu no Brasil como eu, conforme comprovam os textos que produzi à época fatídica.
A propósito da falta de planos, mencionada na crônica em referência, no momento, o que se percebem são os fanatizados apoiadores do presidente do país muito mais preocupados em incentivá-lo na incessante disputa entre autoridades, o aplaudindo calorosamente com vistas ao bombardeamento sobre os outros poderes da República, em claríssima demonstração de retrocesso civilizatório jamais visto na história das nações sérias e evoluídas, em termos políticos e democráticos,
Aquelas nações sabem perfeitamente que esse comportamento deselegante somente contribui para o fortalecimento da medíocre mentalidade da administração do país, em detrimento das discussões sobre as políticas e ações que realmente interessam à pauta que concorrem para a satisfação das causas do bem comum do povo.
Enquanto isso vem acontecendo de pior, as pessoas sensatas estão ansiando por que o presidente brasileiro, enfim, decida se despertar da letargia que vem metido desde que assumiu o cargo, para perceber o tamanho do estrago que já foi causado ao Brasil, perante longo tempo da sua ausência das questões que realmente dizem respeito ao interesse público, em especial quanto às reformas estrutural e conjuntural do Estado, mediante a modernização e o aperfeiçoamento da máquina pública e dos sistemas pertinentes ao desenvolvimento socioeconômico, além das obras públicas necessárias à facilitação da captação e do aumento de investimentos, produção e emprego.
Os ferrenhos apoiadores do presidente estão supereufóricos com a sua brava luta em defesa das pessoas que estão sendo perseguidas, segundo alegam, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, tendo o mandatário declarado, ontem, pasmem: “Tem gente que nasceu 40 anos depois do que eu vivi e quer dizer como eu devo governar o Brasil. Estou fazendo exatamente o que tem que ser feito. Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando, isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, quebrar sigilo de parlamentar, não tem história vista numa democracia por mais frágil que seja. Está chegando a hora de colocar tudo em seu devido lugar. Todos, sem exceção, devem entender o que é democracia, e que isso não é apenas ‘o que um poder quer’. Não devo nada a ninguém do que estou fazendo. Está chegado a hora de acertarmos o Brasil no rumo da prosperidade e todos entenderem o que é democracia. Democracia não é o que eu quero, nem você, nem o que um poder quer, o que outro poder quer. Está chegando a hora, fique tranquila”.
     As pessoas normais, inteligentes, isentas e sem vinculação ideológica, percebem facilmente que o aborrecimento do presidente do país, a ponto de ameaçar “chutar o pau da barraca”, por certo, por meio de medida forte e dura, em reação à atuação desses ministros, possivelmente com a autoridade que dispõe com a chave do poder e da influência do cargo que exerce no Estado, para decidir, como ele pensa, no sentido da correção do que acha que está errado e precisa ser colocado em pratos limpos, mesmo que a sua decisão tenha reflexo da maior gravidade, conforme a extensão da medida que adotar.
Pois bem, tal decisão, no mínimo precipitada, por enquanto cogitada, é decorrente de posicionamentos de ministros do Supremo diretamente sobre apoiadores dele, que foram, ontem, ao Palácio do Planalto reclamar que estão sendo aborrecidos por meio de incômoda e injusta perseguição, porque eles não fizeram nada de errado para justificar tanto aborrecimento por parte de juízes que têm outros afazeres importantes, como os processos pertinentes às investigações de parlamentares, em relação ao petrolão, e outros que dormitam há “séculos” nos escaninhos daquela Corte.
É evidente que ninguém, nem mesmo os apaixonados e cegos apoiadores do presidente, diante de situação tão grave, percebem ou fazem a mínima ideia de que o mandatário pode estar prestes, nas palavras dele, a cometer tremenda estultice, para o fim de demonstrar o que ele realmente entende de democracia, na sua afirmação, quando o cerne da questão, conforme descritos nos fatos acima, se refere a querelas completamente estranhas ao Estado, ou seja, sem nenhuma vinculação do objeto questionado em tese com o interesse público, porque a decisão do Supremo incide sobre pessoas, cidadãos, que foram chamadas para se justificarem ou esclarecerem situações de ordem particular, completamente estranhas ao interesse público.
Nesse caso, como se dizia no passado, o presidente está decidido a entrar de “gaiato” nessa história, colocando a responsabilidade do Estado onde não deve, não tem o mínimo cabimento nem faz o menor sentido, por não haver o envolvimento do interesse pública a demandar absolutamente nada, ou seja, não tem há nada  a justificar que o mandatário do Brasil fique se colocando a serviço de interesses particulares, quando, repita-se, as agendas propriamente da competência dele são relegadas a planos secundários, em cristalina demonstração de insensibilidade político-administrativa, em termos de avaliação e valorização da necessidade da separação do público e do privado.
Aliás, desde há muito tempo, o presidente do  país vem nessa luta renhida, absolutamente injustificável e inadmissível, mantendo briga permanente com integrantes de poderes da República, envolvendo assuntos sem qualquer vinculação com os interesses do Estado, a evidenciar erro gravíssimo de indevida intromissão, por não ser atividade da competência privativa do presidente, fato que só demonstra completo desconhecimento sobre as suas reais atribuições constitucionais, em termos de preocupações essenciais inerentes ao dever do chefe de Estado e governo, que são visivelmente desprezadas, em prejuízo do interesse da população.
Convém que o presidente brasileiro se conscientize, o mais rapidamente, sobre os verdadeiros sentidos das funções de mandatário da nação, precisamente acerca do que sejam as suas atribuições previstas na Carta Magna, de modo que não somente seja evitada a precipitação de decisões equivocadas e prejudiciais ao interesse público, como, finalmente, as reais questões inerentes às causas nacionais possam merecer os cuidado e zelo da sua competência privativa de chefe de Estado e governo.
          Brasília, em 18 de junho de 2020  

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