terça-feira, 30 de junho de 2020

Lembranças da seca de 1958


O poeta Vandenildo Oliveira, conterrâneo da cidade de Uiraúna, Paraíba, escreveu poesia fazendo alusão às secas ocorridas, na região nordestina, nos anos de 1971 e 1973, onde mostrou a movimentação das pessoas envolvidas e atingidas com as agruras da estiagem, que obrigo os governos a socorrê-las com o normal alistamento, em forma de ajuda para a subsistência das famílias.
Foi então que eu disse ao querido poeta Vandenildo que a poesia da lavra dele tinha a feição de maravilha, por ter tido a capacidade de resgatar em mim um dos momentos mais deslumbrantes e marcantes da minha infância.
Era exatamente o ano de 1958, onde ocorreu lá para as bandas de Uiraúna, e do Nordeste em geral, uma das piores e massacrantes secas da história dessa região, em que o governo do maior presidente brasileiro, de todos os tempos, socorreu prontamente o povo sofrido, castigado pela inclemente seca, criando numerosas frentes de trabalho, justamente para ajudar o povo a atravessar o infortúnio climático que se abatia naquela região, em condições da maior dignidade jamais propiciada aos nordestinos, pela sua dimensão.
Eu tinha apenas 9 anos de idade, mas, mesmo assim, me tornei cassaco – nome dado a quem se alistava -, porque a situação era realmente dramática e toda criançada precisou ir para a frente de trabalho, como alistado.
O trabalho dos cassacos era bastante pesado, tendo por base o carregamento de terra em carrinhos, para a construção da estrada que ligava Uiraúna ao então Antenor Navarro.
Lembro-me que tinha muita gente sob o comando de um apontador, que ficava incumbido de administrar e coordenar o trabalho dos operários, que desempenhavam a dura missão em ambiente de incontida animação.
Eu ficava a semana inteira sob os cuidados desse apontador, que se estabelecia em uma grande tenda, uma espécie de barracão de lona (a nossa ficava na proximidade dos Pocinhos) e dali ele comandava o seu pessoal, inclusive eu.
Eu não pegava no pesado, mas tinha a obrigação de permanecer nas proximidades do barracão, atento, sob a incumbência o fazimento de pequenos serviços de recados e chamamento de pessoas, levando instrução ou recados.
Não obstante, eu sempre me afastava do barracão, com minha baladeira a tiracolo, à procura de alguma rolinha, que também ficou escassa com a seca, e não teve vez nem para os tranquilos teús, que também sumiram do mapa.
Foi realmente tempo de enormes dificuldades para todo pessoal, mas, em contraste à cinérea situação, nunca vi tamanha animação do povo, diante de tantas bonança, fartura e novidade na alimentação, porque foi graças à seca de 58 que Uiraúna passou a conhecer, em fartura, carne jabá, feijão carioca e arroz branco, que eram mandados pelo governo e tudo chegava com abundância.
Ou seja, em que pesem as dificuldades decorrentes da seca propriamente dita, jamais, em tempo algum, o nordestino viu tanta fartura à sua disposição, graças à magnanimidade do grande estadista Juscelino Kubitschek de Oliveira, o construtor imortal da mais linda cidade do Centro-Oeste (não vou dizer do Brasil para não causar ciumeira nem inveja a ninguém, se bem que não tinha nada de mais em dizê-lo, porque Brasília é a minha segunda terra natal, onde vivo há mais de 54 anos e o meu amor por ela só se compara ao que sinto por Uiraúna, mas por outro motivo de pura afinidade por tudo que ela representa para mim e propiciou de felicidade à minha vida).
Fiquei muito agradecido ao festejado poeta Vandenildo Oliveira, que é da mesma família do famoso presidente brasileiro da época, por tão encantada poesia que muito diz sobre vidas comuns, fazendo-me relembrar da grande seca de 1958, que foi, indubitavelmente, o meu primeiro e maior teste de resistência e bravura, por ter conseguido saído dela são e salvo.
          Brasília, em 30 de junho de 2020  

Basta de esculhambação!


Diante da divulgação das trapaças envolvendo o currículo escolar do nome do ministro indicado para a Educação, integrantes da ala ideológica do governo tentam convencer o presidente da República a desistir da nomeação dele, ante o reconhecimento de que as inconsistências apontadas pelas instituições pertinentes podem prejudicar a imagem do governo.
Como já é do conhecimento público, as universidades da Alemanha e da Argentina, onde o futuro ministro teria concluído cursos de pós-graduação superior, disseram que ele não obteve os diplomas indicados no seu currículo, ou seja, há inconsistência de informação.
A Fundação Getúlio Vargas disse que apura possível plágio na dissertação de mestrado apresentada pelo candidato a ministro, que teria frequentado o curso em Administração profissional nessa instituição.
Ao meio da polêmica, consta que a escolha do nome cogitado para ministro da educação teria sido apadrinhada por um almirante que é um dos mais próximos assessores do presidente do país, que mereceu a chancela dos generais-chefes da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional, sacramentando a vitória da chamada ala militar para comandar o MEC, em clara derrota da ala ideológica predominante nesse órgão.
Diante  da repercussão negativa da divulgação das inconsistências curriculares, integrantes da ala ideológica culparam, nos bastidores, a Agência Brasileira de Informações por não ter identificado previamente as clamorosas e grosseiras falhas em apreço.
Diante disse circo muito louco e deprimente formado logo no Ministério da Educação, que tem sublimes avaliação e respeitoso conceito nos países sérios, evoluídos e civilizados, em termos de ensino e educação públicos, o governo do país tupiniquim escolheu um gringo que só contribuiu para complicar e atrasar a dinâmica do órgão e depois um agressivo, lunático, briguento e desaforado, que prestou enorme desserviço para a educação.
Enquanto isso, o país clama por um verdadeiro educador com capacidade, inteligência e conhecimento das precariedades do setor, com enorme disposição para implementar políticas públicas educacionais revolucionárias, em termos de reformulação geral do sistema de ensino e da educação.
Por último, os militares não tiveram o menor cuidado, ao escolherem logo um descuidado feitor de currículo fake news, completamente incompatível com as relevantes atribuições de educador-mor brasileiro, fato que somente contribui para desmoralizar as instituições da República, de quem são exigidas as melhores qualificações profissionais, com credibilidade incontestável e acima de qualquer suspeita.
Com absoluta convicção, as pessoas sensatas, que pensam na melhoria qualitativa da prestação dos serviços públicos, estão torcendo para que o governo se conscientize de que o sentido de democracia pretendida por elas se assenta nos salutares princípios da verdade, que não combinam com horrorosa mentira materializada em currículo fake news, apoiado parte da ala militar do governo, que não tem o direito de patrocinar tamanha aberração na administração pública, logo para a chefia da Educação, que exige, no mínimo, competência comprovada na área educacional, credibilidade e respeito aos conceitos de moralidade e cidadania, como forma de servir de exemplo aos brasileiros.
Caso o presidente confirme o nome desse cidadão que apresentou currículo fajuto, até se provar em contrário do que foi divulgado sobre ele, seria apenas a decretação da desmoralização e da degeneração da confiança de governo que passou para os brasileiros, na campanha eleitoral, excelente intenção de mudanças das patifarias predominantes em gestões públicas irresponsáveis, sem a menor preocupação com o aprimoramento, o aperfeiçoamento e a modernização da administração pública, que apenas, infelizmente, vem sendo usada como instrumento da consecução de objetivos políticos, em visível decadência dos conceitos republicanos, conjuminada com o detrimento da satisfação do interesse público e do bem comum da sociedade.
A nomeação de pessoa que demonstrou não ter currículo compatível com a conclusão dos cursos nele indicados apenas confirma a degeneração moral e intelectual do governo, além de claro e indiscutível desamor à educação brasileira, que bem merece ser conduzida por educador capacitado e competente, mas  já vem sendo conduzida bem distanciada dos padrões exigidos por país que valoriza sobretudo a qualidade do ensino e da educação públicos, como forma de se pensar no melhor para o desenvolvimento cultural, intelectual e tecnológico do povo.   
Convém que o governo eleja esse deplorável episódio de possível desvio de conduta moral, protagonizado por cidadão integrante da alta intelectualidade, para o fim de se investigarem os fatos a ele relacionados, de modo que os esclarecimentos pertinentes possam servir de modelo contra todos os aproveitadores que usam métodos análogos e possam servir para se evitar a sua reincidência, uma vez que, no caso de caracterização de crime de falsidade ideológica, isso certamente contribuirá para desestimular as índoles contrárias aos princípios da cidadania e da moralidade.
Custa acreditar que o governo brasileiro não tenha condições de enxergar que a educação brasileira se encontra atolada na lama fedorenta e ainda tem a indignidade de ficar alimentando essa pouca-vergonha de nomear para comandá-la pessoa ligada à ala ideológica ou militar, como vem normalmente acontecendo, sem a menor condição para transformar o desastroso e criminoso estágio de demência do ensino, que precisa de urgentes solavanco e reformulação dos métodos arcaicos e ultrapassados vigentes, à vista da sua avaliação bastante negativa pelas organizações internacionais especializadas, inclusive diante dos Índices de Desenvolvimento Humanos.
Os brasileiros que reconhecem o verdadeiro valor da educação de qualidade, competência e responsabilidade, como forma de instrumento capaz de contribuir para a consecução de políticas públicas em nível satisfatório para o progresso da sociedade, em termos culturais e de conhecimentos, torcem para que o governo tenha a sensibilidade pública de nomear pessoa com capacidade e experiência comprovadas para comandar o Ministério da Educação, acabando, em definitivo, da vergonhosa esculhambação predominante da escolha de nome sob ideologia ou militarização, porque isso não condiz com o princípio da verdadeira educação pública de competência e eficiência.
Brasília, em 30 de junho de 2020

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Bela missão...

Na crônica que escrevi sobre a apresentação, em live, da banda Jesus, Maria e José, de Uiraúna, Paraíba, mencionei a importante contribuição que o grandioso maestro e professor Ariosvaldo Fernandes prestada em beneficio dessa belíssima banda, não somente por ter sido um dos maiores músicos que pontificou nela, mas também como responsável pela formação de bons músicos que a integraram.
Em razão disso, o mestre e escritor Xavier Fernandes escreveu, em agradecimento, importante mensagem dirigida à minha pessoa, vazada nestes termos: “Caríssimo Antônio Adalmir. Mais uma vez agradeço a sua bondade em reproduzir o meu texto dentro do seu comentário, sobre a live da Banda, no qual reafirma as boas e gratificantes referências que você sempre tem feito sobre a história de Ariosvaldo (meu pai) É sempre gratificante e nos deixa vaidosos a sua dedicação em homenagear e enaltecer o nome daquele cidadão tão simples, que com humildade cumpriu seu ofício e cumpriu sua missão profissional e humana. Agradecemos infinitamente por todos os textos e comentários mais do que qualificados Vindos da sua lavra. É com muita alegria e prazer que agradecemos ao Grande Escritor conterrâneo que também é orgulho para nós Uiraunenses . inteligência rara. Mestre na arte de escrever com eficiência os mais variados temas. Nossos Parabéns e agradecimentos infinitamente por tudo. Saúde e Paz. Um forte abraço!“.
Em resposta à simpática mensagem, eu disse que ficava muito honrado em tomar a liberdade para dizer, com palavras, o que sentia no coração sobre o cidadão que realmente foi modelo de simplicidade e humildade, porém estas qualidades contrastavam com a sua inteligência acima da média dos mortais.
Ele ainda tinha rica visão humanitária, que era igualmente superior aos de seus pares, com a santa vantagem de que ela era colocada espontaneamente a serviço do seu semelhante, na forma mais linda e importante que Deus propiciou aos Seus filhos, que foi o dom  de ensinar o maravilhoso ofício da arte musical, sabedoria amplamente dominada por ele, que era brilhante maestro por natureza.
O maestro foi generoso, por disseminar seus conhecimentos a tantos que precisassem aprender e o fez com muita sabedoria e amor ao seu próximo.
 Penso, com toda sinceridade, que não é favor algum que eu me manifeste, com alegria no coração, para sempre dizer o que sinto sobre pessoa que tive a honra de conhecer e merece ser permanentemente lembrada por suas obras da maior importância cultural para Uiraúna, que tem imensurável preito de gratidão por quem realmente faz por merecer as mais puras homenagens.
No meu caso, eu faço questão de externar meu reconhecimento sobre os atributos nobres do maestro Ariosvaldo Fernandes e nunca vou de cansar de fazê-lo, porque é nossa obrigação de venerar todos aqueles que efetivamente contribuíram com a sua dedicação e o seu sacrifício em prol de causa nobre, no caso, em benefício do seu semelhante.
Foi exatamente assim que aconteceu com o meu venerável e saudoso professor de música, que é digno da eterna gratidão do povo de Uiraúna, em razão do tanto que foi feito por ele de útil, produtivo e proveitoso para o engrandecimento cultural da cidade.
Confesso que, desta feita, para não abusar da boa vontade das pessoas, eu tinha a intenção de dizer apenas muito obrigado, mestre Xavier Fernandes, por seu carinho à minha arte literária, mas, me perdoem, terminei usando a carga da caneta e quase não paro.
Penso que a inteligência do maestro tem ajudado a minha prolixidade, quando me refiro a ele.
Quem me dera. Kakaká.
Agora, muito obrigado, mesmo.  
          Brasília, em 26 de junho de 2020

E conhecereis a verdade...


Ao anunciar o nome do novo ministro da Educação, o presidente da República fez questão de sublinhar que ele era “Bacharel em ciências econômicas pela UERJ, mestre pela FGV, doutor pela Universidade de Rosário, na Argentina, e pós-doutor pela Universidade de Wüppertal, na Alemanha”.
Fora de dúvida, a princípio, parecem invejáveis as credenciais do novo ministro da Educação, que é órgão da maior importância cultural da nação, por ser responsável pela execução das políticas públicas referentes ao sistema educacional, cujo titular precisa realmente ser pessoa qualificada, com capacidade de assegurar credibilidade na direção de instituição essencial à satisfação do interesse público.
É preciso que se diga, a bem da verdade, que o anunciado currículo não tem qualquer vinculação com a área técnica específica do ministério de que se trata, que seria mais do que conveniente e imprescindível para o fim de se promover as tão ansiadas revolução e modernização do ensino e da educação brasileiros.    
Praticamente nem começou a trabalhar no novo emprego, a maioria dos títulos anunciados pelo presidente brasileiro foi posta em dúvida pelas instituições de origem, que negaram a conclusão, pelo novo ministro, dos respectivos cursos.
A pessoa responsável pela comunicação da Bergische Universität Wüppertal (BUW) afirmou que "Carlos Decotelli não obteve nenhum título na nossa universidade", ou seja, de pós-doutor, como havia sido divulgado, tendo aproveitado para afirmar que a universidade alemã oferece cerca de 110 cursos em diversas áreas e tem mais de 22 mil estudantes.
Em nota enviada a um jornal brasileiro, a universidade alemã esclareceu que o ministro conduziu pesquisas na universidade por um período de três meses em 2016, mas não concluiu nenhum programa de pós-doutoramento.
Não obstante, segundo o jornal, no currículo disponível na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o novo ministro descreve que frequentou a universidade alemã entre 2015 e 2017 e que recebeu o título de pós-doutor.
Entenda-se que pós-doutorado não é um título acadêmico formal, mas é termo comumente empregado em referência a pesquisas feitas após o acadêmico obter título de doutor, sendo que este depende da defesa de tese específica.
Nessa mesma linha de informação imprecisa e incompleta, quanto ao verdadeiro currículo do novo ministro da Educação, o reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina) informou que o ministro não obteve título de doutor em administração da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatísticas, tendo confirmado que a tese de doutorado foi reprovada.
Para completar o ciclo de horror envolvendo a reputação logo do ministro da Educação, o título de mestre, incluído no seu currículo, também levanta suspeitas, uma vez que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apura eventual plágio na dissertação de mestrado apresentada por ele, que teria frequentado o curso em Administração profissional na FGV, no período de 2006 a 2008.
Na realidade, diante da falta da confirmação sobre a autenticidade da conclusão formal de cursos indicados pelo ministro, não resta dúvida quanto ao desconforto tanto para ele, que faltou com a verdade, porque essa história pode caracterizar falsidade ideológica: a afirmação de algo inexistente, porque não fica clara a intenção do seu autor, como para o governo, que imaginava, tanto que anunciou, que estaria nomeando para comandar logo a pasta que exige grau máximo de credibilidade moral pessoa realmente possuidora dos títulos anunciados pelo presidente do país, em termos de qualificação necessária e compatível com a grandeza das suas responsabilidades.
          Para o presidente que enche o peito para declarar “E conhecereis a verdade, porque a verdade vos libertará” (João 8:32), não fica nada bem ter que engolir essa história que, em princípio, pode ser verdadeira de alguém meter no seu currículo títulos que jamais concluiu e, o mais grave de tudo isso, é o seu autor ter conseguido enganar logo o seu chefe imediato, que precisa trabalhar, em confiança, com pessoa de honorabilidade acima de qualquer suspeita, o que, ao tudo indica, não é caso de quem diz que tem qualificação escolar adquirida junto a instituições de ensino que a nega de forma peremptória.
Diante da gravidade dos fatos, seria normal que o principal envolvido ou o governo viesse a público para esclarecê-los à nação e à opinião pública, que estão estarrecidos ao saberem sobre algo absolutamente inadmissível, à luz dos princípios da ética e da moralidade, por não haver qualquer justificativa plausível sobre eles.
Diante da repercussão bastante negativa, tanto em nível nacional como internacional, porque o currículo dos cidadãos, em especial dos homens públicos, precisa refletir e corresponder exatamente à realidade sobre a identidade autêntica do que é a vida pessoal, mostrando com precisão e fielmente o retrato individual a ser exposto à sociedade, é absolutamente inadmissível que logo o titular do Ministério da Educação possa acomodar alguém que pode ter traído os comezinhos princípios de cidadania, quanto à fidelidade ao próprio currículo, evidentemente a juízo de valor com base nas informações divulgadas pela imprensa, que não foram desmentidas, até o momento.
Á toda evidência, possa até nem constituir embaraço, sob o prisma do sentimento do governo, para o desempenho dos trabalhos da incumbência atribuída ao novo ministro, que nem deve ter recebido missão especial nem metas a serem alcançadas, mas a impressão que se tem, por parte das pessoas dignas e honradas é no sentido de que o presente episódio tem sim o condão de manchar a imagem do governo, que precisa se pautar sob a estrita égide dos princípios republicanos.
Na concepção mais compatível com a modernidade e os avanços da humanidade, o Ministério da Educação até que já merece ser comandado por pessoa qualificada tecnicamente na sua área de atuação, sendo condenável a indicação de quem apenas recebe a missão de executar determinada função exclusivamente para satisfazer a vontade do governo, que demonstra nenhuma identidade com a satisfação do interesse público, mas sim de grupo ideológico, em detrimento do desenvolvimento do Brasil.     
Nos países com o mínimo de seriedade, em termos de transparência e correção dos atos da administração pública, episódio deplorável dessa magnitude já teria sido saneado imediatamente à sua divulgação, a bem da verdade e da lisura que precisam prevalecer com o envolvimento da coisa pública.
          Brasília, em 29 de junho de 2020 

domingo, 28 de junho de 2020

Insensibilidade política

Diante do caos nas relações interpoderes da República, evidentemente patrocinado pela intrepidez do presidente brasileiro, a sua generosa e voluntária oferta de trégua com o Supremo Tribunal Federal foi recebida com absolutos frieza e ceticismo pelos membros da corte.
Fato é que, há poucos dias, três ministros da área jurídica do governo se encontraram, fora da agenda, com o ministro do Supremo, relator de dois inquéritos que tiram o sono e o sossego do Palácio do Planalto e do alvo constante da militância radical do bolsonarismo.
A espinhosa missão dos emissários palacianos tinha a finalidade de conseguir o hasteamento da “bandeira branca”, como forma de abrandamento tardio da ardida tensão entre o Executivo e o Judiciário, alimentada pela pura insensatez, à vista de possíveis consequências desastrosas para o país.
Um dos processos trata das investigações sobre fake news, que trata da investigação de fatos sobre o mesmo tema, cujo resultado poderá recomendar o julgamento da cassação da chapa presidencial e o outro versa sobre atos antidemocráticos que apoiam o presidente, todos eles com potencial nada favorável a quem alimentava o distanciamento entre os poderes, com ameaças de intervenção e até de ruptura institucional.
Como a intenção do Planalto era se buscar a trégua institucional entre o Executivo e o Judiciário, a intermediação deveria ter sido em nível presidencial, diretamente entre os respectivos chefes desses poderes, mas houve erro crasso na condução da tentativa negociada entre os três ministros da área jurídica do governo e o ministro-relator dos aludidos processos, ou seja, a estratégia foi desastrosa, em termos da sua formalização.
Esse contato evidenciou forma de mediação de advogados de defesa oficial do presidente do país, cuja interpretação nesse sentido suscitou contrariedade por parte do presidente do Supremo, que teria entendido que seria a tentativa de acordo por debaixo do pano e no, final, o presidente do país ainda acabaria sendo o vitorioso, mesmo depois de ter tocado fogo no circo.
Em demonstrada precipitação, os enviados do presidente do país não tinham como garantir que os ataques ao Supremo por parte do mandatário e, principalmente, por seus aliados se encerrariam, como demonstração de verdadeiro armistício para a desejada paz, em que pesem os termos de extrema agressividade empregados publicamente pelo presidente do país, que ficariam no esquecimento, ou seja, sem a devida retratação pública por parte dele, como, ao contrário, deveria acontecer, sob o prisma da elegância que deve primar no seio dos verdadeiros estadistas.
De qualquer modo, o encontro em apreço sinaliza, em princípio, de forma cordial, para a possibilidade de início de desarmamento por parte do presidente do país, que, enfim, percebeu que a sua forma de agir poderia levar o Brasil direto para o abismo, que era caminho perigoso e sem volta à normalidade.
Há sim a expectativa de que o governo pensa em tranquilização dos ânimos, mas nada formalmente garantido, porque o caminho escolhido para as negociações não condiz com a garantia e a segurança necessárias à paz definitiva, à vista da real gravidade dos fatos em investigação.
As avaliações acerca do encontro em comento foram no sentido de que o ministro do Supremo ouviu com indiferença a proposta de apaziguamento do trio do governo, sem ter prometido nada.
A questão central já não é mais os ataques contra o Supremo, porque isso, para membros do tribunal, já está contemplado pelas investigações e prisões recentes, que são fatos materializados, que vão ser analisados pela corte.
Há o entendimento de que as agressões havidas, inclusive físicas, ultrapassaram o limite do conflito institucional, ficando difícil a busca da acomodação desejável, diante da sua inegável gravidade.
Até aqui, não se sabe se há possível ligação de integrantes do Executivo com a estrutura dos atos considerados antidemocráticos e a propagação de fake news, mas os fatos estão sendo investigados com base no celular apreendido com um dos autores do ataque com fogos de artifício ao Supremo, no qual poderá fornecer elementos nesse sentido.
Os últimos acontecimentos demonstram, com muita clareza, que a mudança de estratégia do presidente do país, de retroceder nos seus ímpetos de opulência, prepotência, arrogância, superioridade sobre todos e tudo, se harmoniza com a sua visível fragilidade diante da prisão do ex-assessor de seu filho senador e principalmente da pressão que ele vem recebendo da ala militar, que tem avaliado que ele já esticou muito a corda com relação ao Supremo, em especial.
O certo é que, com a conversa de três assessores do Palácio do Planalto com o ministro-relator de processos de investigação sobre fatos que têm relação direta com possível abertura de processo de impeachment, fica muito evidente que o presidente pediu arrego, tendo caído na real, por ter percebido que ele foi longe demais em apoiar movimentos incendiários, que realmente fizeram muita pressão sobre o Supremo, em especial, que até o momento não demonstrou qualquer boa vontade de flexibilização diante de tanta pressão, no sentido de recuar de seus propósitos de investigar os atos do governo, suspeitos de irregulares.
Á toda evidência, a maneira agressiva, galopante e inconsequente, escolhida pelo presidente do país não tinha como continuar em ritmo frenético de irresponsabilidade como ele agia, que poderia levar o país a uma das maiores crises da história republicana, com possível ruptura institucional jamais vista, cujo fato poderia levar o Brasil, de vez, para o abismo, com consequência grave, perigosa e alarmante, em termos econômicos, políticos, sociais e institucionais, de dimensão simplesmente catastrófica e irreversível, por longo tempo.
A tragédia anunciada também poderia ter como consequência o isolamento do Brasil do resto do mundo, o que implicaria em verdadeiro desastre, não somente em termos de relações diplomáticas com os países, mas a maior gravidade seria na economia, à vista da quebra unilateral dos acordos comerciais, com enormes prejuízos aos interesses nacionais.
Ou seja, graças às extremas insensatez e insensibilidade de político que estaria apenas pensando e agindo em nome de seus projetos políticos, mostrando força e autoridade para os demais poderes, opositores, parte da imprensa e quem criticasse seu governo, não havia qualquer sentimento de patriotismo quanto às reais causas nacionais, embora as suas intenções, da boca para fora, eram nesse sentido, e, por pouco, não aconteceria uma das piores desgraças protagonizadas por puro radicalismo irresponsável.    
É bem possível que os militares do governo, incomodados com a sua associação a um presidente questionado sob a ética e o equilíbrio de seus atos, diante da avalanche do descontrole emocional, completamente dominados pela ânsia de absolutismo de seus atos, devem ter se dignado em apelar pelo sentimento do bom senso e da racionalidade, no sentido de que prevalecesse o sentimento da tolerância, do entendimento e principalmente do apaziguamento dos ânimos, no sentido de que seja possível a volta da tranquilidade no reino Brasil, para o bem dos brasileiros.
É preciso o urgente aconselhamento aos seguidores do presidente do país, no sentido de que eles tenham o mínimo de consciência e responsabilidade cívica e patriótica, evitando, ao máximo, os movimentos de instigação de medidas extremas contrárias às instituições da República, porque essa forma considerada antidemocrática tem o condão de contribuir decisivamente para a potencialização do estremecimento das relações entre os poderes da República, cujas consequências, como visto, são extremamente prejudiciais aos interesses dos brasileiros.
Ou seja, qual seria a vantagem, o benefício, para os brasileiros se somente o presidente imaginar que tem o poder sob o seu comando, enquanto os demais poderes ficassem à mercê da vontade dele, quando todos têm igual autonomia e independência, cabendo, quando for o caso, cada qual que for prejudicado por decisão de um deles, que possa interferir nessa autonomia constitucional, recorrer na melhor forma do direito e na via adequada e conveniente?
É evidente que, para a solução das divergências, não há necessidade de agressão, ameaça ou qualquer outra maneira que não seja civilizada, racional, inteligente e evoluída, como precisam ser as relações sadias e construtivas no âmbito dos homens públicos que precisam apenas trabalhar, como representantes e servidores do povo, para a satisfação do interesse público e do bem comum dos brasileiros.        
Os brasileiros anseiam por que o presidente da República se conscientize, enfim, sobre a sua relevante responsabilidade de governar o Brasil tendo por norte apenas o cuidado e o zelo com a execução das políticas públicas previstas na Constituição Federal, de modo a garantir a soberania da nação, o bem-estar da população, a ordem pública, o desenvolvimento econômico, a independência e autonomia dos poderes da República e as relações em alto nível com as nações amigas.
          Brasília, em 28 de junho de 2020

sábado, 27 de junho de 2020

O verdadeiro sentido da democracia


Na crônica intitulada “Não confundir o público com o privado”, foi mostrado, basicamente, que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional contrariou, em depoimento à Polícia Federal, o presidente da República, ao afirmar que este nunca teve embaraço para mudar o pessoal da sua segurança, no Rio de Janeiro, versão esta que não combina com o que garantiu o mandatário, que teria dito o contrário, depois de ter sido denunciado pelo ex-ministro da Justiça, de que não aceitava a interferência de seu então chefe na Polícia Federal.     
Diante das minhas colocações, importante e atento conterrâneo de Uiraúna, Paraíba, achou por bem tecer vários comentários acerca dos assuntos abordados no  supracitado texto, tendo concluído, in verbis: “(...) Vamos aceitar a decisão do resultado do processo democrático eleitoral! Viva o Brasil! Viva a democracia!”.
Embora a crônica sob o título “Fatos e versões” tenha tentado discorrer sobre os demais assuntos, esses outros que falam mais especificamente sobre a necessidade da aceitação do resultado das urnas não foram sequer tangenciados ali.
Pois bem, convém sim concordar com o que os brasileiros decidiram no processo eleitoral, sabendo-se que foi, enfim, a única oportunidade de salvação nacional, diante de tudo o que foi mostrado para o Brasil e o mundo, em termos de destruição do patrimônio da República brasileira, por meio de gestão extremamente degenerativa e predatória do patrimônio público, patrocinada por governos da esquerda, que tinham por objetivos cristalinos a perpetuidade no poder, não importando os fins nem os meios empregados para serem alcançadas suas ambiciosas megametas político-partidárias.
Foi preciso a competência, a coragem e a engenhosidade de destemidos brasileiros para o desvendamento das falcatruas e monstruosidades engendradas nos meandros da petrolífera brasileira e mostrar os rombos de bilhões de reais desviados do patrimônio nacional, tendo por finalidade, entre outros objetivos, o financiamento de milionárias campanhas eleitorais poderosas, com a manutenção de caríssimo escritório de publicidade, com capacidade para sustentar arranjos e mentiras de governos corruptos e trapaceiros, apoiados por políticos inescrupulosos e aproveitadores do dinheiro sujo desviado da Petrobrás.
Todo esse engenhoso trabalho de investigação foi operado graças à impetuosidade dos patriotas integrantes competentes da Operação Lava-Jato, que fizeram investigações jamais realizadas no Brasil, propiciando igualmente que a Justiça autorizasse verdadeira devassa nos contratos da Petrobras, cujos resultados das investigações revelaram o mar de lama protagonizado por governos da esquerda.
Diante dessas bombásticas revelações, conjuminadas com prisões de altas autoridades do mundo político, empresarial e de outros setores igualmente corruptos e aproveitadores de recursos públicos, boa parcela dos eleitores brasileiros, aquela que se convenceu sobre as roubalheiras dos cofres públicos, precisava acreditar nas promessas de mudanças, como forma de salvação nacional, e elegeram o candidato com as características da esperança.
Isso não significa que o atual presidente tenha ficado ou seja imune às críticas aos seus atos, como se elas tivessem a ver com o processo eleitoral, que é caso sacramentado e encerrado e faz parte do exercício democrático, assim também o é a discordância de determinado ato presidencial considerado fora da normalidade republicana, ou seja, da legalidade, a exemplo da implementação de medida destinada à satisfação de interesse particular, exatamente por falta de amparo legal.  
Assim, não há o menor espaço para se discutir, em momento algum, sobre a legitimidade do processo eleitoral, constituindo evidente insensibilidade por parte de quem aconselha a aceitação do resultado das urnas, a despeito das críticas que são necessariamente feitas à atuação do presidente brasileiro, em razão de guinadas da agenda político-administrativa jungida necessária e rigorosamente à liturgia da regularidade.
No caso de suas atuações que forem consideradas incompatíveis com as condutas próprias do relevante cargo de príncipe da República ou com a legislação da qual ele não tem o direito de se afastar nem em pensamento, em situação que entender de resolver casos estranhos aos assuntos intimamente vinculados ao interesse público, é dever de todo brasileiro denunciar, porque isso faz parte do seu dever de cidadania e patriotismo, como forma de se contribuir positivamente com o processo de fiscalização cívica sobre a boa e regular aplicação do dinheiro público.
É preciso ficar bastante claro que essa maneira de se mostrar que o mandatário brasileiro não age segundo o ditame normativo não tem nada com a aceitação ou não sobre o resultado do pleito eleitoral, mas sim com o cumprimento inerente a todo brasileiro que demonstra amor ao Brasil, porque é exatamente por meio da denúncia de atos fora da normalidade que são adotadas as devidas medidas de correção de rumos, em benefício dos brasileiros e em razão de possível desperdício de recursos, que podem passar a ser canalizados para programas ou atividades próprios das políticas públicas.
Aliás, as pessoas inteligentes sabem perfeitamente que as críticas construtivas são maneiras saudáveis e têm o condão de contribuir para o aperfeiçoamento dos princípios democráticos, tendo em vista que a sua finalidade precípua é precisamente o cuidado com as incorreções, que são próprias de quem trabalha e produz, que não pode ficar imune às boas censuras, nem mesmo o mandatário da nação, que precisa ser permanentemente alertado nos casos em que ele vier a se desviar do alinhamento da normalidade.
O pensamento de acomodação das críticas construtivas tem aceitação natural nos países modernamente evoluídos, em termos políticos e democráticos, diante da visão de que a finalidade da denúncia é a de sempre sinalizar para os governantes sobre o estudo da conveniência de mudanças de suas políticas e ações, com vistas ao aperfeiçoamento da gestão pública, que precisa refletir em benefício do interesse público.
Salvo os casos de predominância ideológica, que dificilmente consegue descer do seu pedestal de bom entendedor de tudo melhor do que os outros, as pessoas normais entendem perfeitamente que não se trata de aceitar ou não os resultados das urnas, quando a intenção mesmo das críticas é a de se contribuir para o aperfeiçoamento e o melhoramento da administração pública, porque, ela funcionando em perfeita harmonia com o interesse público, é a certeza de que o governante cumpre muito bem o papel para o qual foi eleito, à vista da prática do bem comum, em harmonia precipuamente com os princípios democrático e republicano.
Com todo respeito a quem pensa diferentemente da presente explanação, convém que os princípios democráticos socorram as suas mentes exatamente para que seja possível o entendimento no qual o presidente da República não pode tudo, tem limites e está obrigado a exercer o relevante cargo sob o  rigoroso regramento dos ditames constitucional e legal, à vista do seu juramento de posse, estando ainda sujeito à fiscalização dos órgãos de controle externo e da sociedade, como forma de se avaliar o seu desempenho na gestão dos recursos públicos.            
          Brasília, em 27 de junho de 2020

Um pouco mais sobre o mestre...


Na crônica que escrevi sobre a apresentação, em live, da banda Jesus, Maria e José, de Uiraúna, Paraíba, fiz questão de registrar a inestimável contribuição que o fantástico maestro e professor Ariosvaldo Fernandes fez em engrandecimento do prestígio dessa banda, não somente por ter sido um dos maiores músicos que pontificou nela, mas também foi responsável pela formação de bons músicos que a integraram.
Para meu júbilo, o prestigiado escritor e mestre Xavier Fernandes, filho do ilustre e respeitável homenageado, manifestou-se dizendo da alegria de ter acompanhado a belíssima apresentação da banda, ao tempo em que também demonstrou seu regozijo de ter visto o maestro Ariosvaldo sendo lembrado, com justiça, no meu texto.
A belíssima mensagem, acima referida, foi redigida nestes termos:Caríssimo Adalmir.! Realmente tivemos nesse domingo 21/06/20. Um show belíssimo, um concerto apresentado por nossa Gloriosa BMJMJ. que é o nosso melhor e maior patrimônio artístico Cultural. Foi Uma tarde de Domingo que nos encheu de muitas Emoções, orgulho e alegrias. Quem quis ver viu! O mundo viu o quanto é nobre a arte da Música na nossa querida Uiraúna. Executando um repertório todo especial, que nos colocou presentes e ao vivo, como se estivéssemos lá na nossa terra. Foi maravilhoso e que venham mais apresentações para aliviar nossas saudades e sentir de novo o coração pulsar mais forte. Agradeço ao ilustre conterrâneo pelas referências elogiosas que sempre faz ao meu Pai: Ariosvaldo. É uma honra e satisfação ver a sua consideração e dedicação ao trabalho que foi desenvolvido por Ariosvaldo por décadas, quanto a formação de uma grande quantidade de músicos que passaram pela Banda e também ele além de professor e também maestro, foi componente por mais de 50 anos da Banda ao lado de Dedé Capitão os dois eram pilastras de sustentação da Banda. Era muito Amor e dedicação. Somados a outros grandes músicos e várias gerações que fizeram parte da nossa Banda. Eu mesmo fiz parte durante 25 anos, foram os melhores tempos da minha vida. Quantas saudades! Mas a vida avança e outros continuam e continuarão essa magnífica história. Mais uma vez obrigado pelas referências. E parabéns pelo seu brilhantissimo Comentário, Sua caneta reluz em raios de sabedoria e elegância no trato com o vernáculo... Um forte abraço! Saúde. JP22/06/2020. FXF.”.
Em resposta ao ilustre mestre Xavier Fernandes eu disse que é sempre com muita satisfação que tenho a oportunidade de falar de pessoa que eu prezo e sinto no coração muita gratidão, porque seu querido pai, maestro Ariosvaldo Fernandes, fez algo por mim que certamente ninguém teria feito, que foi me ensinar, de graça, a arte musical, que era dominada por ele com magistral competência e inigualável sabedoria, a par da sua alegria de repassá-la para quem o procurava para aprender, como eu fiz.
Porém, quis o destino que não foi possível o aproveitamento dos ensinamentos ministrados por ele a mim, por exclusiva obra do destino escrito por Deus, dando a entender que a música, que tanto me encantava, ficou apenas no desejo, como diz importante canção da MPB: a música foi um rio que passou na minha vida.
Não obstante, é notório que as lições de músicas, não tendo tido nenhum benefício para mim, em termos práticos dos ensinamentos, o contato com o mestre Ariosvaldo, contribuiu sobremaneira para que o meu sentimento sobre as qualidades profissionais e humanos dele fossem passíveis de acentuada percepção, ao me possibilitarem a formação de juízo sobre a índole de um dos maiores filhos de Uiraúna, que nunca vou me cansar de sentir honrado em descrever, ainda que minimamente, as qualidades de pessoa que merece, sem sombra de dúvida, o título honorífico de herói de Uiraúna, em absoluta harmonia com o seu notável legado em forma da construção do bem e do benefício em prol do seu semelhante.
Sinto-me muito feliz por ter a oportunidade de mostrar o verdadeiro valor da pessoa que foi o professor Ariosvaldo Fernandes, porque ele encarnou as qualidades e os princípios dignos de serem apontados para as gerações como pessoa que foi autêntico exemplo a ser seguido, por suas maravilhosas ações de bondade e amor ao próximo.
Agradeço, mestre e escritor Xavier Fernandes, seu carinho ao meu trabalho literário.
Brasília, em 22/06/2020

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Um pouco do mestre...


Na crônica que escrevi sobre a apresentação, em live, da banda Jesus, Maria e José, não poderia deixar de mencionar a destacada atuação do sempre venerável maestro e professor Ariosvaldo Fernandes, por ter sido um dos maiores músicos que integrou essa banda e é merecedor do destaque como pessoa que contribuiu para a formação de muitos músicos que integraram a banda.
Qual não foi nenhuma surpresa, a distinta senhora Socorro Fernandes, filha do ilustre e respeitável maestro Ariosvaldo Fernandes, se manifestou de maneira carinhosa, tendo afirmado, verbis:Prezado amigo! Você sempre traz para os seus seguidores os mais perfeitos relatos, em tudo que você escreve! E nesse texto mais uma vez, suas belas e admiráveis atenções pela pessoa do meu INESQUESIVEL pai Ariosvaldo Fernandes. Obrigada, amigo. Na verdade, tivemos uma tarde linda com a live da tão amada Banda de Música J.M.J. Um repertório completo! Que nos fez arrancar do coração lembranças e recordações lindas, muita emoção... Só você mesmo sabe traduzir com seu rico vocabulário... Foi maravilhoso! E SUAS belas considerações sempre vale a pena serem lidas! porque é pura cultura e só traz ensinamentos e muita beleza! Obrigada por tudo! Grande abraço!”.
Em resposta à tão simpática e agradável manifestação, eu disse à amiga Socorro Fernandes que é sempre maravilhoso receber o carinhoso apoio dela, com o acompanhamento do importante incentivo ao meu trabalho literário, que estão bem além do meu merecimento.
Escrever sobre seu querido pai, o catedrático mestre Ariovaldo Fernandes, é, para mim, especial prazer que se renova, haja vista que as suas qualidades de cidadania são de tal forma exuberantes que me enchem de orgulho em ter sido contemporâneo dele e ainda mais ter tido o privilégio de conseguir haurir conhecimentos diretamente da sua fonte inesgotável de sabedoria e bondade, na sua simplicidade de pessoa tão culta e inteligente, sendo também possuidor de bondade e paciência para com seus discípulos, que foram muitos que aprenderam música no acompanhar do seu estalar mágico dos dedos, em sintonia e sincronia com o seu modo especial de ensinar.
Quisera que outras pessoas tivessem a mesma oportunidade de ter sido aluno do mestre Ariosvaldo Fernandes,  para sentir, como eu sinto, o prazer de ter sido orientado por ele e se manifestar com a mesma alegria de dizer o quanto ele foi importante para o mundo da cultura musical de Uiraúna, que tem imensurável dívida de gratidão por quem disseminou sementes férteis, que deram importantes frutos em benefício cultural dessa cidade.
Sei perfeitamente que é muita bondade no seu coração, professora Socorro Fernandes, em imaginar que eu seja referência cultural de Uiraúna, quando, na verdade, me esforço ao máximo para mostrar a minha voluntariedade de análise, com muita boa vontade, dos fatos da vida, que são abundantes e me proporcionam o ensejo para materializar em texto o que sinto sobre eles.
    Muito obrigado, prezada mestra e bondosa Socorro Fernandes, por sua manifestação que me estimula muito.     
Brasília, em 25 de junho de 2020

Insensatez?

Em atendimento à ação civil pública movida por advogado de Brasília, a Justiça Federal decidiu obrigar o presidente da República a usar máscara em espaços públicos do Distrito Federal, tendo fixado multa de até R$ 20 mil, caso ele descumpra a determinação judicial.
A referida advertência é forma pedagógica de mostrar que nem o mandatário do país está acima da lei nem do regramento jurídico, embora ele venha minimizando, por todo tempo, os esforços de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A Advocacia Geral da União reagiu à medida judicial, prometendo tomar “todas as medidas cabíveis para reverter a liminar e preservar a independência e a harmonia entre os Poderes”.
A notícia sobre a obrigatoriedade do uso de máscara foi compartilhada e se espalhou também no Facebook, cujos comentários ajudam a explicar por que, depois de quase cem dias, o coronavírus segue fazendo muitos estragos no país, tirando a vida de mais de cinquenta mil pessoas e infectando milhares de outras, mesmo diante das medidas preventivas de proteção em plena vigência.
Na pandemia, é preciso se compreender que cada qual tem a responsabilidade de se proteger, tanto como forma de higidez pessoal como demonstração de cuidado com o seu próximo, ou seja, o que se faz para a proteção individual também contribui para se evitar contaminar as pessoas da proximidade, em salutar processo recíproco, que é muito importante para se dificultar a transmissão do vírus.
Na verdade, a opção de se boicotar as orientações sob prevenção sobre o uso de máscara, é forma irresponsável que pode interferir na vida alheia e isso precisa sim ser discutido na sociedade, para o bem da população, malgrado  o poder da influência decorrente da rebeldia de autoridade da República, a serviço do péssimo exemplo social, em evidente prejuízo ao controle da pandemia que continua em pleno avanço na sociedade, à vista dos enormes resultados de letalidade e infecção.
Na página da Fiocruz, há categórica recomendação no sentido de que o uso de máscaras, em larga escala, objetiva a proteção coletiva, uma vez que muitas pessoas estão infectadas com o Covid-19 e ainda nem tem conhecimento que carrega os sintomas da doença, de modo que involuntariamente, obviamente sem saber, elas podem estar transmitindo a doença, caso em que esse processo pode perfeitamente ser evitado pelo simples uso da máscara.
É lamentável que o próprio presidente da nação já tenha afirmado que ficar em casa - que é a única medida individual comprovadamente eficaz contra a contaminação – “é coisa de covarde, e que é preciso encarar o vírus como homem.”, ou seja, a autoridade faz questão de se rebelar contra as medidas de prevenção contra a disseminação do coronavírus, quando estimula a população a se expor à própria sorte, em processo suicida, a despeito da iminência do colapso nos serviços médico-hospitalares.
Não tem a menor graça querer desafiar doença extremamente contagiosa apenas por meio de falsa sinalização de coragem, mediante a manifesta de se tentar bancar o valentão, com base em experiência pessoal, porque isso não passa de insana irresponsabilidade transmitida para a sociedade mais do que indefesa, que corre sério risco de contaminação generalizada.
Na verdade, o mau exemplo precisa ser repudiado pela sociedade, principalmente quando ele se origina da ignorância exposta pela maior autoridade da República, que, ao contrário, deveria ser o modelo de hábitos de autênticos civismo e cidadania, ao procurar incutir no sentimento das pessoas exatamente o culto às práticas salutares, como no caso da proteção contra o coronavírus, em todas as suas formas.
A princípio, a reação do governo só demonstra forma inadequada de abuso de autoridade, quando, no âmbito da civilidade, a medida judicial nem precisasse ser imposto ao presidente da nação, por ser justamente o primeiro a compreender, de moto próprio, que o momento de pandemia exige dos brasileiros, inclusive dele, a convergência em aceitação e apoio às medidas e campanhas objetivando a proteção da sociedade contra a proliferação de vírus letal.
Enfim, a impressão é a pior possível de ser preciso que haja determinação judicial para que o presidente da República do Brasil passe a usar máscara, em público, que é umas das medidas reconhecidas, por especialistas da medicina, como necessárias contra a proliferação do novo coronavírus.
É evidente que, em se tratando de combate à pandemia, é preciso que as orientações emanadas pelas autoridades sanitárias sejam abraçadas igualmente por todos, em forma unânime e uniforme, como instrumento capaz de contribuir para a consolidação das medidas necessárias à proteção da população, não parecendo nada feliz a ideia daqueles se que rebelam propositadamente contra orientação ainda considerada apropriada ao caso.
          Brasília, em 26 de junho de 2020

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Fatos e versões

Na crônica intitulada “Não confundir o público com o privado”, foi mostrado, basicamente, que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional contrariou, em depoimento à Polícia Federal, o presidente da República, ao afirmar que este nunca teve embaraço para mudar o pessoal da sua segurança, no Rio de Janeiro, versão esta que não combina com o que garantiu o mandatário, que teria dito o contrário, depois de ter sido denunciado pelo ex-ministro da Justiça, de que não aceitava a interferência de seu então chefe na Polícia Federal.     
Em razão disso, um nobre conterrâneo de Uiraúna, Paraíba, decidiu chamar a minha atenção para o fato de que o presidente do país tem poder para mudar os cargos do Executivo, que é algo do qual não fiz o menor comentário.
Eis o aludido comentário, verbis: “Estimado amigo irmão Aldemir! O Presidente da república tem prerrogativa e pode agir de acordo com suas necessidades. O Presidente pode mudar ministério ou qualquer cargo que seja subordinado a presidência da república! O Presidente é autoridade máxima e pode fazer tudo que a constituição permite, nenhum outro poder ou cargo é superior a ele, a esquerda ou qualquer outro segmento não pode interferir nas ações advinda do poder! Os poderes devem ser harmônicos, o Presidente tem mandato e autonomia para executar as ações inerentes ao cargo, portanto quem não quer obedecer a ordens, deve renunciar seu cargo, o Presidente tem poderes para trocar ministério ou qualquer outro cargo que configurem no organograma do nosso país! Vamos aceitar a decisão do resultado do processo democrático eleitoral! Viva o Brasil! Viva a democracia!
Pensei que tivesse sido bastante claro na minha explanação, na crônica em referência, quando disse que o presidente do país interferiu em órgão de Estado para resolver questão paroquiana, ou seja, para mudar as direções da Polícia Federal e da Superintendência do órgão, no Rio de Janeiro, tendo por finalidade a proteção, conforme sua reclamação, de familiares e amigos dele, e isso, que fique claro, caracteriza satisfação de interesse particular não amparado por lei (por gentileza, leiam ou releiam meu texto).
À toda evidência, governo responsável cuida exclusivamente de matérias de interesse público, na forma da competência constitucional e legal atribuída ao titular, o que não é o caso enfocado na citada crônica.
O outro assunto que foi discorrido no texto diz respeito ao fato de que o presidente quis sim interferir na Polícia Federal, para resolver assunto pessoal, o que é inadmissível, em termos republicanos, e não teve o espírito público de assumir essa situação, depois de ter sido denunciado pelo ex-ministro da Justiça.
A referida matéria é objeto de investigação pelo Supremo Tribunal Federal, dizendo que ele se referia à segurança pessoal, quando o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional declarou, em depoimento à Polícia Federal, na citada investigação, disse que o presidente nunca teve problema para mudar o pessoal da segurança dele, no Rio de Janeiro, o que significa que o mandatário preferiu contar outra versão, ao deixar de assumir a sua intenção de intervir realmente na Polícia Federal, como de fato aconteceu.
Por seu turno, com a pouca experiência sobre administração, sei perfeitamente da competência do presidente da República para mudar quem ele bem entender na estrutura do Executivo, motivo pelo qual sequer denuncie isso no meu texto, embora tivesse motivos suficientes para discorrer sobre essa matéria, porque, quando ele convenceu com o ex-juiz da Operação da Lava-Jato para assumir a pasta da Justiça e Segurança Pública, uma das garantias foi a de que o superministro, assim considerado à época, teria "carta branca" para nomear o pessoal dos órgãos subordinados a ele, a exemplo da Polícia Federal.
Isso implica se inferir, necessariamente, que o presidente do país teria abdicado do seu direito de mudar as direções dos órgãos subordinados ao Ministério da Justiça, em condições normais, sem o consentimento do titular da pasta, salvo por motivo de força-maior, em caso de alguma situação irregular que exigisse imediatas mudanças de rumo nos trabalhos de competência do órgão objeto da intervenção.
À toda evidência, não houve nenhum fato estranho ou irregular alegado pelo presidente do país para a mudança pretendida por ele e isso era mais do que suficiente para que realmente não houvesse a sua interferência, como, de fato, veio a acontecer, com a troca do diretor-geral da Polícia Federal e do superintendente da PF, no Rio de Janeiro, materializando o desejo do presidente, como forma esdrúxula de resolver interesse pessoal, sem qualquer vinculação com a causa pública, em cristalina contrariedade com o ordenamento jurídico pátrio.  
Infelizmente, talvez por questão de ideologia, as pessoas tenham dificuldade para interpretar os fatos como eles exatamente são, preferindo arranjar justificativa para o injustificável e ainda atribuir culpa às pessoas que procuram analisá-los na forma como eles verdadeiramente são, compreendendo que isso é forma de atrapalhar quem foi eleito democraticamente, algo que também não foi objeto de análise.
É preciso que os brasileiros se conscientizem de que os representantes do povo precisam ser exemplo de competência e eficiência, procurando respeitar rigorosamente os ditames constitucionais e legais, sem confundir os interesses públicos dos privados, a exemplo do que aconteceu nesse caso da interferência na Polícia Federal, que teve por objetivo resolver questão relacionada com a proteção de familiares e amigos do mandatário brasileiro, conforme mencionado por ele, cuja matéria não se insere na pauta do interesse público, não tendo nada com a causa da população, salvo sob a visão daqueles que somente querem enxergar que democracia é ter permissividade para agir ao arreio das leis do país, como ficou claro nesse episódio, quando o presidente do país faz mudança em órgão de Estado para solucionar problema pessoal.
          Brasília, em 25 de junho de 2020  

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Insensato desfecho?


A análise que se faz, agora, sobre o álibi apresentado pelo presidente da República, de que ele estaria  se referindo à dificuldade para promover troca na segurança pessoal, no Rio de Janeiro, não estaria vinculada à Superintendência da Polícia Federal, mas sim ao pessoal da própria Presidência da República,  teria sido praticamente desmentido pelo depoimento do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, porque este contou outra versão para o mesmo fato, que contribuiu para pôr por terra a já frágil argumentação presidencial, de que nunca pensou em intervir naquele órgão.
O que se imaginava tratar-se de perfeita estratégia palaciana sobre o caso era de que, na reunião interministerial do dia 22 de abril, o presidente do país se referiu ao desejo de trocar a segurança pessoal, no Rio de Janeiro, mas não a teria conseguido.
Não obstante, até parecendo que o general faltou à reunião para o acerto do combinado, na sua resposta aos questionamentos da Polícia Federal, no inquérito pertinente às investigações para apurar o caso, ele declarou que não houve “óbices ou embaraços” para a troca da segurança pessoal do presidente.
          O aludido inquérito é conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, cujas  investigações têm por base a acusação do ex-ministro da Justiça, que alegara que o presidente teria tentado interferir, politicamente, na Polícia Federal, quando demitiu o seu diretor-geral e ainda ter cobrado a troca da Superintendência no Rio de Janeiro, embora o mandatário sempre tenha negado esses fatos.
Não se pode negar que, na citada reunião, conforme mostra o vídeo divulgado por decisão do Supremo, o presidente foi bastante enfático em reclamar que não podia mudar a segurança pessoal, no Rio de Janeiro, nestes termos: "Eu não vou esperar f.... a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira.".       
À toda evidência, o presidente do país, com indiscutível clareza, dirigiu recado direto ao então ministro da Justiça, ao pronunciá-lo olhando para a direção onde ele estava, quando o outro ministro da segurança pessoal dele, no Rio de Janeiro, estava exatamente no lado oposto, mas ele ainda tem o desplante de dizer que não se referia ao ex-ministro da Justiça.
Fica sedimentado sentimento muito ruim por parte do presidente de tentar construir versão que é desmentida por si só, porque a divulgação do vídeo cuida de mostrar exatamente para quem, enfim, se destinava o recado do Planalto, que era realmente para o endereço da Polícia Federal e não para o chefe da sua segurança pessoal, no Rio de Janeiro.
Essa questão fica plenamente dirimida quando o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, a quem é subordinada a segurança pessoal do presidente, responde a questionamento da Polícia Federal, a pedido do Supremo, que "Não houve óbices ou embaraços (para mudanças). Por se tratar de militares da ativa, as substituições do Secretário de Segurança e Coordenação Presidencial, do Diretor do Departamento de Segurança Presidencial e do Chefe do Escritório de Representação do Rio de Janeiro foram decorrentes de processos administrativos internos do Exército Brasileiro.".
Corroborando tal afirmação, o referido ministro esclareceu, que, antes da reunião ministerial, “houve duas trocas na equipe de segurança do presidente, apesar de Bolsonaro ter dito oficialmente que não conseguia trocar a segurança pessoal.”, pelo visto, em condições normais, ou seja, sem nenhuma dificuldade.
Esse fato mostra que o presidente fica totalmente desacreditado nesse imbróglio, porque essa situação só demonstra que ele não quis assumir seus atos, depois que o ex-ministro da Justiça disse que ele queria mesmo interferir, politicamente, na Polícia Federal.
Assim, fica a impressão de que o presidente não teve a mínima firmeza para sustentar seu ato absolutamente injustificável, por ter ficado claro que as mudanças cogitadas eram realmente para proteger a sua família e amigos, conforme ficou claro na declaração dele, transcrita acima, de que não ia esperar acontecer o pior para ele promover as mudanças que pretendia.
As contradições do presidente se tornam ridículas porque ele, logo imediatamente à saída do ministro da Justiça, promoveu as mudanças que queria, que não eram vistas com bons olhos pelo então titular da pasta, tanto que discordou delas, porque entendia, com razão, que não havia nada que justificasse tal medida, salvo o incômodo visivelmente demonstrado pelo mandatário brasileiro.
O certo mesmo é que não fica bem para o presidente da República deixar de assumir seus atos, como no presente episódio, em que ele queria mesmo interferir politicamente na Polícia Federal, para colocar na sua direção pessoa da confiança e da intimidade dele, de modo que ele pudesse ter acesso às informações pretendidas por ele e completa proteção de pessoas da família e amigos, conforme tudo exposto, às claras, por ele.
Ao que parece, como isso funcionária como algo nada republicano, foi preferível o arranjo de invenção de desculpa esfarrapada, que fora logo descaracterizada por um de seus principais assessores, que, enfim, resolveu dizer a verdade, como assim deve proceder todo cidadão de bem, sem temor de assumir seus atos.
Vejam-se que, por ter deixado de assumir seus atos, que teriam por finalidade a interferência em órgão de Estado e não de governo, tendo por objetivo unicamente, segundo ele disse, a proteção de familiares e amigos, ou seja, com a intenção de resolver assunto estritamente de interesse pessoal, estranho, obviamente, às causas públicas, o presidente se envolveu em espetacular emboscada absolutamente desnecessária, cuja dimensão poderá resultar na definição do Supremo de que ele realmente pretendia e efetivamente conseguiu intervir na Polícia Federal, com a materialização das mudanças na direção-geral do órgão e na Superintendência do Rio de Janeiro, porque os próprios fatos só conduzem a esse insensato desfecho.
Urge que o presidenta da República se conscientize, com urgência, de que os brasileiros não suportam mais conviver com homens públicos que preferem se escudar em versão muitas vezes sem a menor plausibilidade, para justificar o injustificável, quando nada melhor do que assumir a verdade, desde logo, mesmo que isso não lhe seja favorável, mas certamente não haverá a menor possibilidade de ter que ficar desacreditado, diante de não ter como sustentar a versão mentirosa, nada elegante para quem precisa manter a dignidade e a credibilidade de mandatário do Brasil.
          Brasília, em 24 de junho de 2020 

terça-feira, 23 de junho de 2020

Falta de caridade


Um dos filhos do presidente da República, que é representante do povo de São Paulo, na Câmara Federal, zombou pesado e de maneira desumana de deputada federal inimiga dele, quando ficou sabendo que ela tinha sido diagnosticada com o novo coronavírus.

Tão logo ela anunciou a confirmação de que estava infectada pelo Covid-19, o filho do presidente escreveu, em forma de deboche, em seu Twitter, ipsis litteris: “Não sabia que coronavírus dava em porco também”.

Tempos atrás, esse mesmo parlamentar já tinha tecido comentários gordofóbicos sobre a mesma deputada, ao chamá-la de Peppa Pig (uma personagem infantil representada por uma porca).

Em suas redes sociais, a deputada comentou sobre a repercussão de sua doença em meio aos apoiadores do presidente, quando, em tom bastante irônico, ela comentou a maneira nada elegante mostrada por defensores do presidente, tendo afirmado: "Vejam como os cristãos bolsonaristas reagem ao saber que estou com o coronavírus. Realmente são pessoas muito boas, defensores da família, da moral e dos bons costumes e seguem os exemplos de Cristo como essa senhora aí.", em referência a uma postagem feita por uma mulher que endossava os dizeres do deputado.

Em outra postagem, a deputada compartilhou outras publicações ofensivas de supostos apoiadores da família do deputado federal que começou com as agressões verbais.

Ela chamou a atenção para o fato de que “É assim que os bolsonaristas conservadores, CRISTÃOS, pró-família agem. Uma coisa é discordar de uma pessoa politicamente, outra é chegar nesse nível baixo e canalha.”.

O nível dos comentários sobre a deputado é extremamente degradante e inadmissível, por demonstrar nítido desprezo ao sentimento de civilidade e desrespeito ao ser humano.

As pessoas precisam entender que essa forma agressiva de ódio não condiz com a sensibilidade humana e o amor ao próximo, permitindo se intuir pela mentalidade digna de piedade, principalmente quando o mentor do rancor teria o dever de tratar as pessoas com o mínimo de respeito, mas, ao contrário disso, ele não se incomoda de mostrar a sua índole de pessoa com sentimentos atrofiados e merecedores de dor.

Da mesma maneira, as pessoas que o acompanham são visivelmente insensatas e com forte ausência de amor humano, cujo comportamento só merece repugnância, as quais sequer se respeitam como ser humano, diante da evidencia do desprezo ao seu semelhante, quando eles transmitem à deputada inacreditáveis sentimento e desejo de maldade, tais como: "força para o vírus” e "ao menos uma notícia boa".

Em que pese a dureza da manifestação do filho do presidente, a parlamentar ainda não tinha se posicionado exatamente sobre o comentário do seu ex-aliado.

Esse parlamentar mostra a sua verdadeira índole de pessoa bruta, em termos de formação de cidadania, e extremamente deselegante, deseducada e desumana, pela forma como externa em público o potencial sentimento de ódio e rancor que existe no seu coração, quando trata o ser humano como mero animal irracional, apenas porque a deputada se tornou sua adversária política, deixando evidenciada a sua falta de compaixão e amor ao próximo.

Esse mesmo parlamentar é aquele cidadão que o seu genitor queria, por que queria e a todo custo, que ele fosse embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América, ficando agora precisamente comprovado e evidenciado que ele jamais teria condições de preencher um dos principais requisitos para tão importante cargo, que é a diplomacia, que manifesta sentimentos de racionalidade, educação e cidadania, inerentes às pessoas, no mínimo, possuidoras de tolerância, cortesia, respeito, dignidade, princípios, humanismo e outros importantes conceitos próprios do pensamento humano, como tal que merece ser tratado da mesma maneira e com a devida consideração.

Causa enorme perplexidade se perceber que o povo de São Paulo tenha escolhido para representá-lo na Câmara Baixa pessoa tosca, grosseira e despreparada, com nível visivelmente incompatível com a relevância da representatividade política.

Na qualidade de deputado federal, ele deveria dar lições de educação, boas maneiras e princípios, porque é dessa forma de civilidade e civismo que se comportam os homens públicos dos países sérios e evoluídos, em termos políticos e democráticos.

Convém que os eleitores brasileiros, não somente os paulistas, se conscientizem de que as representações políticas, em todos os níveis, precisam ser ocupadas por homens públicos dignos e de personalidade cívica, que tenham sentimentos nobres e de caráter no coração e compreendam perfeitamente o verdadeiro valor do ser humano, raça da qual ele faz parte.

Brasília, em 23 de junho de 2020