quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Decadência moral e política


Um senador alagoano, pelo MDB, está trabalhando a todo vapor, nos bastidores de seu partido, a fim de se garantir na disputa pela presidência do Senado Federal.
Nos últimos dias, ele se reuniu com dois dos principais caciques da sigla, ou seja. o último presidente da República e o ex-presidente da República, cacique do Maranhão, que teriam prometido, segundo a Folha de S. Paulo, não trabalhar contra o alagoano.
Além da atuação interna, o senador alagoano estaria conversando com quadros do PSL, que é o partido do presidente do país, para tentar diminuir a rejeição do governo federal a seu nome.
A disputa do senador das Alagoas para ser o candidato à presidência da Senado Federal, pelo seu partido, se dá contra uma senadora da mesma sigla, que estaria disposta a se candidatar mesmo se não vier a contar com o aval da sua agremiação.
Ocorre que a cúpula do MDB se movimenta para tirar o “desgastado” senador alagoano da disputa pela presidência do Senado, o que se evitaria possível desgastante derrota.
Segundo a coluna “Painel”, da Folha, a direção da sigla articulou, em silêncio, o nome da citada senadora, por enxergar nela maior chance de neutralizar o movimento “Renan, não”.
Mas pelas contas do experiente senador por Alagoas, ele teria 10 dos 13 votos da bancada, enquanto a senadora contabiliza o apoio de 7 dos 13 senadores do partido. Neste sentido, à toda evidência, a conta, por enquanto, não foi fechada.
Além disso, a “Painel” afirma que a direção do MDB vai tentar demover o alagoano da disputa interna, a fim de evitar surpresas na eleição à presidência do Senado.
A certeza que se tem, conforme mostra a história política, é que o senador alagoano tem o estilo do político predador, justamente porque ele consegue dominar seus pares, com base na conversa de bastidores, exatamente por conhecer as fragilidades e as ansiedades deles, fato que facilita alguma forma de agrado, com a concessão de cargos na Mesa Diretora, nas comissões ou no próprio Senado.
A verdade é que, se o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade, civilidade e evolução, em termos políticos e democráticos, esse senador alagoano jamais teria sido eleito para cargo eletivo algum, quanto mais teria a audácia de se habilitar para a ocupação do relevante cargo de senador, que é um dos mais importantes da República, em termos políticos, ante o seu lastimável histórico de agressão aos princípios da ética e da moralidade, por responder a muitos processos na Justiça.
Nessa mesma linha de raciocínio, se ele tivesse o mínimo de sensibilidade política, não teria a insensatez, no caso, mesmo assim, de ser eleito como foi, em evidente falta de interesse do povo alagoano de promover a moralização política naquele Estado, porque a escolha dele como senador é cristalina demonstração de aberração política ou, no mínimo, de verdadeiras excrescência e menosprezo aos saudáveis princípios democrático e republicano.
A recolocação do senador alagoano à presidência do Senado Federal somente demonstra a falta de dignidade dos senadores que comungam com a mesma mentalidade favorável aos sentimentos de corrupção e impunidade, eis que aquele político é simplesmente o rei das investigações em atividade no Congresso Nacional, por ele responder, pasmem, a 14 ações referentes à suspeita da prática de irregularidades, na vida pública.
As referidas ações estão simplesmente paralisadas no Supremo Tribunal Federal, todas por improbidade administrativa, corrupção ou lavagem de dinheiro, fato este que tem como evidência a explicita incompatibilidade da pessoa dele com a dignidade que se exige de quem não somente exerce o comando da Câmara Alta, mas, em especial, as funções inerentes a cargos públicos eletivos, cujos ocupantes devem, preliminarmente, provar a sua conduta ilibada, além da idoneidade acima de qualquer suspeita.
Com relação à questionável candidatura do senador alagoano ao comando do Senado, a maior celeuma fica por conta da transparência ou do sigilo como a votação vai ser encaminhada, ficando certo que ele tem chance de vitória se o escrutínio for secreto, dando a entender que seus eleitores, cúmplices e desavergonhados, votariam tranquilamente nele, prestigiando pessoa suspeita da prática de atos indignos e dissonantes com os princípios democrático e republicano, o que caracteriza verdadeiro ultraje ao sentimento de civilidade e moralidade, tão ansiado pelo povo, embora parte dele tenha votado em senadores sem preocupação com a necessidade da assepsia na administração pública.
Em princípio, a escolha de senador fora da lei, por assim ser enquadrado como ficha-suja, ante a montanha de ações que o incriminam, é feita originariamente pelo povo, que tanto elegeu o próprio senador candidato como seus pares, que poderão reconduzi-lo à presidência do Senado, em clara demonstração de que a população está na contramão da realidade e da pureza políticas, porquanto não faz o menor sentido que político que responde a vários inquéritos na Justiça, em razão de suspeita da prática de atos irregulares, possa representar a dignidade do povo, fato que evidencia forma ilegítima de representação política.
À toda evidência, no presente caso, fica patenteado que o povo precisa se esforçar e se conscientizar de que a representatividade política precisa, de forma urgente, ser aperfeiçoada e modernizada, de modo que as pessoas eleitas como seus delegados nos cargos públicos precisam comprovar tanto a conduta ilibada como a idoneidade acima de quaisquer suspeitas, sob pena de não satisfazer aos salutares princípios da administração pública, como forma de contribuir para a sua moralização, como fazem normalmente as nações com o mínimo de seriedade, civilidade e evolução, em termos políticos e democráticos.
          É manifesto, por se mostrar indiscutível, que a principal culpa pela degeneração dos princípios democrático e republicano, tendo como reflexo na decadência política, à luz da normal aceitação de pessoa com a índole negativa, ante o seu envolvimento em escândalos com recursos públicos, deve recair sobre a fraqueza moral tanto do povo como dos políticos, que decidem apoiar pessoa em condições de extremas precariedades política e moral, por responder a ações na Justiça, o que somente sinalizaria para a sua plena rejeição, por questão de princípios, a exemplo de que uma Casa Legislativa de importante poder da República jamais poderia ser comandada por político sem a menor condição de moralidade e dignidade, à vista do que mostram os fatos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 31 de janeiro de 2019

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Questão de bom senso



O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou habeas corpus ao ex-presidente da República petista, para participar do velório de um irmão dele, realizado nesta tarde.
A citada decisão levou em conta falta de helicóptero da Polícia Federal, risco de fuga e de manifestações que pudessem ferir o ex-presidente e outros presentes no enterro.
Além da logística, a juíza do caso fala em “preservação da segurança pública e do próprio preso. Este Juízo não é insensível à natureza do pedido formulado pela defesa. Todavia, ponderando-se os interesses envolvidos no quadro apresentado, a par da concreta impossibilidade logística de proceder-se ao deslocamento, impõe-se a preservação da segurança”.
O pedido do ex-presidente já havia sido rejeitado no início da madrugada pela juíza da Vara de Execuções Penais de Curitiba, em acolhimento às alegações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
O despacho do TRF-4, assinado por um desembargador, endossa a aludida decisão e ressalta a justificativa da Polícia Federal de que “não há helicópteros para fazer o transporte do ex-presidente. Os equipamentos estão à disposição do efetivo deslocado para atuar no regaste das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG).”.
O desembargador destaca ainda que ponderou a “viabilidade operacional e econômica e dos demais valores tutelados pelo ordenamento”.
O magistrado declarou que “O indeferimento, portanto, não foi arbitrário ou infundado. Pelo contrário, está adequado à situação concreta. Aliás, conforme já destacou a digna magistrada, inclusive com amparo no parecer do Ministério Público, ‘o indeferimento da autoridade administrativa encontra-se suficiente e adequadamente fundamentado na impossibilidade logística de efetivar-se o deslocamento pretendido em curto espaço de tempo’”.
Não obstante, a defesa do ex-presidente recorreu ao Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que a Lei de Execução Penal prevê o “direito humanitário”.
No Twitter, o perfil do ex-presidente alega violação de direitos básicos, havendo “constrangimento ilegal. Diante de um direito cristalino do Paciente, o Estado, por meio de suas autoridades, não pode procrastinar ou inviabilizar o seu exercício.”.
À toda evidência, conviriam ter sido avaliados, nesse caso, além do reconhecimento ao direito humanitário, outros fatores da maior importância, em especial as condições para a viabilização do deslocamento, em termos operacionais e logístico, do ex-presidente até o local do sepultamento do irmão, levando-se em conta que os militantes e admiradores dele iriam simplesmente aproveitar o momento para criarem tumulto e confusão de toda ordem e isso jamais poderia ter sido descartado, tornando incontrolável a situação, com consequências certamente imprevisíveis e incontornáveis.
Percebe-se que os defensores do petista preferem tão somente focar no que se refere ao direito humanitário, que é justo, sem se preocuparem com a possível tragédia que a presença do petista poderia resultar, salvo se as suas intenções fossem justamente no sentido de causar essa situação de desordem pública e não exatamente do comparecimento à despedida do irmão dele.
Em termos de bom senso e razoabilidade, a Justiça da segunda instância deixou muito claro que "o indeferimento da autoridade administrativa se encontra suficiente e adequadamente fundamentado na impossibilidade logística de efetivar-se o deslocamento pretendido em curto espaço de tempo”, o que põe por terra a alegação do descumprimento do direito humanitário, que não foi garantido diante da inviabilidade operacional.
Caso houvesse o mínimo de sensatez, jamais haveria insistência na efetivação de algo realmente arriscado, em termos da segurança e da ordem públicas, que certamente as medidas pertinentes não ficariam a cargo dos advogados do petista, mas sim da Polícia Federal, que já confessou a insuficiência de policiais e de meios necessários, devido ao desastre de Brumadinho.
Não obstante, o Supremo Tribunal Federal, tendo compreensão mais conciliatória ao caso, houve por bem autorizar que o petista deixasse a prisão em Curitiba (PR), para comparecer ao velório do irmão, mas em condições razoáveis de completa privacidade, permitindo que ele pudesse “se encontrar exclusivamente com os seus familiares, na data de hoje, em Unidade Militar na Região, inclusive com a possibilidade do corpo do de cujos ser levado à referida unidade militar, a critério da família”.
A aludida permissão estaria sujeita às seguintes restrições: “fica assegurada a presença de um advogado constituído e vedado o uso de celulares e outros meios de comunicação externo, bem como a presença da imprensa e a realização de declarações públicas. Essas medidas visam garantir a segurança dos presentes, do requerente, e dos agentes públicos que o acompanharem.”.
Por certo, diante da impossibilidade de o ex-presidente aparecer em público, como esse momento seria excelente oportunidade para a prática do que ele mais gosta, aproveitando para ele esculhambar os integrantes do Poder Judiciário, a imprensa e seus opositores, e ainda se mostrar para a opinião pública e a militância como vítima, ele simplesmente desistiu de participar do velório em apreço, o que é muito estranho, porque ele preferiria que o Supremo tivesse negado seu pleito, para se encaixar no discurso perfeito da perseguição política e do  constrangimento ilegal, à vista de direito cristalino do paciente.
Ou seja, a decisão do Supremo satisfez plenamente o desiderato ultimado no direito humanitário, alegado pela defesa, mas teve o condão de estragar os planos da maquiavélica estratégia política do ex-presidente, no sentido de ele aparecer em público e manter o contato direto com a militância, para alimentar o seu ego.
Em conclusão, tem-se que a Justiça da 2ª Instância, percebendo as claras manobras engendradas pela defesa do ex-presidente, deu lição de sabedoria e inteligência, denegando o pedido em questão, até mesmo para se evitarem possíveis perturbações da ordem pública e outros atos de consequências imprevisíveis, simplesmente para satisfazer a vontade do ex-presidente, que poderia ter contribuído, bem antes da sensata permissão dada pela Excelsa Corte de Justiça, para a real compreensão sobre as possíveis dificuldades para a operacionalização logística, no caso do seu deslocamento ao local do sepultamento de seu irmão.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 30 de janeiro de 2019

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Desabrumadinho


Essa tragédia de Brumadinho entristece e comove muitíssimo profundamente a todos nós, principalmente porque isso nada mais é do que reflexo da insensibilidade e da insensatez do conjunto da sociedade.
Não se pode condenar, desde logo, unicamente A ou B, mas as circunstâncias transferem para questionamentos profundos sobre a responsabilidade do Estado, por meio da fiscalização imprecisa e deficiente, da empresa, que não podia confiar absolutamente na imponderabilidade da natureza, e principalmente da sociedade da proximidade da barragem, que jamais poderia confiar na segurança absolutamente frágil, estando atrás da proteção da sua parede, por mais potente que ela fosse, em termos de consistência estrutural.
Trata-se de mais um desastre que era previsível, como bem afirmou um deputado estadual mineiro, que disse, em tom de desespero, que outras hecatombes iguais à de Mariana estariam prestes a acontecer, se não fossem tomadas as medidas que ele propunha, para a proteção da sociedade e da natureza.
As medidas necessárias não puderam ser adotadas e novo desastre terminou ocorrendo, com proporções maléficas incalculáveis, demonstrando o quanto o homem é extremamente insensível, principalmente quando seus interesses não são passíveis de afetação.
Desta feita, resta a esperança de que mais esse terrível desastre possa contribuir para que sejam aprovadas medidas normativas capazes de contribuir, em definitivo para a eliminação dos iminentes riscos de novos arrombamentos de barragens, sempre com imensuráveis e irreparáveis prejuízos, em especial, de vidas humanas e recursos naturais, do meio ambiente, da flora, da fauna, enfim, da degradação generalizada, sem que nenhuma medida seja capaz e suficiente sequer para minorar tamanha destruição protagonizada exclusivamente pela ganância dos lucros econômicos, que estão, infelizmente, acima da vida humana, da natureza, em clara demonstração da impotência do ser humano, que é eternamente escravo dos interesses econômicos, que têm o amparo protetor do perverso esquema político, que é financiado justamente para propiciar a fragilização das normas legislativas, que deixam de ser aprovadas justamente para não perturbarem os interesses dos empresários.
A legislação que se vislumbra sinaliza para algo que possa prevê, desde logo, a atribuição de responsabilização sobre alguém, no sentido de que, antes do sinistro, em cada barragem, alguém precisa ter atribuições prévias não somente de certificação sobre a consistência das estruturas das barragens, tendo por base composições modernas e compatíveis com a segurança contra arrombamentos, mas também de fazer levantamento abrangente e completo sobre o risco para a população que poderá ser eventualmente atingida em caso de sinistro como esse de Brumadinho.
Nesse caso, das duas, apenas uma ou nenhuma, somente sendo permitida a existência ou a construção, mediante licenciamento, de nova barragem se houver a certeza da proteção da população potencialmente atingível, em caso de desastre, que uma barragem extremamente devastadora tenha sido construída mesmo sob risco de exterminar centenas de vidas humanas, o que demonstra altíssimo grau de irresponsabilidade não somente da empresa, do governo e das pessoas que estavam sob iminente perigo de vida, diante da imprevisibilidade de salvo-conduto.
A legislação deve ter dispositivo para possibilitar a imediata responsabilização, de forma pesada, tanto da empresa como dos órgãos de controle e fiscalização do governo, que precisam exigir o máximo de rigor com o controle sobre a segurança e a proteção da população, não sendo permitido, em hipótese alguma, a construção ou manutenção de barragens que suscitem risco para a população, sob pena de pesadíssimas penalidades, que precisam ser avaliadas e estabelecidas nessa legislação.
É preciso que exista a possibilidade da aplicação de penas altíssimas, em pecúnia e também em termos criminais, diante da perda de vidas, a tudo exigindo cuidados sobre-humanos, em termos de valorização sobretudo do ser humano, que vem sendo, até aqui, extremamente banalizado, desvalorizado, desprezado, à vista do seu desaparecimento debaixo da lama e ninguém, absolutamente ninguém é responsabilizado, como já aconteceu com a tragédia de Mariana e não se tem notícia que alguém tenha sido responsabilizado ou punido, como forma exemplar para se obrigar a adoção de medidas preventivas e protetoras contra desastres.
Acredita-se que nem nas piores republiquetas a legislação sobre controle de barragens, em termos de construção e manutenção, seja tão condescendente com os empresários como no Brasil, onde se permite que haja mas de milhares de barragens, mas as normas são de tamanha superficialidade que podem haver centenas de mortes e expressiva devastação da natureza, mas ninguém é responsabilizado, de modo que, ao contrário, a imediata e duríssima condenação teria o condão de se tomar as devidas providências para a absoluta e completa segurança delas ou ainda a adoção de medidas capazes de proteção das vidas humanas, não se permitindo a existência de população na proximidade das localidades atingíveis, em caso de sinistro.
Apela-se ao presidente da República que seja somente inflexível contra as empresas responsáveis por barragens, quer no caso de manutenção das já existentes quer quanto às que forem licenciadas para construção, de modo que é preciso a aprovação de normas duríssimas estabelecendo regras claras, objetivas e exemplares, sobretudo em proteção à vida humana, não se permitindo que haja população no possível caminha dos rejeitos, caso em que ou se retira a população dessa região ou então fecha-se a barragem ou não se permite a construção de nenhuma, enquanto houver perigo para a população, que precisa ser valorizada e protegida, mesmo que em prejuízo das atividades econômicas, porquanto a vida humana e a natureza não podem continuar sob tamanhos desprezo e desapreço.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 29 de janeiro de 2019

Meus setenta anos


Não deixe que a vida passe sem que as pessoas saibam o significado que elas têm para você.” Autor desconhecido

Hoje, estou completando exatos setenta janeiros, agradecendo a Deus por ter merecido participar desse importante e fantástico espetáculo da vida, que foi e é composta por cenários diversificados, entremeados de lindos, maravilhosos, tenebrosos, obscuros, deslumbrantes, incertos..., em que eu, sendo o ator principal desta história, teve a obrigação de exercer, com muita dedicação, todos os papéis traçados para o melhor desempenho possível de todos os enredos, de modo que meus sonhos e objetivos nunca pudessem ser interrompidos nem obstaculizados, porque os planos da vida tinham um horizonte a ser conquistado.
Por ser da própria natureza, o tempo passa inexoravelmente na vida que vem sendo construída, momento a momento, até quando Deus quiser, mas, enquanto isso, é preciso valorizar toda riqueza do passado que se foi e acreditar que o futuro é ilustre desconhecido, como já foram os velhos e passados tempos, desde a infância.
O homem nasce e renasce toda vez que aniversaria e nesse renascer ele vai se acostumando com a sua eternização no tempo, evidentemente enquanto assim for permitido por Deus, que é o Senhor de tudo e responsável pelo tempo que temos aqui na terra.
Muitos dizem que, aos setenta anos, o homem acumula mais experiência, mais inteligência e até mais sabedoria, mas, para mim, essa idade é apenas uma comemoração marcante, a demonstrar que consegui atingir a longevidade perseguida por muitas pessoas, sem acrescentar absolutamente nada, em termos de intelectualidade, salvo quanto à certeza de que o vigor físico é realmente de pessoa de setenta anos e não como muitos ainda têm a inocência de dizer que “eu me acho um garoto de 18 anos”.
Não obstante, é preciso reconhecer que sou pessoa predestinada por Deus, que me proporcionou magníficos poderes para o enfrentamento de muitos obstáculos, batalhas e lutas, que foram vencidos e superados, ou seja, em pesem os entraves da jornada da vida, as alegrias, as vitórias e os louros se transformaram em sentimentos que justificam plenamente o coroamento dos setenta anos.
A contagem, ano a ano, até o atingimento de sete décadas, é prêmio contabilizado com a dádiva generosa de Deus, que houve por bem me privilegiar, possivelmente por enxergar, em mim, o merecimento para puder comemorar essa data com minha família e meus amigos, como verdadeiro presente celestial, com direito a conviver com saúde, alegria e amor com que Ele permitiu que constituísse a família e os amigos e tivesse o prazer da plena harmonia.
A vida não tem sentido sem o usufruto  da companhia das pessoas que amamos, porque elas foram colocadas no nosso caminho para que a gente tivesse a oportunidade de aprender e crescer com elas, em forma de simbiose em que o relacionamento contribui para o enriquecimento de nossa existência.
O importante nesse balanço dos setenta anos é a conscientização do envelhecimento apenas da idade, que faz parte da vida, e não da mentalidade sobre a nossa responsabilidade como cidadão, que precisa estar em plena forma e sempre ativa, procurando cultuar as boas ideias, permitindo que elas tenham campo fértil para o seu afloramento, em permanente renúncia ao envelhecimento do espírito e da alma, porque estes são as energias que movem os bons pensamentos e fortalecem as disposições para a implementação de novas realizações.
Por ser da própria natureza, o tempo passa inexoravelmente na vida que vem sendo construída, momento a momento, até quando Deus quiser, mas, enquanto isso, é preciso valorizar toda riqueza do passado que se foi e acreditar que o futuro é ilustre desconhecido, como já foram os velhos tempos, desde a infância.
Desde cedo, há a obrigação do aprendizado do respeito ao próximo e da responsabilidade cívica, com a honra à tradição, à cultura e aos ensinamentos da construção do bem, tendo o primordial cuidado com a valorização do ser humano.
Fui uma criança que teve a felicidade de nascer em berço muito adverso da riqueza, vivendo em uma casa com muitas redes e igual quantidade de pratos sedentos de alimentos e isso sinalizava que eu precisava assumir parcela significativa de responsabilidade, ainda muito cedo, em tenra idade, para angariar um pouco de recurso para ajudar nessa tarefa espinhosa de sobrevivência.
Eis aí o meu verdadeiro sonho de criança: ajudar meus país nessa difícil missão que Deus confiou a eles, na criação de oito filhos, tendo como principal recurso a plantação de arroz, milho, feijão e algodão, que muito contribuiu para ir remediando e vivendo, nas circunstâncias do possível.
Eu ressaltei que teria sido criança feliz, por ter nascido no lar destinado por Deus, exatamente para justificar a minha ascensão na vida, que somente foi possível diante da necessidade de lutar desde pequeno, quando tudo era terrivelmente adverso e não havia outra hipótese se não a de arranjar trabalho em conjunto com os afazeres da roça e dos estudos, tudo na busca da superação, que certamente nem fosse preciso se eu tivesse nascido em berço de ouro, onde, como magia, tudo de bonança teria vindo ao meu encontro, sem o menor esforço.
Eu acredito muito na figura bíblica do anjo da guarda, que tem a importante função de nos acompanhar, proteger, amparar, defender dos perigos e, principalmente, de nos orientar e encaminhar para a obtenção das coisas salutares e do bem, tanto na vida terrena, quanto nos planos espirituais.
Eis aqui o fundamento disso: “Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos, eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90,11-12).
Pois bem, nos meus setenta anos de vida já tive o privilégio de ser beneficiado pelas graças da presença de muitos anjos da guarda, tanto no plano etéreo, algumas vezes, como aqui mesmo na Terra, com incontáveis ajudas de pessoas transmutadas em seres angelicais terrenos, de carne e osso, tendo me beneficiado, me ajudado a abrir caminhos, portas, portões, cancelas, por múltiplas vezes, a ponto de influenciarem decisivamente na história e nos rumos da minha importante trajetória de vida, que foram muito mais de flores, entremeado de alguns espinhos, que não impediram que eu palmilhasse até onde me encontro agora, muito feliz com tudo que realizei na vida, que não hesitaria, um instante, em realizar tudo de novo, exatamente porque o resultado de tudo o que fiz pode ser considerado simplesmente maravilhoso, sob a minha ótica.
Nesta ocasião de suma importância para mim, eu sinto-me no dever não somente de reconhecer os benefícios proporcionados por esses seres maravilhosos, como de declinar seus nomes na principal pessoa deles, que é Deus e também os demais anjos da guarda, que me ajudaram na construção da minha vida, nesses setenta anos.
Sintam-se todos nominados como criaturas divinas que merecem o meu reconhecimento e a minha gratidão, com a minha confissão de que jamais eu seria o que sou sem a interveniência deles, que são seres de luz divinal, na minha vida, em todos os momentos dela, a começar do meu nascimento, da minha infância e principalmente da fase adulta, onde senti a materialidade e os efeitos benéficos de verdadeiros anjos da guarda.
Gostaria muitíssimo de citar nominalmente todos os anjos da guarda que me protegeram e me ajudaram, mas eu poderia esquecer e ser injusto com alguns, de suma importância para mim, mas sou eternamente grato por alguns que faço questão de nominar, por terem sido especiais na minha vida e jamais os esquecerei.
Começo com Deus e, em seguida, indico os principais anjos da guarda, que não tem como nominá-los na ordem de importância, porque todos foram ou são muito valiosos na minha vida, como meus pais José Volney Fernandes e Maria Dalila Rocha (in memoriam), minha esposa Aldenir Dutra Rocha Fernandes, padrinho Doutor Francisco Pinheiro Rocha, acolhedores Chico de Everton e sua esposa Terezinha Duba (in memoriam), grande amigo Doutor Expedito Pinheiro Fernandes (in memoriam), protetor Major Brigadeiro do Ar Tabyra de Braz Coutinho, meu compadre Major Brigadeiro do Ar Othon Chouin Monteiro e amigo de trabalho Doutor Wagner Jorge de Miranda (in memoriam), aos quais tenho enorme e eterno preito de gratidão.
Como pessoa, eu me descrevo como eterno batalhador, que sempre tentou e conseguiu transmitir às pessoas mensagem de acolhimento ao ser humano, da minha forma mais espontânea e simples, para que pudesse prevalecer  a amizade e o amor, como forma saudável de relações sociais.
Tenho absoluta certeza de que meu tempo vivido pode ser descrito com o maravilho sorriso de Deus, por ter me propiciado algo que, segundo a minha avaliação, superou as minhas expectativas, não em termos de merecimento, porque todos os filhos Dele precisam ser felizes, mas diante das dificuldades que precisei superar, desde a infância, comprimida entre muitas privações e dificuldades circunstanciais.
Durante esse percurso de setenta anos, existem momentos memoráveis que marcaram muito a minha vida e jamais serão esquecidos, sendo preferível relembrar aqueles que se transformaram nessa felicidade da comemoração da data que considero muito especial, sempre acreditando que esse dia chegaria, para fazer feliz meu coração, com ardente deseja de que as emoções continuem por muitos e muitos anos.
O importante na vida foram as grandes surpresas que Deus reservou para mim e tive a felicidade de aproveitar cada uma delas e, por isso, sou grato a Ele por ter tido o privilégio de ser abençoado nos meus propósitos, realizando-os da melhor forma permitida.
É preciso cultuar a esperança no porvir e agradecer a Deus pelo presente, diante do merecimento da comemoração dos setenta anos de vida, em plena atividade e com o conforto do convívio com os familiares e amigos.
Ser feliz nada mais é do que conforto da aceitação da vida como ela se apresenta, exatamente como ela se descortina e se desnuda para ser vivida, mas sempre acreditando que as dádivas da existência são outorgadas por Deus, segundo o nosso merecimento.
Assim, eu espero continuar com muito crédito nas alturas celestiais e, para tanto, eu tenho me esforçado e me comportando em estado de permanente penitência, para que as minhas obras terrenas sejam do agrado dos mandamentos divinos.
Parabéns para mim mesmo, que eu seja merecedor das graças divinas de felicidades, harmonia, saúde, benquerença, amor e muitos anos de vida, porque deve ser muito difícil viver sem o amor de minha família e dos meus amigos.
Por último, fico feliz em transcrever, nesta crônica, trechos de mensagens que recebi, ontem, de meus queridos netos Ana Luísa e Pedro Henrique, conforme abaixo:
Vovô, que esses 70 anos se transformem em 70 anos de aprendizado e muitas conquistas. Que Deus te dê muita saúde e, como sempre digo, mais cem anos de vida para você. Estes últimos anos você está mais presente e foi muito significante para mim. Obrigada por tudo. Te amo.”.  Ana Luísa
Feliz Aniversário, Adalmir. Melhor vô do mundo. É carinhoso, bonito (kakaká, isso é meu), gracioso, engraçado e muito amoroso. Eu te amo.”. Pedro
As lindas mensagens de meus queridos netos, a quem agradeço pelo carinho e dizendo do meu amor por eles também, encerram esta crônica, onde tentei dizer um pouco do meu sentimento sobre a vida, nestes meus setenta anos, pedindo a compreensão aos familiares e amigos por algumas exageradas colocações, que são compensadas com aquelas que são devidas e apropriadas aos fatos pertinentes.
Finalmente, meu especial agradecimento pela prazerosa companhia aos meus amados Aldenir, Alysson, Aline, Andersen, Clara, Priscilla, Ana Luíza, Pedro Henrique, Liz e Lara, com beijos de amor e carinho.
Brasília, em 28 de janeiro de 2019

domingo, 27 de janeiro de 2019

Desestabilização da Presidência da República?


O pai do senador eleito pelo Rio de Janeiro, que exerce a cargo de presidente da República, demonstrou bom senso e sensatez quando afirmou que, “se ficar provado” se seu filho “errou”, ele “terá que pagar por essas ações, que não podemos aceitar”.
O presidente do país precisava demonstrar, de forma clara e incisiva, exatamente o que seja sensatez no exercício do principal cargo do país, no sentido de repudiar, nas circunstâncias, atos não condizentes com a moralidade, posto que qualquer atitude que sinalizasse na proteção do filho, que se envolveu no furacão de escândalo financeiro, poderia comprometer os atos dele na administração do país, que não pode se misturar com assuntos alheios ao interesse público, que já exige o máximo da sua atenção, sob pena de prejudicar o bom desempenho da nobre missão de cuidar das políticas públicas e dos graves problemas herdados de outros governos.
Caso o presidente quisesse se envolver nesse imbróglio que se meteu seu filho, que se encontra completamente encalacrado em escândalo cada vez mais complicado, ele simplesmente demonstraria perda do controle da situação e contribuiria para suscitar mais desgaste político para o seu governo, quando, ao contrário, o momento exige que a personalidade do presidente esteja voltada exclusivamente para as graves questões nacionais, ou seja, acima de tudo, ele precisa demonstrar muito equilíbrio nas decisões de governo.
Além disso, para enfrentar os embates pertinentes às negociações políticas com o Congresso Nacional, com a finalidade da aprovação das reformas e medidas consideradas urgentes e essenciais para o país, o presidente tem que demonstrar extrema firmeza e sensatez, focando a sua atenção exclusivamente para nas matérias relacionadas com o seu cargo presidencial, ficando à distância de questões familiares, mesmo que elas sejam da maior gravidade, mas cabe ao principal envolvido prestar os esclarecimentos pertinentes, já que ele sozinho deu causa ao episódio que não pode arrastar mais ninguém, nem mesmo seu pai,  para igualmente servir de interlocutor nesse lamentável episódio.
Pelo visto, faltou equilíbrio e racionalidade por parte do presidente, que, embora tivesse agido com bom senso, no início dos questionamentos, logo depois do que havia afirmado, ele declarou que “não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, em clara evidência de que o presidente, de forma imprudente, estaria se relacionando às estripulias do filho, ou seja, o mandatário do país dá a entender que o caso do senador eleito pelo Rio de Janeiro pode estar sendo explorado para atingir e comprometer o próprio governo.
O principal envolvido e maior interessado nessa questão é o filho do presidente, mas ele tem agido, evidentemente por conveniência, na tentativa de se salvar politicamente, diante da total incapacidade de explicar e justificar, de forma plausível, as várias suspeitas sobre a prática de irregularidades, que, na sua santa “ingenuidade”, insinua que o episódio vem sendo alimentado com o firme propósito de desestabilizar a Presidência da República, comandada por seu pai. 
Por envolver o filho do presidente e ainda pelo fato de que ambos são muito próximos um do outro, uma vez que o primogênito tem costume de opinar em tudo que diz respeito ao governo no qual ele nem deveria se imiscuir, por não fazer parte dele e ainda por ter sido eleito para outro cargo da República e não exercer nenhuma função nela, não tendo qualquer autoridade para tanto, fica difícil para desentranhar a vinculação o presidente desse escândalo, que tem enorme potencial para causar danos ao governo, se ele não distinguir o público do privado, ou seja, o Estado e a família.
Daí a premência natural sobre a maior motivação para que o senador eleito preste, o mais rapidamente possível, os devidos e completos esclarecimentos e justificativas acerca de rumorosas suspeitas sobre transações milionárias.
O pior é que as suspeitas surgem quando outras nem tenham sido ainda detalhadas, o que contribuem para complicar ainda mais o cenário político e aumentar a gravidade da situação do senador eleito, que apenas tenta se esconder da imprensa, ficando cada vez exposto aos questionamentos, diante da potencialização das suspeitas, que ficam sem as necessárias justificativa não somente perante a opinião pública, mas o seu eleitorado, que acreditou na conduta de correção como homem público.  
O caso envolvendo o filho do presidente do país deixa de ser mero indício, porque, no gabinete dele, ainda no exercício de deputado estadual pelo Rio de Janeiro, havia a prática do chamado “rachid” - forma de esquema de devolução ao titular do gabinete de parte do salário que recebem os servidores ali lotados – e ainda a estranha movimentação na sua conta de depósitos fracionados, com intervalos um e outro, no total de R$ 96 mil, porque agora apareceu a acusação do envolvimento dele com elementos ligados à organização criminosa, o que aumenta o perigoso político acerca das suspeitas e acusações.
Como visto, há notícia de que o então deputado estadual, por via do seu gabinete na Assembleia do Rio de Janeiro, contratou a mulher e a mãe do chefe do chamado “Escritório do Crime”, uma das principais milícias do Rio, onde elas trabalharam até novembro último.
Diante disso, o senador eleito se considera “vítima de uma campanha difamatória com o objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro”, tendo afirmado que as duas funcionárias foram contratadas “por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz”, que teria sido mero e modestamente motorista, mas, nesse caso, pasmem, ele tinha poder para a indicação de funcionários para trabalhar no gabinete do parlamentar, fato esse que bem demonstra o nível desse político, que não tem a mínima dignidade para assumir seus atos na vida pública.
É bastante estranho que, apesar do salário de motorista, aquele assessor chegou a movimentar o montante de R$ 1,2 milhão em sua conta, fato este que despertou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), cuja desconfiança deu origem ao escândalo que parece estar apenas começando, no torvelinho de histórias que se adensam em fatos nebulosos, que se encaminham para rumos nada alentadores, quando o seu principal envolvido apenas demonstra ter buscado o melhor jeito para nada esclarecer e impedir que outros o façam, só que que os fatos mostram que ele pode sugar, de forma inevitável, o governo para o epicentro da cachorrada e complicar a vida política do presidente brasileiro, que já demonstrou que também não leva muito jeito para administrar situações complicadas.
          Como nesse angu de carroço agora tem ingrediente explosivo, com a comprovada participação de integrantes de organização criminosa com sede nas terríveis milícias do Rio de Janeiro - grupos de extermínio formados por ex-policiais travestidos de justiceiros - que foram seguidamente homenageados pelo então deputado estadual, a situação do senador eleito passa a ser de pura nitroglicerina, com capacidade para explosão a qualquer momento, conforme mostram os fatos.
O pior é que o filho do presidente, quando ainda era deputado estadual, disse que as milícias se dedicam a “expurgar do seio da comunidade o que há de pior: os criminosos” e que “há uma série de benefícios nisso”, na verdade, todos sabem as reais atividades truculentas, devastadoras, enfim, criminosas protagonizadas pelos integrantes das milícias, em total desarmonia com os princípios humanitários e de civilidade, que jamais poderia ter a aproximação de homens públicos, diante do saudável entendimento segundo o qual a sua precípua função é justamente a defesa do interesse público, que não condiz com os objetivos espúrios dos milicianos.  
Os fatos mostram o altíssimo grau complicador engendrado pelo senador eleito pelo Rio de Janeiro, que, na qualidade de homem público, precisa, com a devida urgência, esclarecê-los e justificá-los, da melhor forma possível, com a devida minúcia e de modo que as suas explicações sejam capazes não somente de evidenciar a sua inocência nesse imbróglio, mas, em especial, de imunizar seu pai de qualquer envolvimento neles, mesmo que minimamente, diante da urgente distinção que precisa e convém ser feita, como forma imperativa de que as atividades públicas devam ser praticadas sob a fiel observância dos salutares princípios da dignidade, da moralidade, do decoro, da transparência e sobretudo da honestidade, para que não pairem dúvidas sobre a sua conduta e a do seu pai, que precisa se concentrar nas pletoras questões inerentes às políticas de Estado.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 27 de janeiro de 2019

sábado, 26 de janeiro de 2019

O Brasil das mudanças


O novo governo federal já está trabalhando em ritmo de novo Brasil, em que os principais assessores do Presidente da República foram escolhidos a dedo, estritamente sob os critérios da transparência e da competência, estritamente com a devida observância do mérito, em que cada auxiliar tem comprovada afinidade com a incumbência institucional do Ministério que vem comandando, sob a direção e a coordenação direta de quem foi eleito para mudar a República desacreditada e depauperada, em especial no que diz respeito aos princípios essenciais da administração pública, que vinha sendo submetida aos piores sistemas de gestão do patrimônio dos brasileiros.
A mudança mais significativa nesse particular é percebida com a eliminação do vergonhoso fisiologismo que imperou nas gestões de governos passados, em que ministérios e empresas públicas eram simplesmente loteados entre os amigos do rei, passando a ser gerenciados ao sabor das conveniências e dos interesses de grupos oligárquicos, na distribuição de recursos públicos exclusivamente entre os participantes das alianças, em detrimento das causas nacionais, cm visíveis prejuízos para o povo, em razão da péssima prestação dos serviços públicos, diante da omissão e da irresponsabilidade dos presidentes da República, que estavam tão somente preocupados com o domínio absoluto das classes política e social e a manutenção no poder, permitindo que o país ficasse à mercê desses péssimos e aproveitadores políticos, que tudo fizeram para a degeneração da res publica.
A verdade é que o começo do governo tem sido em ambiente de verdadeira adaptação à nova mentalidade de trabalho, com a filosofia de quem prometeu mudar o Brasil por completo, principalmente quanto ao inadmissível e desavergonhado do imperante uso do sistema patrimonialismo, onde a República era comandada por quem se julgava seu dono, em prejuízo dos princípios republicano e democrático, em que o poder emana do povo e em seu nome é exercido.
A República resistia mais ao império da esculhambação, sob a ideologia de que o errado tinha que considerado como certo e o pior e mais grave é que ninguém assumia absolutamente nada, como se o certo fosse mesmo errar e se beneficiar com os desacertos, a exemplo dos famigerados escândalos do mensalão e do petrolão, em que ninguém teve a dignidade de assumir a ladroagem perpetrada contra o patrimônio público, ficando o prejuízo para os bestas dos brasileiros, muitos dos quais, com a cara deslavada e deformada quanto a defesa da imoralidade e da impunidade, ainda apoiam e defendem homens públicos que se envolveram no mundo sujo da corrupção com recursos públicos.   
O certo é que o novo governo tem procurado imprimir ritmo próprio na administração do Brasil, mostrando que se pretende mudar absolutamente tudo, pra que a esponja nos maus hábitos seja para valer, abrangendo de alto a baixo a sujeira insuportável, que conseguiu não somente potencializar a roubalheira dos cofres públicos, mas principalmente a estagnação econômica e o subdesenvolvimento do país.
À toda evidência, a substituição de hábitos degradantes precisa ser defendida pelos brasileiros, que ainda acreditam na recuperação econômica e no desenvolvimento do Brasil, que certamente seriam absolutamente inviáveis com base nas políticas retrógradas e viciadas com o acalento do desgraçado populismo, que resistiu bravamente às mudanças, permitindo que o Estado tivesse esse perfil de intolerância ao desenvolvimento socioeconômico,
A missão do novo governo é, indiscutivelmente, ingente, diante da necessidade da reestruturação de todas bases do Estado, mediante a implantação de nova filosofia de trabalho, que vai depender de esforços ao extremo, para a implementação da limpeza das impurezas remanescentes e posterior adoção de novos e saudáveis métodos de gestão e produção das políticas públicas, como já acontece normalmente nas Repúblicas evoluídas e conscientes sobre as reais importâncias dos sentido e finalidade da coisa pública para o povo.
Os brasileiros honrados precisam acreditar e apoiar as tentativas de mudanças que não podem ser realizadas em toque mágico, diante da complexidade e das dificuldades enraizadas em filosofia de governos populistas que conseguiram incutir a sua ultrapassada e subdesenvolvida ideologia na mente da população, que passou a acreditar que as políticas públicas realizadas por eles seriam capazes de propiciar o bem-estar do povo, quando nada poderá contribuir para melhorar a prestação dos serviços públicos enquanto não forem promovidas profundas reformas nas estruturas do Estado, principalmente quanto à sua moralização, diante do quanto que ele foi explorado em proveito de homens públicos aproveitadores e desonestos.
É possível se afirmar que o Brasil imaginado pelo presidente da República é aquele que realmente tem a cara dos brasileiros, que precisa ser bem diferente do país que havia a ridícula e inadmissível distinção entre “nós” e “eles”, como se existissem duas pátrias dentro de único país, porque não é dessa forma que se consegue a integração nacional, com a existência de arraigada discriminação entre irmãos, idealizada e mantida de forma estratégica e em plena harmonia com os projetos políticos de absoluta  dominação das classes política e social e da conquista e manutenção do poder.          
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 26 de janeiro de 2019

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Valorização do ser humano


Com a finalidade de condensar comentários ricos e importantes sobre a necessidade do resgate das benfeitorias protagonizadas pelos heróis de Uiraúna, feitos por pessoas maravilhosas que leram e valorizaram minha crônica intitulada “Saudação aos Heróis de Uiraúna”, vou ousar transcrever neste texto lindas e valiosas mensagens de carinho, escritas sob o puro sentimento revelador de opiniões abalizadas, que as considero pertinentes ao assunto enfocado no texto original, fato este que me obrigou a mostrá-las, por achar que vale a pena o repeteco, até mesmo para a instigação sobre o interesse em algo que precisa estar sempre em evidência, ante à sua importância cultural para Uiraúna.
Na verdade, faço isso com o propósito mesmo de propiciar  reflexão mais alardeada, tanto por parte daqueles que somente a leram e de outros que também se manifestaram e, ainda, evidentemente, das pessoas que não puderam lê-la, mas por certo gostariam de se interessar pelos meandros da atraente história relacionada com a tentativa do resgate das pessoas consideradas heroínas de Uiraúna, que contribuíram para a construção da querida cidade, como seu esforço e a sua dedicação.  
Inicialmente, cito a mensagem da senhora Libânia Fernandes Nogueira, que disse o seguinte sobre a mencionada crônica: “E cada crônica que você faz enaltecendo ou esclarecendo pessoas e fatos importantes nos enche de orgulho e sabedoria. Continue fazendo esse bem para todos.”.
Em resposta, eu disse que ficava muito grato pelo carinho ela e principalmente pelo estímulo ao meu trabalho literário. Eu garanti que, sempre que surgir oportunidade, terei o maior prazer em escrever algo para o nosso bem, tomando emprestado a bondosa conclusão dela.
Já o ilustre conterrâneo Ubiracy Vieira Veloso disse que “Concordo plenamente! Meu cronista preferido! Abraço forte e fraterno irmão Adalmir! Avante!!!
Diante disso, eu lhe transmiti o meu agradecimento às palavras de elogio, carinho e incentivo.
Em seguida foi a vez da prezada senhora Socorro Fernandes dizer algo que sempre me sensibiliza, nestes termos: “Seus trabalhos e obras literárias são de um brilho muito especial! E tão intensos! Além das demonstrações de apreço e admiração de forma generosa e gentil com que você se dedica. É, na verdade, uma referência cultural e informativa para todos que te admiram e sabem das tuas inteligência e expressiva capacidade! Eu te agradeço, em particular, pelo referencial maravilhoso sobre meu pai (Ariosvaldo Fernandes, in memoriam), na revista FELC. Com certeza, seus trabalhos nos oferecem ricos conhecimentos e grandes oportunidades de mais aprendizado... Muito obrigada!”.
Com todo respeito e de forma carinhosa, eu me expressei com gesto rude de agradecimento, evidentemente em tom coloquial de respeito dizendo à senhora  Socorro Fernandes que, se pudesse, eu a proibiria de comentar minhas crônicas, evidentemente que digo isso no bom sentido, porque, como agora, meus olhos se encheram de lágrimas, por suas palavras carregadas de emoção, porque nem sempre a gente está preparado para recepcioná-las, ante a pujança dos adjetivos que certamente ficam se excedendo no meu merecimento.    
É claro que falei isso de brincadeira, porque o comentário, mesmo que contenha críticas, é importante, como forma de contribuir para o aperfeiçoamento não somente do texto, mas também do pensamento, que precisa ser objetivo e claro, que também deveria ser sucinto, mas aqui eu reluto internamente e não consigo me conter, porque prevalece o instinto pessoal do escrita, que é incontrolável. Pode continuar comentando, que é muito importante, com o adendo de que o exagero na dose dos elogios sempre bate forte no meu ponto fraco.
Por último, eu disse que, ao se falar sobre a Revista Leia FELC, eu acabara de receber, pela gentileza de minha querida irmã Dalivan, o meu exemplar e percebi como é bom ver a fotografia estampada nela do maestro Ariosvado Fernandes, meu herói, que enriquece, por sua postura sempre elegante, qualquer trabalho, mesmo o que tanto me esforcei para mostrar um pouco sobre o impoluto uiraunense.
A prezada prima Vescijudith Fernandes Moreira, com sua peculiar inteligência, disse que “Tudo o que expressa o bem, faz um bem danado! Você nunca repete, senão fortalece a divulgação das boas ações de nosso herói. E não me canso de agradecer pelas belas palavras sobre aquele que tanto serviu a todos, indistintamente. Se não levamos esse conhecimento adiante, os mais jovens ficarão vazios de nossa história. Nós temos uma linda história, com heróis que enaltecem os valores da dignidade, solidariedade, amor, humildade, fé. São riquezas que jamais se acabam ou diminuem. É essa a maior herança - servir! Eis-me aqui, Senhor!”.
Em resposta à prezada prima Vescijudith, eu afirmei que não há dúvida de que o empunhar da bandeira do bem é dever de todos nós, mas é preciso que haja a valorização daquelas pessoas que receberam essa missão como a mais nobre da sua vida, com o devido destaque para muitas que, no seu trabalho, às vezes nem sempre sobressaem diante da sociedade, mas, no conjunto da obra, a sua contribuição é de suma importância para o conjunto da população.
Agradeço a Deus por ter a oportunidade de tentar transmitir o meu pensamento que vai ao encontro dessa ansiedade que aflora em nossos corações, mas infelizmente esse esforço nunca encontra ressonância por parte das autoridades públicas, que simplesmente se mantêm em completo silêncio, em estado de letárgica omissão, como se elas não tivessem qualquer parcela de responsabilidade pela preservação da cultura de um povo, que vive às escuras, diante da omissão no cumprimento do seu dever institucional e legal.
Chega a ser compreensível que o silêncio das autoridades é nítida demonstração de que teria sido melhor se a cobrança pelo reconhecimento de nossos construtores do bem jamais tivesse acontecido, como se em cima disso estivesse sendo mostrada a deficiência da administração pública, que, na verdade, é exatamente isso que se pretende evidenciar, porque está em jogo mesmo é o desprezo àqueles que se excederam em magnanimidade e amor sobre as demais pessoas, para contribuir com a construção bem.
Gostaria muito que a vaidade fosse colocada de lado, nesse particular, para que as autoridades públicas de Uiraúna pudessem analisar e reconhecer o quanto é importante a valorização de nossos heróis do passado, em especial para se mostrar para as atuais e futuras gerações a riqueza da sua colaboração, em diversas áreas profissionais e do conhecimento.
Nesse ínterim, a senhora Socorro Fernandes fez importante intervenção, para enaltecer as qualidades de Bonifácio Fernandes, dizendo exatamente o seguinte: “Meu querido primo Dr. Bonifácio, um grande homem, precioso em suas atitudes humanas, no atendimento generoso a todos que o procuravam, para uma medicação indicada, nos momentos onde a saúde precisava ser cuidada. A confiança nos dava a certeza que a cura seria breve!!! Uma capacidade e uma dedicação exclusiva para todos!!! Sua memória estará sempre presente, viva na nossa lembrança... Gratidão e saudade desse uiraunense muito amado e nunca esquecido!”.
Por seu turno, o senhor Jbpinheiro narrou uma das histórias mais marcantes e atraentes, que têm o poder de caracterizar, de forma sintética, o majestoso sentido humanitária do pequeno girante Bonifácio Fernandes, na sua obra silenciosa em benefício das pessoas e talvez, por isso, ele tenha conseguido fazer tantos milagres de cura e salvação de vidas, como verdadeiro obreiro do bem e do amor, como missão divina que ele abraçou e se identificou tanto com ela que ele foi transformado no símbolo do verdadeiro bom Samaritano, o homem bíblico que praticava o bem sem visar recompensa, de qualquer natureza, porque ele já estava acostumado com a situação que imperava à sua época, de muitas dificuldades, em qualquer localidade que precisasse do seu socorro emergencial.
O senhor Jbpinheiro narrou assim o seu testemunho, verbis: “Sem dúvida, a sua preocupação (fazendo referência a mim) com o legado do nosso querido conterrâneo ‘O menino de ouro’ Bonifácio Fernandes, eu Jb acompanhei quase toda a sua trajetória de 1960 a 1976. Sem dúvida, sua belíssima palavra sobre esse notório menino de ouro ainda é pouco, por tudo que ele praticou em suas ações humanitárias. Sou testemunha de um fato que chamou a atenção. Eu tinha somente 8 anos de idade: o meu irmão Hugo se afogou num cavouco e ficou mais de 2 horas debaixo d'água e quando retiram o Hugo era aproximadamente 15 horas e poucos minutos e o Bonifácio foi o primeiro a dar os primeiros socorros e começou às 14 horas e foi até às 6 horas e 20 min da manhã e quando a minha mãe dona BERNADETE e o meu pai Chico de Adelino o procuraram, para acertar a conta, ele disse o meu pagamento é a gratidão que eu tenho por vocês: um casal simples e humilde que retrata a família uiraunense. E muitas e outras ações que esse pequeno notável não media esforços para ajudar os mais humildes uiraunenses. Fica aqui o meu simples relato deste grande HOMEM, que pregou sempre a simplicidade a humildade e a solidariedade. ESTE SIM MERECE TODA A HONRARIA QUE UMA PESSOA POSSA TER TANTO EM VIDA COMO TAMBÉM EM MEMÓRIA.”.
Ato contínuo, eu disse ao senhor Jb Pinheiro como é bom conhecer relato como o dele, extremamente rico sobre a realidade que bem retrata, com fidelidade, a história de altruísmo e santidade de Bonifácio Fernandes, que, além de fazer milagres por meio da sua assistência poderosa, não cobrava por seus serviços, até parece que ele e a sua família viviam das brisas celestiais, porque lá em casa, acho que ele sabia que não tinha de onde tirar dinheiro, pelo menos na minha época, também ele não cobrava por seus serviços de atendimento, quando muito, pelos remédios, em verdadeira demonstração de trabalho caritativo, que se aplicava a toda comunidade, em qualquer momento, como se ele, no dito popular, trocasse as pilhas a todo instante, para conseguir atender sempre que procurado.
          Cada vez mais me convenço de que Uiraúna perde importante oportunidade para resgatar a figura de seus heróis, como forma de evidenciar a sua belíssima história de contribuição à construção e à consolidação de Uiraúna, porque isso se trata de marco da maior importância para a cidade, em termos de pôr no devido e merecido patamar os nomes daqueles que mostraram o seu amor pela causa da comunidade.
Como, por natureza, eu sou muito emotivo, tenha me afogado em lágrimas por ocasião da apresentação do brilhante quadro intitulado "Gratidão", no programa "Fantástico”, da TV Globo, aos domingos, em que uma pessoa tem oportunidade de agradecer a alguém por algo que ele fez, pasmem, em determinada ocasião, mostrando o quanto aquilo teve sublime importância na sua vida.
Confesso que tenho me transportado, nesse momento, para o caso dos meus heróis de Uiraúna, imaginando como seria extremamente importante que as autoridades públicas tivessem a consciência de promover o resgate deles, mostrando a relevância do tanto que eles fizeram em benefício da comunidade e não é somente o Bonifácio que merece, não, porque tem muita gente boa que fez magnifica obra em prol dos uiraunenses e igualmente não é lembrada.
Fica aqui o meu apelo, em forma mais veemente, para os filhos de Uiraúna, que têm contato com as principais autoridades públicas da cidade, levarem essa causa ao conhecimento delas, na tentativa da conscientização sobre a relevância da medida, sob o prisma da premente necessidade da valorização da história cultural da cidade, com a promoção do levantamento das pessoas que dedicaram a sua vida em benefício de Uiraúna.
Eu seria extremamente injusto em enumerar os nomes desses grandes construtores do bem da cidade, porque poderia elencar quem realmente merecesse, podendo deixar de fora muita gente boa, diante do pouco tempo que vivi na cidade, mas, sem muito esforço, podem ser considerados verdadeiros heróis e heroínas todos aqueles que demonstraram o seu amor ao próximo, no momento em que a cidade ainda engatinhava e precisava da colaboração e da ajuda daqueles abnegados e voluntariosos, que apenas trabalharam para a satisfação da comunidade, sem a pretensão de maiores recompensas.
Por fim, a prezada prima Vescijudith achou por bem dizer que “Concordo plenamente com você. Os que levam a política adiante estão extremamente acomodados com o básico (estou até sendo generosa!) e acostumados a levar a sério os assuntos politiqueiros e que nada acrescentam ao progresso. Infelizmente, nossos heróis já partiram, já não são fonte de votos. É triste, mas parece ser real, que somente tem importância as ações e obras que geram votos.”.
É evidente que as maravilhosas histórias dos heróis de Uiraúna são constituídas de muitos capítulos e intermináveis páginas, que precisam de ser escritas e reescritas, com muito capricho e em letras garrafais, diante das suas nobreza e riqueza, em termos culturais intrínsecos da cidade, que, por certo, envaideceriam a atual geração ávida por conhecimentos sobre aqueles bravos pioneiros, que deixaram a sua marca em cada lugar da cidade, que foi construída e consolidada graças à dedicação, à voluntariedade e ao altruísmo próprios desses pequenos gigantes, vistos na atualidade com a lupa da modernidade que permite visualizar a grandeza da sua expressiva contribuição para o povo de Uiraúna, que não seria nenhum favor, mas sim ato de generosidade, reconhecimento e gratidão, algo sublime que muitos poucos homens públicos costumam vislumbrar como forma marcante de valorização do ser humano.  
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 25 de janeiro de 2019

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Nobel da Paz?


Os simpatizantes do ex-presidente da República petista criaram e estão assinando abaixo-assinado com pedido para que ele seja indicado ao Prêmio Nobel da Paz, na versão de 2019, já tendo sido coletados maus de 473 mil autógrafos, contabilizados até o último dia 22, estando muito próximo do atingimento do objetivo da petição, de 500 mil assinaturas.
A aludida campanha foi idealizada e organizada por um argentino ativista de direitos humanos e vencedor do Nobel da Paz, em 1980, que já esteve com o petista, em março do ano  passado, em encontro no Instituto Lula, em São Paulo, para discutir a indicação ao prêmio em apreço, que se encaixaria como uma luva, nas pretensões políticas do brasileiro.
Como se sabe, logo no mês seguinte ao citado encontro, o ex-presidente foi preso e se encontra encarcerado na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), cumprindo pena de doze anos e um mês de prisão, pela prática, segundo a Justiça, dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com relação ao caso do tríplex do Guarujá (SP).
O argentino defensor do petista deixa claro, na petição, que o brasileiro, “através de seu compromisso social, sindical e político, desenvolveu políticas públicas para superar a fome e a pobreza em seu país, uma das desigualdades mais estruturais do mundo”.
O ativista elenca algumas das mudanças de indicadores sociais brasileiros que ocorreram durante o governo do petista, no período de 2003 a 2010.
Ele disse que “A contribuição de ‘Lula’ para a Paz está nos fatos concretos da vida do povo brasileiro e reforçada pelos estudos de várias organizações internacionais”.
A campanha vem sendo divulgada nas redes sociais oficiais do petista, com postagens nas línguas inglesa e espanhola.
A candidatura do petista precisa ser formalizada ao Comitê Norueguês do Nobel, até o dia 1º de fevereiro próximo.
Em harmonia com a vontade e o pensamento do criador dessa majestosa láurea, o célebre cientista Alfred Nobel, inventor da dinamite, o prémio deverá distinguir "a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz".
O prêmio o Nobel da Paz pode ser concedido a pessoas ou organizações que estejam envolvidas em processo de resolução de conflitos e problemas sociais, sem correlação com a distinção com causas que já atingiram os seus objetivos em alguma área específica, ficando clara a sua essencialidade de prémio Nobel da Paz, com características próprias e bem definidas.
Ou seja, a sua descrição fundamental, como finalidade precípua, tem como alvo: “Pessoas que contribuíram com a manutenção na Paz no mundo.”.
Causa espécie que, na petição, sob a forma de abaixo-assinado, há destaque, em chamamento, para as possíveis qualidades do postulante ao cobiçado prêmio Nobel da Paz, como a contribuição aos brasileiros, na forma da distribuição de renda, por meio dos programas assistenciais à população carente, que nada mais foi do que o cumprimento de obrigação constitucional, que compete ao Estado dar assistência às famílias pobres, carentes de recursos financeiros, que qualquer governo mediano, independentemente da sua ideologia, de esquerda ou de direita,  tinha e tem a obrigação de fazê-lo, repita-se, com sede constitucional.
Essa assertiva é tão verdadeira que, mesmo tendo sido acabadas as gestões petistas, os governos seguintes, inclusive o atual, que é de direita, estão mantendo normalmente os pagamentos dos benefícios previstos nos programas assistenciais criados em governos anteriores aos petistas, havendo a promessa, agora, do pagamento do 13º Salário aos beneficiários do Bolsa Família.
Nas circunstâncias, a alegação de que o petista teria contribuído para a paz social não tem a mínima consistência, uma vez que não há a menor correlação da distribuição de renda com o arrefecimento de tensões ou conflitos sociais ou algo do gênero, não tendo o menor fundamento, em termos de justificativa para o Nobel da Paz, que tem como motivação primordial e essencial a luta em defesa e benefício da pacificação de situações de atritos ou questões  sociais, o que não tem nada a ver com o simples fato de o governo ter turbinado os programas assistencialistas, com a exclusiva finalidade da criação de sistema eleitoral diferenciado, como de fato conseguiu, à vista dos resultados das eleições, em determinadas localidades do Brasil, cujos eleitores demonstram dificuldade para distinguir o cumprimento do dever funcional do governante, de ser obrigado a promover a assistência prevista na Constituição Federal, de prestar auxílio financeiro às famílias carentes, da real intenção objetivada com essa medida, no sentido de se angariar simpatia e apoio, em termos eleitorais, aos projetos políticos pessoais e partidárias, como de fato aconteceu, na prática.
Essa constatação é inegável, diante da inexorabilidade com a evidência dos resultados das urnas, em que a região mais beneficiada do Brasil, no que diz respeito ao Bolsa Família, consegue demonstrar estupenda gratidão a quem não fez mais do que a sua obrigação de priorizar, no seu governo, os programas de assistencialismo, o que é notável, não a ponto de se imaginar que se trata de algo extraordinário, não fosse o fato de que, diante da premência das dificuldades e das circunstâncias, qualquer outro governo seria obrigado a prestar a mesma assistência, por se tratar de dever cogente, não constituindo nenhum favor, quando há o exclusivo envolvimento de recursos públicos.
Causa enorme estranheza o fato de que, no documento sob a forma de abaixo-assinado, não fazer menção sobre a situação de extrema precariedade moral do ex-presidente, que se envolveu em alguns casos da maior gravidade, em se tratando de homem público, com acusações sobre a prática de vários crimes contra a administração pública, entre os quais os de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça, organização criminosa e tráfego de influência, sendo que, agora, no exato momento da indicação do seu nome para o exame do mérito sobre a concessão do prêmio Nobel a Paz, o pretendente se encontra preso, cumprindo pena por denúncia sobre a prática de delito incompatível com a honraria, que precisa ser outorgada às pessoas dignas de bons exemplos e boas condutas, sem máculas e sem a mínima ranhura na sua integridade como modelo de moralidade, dignidade de honradez.
É lamentável que alguns homens da atualidade não consigam perceber que é preciso respeitar os sentimentos das pessoas honradas, evitando demonstração de atropelo aos princípios do bom senso e da razoabilidade, como nesse caso, em que um criminoso cumprindo pena de prisão por monstruosa desonra da sua dignidade como homem público, que dignificou a Presidência da República, por dois mandatos consecutivos, pode ser indicado para o recebimento da láurea somente atribuída às pessoas sem a mínima nódoa perante a humanidade.
À toda evidência, é inadmissível que absurda pretensão como essa possa prosperar, mas, na pior das hipóteses, se a candidatura do petista vier a ser aceita pelo Comitê Norueguês, o prêmio Nobel da Paz certamente cairá em terrível desgraça e o seu prestígio ficará definitivamente desmoralizado, não sendo improvável que os atuais detentores dessa honraria a descartem, em definitivo, diante da plena perda do seu precioso valor, obviamente com exceção do defensor do petista, que já demonstrou desconhecer completamente o seu real significado, se não ele jamais seria capaz de encampar tamanha estupidez, diante da excrescência que seria a sua atribuição à pessoa encarcerada, cumprindo pena de prisão, absolutamente incompatível com os objetivos do prêmio de que se trata.
Não há a menor dúvida de que pessoas que já foram agraciadas, por mérito e real destaque a justificar o recebimento de importante prêmio, por terem comprovado a sua contribuição à causa humanitária, teriam o seu merecimento nivelado com um criminoso encarcerado pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e que, com suas atividades criminosas, tenha levado o seu país às crises moral e econômica sem precedentes, e que, por consequência, tenha contribuído para causar a instabilidade no seio da sociedade, em dissonância com a sempre sonhada paz, que é exatamente o real sentido da concessão do Nobel da Paz.
O caso em comento, certamente, nem passará na fase preliminar da admissibilidade, se é que ela exista, quando o Comitê Norueguês do Nobel perceber que a indicação se refere a pessoa condenada, por má conduta na vida pública, com péssima reputação, em termos de contraposição do que realmente significa o importante ato de concessão do Nobel da Paz, que segue a liturgia rigorosamente de disseminação dos princípios, entre outros, de altruísmo, humanismo, harmonia, dignidade, com capacidade absoluta para justificar, no momento da outorga, a alma pura e sem mácula do homenageado, o que, a bem da verdade, não é exatamente o que representa, no presente momento, o brasileiro, que se encontra preso.               
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 24 de janeiro de 2019