domingo, 31 de março de 2013

Mania equivocada de grandeza

Num dos seus muitos momentos de delírio, o ex-presidente da República petista, a par de criticar a imprensa durante uma das poucas cerimônias que tem participado ultimamente, se comparou ao ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, tendo afirmado que os dois apanharam bastante da imprensa. A sua inusitada e absurda comparação deve ser fruto do pouco conhecimento da vida do presidente americano, pois, segundo ele: “Esses dias eu estava lendo o livro do Lincoln. Eu fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860. Igualzinho bate em mim. E o coitado não tinha nem computador. Ele ia para telex (para responder)”. Na ocasião, o petista disse que a mídia não lhe dar espaço, mas nem por isso ele vive reclamando aos quatro cantos, porque “Eu agora quero reclamar o que falta eu fazer para ter o espaço que eu quero independentemente deles.”. A sua insatisfação ficou patenteada quando propôs a criação da sua mídia, ao afirmar: “Por que não começamos a organizar a nossa mídia? Ao invés de cada um ficar falando o que pensa, por que não tenta organizar um pensamento mais coletivo. Nós temos condição de fazer isso e o movimento vai precisar disso”. Ele também reclamou que os meios de comunicação não acompanham nem dão destaque aos movimentos sociais, ao enfatizar que “Neste país, esses formadores de opinião pública eram contra a campanha das diretas. Só foram para rua quando foram 300 mil pessoas para a Praça da Sé. Essa gente não era contra a derrubada do Collor também. Essa gente nunca quis que eu ganhasse as eleições. Nunca quis que Dilma ganhasse as eleições. Aliás, não gostam de gente progressista". Noutra passagem, o ex-presidente atribui seu sucesso à desaprovação que recebia da mídia, nestes termos: “Eu acho que a bronca que eles tinham de mim era o meu sucesso e, agora, é o sucesso da Dilma. Eles não admitem que uma mulher que veio de onde ela veio”. Em tom de deboche, como é do seu estilo político, ele afirmou que, face ao descrédito de que o Partido dos Trabalhadores ganharia espaço em Brasília, ele disse ter se mantido persistente. “Eles (adversários) não vão deixar, mas nós vamos chegar ao andar de cima. Nós chegamos e gostamos”. Desta vez, a alucinação do ex-presidente parece ter extrapolado os limites da racionalidade e do bom senso, para não se referir a uma grosseira infâmia, por ter a petulância de se comparar a Abraham Lincoln, que é considerado um dos maiores presidentes dos EUA de todos os tempos, por ter sido verdadeiro estadista, no sentido de respeitar e cumprir fielmente as funções essenciais do Estado. Um dos seus maiores feitos foi ter posto fim à escravidão no seu país, mesmo tendo sido combatido severamente até mesmo por sua esposa, ao lembrar-lhe que ele tinha imenso poder e era amado pela população, não podendo, por isso, aprovar uma medida tão impopular como a decretação do fim da escravidão. Apesar de a admoestação sobre a impopular medida, Lincoln a efetivou e, por essa e outras importantes atitudes de grande estadista, ele entrou para a história como um homem de visão, de princípios e de imensa coragem. Ao contrário de quem tem ideias apenas megalomaníacas, que poderá entrar para a história política, por ter sido o poderoso-chefão do maior esquema de corrupção da história do Brasil, cognominado mensalão, em que a famigerada quadrilha organizada e operacionalizada dentro do Palácio do Planalto, sede presidencial, desviava dinheiros dos cofres públicos para a compra de apoio de parlamentares no Congresso Nacional. Ele também passará para a história pelo estilo indigno de fazer política, tendo como principal escopo as coalizões espúrias, envolvendo o rateio de órgãos públicos e empresas estatais entre os partidos aliados da sua base de sustentação, em mera troca de apoio político, tendo por objetivo a perpetuação no poder, que foi alcançado, como ele afirma “chegamos e gostamos”. Ele deverá ser lembrado pela incompetência, por nada ter feito para o país e por ter turbinado o programa bolsa família, como forma de consolidar o populismo capaz de ser recompensado nos pleitos eleitorais, como sistema preferencial dos socialistas que distribuem renda para a pobreza, em sacrifício dos bestas dos contribuintes. Além disso, será lembrado por ter enriquecido no poder, exatamente com a proteção daqueles que se beneficiaram igualmente da máquina do Estado. A sociedade anseia por que os homens públicos se despertem da ridícula letargia que os leva a se comparar indevida e injustamente às personalidades mundiais, na tentativa de passar para o povo uma imagem inexistente e altamente prejudicial aos interesses do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de março de 2013

sábado, 30 de março de 2013

Basta de mediocridade

Com a notória crise da economia mundial, afetando seriamente os mercados internacionais, as montadoras japonesas se interessaram pelo desenvolvimento de veículos cada vez mais eficientes, em termos de desempenho e economia de combustível, como forma de atrair a atenção dos consumidores, tendo como pressuposto o aproveitamento da evolução tecnológica. Uma marca japonesa já adiantou que desenvolve um compacto urbano que percorrerá até 40 km com apenas um litro de gasolina. Esse modelo deverá ser importado para o Brasil tão logo seja lançado e aprovado naquele país, com previsão de venda prometida para a segunda metade da década. A mesma marca esclareceu que não foi possível importar para o Brasil o híbrido ecológico, lançado e aprovado com sucesso noutros mercados mundiais, por não ter conseguido a obtenção de incentivos fiscais para carros “verdes”. A empresa informou que já começou a distribuir às concessionárias japonesas o pequeno carro “verde”, que funciona de forma híbrida, com motor elétrico auxiliar e tem autonomia de até 34,5 km com um litro de gasolina. Lá no Japão, o governo concedeu subsídios tributários, fazendo com que esse fantástico carrinho seja vendido por aproximadamente R$ 35 mil. Já há previsão de vendas desse veículo de 12 mil unidades mensais, que é pouco menor do que outro carro da mesma montadora, que também é híbrido e tem dimensões maiores. Vê-se que, nos países orientais, há verdadeira preocupação com a propalada escassez de petróleo, fazendo com que a competência dos governos abra mão de tributos, com a finalidade de incentivar a aplicação da tecnologia a serviço da humanidade e de contribuir para economizar o máximo possível o uso e a exploração dos recursos naturais, que, diante da irracionalidade econômica e mercadológica, caminham a passos céleres para a escassez, ante a maior gravidade de não se vislumbrar a imediata substituição da preciosidade mundial do petróleo. Causa espécie se verificar que a tecnologia está presente para facilitar a vida do homem e que ela é pródiga em mostrar que o seu aproveitamento só depende da capacidade racional dos mandatários do mundo. No caso da fabricação de veículos econômicos, a tecnologia já mostrou por inúmeras vezes que ela existe de forma eficiente e eficaz, mas infelizmente a insensibilidade gerencial dos homens públicos brasileiros não permite que haja pleno aproveitamento dos avanços e da modernização em benefício do povo. Nesse caso particular, há razões que envolvem investimentos nos setores empresariais das petrolíferas, inclusive nacionais, como a Petrobras, pressionando como verdadeira espécie de sabotagem nos bastidores governamentais, com o envolvimento de conflitos de interesses, no sentido de garantir que a comercialização de veículos fique restrita àqueles cujo consumo não possa ultrapassar à média de 15 km por litro.  Esse fato atende aos interesses empresariais, com o beneplácito oficial, em claro detrimento dos interesses da sociedade, por ficar impedida de usufruir dos benefícios da mais avançada tecnologia, em termos de economicidade, e de contribuir para a preservação do meio ambiente, com o uso de veículos considerados “verdes”, ou seja, ecologicamente recomendados para os novos tempos. Urge que a mentalidade estupidamente retrógrada das autoridades públicas se evolua com a devida racionalidade capaz de permitir que suas decisões possam beneficiar os brasileiros, levando-se em conta os princípios da economicidade e eficiência, em harmonia com as conquistas e o desenvolvimento da humanidade. Acorda, Brasil!
 
 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de março de 2013

sexta-feira, 29 de março de 2013

Indignidade de representação

Não tem sido nada fácil convencer o presidente da Comissão de Direito Humanos e Minorias a abdicar do cargo para o qual foi eleito recentemente, mesmo diante da cerrada pressão da sociedade, que não aceita de forma alguma a sua permanência no tão importante cargo. No meio do torvelinho dos interesses, a Executiva e a bancada do PSC na Câmara, indiferentes às movimentações contrárias, decidiram pela manutenção do pastor e deputado na presidência da aludida comissão, reafirmando que o partido não abre mão da indicação que fez e que resultou na eleição dele, ignorando solenemente os apelos de outros parlamentares, inclusive do presidente da Câmara dos Deputados, pondo por terra os insistentes protestos contra as declarações dele, que foram consideradas ofensivas ao ser humano, por terem cunho racista e homofóbico. Para defender o parlamentar e sustentar a sua defesa no cargo de presidente, seu partido assegura que "Feliciano é um deputado ficha limpa, tendo então todas as prerrogativas de estar na Comissão de Direitos Humanos e Minorias". Não há dúvida de que a situação do parlamentar é insustentável, diante de suas polêmicas afirmações de que africanos são descendentes de amaldiçoados por Noé e a Aids é o "câncer gay". Suas colocações atingiram repercussão alarmante, principalmente por parte dos homossexuais, que não as aceitaram e revidaram a atitude do parlamentar com pesadas manifestações no Congresso Nacional e em todo o país, com movimentos contra as declarações inconvenientes e desrespeitosas, contrárias aos princípios humanitários. Como já está provado que se trata de projeto pessoal, a insistência do deputado em permanecer no questionado cargo evidencia que a imagem do Parlamento, que já é desacreditada, foi severamente atingida e prejudicada, por permitir, de forma passiva, que um de seus integrantes reprovado pela sociedade insista em comandar uma comissão cuja finalidade não se coaduna com os princípios e os pensamentos antagônicos dele. A insensibilidade e petulância quanto à solução do impasse bem demonstram a sua disposição contrária ao entendimento e à pacificação do entrevero, contrariando justamente a destinação precípua do órgão que dirige, por ele ter por objetivo a construção positiva dos direitos humanos. Se a Casa Legislativa é do povo, quem deve decidir sobre o seu funcionamento é o próprio povo, que ali é representado e ainda paga as altas remunerações dos seus integrantes. Caso contrário, essa tese cai por terra quando parlamentares sem condições para preencher os salutares requisitos da ética, da moralidade, do decoro e especialmente do respeito à dignidade humana jamais poderiam, à luz do bom senso e da razoabilidade, ter o direito de sequer integrar aquela Casa, por ter decaído da ínsita pureza de dignidade atribuída aos homens públicos, quanto mais participar de votações, compor comissões e muito menos dirigi-las, porque esses procedimentos ferem os princípios do decoro parlamentar e da dignidade de representação, tendo em vista que os atos políticos devem se revestir da legitimidade e autenticidade da vontade de seus representados, como forma da realização do bem comum, em benefício da sociedade. Para tanto, a atuação parlamentar deve ser isenta de vícios e de suspeitas de máculas. A sociedade anseia por que os homens públicos sejam capazes de raciocinar sob a ótica de que a vontade política da nação pertence ao povo, uma vez que o mandato parlamentar é emanado dele, e que as atividades legislativas devem estar em sintonia com os princípios democráticos, como forma de contribuir para a construção de uma sociedade desenvolvida. Acorda, Brasil!   

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de março de 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

Burrice é eufemismo

Importante colaborador do governo, que preside, como voluntário, a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República, órgão consultivo do Palácio do Planalto, declarou, em entrevista ao UOL e à Folha, que o Brasil precisa "trabalhar com meia dúzia de ministérios ou coisa desse tipo" e não com as 39 existentes na administração pública. Ele afirmou que teria dado um "toque" na presidente sobre a necessidade de promover redução da quantidade de ministérios, mas, por questões políticas, o seu aconselhamento não foi levado em consideração, permanecendo a inadmissível estrutura na Esplanada. Na sua avaliação, "tudo tem o seu limite. Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento, está certo? Então, eu diria assim, que nós, provavelmente, estamos no limite desse período". Ele também disse que somente quatro ou cinco instituições públicas brasileiras têm "estrutura de meritocracia e profissionalismo" que funcionam, a exemplo do Banco do Brasil, Banco Central, Itamaraty, Exército e BNDES. Com base em experiência empresarial, ele declarou que "dentro da estrutura brasileira, o conceito de política atrapalha bastante a gestão" e a solução para essa grave questão deve ser procurada nas realidades existentes no país. Ele entende que a gestão pública brasileira já avançou um pouco quanto à eficiência, mas o país somente terá planejamento competitivo, de forma ampla, no prazo superior a dez anos. Embora as lições de especialistas sejam contrárias ao inchamento da máquina pública, por enxergar que o complexo ministerial induz necessariamente à ineficiência e ao descontrole das políticas públicas, resultando dispersão de comando e de objetividade do Estado, que não consegue cumprir com exatidão a sua missão constitucional, haja vista que a estrutura da Esplanada está preparada exclusivamente para o atendimento de fins políticos, oportunizando a expansão da máquina pública, com a criação de ministérios para agradar aliados e assegurar seu apoio na coalizão de governo, como instrumento claro e indecente de mecanismo de troca, em pagamento da confiança política, visando tão somente à perpetuação no poder, em detrimento da eficiência administrativa e da preservação dos princípios da ética e moralidade que são exigidos dos homens públicos, na condução dos negócios de interesse da sociedade. Até então, sempre foi normal o governo ser tachado de incompetente e de burro pela sociedade que paga os pesados tributos, ante a evidente demonstração de incapacidade para tratar os assuntos de Estado com a indispensável eficiência, mas não deixa de ser surpreendente e até auspicioso que integrante do próprio governo, de alta relevância em termos de assessoramento e de qualificação técnico-especializada, venha considerar burrice a criação de ministério, por vislumbrar a falta de preocupação com a objetividade e economicidade das ações do Estado. Na realidade, nos últimos tempos, o uso da máquina pública tem servido para assegurar a consolidação de alianças espúrias do governo com os partidos de sustentação da sua base política, sem o mínimo de pudor quanto à eficiência, aos fins do Estado e à decência que tem que ser demonstrada na gestão dos recursos públicos, ficando patenteada a mera vocação de negociata, visando à satisfação de interesses pessoas e partidários, em flagrante prejuízo ideológico político de ser conduzida a coisa pública em estrita observância aos princípios da ética, probidade, legalidade, economicidade, eficiência, eficácia, transparência etc. A sociedade tem o dever cívico de repudiar, de forma enérgica, as burrices dos governantes, sob pena de contribuir positivamente, ante a sua leniência, com os abusos e as infringências aos princípios essenciais da administração pública, para o crescente subdesenvolvimento da nação. Acorda, Brasil! 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de março de 2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

Mais avaliação, menos abusos

Como não poderia fazer vistas grossas, diante de tamanha polêmica surgida com os gastos absurdos e injustificáveis da recente viagem da comitiva presidencial a Roma, o Ministério Público Federal, em bom momento, resolveu instaurar inquérito civil para investigar o custo da viagem turística e o tamanho da comitiva presidencial, com vistas a apurar "eventuais irregularidades, em especial aos gastos e ao número de integrantes da comitiva". Consoante reportagem publicada no site do jornal Folha de S. Paulo, a pomposa comitiva ocupou 52 quartos de hotel, sendo 30 no hotel Westin Excelsior, na Via Veneto, um dos endereços mais sofisticados da capital italiana, e locou 17 veículos. O Ministério Público, ao afirmar que o aluguel de 52 quartos "ainda que por comitiva presidencial configura, ao menos em tese, extravagância e constitui indícios de irregularidades envolvendo gastos desmedidos", solicita à Secretaria Geral da Presidência da República que esclareça a presença de cada integrante e a função desempenhada individualmente na comitiva, "para apurar se não viajaram por mero deleite e turismo", bem assim o custo final da viagem, especificando as despesas com hotel, alimentação e transporte, o número de quartos de hotel, a quantidade de veículos locados e os critérios para a escolha das locações. Em data antecipada às indagações em tela, a Presidência da República teria dito àquele jornal que a questionada viagem envolveu o aluguel de 51 quartos de hotel, com o custo de hospedagem, para o governo federal, do montante de 125,99 mil euros, o equivalente à R$ 324 mil, cuja despesa mereceu a justificativa de que "As questões logísticas da visita presidencial a Roma realizada entre 16 e 20 de março corrente não representam qualquer inovação em relação às visitas internacionais anteriores dos presidentes da República Federativa do Brasil". A Presidência não justificou os gastos com transporte, inclusive do “Aerodilma”, da tripulação, das diárias e dos prejuízos para a nação decorrentes da ausência dos servidores dos seus serviços normais no país, mas fez questão de afirmar que os gastos nem a estrutura mobilizada fogem da rotina de viagens internacionais de presidente, tendo esclarecido que a composição da comitiva foi "padrão", constituída de profissionais de segurança, comunicação, cerimonial, apoio à imprensa, saúde, interpretação e tripulação. Felizmente, um órgão de fiscalização toma a iniciativa, por força da sua alçada constitucional e legal, para apurar esse escândalo governamental, que é considerado apenas como corriqueiro, ao enquadrá-lo, sem o menor pudor nem escrúpulo de padrão pela Presidência, quando, ao contrário, deveria ter os devidos respeito e parcimônia em se tratando de gastos com recursos públicos, que teriam verdadeiro aproveitamento se fossem destinados a programas prioritários e essenciais ao interesse público, ao invés das despreocupadas gastanças em viagem turística à Itália, totalmente dispensável, por não resultar qualquer benefício à sociedade, que ainda tem a obrigação de custear os caprichos palacianos. Na verdade, o padrão das viagens presidenciais deveria se enquadrar na realidade nacional, permitindo que a comitiva fosse a menos enxuta possível, constituída de pessoas indispensáveis, à exceção do ministro da Educação, que sempre viaja, tão somente para ficar sorrindo atrás ou lado da presidente, nas entrevistas dela, quando se sabe que ele não tem competência nem para comandar o programa do Enem. A sociedade anseia por que o Ministério Público avalie com bastante critério os gastos questionados, inclusive comparando a comitiva brasileira com outras de países semelhantes, como forma de serem aquilatados o exagero e o desperdício de recursos públicos em mera viagem de turismo, pela mandatária da nação, que tem a primacial obrigação de dar o exemplo na aplicação do dinheiro dos brasileiros. Acorda, Brasil!
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de março de 2013

terça-feira, 26 de março de 2013

O caos nos portos

Conforme dados revelados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2012, navios foram obrigados a esperar até 16 dias para atracar nos portos do país e passar quase 90% do tempo da estadia inoperantes, aguardando para atracar e descarregar ou receber carga. Essa catastrófica situação de evidente descompasso com a evolução que se espera de um país que representa a sexta economia mundial causa consequências altamente prejudicais aos interesses do país. Os reflexos desse absurdo atraso vêm contribuindo para a elevação dos custos dos produtos brasileiros, a diminuição da competitividade dos produtos exportados e o encarecimento dos preços dos fretes marítimos, cujo fato pode resultar em onerosas multas de sobrestadia, que são imputadas, por força de contrato, ao exportador ou importador brasileiro, causando redução das margens de lucro, inevitáveis prejuízos e inviabilização de negócios dos produtos brasileiros. O caso mais evidente, que vem causando perplexidade no mundo exportador, foi a desistência da importação de soja pela segunda potência econômica mundial, devido à falta da tempestiva entrega do produto. Não deixa de ser inaceitável que caminhões permaneçam parados na estrada, formando fila por até 30 quilômetros, na proximidade do porto de Santos, aguardando descarregamento. Essa absurda situação evidencia absoluta falta de infraestrutura para o escoamento da produção do país, demonstrando também séria crise sem precedente na história econômica brasileira, com a inviabilidade de exportação da safra de soja, que este ano registra recorde de 83 milhões de toneladas. A notória precariedade dos portos brasileiros, com a indicação de baixa capacidade operacional e produtividade, exige urgente reestruturação do seu funcionamento e maciços investimentos, como forma de modernização, ampliação da capacidade dos terminais e operacionalização com eficiência e eficácia, a exemplo do que fazem os países desenvolvidos, que tiveram a capacidade de investir pesado num segmento estratégico da economia, por onde os produtos devem entrar e sair sem entraves ou obstáculos prejudiciais à comercialização dos produtos nacionais. A falta de planejamento estratégico não atinge somente os portos brasileiros, igual carência abrange importantes segmentos da incumbência da gestão pública, conforme evidenciam as deficiências no atendimento dos programas oficiais, que são executados por ministérios entregues a pessoas descompromissadas com as causas nacionais. Enquanto o Planalto estiver privilegiando, com as benesses de cargos públicos, seus aliados da coalizão de governo, em troca de apoio político, visando à reeleição da presidente, o país permanecerá na liderança da vergonha mundial da incompetência também nos setores estratégicos da economia. O governo se preocupa tanto com os portos brasileiros que concedeu, a fundo perdido, financiamento de US$ 433 milhões, com dinheiro dos bestas dos contribuintes tupiniquins, para a "modernização" do porto Mariel, situado em Cuba. Aliado a isso, ressalte-se o extremo empenho do governo, com dispêndios bilionários, na construção de estádios de futebol, ficando explícito que as questões prioritárias do país são relevadas a planos secundários, prejudicando o seu desenvolvimento. A culpa por mais esse mico é do próprio povo, que, não só elege pessoa incapacitada para dirigir o país, como aprova com louvor e com altíssimo índice de quase 80%, governo ocioso, limitado e descompromissado com o interesse público. A presidente da República, a par da sua alta avaliação por quem não tem preocupação com as mazelas do país, deve está convencida de que o país vem sendo administrado, quando, na verdade, a nação encontra-se submetida à marca da incompetência gerencial, ao desgaste e ao sucateamento inerentes ao subdesenvolvimento, não permitindo que o processo produtivo se renove com eficiência, exatamente em face da falta de investimentos públicos e privados, levando o caos à economia, como se verifica no sistema portuário. A sociedade tem que se conscientizar com urgência sobre a necessidade de o país ser dirigido por quem tenha capacidade e competência para reformular as estruturas arcaicas, obsoletas e populistas, que têm contribuído apenas para a estagnação do desenvolvimento e do progresso. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

Lamentável insensibilidade

Na contramão dos lastimáveis acontecimentos, em que o Estado mostra, mais uma vez, verdadeira negligência, ao permitir que acidentes da natureza se transformem em tragédia, a presidente da República vai participar hoje à tarde, juntamente com o governador do Rio de Janeiro, de missa em Petrópolis (RJ), em memória das vítimas das chuvas na região serrana daquele estado. Há muito a ser lamentada, em razão das mortes absurdas e irreparáveis de 33 pessoas, que foram incapazes de resistir à tragédia causada pelo temporal que arrasou a cidade de Petrópolis, deixando rastro marcante de destruição de vidas, bens materiais, desabrigados e insegurança quanto ao futuro das pessoas afetadas pelo desastre da natureza, agravada pela incompetência e falta de sensibilidade das autoridades públicas, que nada fizeram para evitar mais esse trágico acontecimento, embora elas fossem alertadas e eram sabedoras sobre os riscos de deslizamentos de encostas, conforme estudo específico, elaborado com a finalidade de serem evitadas novas perdas de vidas e de prejuízos à população, tendo em vista os fatos terríveis ocorridos em 2011, quando foram contabilizadas mais de 900 mortes na região. O estudo foi levantado durante quatro anos, de 2007 a 2010, ocasião em que geólogos e engenheiros percorreram a região e analisaram o terreno, sob os aspectos de inclinação, altitude e áreas por onde a água da chuva escoa, tendo concluído pela elaboração de mapas dos riscos, mostrando as áreas de muito alto risco e a urgente necessidade da remoção das pessoas do local, dando a entender que, a qualquer momento, nova tragédia poderia acontecer. Não obstante, como nada foi providenciado, a não ser a perda de quatro anos de trabalho e do dinheiro dos bestas dos contribuintes, que foi jogado pelas enxurradas das chuvas, a anunciada tragédia aconteceu, evidentemente por falta de seriedade e de responsabilidade das autoridades, que ainda têm a cara-de-pau de comparecer à cerimônia de missa em memória das vítimas, quando deveriam estar nos seus palácios, trabalhando e lamentando a sua culpa pela inépcia, omissão e leniência com as perdas de preciosas vidas, que poderiam ter sido evitadas se fossem levadas a sério as medidas preconizadas para as áreas de risco. O mais grave é que a presidente e demais autoridades irresponsáveis ainda têm a indecência de, após a missa, participar de uma reunião na Prefeitura de Petrópolis, certamente para chorar o leite derramado, porque a tragédia é irreparável. Diante da gravidade dos fatos, são risíveis as medidas efetivamente implantadas nas áreas de risco, consistentes na instalação de alarmes sonoros, as chamadas sirenes, que têm por finalidade alertar a população sobre iminente risco de desabamentos, que, às vezes, chegam antes que as pessoas saiam às ruas. Parece até piada, em se tratando da preservação de vidas humanas, quando, no caso, se exige que as pessoas sejam retiradas impiedosamente das áreas de risco, mediante o poder de polícia de competência do Estado, para aqueles que se mostrarem resistentes às medidas drásticas de evacuação da área. A sociedade anseia por que seja aprovada legislação realista e eficiente, capaz de enquadra no crime de responsabilidade os governantes e as autoridades públicas incompetentes, hipócritas e insensíveis às tragédias nacionais, de modo que eles possam perder seus cargos imediatamente e ficar inelegíveis para cargos públicos em definitivo, como forma de alertar os homens públicos para a necessidade de cumprir as funções públicas com dignidade e respeito às vidas humanas e ao patrimônio da nacionalidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de março de 2013

domingo, 24 de março de 2013

O DNA da maldade

O ex-primeiro-ministro italiano, que acaba de obter expressiva votação no último pleito eleitoral, foi alvo de calorosa manifestação de desaprovação da sua pessoa na política, tendo sido apupado com vaias e assobios, quando entrava no Senado italiano, onde estava indo para participar da eleição do presidente daquela Casa Legislativa. Ele, que está para ser julgado por fraude fiscal e escândalo sexual, revidou o grupo de populares com xingamento em voz alta, enquanto se dirigia ao Parlamento, dizendo que "Vocês deveriam ter vergonha. Vocês são pobres, tolos e estúpidos". Na realidade, os manifestantes apenas e tão somente gritaram "Buffone! Buffone!", significando palhaço, em italiano. Em bom português, esse termo significa literal e exatamente o que expressiva composição dos homens públicos é capaz de representar quando eles estão no exercício de cargos públicos eleitorais, pelo menos é que se verifica na Itália e em especial no Brasil. No caso do país tupiniquim, o clássico exemplo foi evidenciado recentemente na eleição dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, quando os dois congressistas não tiveram a dignidade de abdicar de suas candidaturas, mesmo diante da pressão popular, inconformada em razão das graves denúncias de irregularidades cometidas nos cargos de congressistas, consistindo em desvios de recursos públicos, falsidade ideológica, enriquecimento ilícito e outros crimes que, num país com o mínimo de dignidade política, impediriam in limine as candidaturas de pessoas consideradas desqualificadas, com base nos seus passados de improbidade e de desonestidade, em flagrante ferimento aos princípios da administração pública, com destaque para o requisito da honestidade e da moralidade, que são indispensáveis quando se trata da ocupação de cargos públicos. A rigor, os políticos enquadrados como palhaços, por terem se envolvido em corrupção, como são os casos dos atuais presidentes das Casas do Parlamento brasileiro, por estarem com denúncias em tramitação no Poder Judiciário, não têm o direito de representar nem mesmo eles próprios, porque decaíram dos patamares da decência e do decoro, que seriam o mínimo de sustentação, em termos éticos, para mantê-los na vida pública, com a credibilidade que se espera dos representantes do povo. Contrariando os preceitos ínsitos inspiradores de verdadeiros homens públicos, os eleitores italianos e brasileiros são iguais em pensamento e atitude, no plano político, por evidenciarem que eles têm o mesmo DNA, quanto à forma inescrupulosa de escolher seus representantes, que normalmente não são levados em conta os instintos de responsabilidade e de caráter, a exemplo de muitos políticos desses países, que, apesar de se envolverem em casos de corrupção, conseguem se eleger e continuar na vida pública, como se o normal fosse ser desonesto. Os eleitores brasileiros já demonstraram preferência por eleger homens públicos comprometidos com algo estranho à honestidade, à moralidade e ao decoro, que são atributos maléficos capazes de comprometer a seriedade do sistema político e a credibilidade de toda classe política. Infelizmente, os reiterados escândalos protagonizados pelos homens públicos italianos e brasileiros são ineficazes para evidenciar que, na política, ser digno moralmente é proceder com retidão nos seus atos como cidadão e observar fielmente os princípios éticos. A sociedade tem o dever cívico e patriótico de repudiar os homens públicos que ignoram os preceitos da ética e da moralidade na política. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de março de 2013

sábado, 23 de março de 2013

Competência sob suspeita

Consoante pesquisa Datafolha divulgada pelo site do jornal Folha de S. Paulo, a mandatária do país teria 58% das intenções de voto de 2.653 pessoas ouvidas, caso a eleição para presidente da República se realizasse agora. A pesquisa aponta que outros possíveis candidatos teriam modestas intenções de voto, como a ex-senadora do partido da Rede, com 16% das preferências, que foi seguida pelo senador tucano, com 10%, e governador de Pernambuco, com 6%. Causa estranheza que a eleição somente acontecerá em outubro de 2014 e a escolha dos candidatos será feita, na forma da legislação eleitoral, em convenções partidárias, entre os dias 10 e 30 de junho do próximo ano. Não se sabem também a razão e os motivos ensejadores de pesquisa extemporânea, tão distanciada da data prevista para a realização da eleição. Inobstante, caso não tivesse interesse em jogo, jamais a pesquisa seria realizada agora. Ainda bem que se trata de pesquisa com viés absolutamente enganoso, por representar o resultado de consulta realizada junto a tão somente 2.653 pessoas, de um universo de cerca de 130 milhões de eleitores, o que se pode inferir que elas estão plenamente alheias à realidade brasileira, demonstrando desconhecer a forma promíscua e ridícula como o país vem sendo administrado, quando a presidente da República, obcecada loucamente por perpetuar-se no poder, abdicou dos salutares princípios da ética e moralidade, ao promover a mais indecente e indigna distribuição dos ministérios e órgãos públicos aos partidos da coalizão espúria de governo, em troca de apoio político no Congresso Nacional, além da sua leniência com a disseminação da corrupção, a exemplo do seu recente apoio aos condenados quadrilheiros do mensalão e da sua convicta hipoteca às candidaturas dos presidentes do Senado Federal e Câmara dos Deputados, por eles estarem envolvidos em casos de corrupção com recursos públicos, que estão sendo apreciados na Justiça, não recomendando suas conduções aos aludidos cargos, por ferimento ao decoro e à dignidade públicos. Em termos gerenciais, o país vem sendo seriamente castigado pelo governo sem criatividade, que não apresentou qualquer programa capaz de incrementar e fomentar o desenvolvimento da nação. A visível demonstração de incompetência do governo desponta com a falta de reformas estruturais dos sistemas que obstaculizam o progresso do país, conjuntada com a incapacidade de investimentos em saneamento básico, saúde, educação, segurança pública, transportes e demais políticas públicas, com reflexos diretos no progressivo aumento da violência, criminalidade, da falta de atendimento médico-hospitalar, da má qualidade do ensino público, da precariedade dos portos, aeroportos e estradas, impedindo o escoamento da produção, principalmente agrícola, ou seja, o país, que ostenta a sexta economia mundial, submete seu povo às condições de qualidade de vida comparável às nações de décima categoria Caso o titular do principal cargo da nação capacidade gerencial, poderia perfeitamente reverter esse quadro de debilidade da gestão do patrimônio público, ao impulsionar a máquina pública em mutirão, visando ao imediato saneamento dos gigantescos problemas brasileiros e à implantação de medidas gerenciais apropriadas ao desenvolvimento do país. Certamente que ninguém consegue enganar a todos por todo tempo, porque há de surgir alguém que tenha condições de mostrar ao povo a realidade da mesquinhez desse governo, que contribui de forma decisiva para o subdesenvolvimento da nação, sustentado apenas pelos programas assistencialistas, meramente populistas. Diante de um governo apenas alienado pelo poder, a sociedade anseia por que o próximo presidente da República seja capaz de dirigir o país com a visão de verdadeiro estadista, que tenha a perspicácia e a iniciativa de gerenciá-lo com competência e vanguardismo, sob o primado da observância aos princípios da administração pública e do zelo pelo estrito interesse da nacionalidade. Acorda, Brasil! 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de março de 2013

sexta-feira, 22 de março de 2013

Custo alto da insensibilidade

Em consequência de tragédias naturais, com a corroboração das notórias insensibilidades e irresponsabilidades dos homens públicos, o Brasil assiste desesperado e desolado o anúncio das lamentáveis perdas de vidas humanas, que já ultrapassam de trinta brasileiros atingidos pelos estragos das chuvas em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e sucumbidos pela fúria do imponderável. O desastre que assola essa região também conseguiu desalojar e desabrigar de suas residências centenas de famílias, que são acomodadas emergencialmente em condições precárias; ferir gravemente várias pessoas de todas as idades; e causar enormes prejuízos aos patrimônios das pessoas e do Estado. O quadro é preocupante, pelo transtorno e pela desorganização causados às pessoas, que são impotentes para solucionar problema de extrema complexidade, decorrente de causas advindas da mãe natureza, tão castigada pelo homem e pelo descaso das autoridades públicas. Não é novidade para ninguém que a região afetada apresenta riscos de desastres, com dimensões catastróficas, mas as medidas preventivas, principalmente com a retirada compulsória ou não das pessoas das localidades perigosas não foram adotadas, deixando que a vulnerabilidade decidisse pela vida de pessoas indefesas, sem que ninguém tivesse a iniciativa de evitar mais essa tragédia. As autoridades se apressaram em se eximir de culpa, preferindo adotar a simplista prática de imputá-la às pessoas, como se estas tivessem poder sobre a incompetência daquelas, que são cômodas em tachar a teimosia das pessoas como fator impeditivo das medidas saneadoras da sua alçada. O governo federal saiu em sua defesa, ao alegar que a sua parte foi cumprida integralmente, com a liberação dos recursos destinados à execução de obras preventivas. Nesse caso, se a verba foi realmente repassada e não aplicada, compete, por via de consequência, a apuração de responsabilidades, com vistas à identificação das pessoas envolvidas, ao ressarcimento dos valores embolsados e não aplicados ao erário e principalmente à criminalização sobre as perdas das preciosíssimas vidas de pessoas. Entretanto, mais uma vez, houve-se das autoridades apenas lamentos vazios e sem manifestação sobre as medidas duras e efetivas que a tragédia exige. Compete ao Ministério Público Federal adotar as medidas da sua alçada, no sentido de apurar os fatos e apontar responsabilidades, objetivando a punição dos culpados, como forma pedagógica e preventiva para se evitar casos futuros semelhantes. Até quando vai perdurar essa patente falta de autoridade e de competência dos governantes, que não conseguem justificar a sua culpa pelas lamentáveis e irreparáveis perdas de preciosas vidas, quando a prevenção teria evitado enorme sofrimento, com menor custo? O mais grave dessa evidente falta de capacidade preventiva é que, como as tragédias ocorrem há bastante tempo, de forma recorrente, com o mesmo resultado de martírio para pessoas e impunidade para os culpados, desta vez, por certo, nada diferente acontecerá, porque ninguém será punido e os desastres vão continuar normalmente. Num país com o mínimo de seriedade, descaso com a população castigada implica a responsabilização dos envolvidos, desde as autoridades da Presidência da República até as das prefeituras, inclusive com a decretação da perda de seus cargos. À toda evidência, as tragédias naturais são inevitáveis, mas é imperdoável a tolerância com o descaso, a incompetência e a omissão, porquanto a retirada das pessoas das áreas de risco é absolutamente possível, desde que haja vontade política para fazê-la. A sociedade tem que se conscientizar com urgência de que a incompetência dos governantes tem limite e a preservação das vidas das pessoas exige investimentos e cuidados especiais sobre quaisquer projetos políticos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de março de 2013

quinta-feira, 21 de março de 2013

Por que não a transparência?

Segundo reportagem divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo, o Tribunal de Contas da União – TCU concede aos seus ministros, pasmem, como forma de brinde, viagens custeadas com dinheiro dos otários dos contribuintes, mas, por força de decisão plenária, o órgão tem evitado fornecer, sob o argumento de “risco à segurança” dos integrantes da corte, detalhadas e maiores informações sobre a destinação e principalmente o fundamento legal para tal regalia, que teria o condão de justificar o bom e regular emprego dos recursos públicos, fato, que contraria o princípio segundo o qual o homem público tem o dever constitucional de prestar contas à sociedade sobre seus atos. Ao referido jornal foi informado que, por meio de resolução, de 2009, foi assegurado aos ministros e auditores, bem assim aos procuradores e subprocuradores do Ministério Público que atua junto à corte o direito aos bilhetes de viagens semelhantes aos concedidos pelo Superior Tribunal de Justiça aos magistrados. Essa norma garantia, em 2009, aos integrantes do plenário o direito a gastar R$ 43,2 mil em voos com essa finalidade. No momento, o valor atualizado pelo IPCA, chega a R$ 53 mil. No caso das demais autoridades, o valor pode variar entre R$ 26,9 mil ou R$ 17,9 mil. O TCU, ao negar informação sobre a concessão de privilégio indevido a seus membros nega os termos da Lei de Acesso à Informação, que obriga a administração pública a divulgar informações aos interessados sobre dados oficiais, inclusive a execução de suas despesas. Vê-se que a justificativa alegada de risco à segurança dos ministros é exageradamente constrangedora e acintosa ao contribuinte, que é obrigado a pagar por mais esse descabido e indecente privilégio, tendo em conta que não há a mais remota possiblidade de a integridade física de Suas Excelências sequer ser ameaçada com divulgação de informações sobre viagens realizadas no passado distante. Essa justificativa, por si só, evidencia o tamanho da transgressão legal e moral de quem tem a sublime obrigação de zelar pela regular aplicação dos recursos públicos. O TCU não somente agride a sociedade com seu ato indigno e desrespeitoso à moral, como evidencia a fragilidade quanto ao efetivo poder para fiscalizar os recursos públicos, à vista de ser o órgão por excelência responsável pela chancela dos gastos governamentais, que tem a competência, na última instância, de fiscalizar e se manifestar sobre a regularidade das despesas públicas. Diante disso, a concessão da indevida benesse compromete a atuação do TCU e põe sobre suspeita a regularidade dos seus dispêndios. Ao deixar de prestar as informações sobre a questionada despesa, o TCU admite a sua ilegalidade e imoralidade, porquanto, por força da Lei de Acesso à Informação, os órgãos por ele fiscalizados disponibilizam, espontaneamente, na internet informações semelhantes, em se tratando de despesas referentes a viagens de servidores. A propósito, na administração pública, a lei ampara o sigilo das despesas somente nos casos que envolvam a segurança do Estado, não sendo admissível que despesas comuns sejam revestidas de sigilo, salvo se elas não estejam amparadas legalmente, a exemplo desse vergonhoso brinde viagem, que foi concedido de forma absurda e espúria. A sociedade tem obrigação de exigir que esse indecente benefício seja imediatamente extinto e os servidores contemplados sejam compelidos a ressarcir aos cofres públicos os valores pertinentes, como forma de demonstrar respeito aos princípios constitucionais da legalidade e da moralidade na aplicação dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de março de 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013

Farra na terra dos Césares

Menosprezando qualquer critério de rigor quanto à parcimônia com a aplicação de recursos públicos e muito menos levando em conta a realidade de carência do povo brasileiro, a presidente da República, na sua viagem de três dias a Roma, para a missa inaugural do novo papa, não se fez de rogada e resolveu alugar, para a hospedagem sua e da sua descomunal e injustificável comitiva, pelo seu exagerado tamanho, nada mais nada menos do que 52 quartos de hotel e 17 veículos, conforme reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo. As pessoas mais importantes da comitiva, como a presidente, quatro ministros, diversos assessores mais próximos e seguranças se hospedaram em aproximadamente 30 quartos do hotel Westin Excelsior, na Via Veneto, que se localiza em endereço mais sofisticado da capital italiana. A suíte presidencial, que foi transformada em escritório para a Presidência da República, teve a diária de cerca de R$ 7.700,00, sendo que os quartos mais baratos ficaram pela quantia de R$ 910,00. Os demais quartos, em número de 22, para pessoal de apoio, ficaram na proximidade do citado hotel. O que causa enorme estranheza é o fato de a presidente da República ter descartado se instalar por três na residência oficial da Embaixada do Brasil, instalada num amplo palacete no centro histórico de Roma, que normalmente acomoda mandatários brasileiros, preferindo se hospedar em hotéis de alto luxo, sob o argumento, segundo a sua assessoria, de facilitar a rotina de trabalho. No caso da frota de veículos, foram alugados, pasmem, sete veículos sedan com motorista, um carro blindado de luxo, quatro vans executivas com capacidade para 15 pessoas cada, um micro-ônibus e um veículo destinado aos seguranças. Sem incluir nessa frota um caminhão-baú e dois furgões, exclusivamente para o transporte de bagagens e equipamentos. O total dos recursos públicos para custear a farra dessa viagem turística a Roma não foi divulgado, mas os elementos acima evidenciam o tamanho da insensibilidade, do absurdo e do esbanjamento totalmente dispensável, em termos de benefício ou necessidade para o país, tendo em vista que essa viagem serviu para a presidente e sua enorme comitiva fazerem visita a museus e igrejas históricas, enquanto aguardavam a missa inaugural do papa. Essa vergonhosa viagem, representada por uma das maiores comitivas dos países visitantes e custeada com recursos dos bestas dos contribuintes, naturalmente porque o afastamento deve ter sido enquadrado indevidamente como em objeto de serviço, contradiz visceralmente o que defende o governo, inclusive em Roma, quando invocou a necessidade de o papa se preocupar com a pobreza. A injustificável participação de tantos servidores públicos para se afastarem do país sem qualquer finalidade, porque nenhuma atividade foi desempenhada por eles, constitui ato irregular, cabendo aos órgãos de controle e fiscalização impugnar as despesas pertinentes, exatamente porque elas não têm amparo legal, e responsabilizar, como medida pedagógica e preventiva de outros absurdos e abusos semelhantes, a presidente da República, por ter autorizado o afastamento de servidores do país, para fazer turismo em Roma à custa do erário, ou seja, sem objeto de serviço público. Essa indecente e dispensável viagem demonstra a forma da esculhambação como o socialismo gasta, sem pudor nem critério algum, os recursos públicos, ficando evidenciado que parcimônia e economicidade não prevalecem para a nata do poder, que tem autonomia para encher avião presidencial e esnobar nas acomodações e nos transportes nas terras dos Césares, sem qualquer benefício para o Estado. Certamente que os recursos despendidos - que poderiam ter sido evitados, caso houvesse sensibilidade gerencial - com o deslocamento do avião presidencial, sua tripulação e as diárias e demais despesas estapafúrdias teriam aproveitamento adequado caso fossem destinados às regiões da seca do Nordeste ou das enchentes do Sudeste do país, tão carentes de políticas públicas que não são executadas por falta de recursos. A sociedade repudia com veemência as mordomias governamentais, os abusos e as farras com recursos públicos, a falta de sensibilidade sobre as prioridades públicas, a indolência da oposição, por não exigir a devolução aos cofres públicos de recursos com gastos irregulares, e o menosprezo à dignidade da população brasileira, pela indiferença à sua vontade de que os recursos públicos sejam aplicados estritamente em atendimento às causas do povo brasileiro e do interesse público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de março de 2013

Popularidade irreal?

Com base em pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria/Ibope, que acaba de ser divulgada, a popularidade da presidente da República alcançou novo recorde, tendo subido de 78% para 79% neste mês, em relação à última pesquisa, avaliada em dezembro de 2012. Custa acreditar que um governo incompetente, ineficiente e apenas com viés populista, conforme releva a avaliação, consegue aprovação tão absurdamente incongruente com a realidade gerencial do país, porquanto os aspectos principais da sua gestão, que têm peso e podem efetivamente influenciar o gerenciamento da nação não foram, mais uma vez, levados em consideração nem sequer tangenciados nessa suspeita e, por que não dizer, irrealista pesquisa, que foi levantada, pasmem, em 144 municípios, com somente 2.002 pessoas, entre quase duzentos milhões de brasileiros. As principais e momentosas questões que afetam a administração das políticas públicas, que interessam diretamente ao desempenho da presidente, certamente poderiam ajudar na avaliação por parte dos pesquisados, a exemplo da leniência dela com a pouca-vergonha da corrupção, recentemente evidenciada com o indigno apoio palaciano às candidaturas dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, em que os respectivos parlamentares estão envolvidos em denúncias de atos irregulares com recursos públicos, inclusive com processos tramitando na Justiça; do seboso loteamento dos ministérios e órgãos públicos, como se fossem capitanias hereditárias, entre os partidos políticos que dão sustentação ao governo no Congresso Nacional; da falta de investimentos na saúde pública, educação, segurança pública, infraestrutura, no saneamento básico, nas grandes obras etc., deixando o país mergulhar no subdesenvolvimento social e econômico; da falta de reformas estruturais, amplas e significativas, em especial com vistas a passar a limpo os gargalos do gigantismo do custo Brasil, de modo a promover corajosa lipoaspiração nos insuportáveis e massacrantes tributos, encargos previdenciários e noutros obstáculos causadores também da falta de investimentos privados, que estão travados diante da visível impossibilidade de competitividade da produção nacional com o mercado internacional; do inchamento da máquina pública, para acomodar as indecentes coalizões políticas; entre outras deficiências do governo que não são, por motivos óbvios, levantadas na avaliação de uma presidente que vive ao sabor de pesquisa de pouca abrangência e eivada de suspeição, possivelmente com a participação de pessoas sem nenhuma experiência da realidade brasileira e que, enfim, prestam péssima contribuição ao país, com suas avaliações desqualificadas, apesar de terem o condão de fazê-la a acreditar, à luz de pesquisa que se diz dos “brasileiros”, que vem governando a nação com eficiência, quando a realidade dos fatos mostra, de forma cristalina, que a mandatária do país ficaria reprovada ou, no mínimo, em segunda época nas matérias da sua gestão, ao contrário do resultado anunciado. Causa espécie perceber a indolência da oposição, que silencia diante do irrealismo e da inconsistência da pesquisa, ao invés de aproveitar o seu resultado para detonar o pseudoapogeu petista, com a apresentação das fraquezas, deficiências e negociatas interesseiras do governo, para que o seu castelo de areia se desmorone de vez. A sociedade tem o dever cívico de exigir, em atenção à verdade e transparência, que as pesquisas sobre o desempenho do governo sejam levadas em consideração também suas deficiências gerenciais, de modo que elas possam merecer credibilidade e refletir a realidade dos fatos, sem a indecente e indevida maquiagem do marketing publicitário. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de março de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Inaceitável viagem turística

Ignorando as crises que assolam o país, como a seca do Nordeste e as incertezas na economia, a presidente da República levantou voo com destino ao velho mundo, tendo desembarcado em Roma, para assistir a missa de entronização do papa. Como não poderia ser diferente, ela e sua ilustre comitiva, todos muito bem transportados, hospedados e alimentados à custa dos idiotas dos contribuintes, aproveitaram o interstício até a solenidade papal para visitarem museus, como forma de preencher a folga turística. Em entrevista concedida aos jornalistas, ela disse, se referindo ao papa, que "Eu acho que ele tem um papel a cumprir”. Quanto à aproximação da Igreja aos pobres, a presidente afirmou que “É uma postura importante. É claro que o mundo pede, hoje, além disso, que as pessoas sejam compreendidas e que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas", não tendo deixado claro a que "opções diferenciadas" ela estava se referindo. Questionada se a eleição do papa latino-americano poderá influenciar no debate brasileiro sobre questões pertinentes à Lei do Aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ela teria respondido que "não parece que seja um tipo de papa que vá defender esta posição". É lamentável que a presidente e outros altos servidores públicos, sem um pingo de pudor ético, decidam fazer viagem turística com recursos públicos, não levando em conta o custo-benefício dessa desastrada saída do país, que, na verdade, não se justifica quanto à sua necessidade para o interesse da nação, porque não acrescenta coisa alguma a absolutamente nada, senão ao atendimento do ego de quem não tem objetividade para os destinos do país. É bem provável que o resultado desse indecente passeio sob os auspícios do dinheiro público, que poderia ser muito mais aproveitado se fosse destinado ao flagelo da seca do Nordeste, tenha como direcionamento argumentações no calor da campanha eleitoral da reeleição, quando as questões religiosas serão objeto de questionamento, em defesa de quem é mais chegado à Igreja Católica. Logo ela, convicta comunista, deve dizer que confessa alguma religião somente com fins eleitoreiros. Ainda que a visita à Roma dos Césares tenha sido realizada mediante o grave pecado de ter sido custeada com recursos dos bobos dos eleitores, que, mesmo penalizados com o desvio de verba para futilidade, quando deveria ter sua destinação para finalidade verdadeiramente pública, ainda votam em quem não tem compromisso com o primacial atendimento das necessidade do povo brasileiro. Ao invés de pretender ensinar Pai-Nosso ao papa ou dar-lhe lição acerca do respeito às opções diferenciadas das pessoas - que nem ela sabe do que se trata -, a presidente poderia se preocupar em administrar o país com competência, acabando com a corrupção; enxugando a máquina pública; abominando o escrachado fisiologismo político; viajando somente quando realmente necessário; promovendo as reformas estruturais; priorizando e investindo em políticas públicas de saúde, educação, segurança pública etc. Infelizmente, a presidente não tem o mínimo de culpa pela incompetência do seu assessoramento e do seu governo. A culpa, na realidade, é do povo que ainda vota, na sua expressiva maioria, com o cartão do bolsa família numa mão e a cédula eleitoral na outra. O povo brasileiro precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de eleger pessoas sensatas e competentes para representá-lo, que pensem brasilidade e entendam sobre metas prioritárias para o país, sob pena de continuar chancelando, com pesados tributos viagens de turismo de seus representantes políticos e enorme legado de incapacidade gerencial do país, sem retorno para a sociedade tupiniquim. Acorda, Brasil!    
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de março de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Governabilidade da incompetência e do atraso

A presidente da República afirmou, por ocasião da cerimônia de posse de três ministros, que as mudanças se tornaram necessárias, pasmem, para garantir a governabilidade. Ela disse que "Não acredito que seja possível esse país ser dirigido sem essa visão de compartilhamento e de coalizão. Eu aprendi que numa coalizão você tem que valorizar as pessoas que contigo estão. Parceiros da luta", "a capacidade de formar coalizões é crucial para o país" e "Muitas vezes as pessoas acreditam que a coalizão do ponto de vista da política é algo incorreto. Estamos assistindo em alguns lugares do mundo processos de deteriorização da governabilidade justamente pela incapacidade de se fazer coalizão". A presidente concluiu, dizendo: “No comando do país, é preciso fazer opções. Governar é necessariamente escolher entre várias alternativas e por isso eu aprendi muito sobre o valor da lealdade entre aqueles que desenvolvem com a gente a tarefa de governar, o valor simultâneo da paciência e da urgência para cumprir prazos e metas e da sensatez nas escolhas dos caminhos.". É pena que o articulado discurso da presidente não faça nexo com a indecorosa realidade do loteamento de ministérios, órgãos públicos e empresas estatais entre os partidos da sua base de sustentação, que é o caso em referência, em verdadeira troca de apoio político no Congresso Nacional. Essas cerimônias efetivando a troca de ministros servem apenas para confirmar a marca da incompetência do governo no gerenciamento da administração pública, pela sua entrega a pessoas despreparadas e descompromissadas com a eficiência da execução das políticas públicas, tendo em conta que esses órgãos e essas entidades ficam à disposição dos partidos políticos que os herdam para dirigir a seu bel-prazer, sem nenhuma orientação governamental. Neste caso, o que se verifica, na realidade, é que a presidente foi obrigada a fazer as trocas nos ministérios, sem quaisquer critérios técnicos ou administrativos, em atendimento e por imposição dos caciques do PMDB e PDT, como forma de apaziguar as querelas internas dessas agremiações. No caso do PDT, a substituição do ministro é ato ainda mais degradante e indecente, em razão de privilegiar pedido do ministro que pediu exoneração do cargo ante a enxurrada de denúncias de atos de corrupção, que inviabilizaram a sua permanência nele. De certa forma, essa mudança tem a feição de reabilitá-lo, por ele ser o presidente do partido, que enfrentava conflito de interesses entre seus integrantes. Na verdade, as palavras da mandatária do país não sintetiza um pingo de honestidade, nem traduz a realidade dos fatos ou o sentimento de brasilidade, porque a sua autoridade se reduz tão somente a executar a vontade dos partidos com interesses fisiológicos, no sentido de que o governo somente tem apoio político mediante o atendimento de seus pedidos, em cuja formalização a presidente nada escolhe e apenas utiliza a caneta, como um robô comandado pelos inescrupulosos capitães das capitanias hereditárias. No caso, garantir a governabilidade para esse governo significa falta de compromisso com a moralidade e com a seriedade na administração do país, tendo em conta apenas interesses escusos; a partilha de entidades e órgãos públicos entre políticos despreparados e apaniguados; desrespeito aos princípios ideológicos, éticos, legais, morais...; inobservância aos princípios constitucionais da dignidade e das boas condutas democráticas; prestígio ao fisiologismo escrachado; entre outras indignidades na gestão dos recursos públicos. Até quando essa desgraça administrativa do país vai existir só depende da vontade popular. Compete à sociedade vislumbrar o quanto a sede pelo poder é bastante prejudicial aos interesses da nação, ante a formalização das coalizões espúrias e interesseiras, e decidir pela forma competente de gerenciamento do patrimônio dos brasileiros, com o afastamento da política dos homens públicos que se aproveitam dela para a satisfação das causas pessoais e partidárias. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de março de 2013

Todo crime é condenável

Um dos 115 cardeais que recentemente participaram da eleição do papa, que é arcebispo da África do Sul, defendeu a pedofilia como sendo uma "doença psicológica”, ao invés de "uma condição criminal". A sua manifestação provocou indignação entre especialistas e vítimas de abusos de sacerdotes da Igreja Católica. Em entrevista à Radio 5, da BBC, o cardeal disse que, de forma geral, os pedófilos são pessoas que sofreram abusos quando eram crianças e por isso eles precisam ser examinados por médicos especializados, por se tratar de condição psicológica, uma desordem. Ele indagou: "O que você faz com transtornos? Você tem que tentar consertá-los.". E concluiu: "Agora não me diga que essas pessoas (pedófilos) são criminalmente responsáveis, como alguém que escolhe fazer algo assim. Eu não acho que você pode realmente tomar a posição de dizer que a pessoa mereça ser punida. Ele mesmo foi afetado (na infância).". É lamentável que esse religioso invoque o direito de se cometer crime sob a justificativa de ter sido vítima de delito semelhante. Não deixa de ser uma opinião inapropriada e descompassada com o momento em que a Igreja tem suas bases abaladas em virtude dos escândalos de abusos sexuais cometidos por seus sacerdotes. Esses indignos posicionamentos merecem o amplo repúdio da humanidade não somente dos especialistas, vítimas dos padres pedófilos e grupos de defesa dos direitos das crianças. Não há dúvida de que a pedofilia é um desvio mental, uma doença, passível de criminalização como os demais casos que agridem e causam danos ao ser humano. Não se pode mais tolerar, na atualidade, que autoridades católicas continuem protegendo, sob o manto de suas pomposas batinas, os criminosos pedófilos, sem a devida punição, como forma de manter esses delitos sob segredo da Igreja. A maior cretinice dentro da Igreja é a tentativa de defender, de forma injustificada, os crimes que ocorrem sob seu teto, porque bandidagem não combina com os princípios cristãos. Os posicionamentos dessa natureza, ao contrário do preconizado pelo religioso, são altamente prejudiciais ao fortalecimento da Igreja, porque certamente não correspondem aos princípios da sua instituição, que têm como fundamento a pregação de procedimentos moralizadores e edificantes, não condizentes com os desvios comportamentais que vêm ajudando ao afastamento de fiéis dos templos, ante a falta de interesse da cúpula da Igreja de se posicionar na forma compatível com a sua doutrina de seriedade e de transparência, em nome da verdade e da construção da dignidade humana, conforme ensinamento do seu inspirador, o mestre Jesus Cristo. É evidente que os avanços, as modernidades e as conquistas da humanidade devem influenciar igualmente a evolução da Igreja, apenas quanto aos princípios edificantes que devem ser aproveitados em benefícios dos fiéis, que são a razão da sua existência, mas as falhas, os defeitos e desvios de conduta devem ser tratados com a seriedade compatível com preceitos fundamentais da dignidade humana, sob pena de ser acentuado o progressivo afastamento dos seus fiéis seguidores, exatamente pelo descrédito diante da fraqueza ideológica de religiosos como esse sul-africano, que melhor contribuiria para os desígnios da Igreja se não tivesse se manifestado com tamanha infelicidade. No momento em que a Igreja Católica busca um pouco de equilíbrio e de racionalidade no entendimento e equacionamento quanto aos desacertos identificados por parte de seus integrantes, no que diz respeito à disseminação do abominável crime de pedofilia onde jamais deveriam ocorrer, a opinião desse suspeito e despreparado religioso destoa barbaramente do bom senso católico e conspira contra a seriedade que a humanidade espera para o enfrentamento do problema da pedofilia no âmbito da Igreja, que deve ser discutido com conscientização cristã e alta ponderação, sem posicionamento corporativo, que nem sempre contribui para a solução satisfatória das causas discutidas. O simples entendimento do caso como sendo meramente psicológico já mostra a tentativa de passar a mão sobre a gravidade da questão no seu contexto mais amplo, que é a violência contra o ser humano, contrariando os verdadeiros princípios cristãos, que pregam primacialmente o respeito à dignidade humana. A humanidade anseia por que vozes mais abalizadas se manifestem em defesa da verdade sobre a necessidade não somente de punir, mas de banir os criminosos do âmbito da Igreja da Católica, como forma de angariar a confiança e o respeito inspiradores da humanidade por parte de quem é responsável pela disseminação dos belos e puros ensinamentos do mestre Jesus Cristo.
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de março de 2013