terça-feira, 31 de março de 2020

Programa especial de cestas


O presidente da República dá clara demonstração de que precisa mostrar ao mundo o seu sentimento antagônico às medidas que estão sendo adotadas, com a liderança do seu governo, para o combate ao devastador Covid-19, ao desafiar, em caráter pessoal, embora com a autoridade do poder delegado pelo povo, as medidas notoriamente impopulares adotadas pelas autoridades incumbidas das execução das políticas necessárias às prevenções da disseminação das infecções na população.
Provavelmente, o presidente não se preocupa em ser classificado como marginal na defesa das aludidas medidas, por evidenciar espontânea manifestação de contrariedade a elas, talvez por sentir que isso o transpõe para os braços do povão, certamente a classe que poderá ser bastante prejudicado em caso de agravamento da incidência do coronavírus, o que poderia causar verdadeira tragédia nacional, em razão de tresloucada atitude de quem age, decerto até com bons propósitos, mas completamente em dissonância com as orientações dos órgãos de seu próprio governo, que veem atuando, corretamente ou não, rigorosamente com base na cartilha aplicável em casos que tais.
O presidente demonstra tamanha felicidade com a notoriedade global subitamente adquirida, na presunção de que isso poderá reverter a sua notória queda de popularidade, conforme mostraram as recentes pesquisas de opinião pública, e ainda converter o bom momento em votos, na próxima eleição presidencial, pasmem, que somente ocorrerá daqui a mais dois.  
O certo é que ele insiste em desafiar aberta e corajosamente as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, adotadas pelo Ministério da Saúde e por governadores e prefeitos de quase unanimidade, ao promover aglomerações por onde anda, como forma de demonstrar o seu espalhafatoso jeitão de homem popular.
Em editorial, o jornal O Estadão, disse que “Bolsonaro, graças a seu comportamento irresponsável, começa a conquistar um lugar jamais ocupado por um presidente brasileiro – o de vilão internacional”.
No mesmo editorial, consta que, verbis:  “Nem mesmo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, idolatrado por Bolsonaro, persistiu em sua costumeira arrogância diante do avanço dramático da epidemia, rendendo-se à necessidade de prorrogar o isolamento social, mesmo ante o colossal custo econômico dessa medida.”. Diante da visível impulsividade do presidente brasileiro, integrante da Justiça fez alerta a ele de que, “se tentar flexibilizar as regras de isolamento social por conta do novo coronavírus na “canetada”, enfrentará uma difícil batalha na Justiça.”.
A aludida advertência levada ao presidente condiz com o momento de muita preocupação com o desempenho do coronavírus, que exige, sobretudo, ação coordenada entre o governo federal, os Estados e os municípios com a finalidade de priorizar tentativa de controlar o avanço da pandemia no país e, ao mesmo tempo, evitar colapso nos serviços e atividades essenciais de atendimento da população.
Em que pesem os severos alertas sobre a necessidade de ponderação e bom senso, o presidente decidiu sair do Palácio da Alvorada para o que ele chamou de tour "aleatório" pelo Distrito Federal, onde ele resolveu parar em várias localidades para simples cumprimento a apoiadores dele.
A maior gravidade disso é que a visita do presidente a locais com concentração de pessoas ocorreu menos de 24 horas após o ministro da Saúde ter defendido rigoroso distanciamento social, neste momento especial, justamente para evitar um colapso do sistema de saúde, diante da preocupação sobre a evolução do coronavírus no país.
No âmbito do Congresso Nacional e do Judiciário, há a avaliação de que o presidente é “incontrolável” e “incorrigível”, diante do que tem-se mantido o entendimento sobre a continuidade das ações coordenadas entre a União e os Estados e os municípios, tendo por base as orientações emanadas pela ciência da medicina, à vista das experiências sobre pandemia.
De maneira surpreendentemente, ao retornar de seu périplo distrital ao Palácio da Alvorada, o presidente teria afirmado a jornalistas estar com vontade de ampliar o número de atividades que não podem parar durante a crise epidemiológica.
Ele afirmou que, verbis: “Eu estou com vontade, tenho como fazer, estou com vontade: baixar um decreto amanhã. Toda e qualquer profissão, legalmente, existente ou aquela que é voltada para a informalidade, se for necessária para o sustento dos seus filhos, levar o leite dos seus filhos, arroz e feijão para sua casa, vai poder trabalhar. Me deu um insight, me deu uma ideia aqui agora e falei que estou pensando em fazer um decreto desses, para ver se cabe. Acho que ajuda um decreto desses. O cara vai cortar grama. Se não cortar grama, não tem dinheiro para comprar o leite, arroz e feijão para as crianças, ele vai cortar grama.”.
Alguns governadores se rebelaram contra o desejo do decreto presidencial, inclusive com ameaça de irem à Justiça para a impugnação das medidas por ele adotadas nesse documento, contrariamente ao entendimento correto vigente, em continuidade às recomendações do Ministério da Saúde, que têm respaldo na Organização Mundial da Saúde, sob o argumento de que os Estados e municípios são os entes da federação que vão sustentar o batente, quando a crise se intensificar, se realmente ela se tornar realidade.
À toda evidência, a intenção de magnanimidade do presidente pode até ter respaldo nos seus projetos políticos, em termos da mera credibilidade popular, como fazem normalmente os políticos inescrupulosos e hipócritas, mas ela encontra extrema resistência no que diz respeito ao sentimento humanitário, quando é preciso priorizar o valor da vida humana, sob quaisquer que sejam os pretextos, por mais nobres que sejam.
O desprezo às medidas cogitadas como sendo essencial à preservação da maior quantidade possível de vidas humanas valem qualquer sacrifício da nação, em benefício de seu povo, que é a célula máter do Brasil, que precisa ser honrada, em especial pelo seu líder maior, que foi investido no poder supremo do país exatamente para lutar e defender os interesses do seu povo, tanto nos momentos de glória e bonança como na hora da tragédia que poderá se abater ou vir a atingi-lo, enquanto, nesse ínterim, ainda se vislumbram caminhos possíveis para que somente haja uníssono sentimento de solidariedade e ajuntamento de ações e propósitos no combate ao terrível mal invisível, mas de enorme poder agressivo à saúde do homem, motivo de muita preocupação para a humanidade, que precisa se conscientizar, o quanto antes, para que a insanidade irresponsável não prevaleça sobre a racionalidade e os princípios de amor ao ser humano.
Não tem o menor cabimento que o desejo de incerteza possa triunfar sobre os interesses maiores da população, que, na sua absoluta maioria, defende o isolamento social, como importante protocolo que pode evitar catástrofe na saúde pública, porque, ao contrário disso, é preciso que os defensores do isolamentos somente dos idosos e de outras pessoas de risco assumam a responsabilidade por possíveis montanhas de mortos, caso a situação fique fora do controle, como tem acontecido em outros países, onde a perda de vidas acontece às centenas, em escala aterrorizadora, sob ângulo do sentimento de amor à vida humana.
É evidente que não vai resolver, por completo, o caos decorrente do confinamento social, com as pessoas obrigadas a se isolarem e ainda serem submetidas ao sofrimento da privação de alimentos e demais produtos de primeira necessidade, mas a inteligência humana vislumbra saídas maravilhosas, com capacidade para amenizar as dificuldades e tranquilizar a população, conforme o plano que mostro a seguir, que será a medida plausível e plena racionalidade.
O governo com o mínimo de capacidade de gestão administrativa pode criar programa especial de assistência social, no sentido de distribuir para a população carente cestas completas, contendo os principais componentes capazes de saciar às necessidades básicas da família, nos moldes da criação dos recursos, no valor de R$ 600,00, para as pessoas da informalidade, enquanto o país não voltasse à normalidade, inclusive aproveitando, por outro flanco, para subsidiar os pequenos empresários, no momento de dificuldades causadas pela crise, que é mundial, onde se justifica o endividamento da nação por boa causa, porque a economia se recupera com o tempo, mas, à toda evidência, as vidas preciosas humanas perdidas, além de muito doloroso, não tem como haver restabelecimento, lamentavelmente...  
          Brasília, em 31 de março de 2020

segunda-feira, 30 de março de 2020

O caminho de maior segurança


Um renomado especialista da Ciência Farmacêutica fez projeção estatística sobre as possibilidades de a população de Uiraúna, Paraíba, que tem aproximadamente 15 mil habitantes, vir a precisar de atendimento médico-hospitalar, em razão de acometimento do vírus Covid-19, mostrando que, em pior cenário de contaminação, 240 pessoas precisariam de UTI; em isolamento social brando, 195 precisariam de UTI; em isolamento social e controle dos idosos, 150 precisariam de UTI; em isolamento social, supressão da circulação e barreiras sanitárias, 15 pessoas precisariam de UTI, sendo que, em todos os casos, a duração de internação ficaria em torno de 7 dias, em média.
É preciso ficar muito claro que a cidade precisaria recorrer aos hospitais das cidades vizinhas, porque ela não dispõe de tantas UTIs para o atendimento da projetada demanda de internação, nem mesmo no caso mínimo de 15 doentes, que também seriam socorridos fora da cidade, ou seja, ninguém de Uiraúna está autorizado, perante a saúde pública, a ser infectado pelo coronavírus, sob pena de precisar recorrer a hospital distante, que deverá, provavelmente, ser abarrotado rapidinho de doentes e não encontrar o devido atendimento médico—hospitalar, sabendo-se ainda que a duração da internação varia, nesses casos, em média, de 7 dias ou mais, tempo muito longo para quem precisa de prioridade e urgência de atendimento.
À vista do cuidadoso trabalho de projeção feito sobre situação que poderá vir a acontecer, em Uiraúna, convém ser explanada visão sobre esse importante tema, como maneira de se oferecer mais elementos sobre ele, em detalhe, para que a população fique um pouquinho mais inteirada acerca da sua responsabilidade cívica e humana, diante de questão de extrema importância, por se tratar de pandemia, ou seja, epidemia generalizada por consequência do esparramamento, em todo mundo, do famigerado vírus Covid-19, popularmente conhecido como coronavírus.         
É evidente que se trata de possibilidade que isso possa vir a acontecer, mas só em se pensar que uma única pessoa seja acometida desse violento vírus já é extremamente preocupante, porque os hospitais precisam atender os doentes da região, o que significa dizer que não se pode ter a garantia da existência de leitos e UTIs para todo mundo, a depender da situação precária de atendimento nas condições normais, quanto mais em estado de emergência, com poucos profissionais da saúde e a deficiência das demais estruturas materiais e financeiras, para o suprimento satisfatório dos equipamentos, remédios, materiais básicos de uso geral e para a assepsia etc.
Vejo a situação com bastante preocupação e aconselho que a população não somente de Uiraúna, mas em especial de toda região do Sertão e do Brasil procure se prevenir com a maior cautela possível, porque as notícias sobre os efeitos do famigerado coronavírus podem ser sim de simples "gripezinha", na maioria dos casos afetando gente forte, atleta, jovem, e com possível reserva de imunização contra incidência maior de judiações ao ser humano.
O tem sido bem diferente principalmente quando pessoas menos resistentes e pouca ou nenhuma imunidade, principalmente as mais velhas e ainda que tenham alguma deficiência orgânica, como diabetes, pressão alta, doenças do coração, pulmão, submetidas a tratamento regulares de doenças etc., quando a situação pode se agravar para pneumonia, com consequência devastadora no organismo, que pode implicar internação em UTI, em tratamento de difícil recuperação, conforme mostram à saciedade os resultados noticiados pela mídia.
À toda evidência, é sabido que os hospitais não vão ter condições de oferecer UTIs fáceis e fartamente para todos doentes em situação complicada, ficando, desde logo, alertados a todos que a melhor e aconselhável alternativa é não se correr o risco de testar a capacidade do sistema de saúde pública, porque ele já é mais do que conhecido, ou seja, jamais terá condições de atender com presteza e satisfatoriamente os doentes, mesmo em situação normal, quanto mais em estado de guerra, em que todo atendimento é urgente e prioritário, em demanda muito superior à capacidade de satisfazer com precisão e tranquilidade a todos.
Diante da realidade sobre o atendimento dos doentes acometidos pelo coronavírus, em caso da sua enorme incidência e da impossibilidade dos satisfatórios atendimento e tratamento, resta o aconselhamento amigo às pessoas para que façam sacrifício obsequioso, se for o possível, de ficarem em casa, em conformidade com o rigoroso, mesmo que penoso, isolamento recomendado pelas autoridades públicas.
Aconselha-se o embargo à tresloucada sugestão para o retorno à vida normal, pelas pessoas mais jovens e saudáveis, porque isso pode contribuir para a retomada das atividades econômicas, considerando que muitos pais de família precisam sustentá-la com o seu trabalho, mas isso abre enorme flanco para a possibilidade da maior proliferação do coronavírus.
Isso poderá contribuir, em muito, para a superlotação dos hospitais e, consequentemente, para a potencialização dos riscos de mais mortes, em razão do aumento progressivo de doentes que deixarão de ser atendidos, em termos de qualidade e presteza, se a quantidade de casos fosse bem menor, tendo em conta que as condições operacionais permanecem limitadas pela quantidade de médicos, enfermeiros e demais estruturas físicas, que talvez fossem suficientes para atender e salvar a vida daqueles em menor quantidade da incidência do coronavírus, sob o rigoroso controle do isolamento generalizado.
Por fim, convém que a população brasileira se desperte, o quanto antes melhor, para o fato de que o isolamento vertical, com a proteção somente dos idosos e pessoas de risco, poderá, a depender das circunstâncias, que são absolutamente imprevisíveis, contribuir para verdadeira catástrofe da saúde pública, cujos resultados, se forem extremamente prejudiciais à humanidade, dificilmente haverá de ser atribuída a alguém, que também não terá a mínima dignidade para assumir seus atos de muita irresponsabilidade, diante de tamanho desastre que ficará apenas registrado nos anais da história brasileira.
Compete aos brasileiros a decisão por qual caminho eles querem trilhar, se da incerteza e do risco ou do bom senso e da razoabilidade, devendo ponderar, com inteligência, no sentido de ser perseguido o que se vislumbra ser o  melhor para o seu destino, em termos de mais segurança e integridade da vida, na forma preconizada pelas autoridades da saúde pública, enquanto ainda é possível, porquanto, depois de ser falseado o passo dado, o futuro da população brasileira poderá estar definitivamente sacramentado e só Deus sabe o que poderá acontecer.
Brasília, em 30 de março de 2020

Fugir do coronavírus


Circula nas redes sociais figuras de carros, com imagens mostrando carreata de bolsonaristas, no Brasil, na parte de cima, defendendo o confinamento seletivo contra o coronavírus, e carreata do Exército italiano, transportando cadáveres, na Itália, embaixo.
Convém sublinhar que são centenas de mortos por dia, na média de 800 pessoas que perdem a vida por conta do contágio com o coronavírus.
Pode-se até se alegar que as peculiaridades da Itália são diferentes das brasileiras, o que é fato notório, mas, ao que tudo indica, aquele país tardou em adotar as medidas necessárias ao combate contra o referido vírus, enquanto o Brasil as providenciou no momento devido.
O resultado disso tem mostrado, ao menos, que houve o retardamento na incidência de infecções na população, dando tempo para que possam ser concluídos os hospitais provisórios e de emergência, sabendo-se que as estruturas tradicionais seriam insuficientes para o atendimento dos doentes quando o pique da contaminação se tornar realidade, diante da sua inevitabilidade.
Enquanto a situação ainda permanece calma e sob controle, é conveniente que a população se finja de morta nos seus esconderijos, em casa, onde, com certeza, há total garantia de se driblar o coronavírus e fugir dele, o mais breve possível, na conformidade com as recomendações das autoridades da saúde pública.
Brasília, em 30 de março de 2020

domingo, 29 de março de 2020

A vida em perigo


Diante do muito que se ouve sobre o terrível coronavírus, ainda vai-se falar bastante sobre a tristeza causada por essa peste, que tem o poder devastador de aniquilar o ser humano, enquanto importantes autoridades e seguidores ficam defendendo a implantação de modelo de comportamento que precisaria primeiro ser testado, segundo os padrões científicos recomendados, embora muitos sejam os médicos que aderem à causa, possivelmente insensíveis à cruel realidade sobre os fatos.
Acabei de ler relato de profissional que se encontra no epicentro da crise, que contou minúcias sobre situações que tocaram profundamente o meu sentimento de pessoa muito sensível com os fatos da vida, procurando compreendê-los como pessoa comum, mas chega o momento em que fica muito difícil não se comover diante da triste, cruel e nua realidade, que não pode ser mudada por meio de medidas meramente estapafúrdias, como se elas fossem a salvação da humanidade.     
Uma enfermeira, em depoimento ao G1 do jornal O Globo, conta o que presencia diariamente dentro da Unidade de Terapia Intensiva de grande hospital onde trabalha e diz a dura realidade que acontece com pacientes que não param de chegar infectados pelo novo coronavírus, tendo chegado à conclusão de que “A guerra veio até mim (a enfermeira)”.
Vejam exatamente o que ela disse “Hoje, quando começa a dar uma cinco da tarde, eu já começo a ficar ansiosa, porque amanhã eu estou de plantão. Tenho dormido menos por causa da ansiedade e fico com insônia. Diante da importância do depoimento da profissional, como forma de compreender um pouco a extensão da gravidade do momento, convém que as pessoas conheçam o seu conteúdo, que é transcrito a seguir. Eu comecei a sentir que as coisas iam mudar quando eles isolaram a nossa maior unidade. Colocaram várias avisos, ‘a partir daqui não entre’, e a partir desse momento eu vi que realmente estava acontecendo alguma coisa diferente. Nesse dia, lá pelo dia 5 ou 6 de março, também começaram treinamentos a respeito de colocação e retirada de equipamentos de proteção individual.(...) Mas, para mim, o dia que realmente pegou foi o dia que entrei nessa unidade onde estavam os pacientes com Covid confirmado, no dia 20 de março. Eu não sabia, eu saí da minha casa como se tivesse ido para o meu plantão normal, ficar com os pacientes graves de UTI, mas não os com Covid. Quando eu cheguei, a gente tem uma escala diária, e eu descobri que estava escalada nessa unidade. Quando você vê na televisão, quando você lê as notícias na internet, não é a mesma coisa de quando você entra dentro do quarto e se depara com a paciente entubada, precisando de droga vasoativa, brigando com a ventilação mecânica, e foi bem difícil. Assim, eu já estou acostumada a essa realidade de UTI, para mim não é uma coisa assustadora, mas quando eu sabia que era o Covid positivo, eu fiquei com medo. Esse dia tinham cinco pacientes, quatro estavam entubados, e um estava com o uso de uma máscara de oxigênio, porém ele foi entubado no final do plantão. A partir desse dia para cá teve uma mobilização gigantesca, tanto da contratação de pessoas, como de treinamentos e protocolos para atender essas pessoas.(...) De uma semana para cá, eu vejo que esses pacientes não melhoram. De todos esses pacientes que a gente entubou, a gente não conseguiu tirar ninguém da intubação ainda. Isso é difícil porque você não vê progressão, você não vê o paciente evoluir de uma forma positiva. Não que ele piore, mas ele continua naquela mesma condição. Parece que ele não melhora, então isso é muito ruim, porque gera mais ansiedade, a gente vê o número de pessoas que estão contraindo a doença e vão precisar de leitos e você não consegue, sabe, gerar um fluxo de entrada e saída. Os pacientes têm bastante medo. O paciente que eu falei que estava com uma máscara de oxigênio, que foi entubado, aconteceu uma situação muito triste e que mexeu bastante comigo. Ele estava consciente e a gente precisou avisar para ele que ele ia ser entubado, e ele fez uma chamada de vídeo com a família. Então a gente estava no quarto enquanto ele estava se despedindo dessa família. Se despediu do filho, da esposa, chorou, ficou muito emocionado. E aí foi muito triste, todo mundo ficou super emocionado porque assim, você vai ser entubado, e talvez você nunca mais acorde né. Quando entuba, a pessoa recebe medicamentos para ficar sedada, em coma induzido. A gente fala que é para acoplar melhor [o tubo], para conseguir fazer o pulmão ventilar adequadamente, porque se ele fica acordado, sem sedação, o tubo incomoda muito. (O paciente segue entubado). Acho que ninguém estava preparado para isso. E eu fico mais preocupada porque acho que ainda vai piorar muito antes de começar a melhorar. Quando eu decidi fazer faculdade de enfermagem tinha aquela coisa toda ideológica, de querer um dia ir para uma guerra ou participar do Médico Sem Fronteiras, sabe? Fazer uma missão na África… E aí até falei para um amigo, acho que nem vou precisar ir para a guerra fazer uma missão, acho que minha guerra vai ser essa daqui. Não precisei fazer nada para enfrentar, a guerra veio até mim. Então, o que a gente pode pedir para as pessoas é para elas ficarem em casa o máximo que elas puderem, tentar ajudar a gente que está ali na linha de frente. Porque o que eu posso fazer é ir para a UTI e ajudar as pessoas que estão lá. Quem não trabalha com isso pode fazer sua parte e ficar em casa. Não disseminar o vírus também é uma função importante nesse momento.”.
Os fatos mostram que não passa de santa ingenuidade, para não se dizer algo mais apropriado, se pretender caracterizar, de forma generalizada, o coronavírus como simples “gripezinha”, porque, na realidade, ele é forte pneumonia, em alguns casos, que mata, em estado de demorado sofrimento, conforme o relato da enfermeira, in verbis: “a gente vê o número de pessoas que estão contraindo a doença e vão precisar de leitos e você não consegue, sabe, gerar um fluxo de entrada e saída.”.
À toda evidência, o aludido depoimento tem o condão de contribuir para se ajudar as pessoas de boa vontade a enxergarem a real gravidade da situação e a se permitir que elas se conscientizem sobre a importância de ficar em casa, saírem apenas em situações realmente necessárias, e continuarem higienizando bem as mãos com água e sabão ou álcool em gel e evitarem ficar perto de muitas pessoas.
Também é preciso se reconhecer que os profissionais da saúde, desde os médicos até as pessoas da desinfecção e limpeza, são dignos do mais puro reconhecimento pelo trabalho de extremo humanismo, que merecem elogios por parte da sociedade, porque eles, no seu conjunto, fazem o máximo para salvar vidas e ainda demonstram enorme sentimento humano em solidariedade com a dor dos outros, além da compaixão e da exposição ao risco da própria vida, quando eles participam nesse penoso processo de tentativa de salvação de vida.
Enquanto esses profissionais, que merecem sublime respeito da sociedade, sentem na pele as agruras da fragilidade da vida, que não consegue resistir ao poder destruidor do coronvírus, pessoas insensíveis e imbuídas de outros propósitos estão defendendo teses que podem contribuir para que as terríveis estatísticas possam disparar com o número descontrolado e descomunal de infectados, a despeito da impossibilidade de tratamento compatível com a gravidade desse vírus, fato que choca e estarrece a sensibilidade humana.
Parece pouco importar a guerra  travada nos hospitais, mostrada por quem sente no dia a dia a cruel realidade de perto, nos olhos, nas mãos, na pele, na alma, porque há quem a ignore e ainda desdenhe dela, como se fosse uma “gripezinha” qualquer, que não incomoda a ninguém, mesmo que os fatos digam o contrário.
Lamentavelmente, a ciência ainda cogita quadro desolador de infectados e mortes, com destaque inclusive para grupos de risco e o pior é que esteja em isolamento ou não.
Pode-se perceber que a citada enfermeira trabalha em hospital de referência médica, onde há muito mais recursos do que em hospital público e ainda mostra, mesmo assim, quadro bem deprimente, o que se pode inferir que a situação é bem mais grave nos demais hospitais da rede pública, onde as carências são mais acentuadas, o que será ainda mais difícil para o tratamento dos doentes infectados pelo coronavírus.
A preocupação existente nos hospitais públicos diz respeito tanto à falta de equipamentos de proteção para esses verdadeiros heróis como pela carência de recursos materiais e de pessoal, que certamente serão insuficientes para o atendimento da demanda de doentes gravíssimos.
          Se as pessoas não se sensibilizam com seus entes queridos, com aqueles com mais de 60 anos ou até consigo mesmo, já que acreditam que a doença será inofensiva para eles, pensem naqueles que estão na linha de frente, que serão, certamente, afetados se a disseminação não for contida com o devido rigor.
Enfim, trata-se de relato com muita naturalidade que retrata cenário apenas de pequena dimensão, mas que exprime ambiente de extremas desolação, tristeza e comoção, levando ao preocupante entendimento de que as principais autoridades públicas brasileiras precisam, com muita urgência, tomar conhecimento do que realmente está acontecendo nas Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais que tratam do combate à desgraça do coronavírus, inclusive indo lá, para terem reais condições humanas de decidir sobre as medidas, tendo por base a experiência in loco sobre a dureza dos fatos e sentir exatamente como a vida humana passa a ser transformada, em pouco tempo, apenas em meras cinzas. 
Brasília, em 28 de março de 2020

sábado, 28 de março de 2020

À espera da vacina


Continua repercutido pessimamente, no Brasil afora, o estrondoso e surpreendente pronunciamento do irrequieto presidente da República, feito em cadeia nacional de rádio e televisão, acerca de medidas pertinentes ao coronavírus.
Há quem diga que o discurso foi cuidadosamente preparado com a serventia do potente combustível para inflamar mais ainda o que estava em estado de efervescência no momento político, com o foco direcionado para  o embate entre os defensores da livre circulação de pessoas, como forma de estímulo à combalida economia, e os que são favoráveis ao isolamento da população, considerado a única maneira de se evitar o estrangulamento do já precário e combalido sistema de saúde do país, que não suporta demanda extraordinária, caso não houvesse esse rígido controle social, diante das elevadas ameaças por parte do poderoso coronavírus.
Não há a menor dúvida de que estão em discussão duas questões bastante complexas e de suma importância, que passaram a fazer parte das atenções da sociedade, preenchendo os assuntos nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp,  em razão da diversidade de fortes argumentos favoráveis e contra a ambas as medidas, sobressaindo a eterna falta de consenso sobre o tema, diante da prevalência de apenas pura paixão ou convicção política, eis que inexiste base científica segura para se garantir a certeza sobre qual medida é a mais adequada ao caso, embora seja certo que deva ter maior peso de preferência a que se recomenda o isolamento total, exatamente diante do fator temor, no sentido de que é mais seguro e melhor se adotar prudência do que se arriscar, em se tratando de questão que não se conhece.
À toda evidência, o combate à Covid-19 tem se mostrado verdadeiro desafio que a saúde pública brasileira encara com muita disposição e com todo cuidado, no sentido de não cair no pecado mortal  do erro, em razão do emprego de mecanismos que não seja tão eficaz ao combate ao apavorante vírus, que realmente tem se mostrado que não é nada comparável à mera “gripezinha”, à vista dos estragos já causados por ele, com legado de muitas perdas de vidas humanas, mundo afora.
Esse temor se torna ainda intenso quando há o envolvimento da saúde mental de parte das pessoas, em razão do isolamento social imposto quase que generalizado, tendo como natural consequência mudanças bruscas de hábitos, em que as questões passaram a ser discutidas e decididas por meio do auxílio virtual, a merecer cuidados especiais e apropriados ao momento, porque há situação em que somente pode ser solucionada pessoalmente, como forma de se assegurar a eficácia dos fins colimados.
Há vários procedimentos ou atividades que somente se resolve com a presença física, que se torna fundamental no processo aplicado, em forma de interação social que tem a capacidade capaz de construir efeitos positivos, com a expectativa de efetividade do custo-benefício.
Na verdade, ao propugnar pela flexibilização do confinamento, o presidente brasileiro sabia perfeitamente que suscitaria colossal onda de repúdio e protesto por parte da maioria absoluta dos cientistas, médicos, economistas e parcela expressiva da sociedade, por terem a consciência de que esse método pode não ser o que melhor contribui para se minimizar os drásticos efeitos do coronavírus.
Especialistas, cientistas, professores universitários e demais estudiosos da área de saúde pública asseguram que as medidas de restrição adotadas em diversos países, para se evitar a circulação de pessoas, também é perfeitamente aconselhável para o Brasil, tendo por base estudos científicos que apresentam resultados concretos.
Alguns pesquisadores pediram por que os brasileiros “Acreditem na ciência! Ela pode nos ajudar a reduzir o sofrimento e salvar vidas. Permaneçam em casa”.
Com absoluta certeza, os citados pesquisadores evidentemente que  levaram em conta estudos realizados em outros países, quando o ideal seria que eles seguissem as experiências colhidas no próprio país, com a observância sobre as próprias peculiaridades, sabendo-se que cada nação, principalmente as mais evoluídas do que o Brasil, apresentam sintomas que não servem de modelo para o país tupiniquim, o que se pode afirmar que esses cientistas podem cometer equívocos, ao recomendarem a aplicação de protocolo estranho às características do Brasil.
Ou seja, é até possível que manual de procedimento aplicado em outras nações dê certo no Brasil, mas isso precisa ser revisto urgentemente, de modo que o país tenha a sua própria cartilha, evidentemente quando isso for possível, ficando entendido que não é de bom tom que os pesquisadores se valham de estudos feitos fora do Brasil para a recomendação do uso deles, porque certamente as características entre as nações podem ser dissonantes e os resultados não serem os mesmos.
Quanto ao coronavírus, os pesquisadores estão usando a Ciência na busca de respostas para se tentar entender melhor o tanto da destruição provocada por ele, mas as experiências ainda são insuficientes para destrinchar os seus mistérios.
Na verdade, já há muitas importantes pistas sobre alguns de seus comportamentos, mas não a certeza para a sua real origem, por meio da qual seria possível a descoberta de vacina para combatê-la, que certamente é a forma milagrosa para a tranquilidade da população mundial.
O certo mesmo é que muitas e importantes questões permanecem sem resposta, em especial a forma como o coronavírus se espalha; como dificultar a sua propagação entre as pessoas, de modo que ele se alastre mais lentamente; qual a proporção de assintomáticos; quais as melhores maneiras de tratamentos; qual seria o ideal distanciamento social, levando-se em conta forma de isolamento, que se pode evitar a taxa de transmissão; enfim outras informações úteis que possam contribuir para o combate de tão perigosa e desconhecida chaga mundial?
Acredita-se que os governantes, pesquisadores, cientistas precisam se conscientizar de que a sua contribuição possa ser capaz para evitando agitação que levem à balbúrdia e à confusão, na esperança de que somente a Ciência poderá dar luz sobre os próximos passos, com vistas ao tratamento pertinente ao coronavirus, inclusive no milagre que há de surgir, a curto prazo, com a descoberta da vacina contra a peste do século.
Brasília, em 27 de março de 2020

sexta-feira, 27 de março de 2020

O mais importante é a vida


Em videoconferência, os governadores da região Sudeste se reuniram com o presidente da República, tendo por objetivo tratar de questões relacionadas com a gravíssima crise causada pelo poderoso coronavírus.
Não obstante, o que seria evento para se buscar subsídios com vistas ao afinamento dos ajustes de ideias e enfrentamento da aludida questão acabou mesmo foi servindo de verdadeiro campo de batalha política, onde cada governador teve espaço para formular contundentes acusações ao desempenho do presidente do país.
          O governador de São Paulo disse que, ao invés do “(...) respeito ao Brasil e aos brasileiros, e em respeito ao diálogo e ao entendimento. Mas o senhor que é o presidente da República tem que dar o exemplo, e tem que ser o mandatário a dirigir, a comandar e liderar o país e não para dividir".
A irritação do presidente foi exposta de imediato, tendo respondido ao tucano com palavras duras, inclusive chamando-o de "demagogo" e "leviano".
O presidente também foi criticado pelo governador do Espírito Santo, por ele ter, segundo ele, incentivado as pessoas a saírem de suas casas, nestes termos: "Temos seguido a OMS (Organização Mundial de Saúde) e na hora que o presidente opina e tira o valor da pandemia, causa uma confusão e uma dúvida nas pessoas, podendo atrapalhar o trabalho dificultando nossa ação. A dúvida e incerteza é a porta do fracasso (sic)".
Ou seja, o resultado da referida conferência não serviu senão à lavagem de roupa suja e perda de tempo, diante das posições políticas antagônicas e da pouquíssima boa vontade para realmente se tratar de importante assunto de interesse da população, mas ela teve a serventia para a uniforme, firme e clara acusação dos governadores no sentido de que o chefe do Executivo federal vem agindo contra os esforços de contenção do novo coronavírus.
Já em outro contexto tratando do mesmo tema, o governador de Goiás disse que "(Quero) que a população saiba que as decisões do presidente no que diz respeito à saúde e coronavírus não alcançam o estado de Goiás. As decisões de Goiás serão tomadas por mim, pela Organização Mundial de Saúde e pelos técnicos do Ministério da Saúde. Não tomamos nenhuma medida que não fosse muito discutida com a comunidade científica, pesquisadores, médicos e profissionais da saúde".
O governador de Santa Catarina se disse "estarrecido" com a abordagem defendida pelo presidente, tendo declarado, verbis: "Venho a público informar à população de Santa Catarina que nesta quarta-feira, 25 de março, iniciamos mais uma quarentena de sete dias por determinação de decreto deste governador, mais sete dias para ficar em casa (...). É o local mais seguro".
O governador do Pará disse que "Estamos fazendo a nossa parte aqui. Nós não vamos nos apegar ao calendário de quem quer que seja, muito menos pedir autorização a quem quer que seja para cumprir com a nossa obrigação que é defender a população paraense".
Os governadores dos Estados da região Nordeste também divulgaram nota conjunta, com críticas às ações recentes do presidente, alegando seu sentimento de frustração diante das posições agressivas dele, sob o argumento de que ele deveria "exercer o seu papel de liderança e coalizão em nome do Brasil".
Há toda clareza de que o Brasil se encontra mergulhado em pleno regime de guerra, onde a existência do Estado, como nação, precisa ter predominância, no sentido da busca da convergência de decisões que tenham por desiderato a imediata solução das causas colocadas sobre a mesa de trabalho das autoridades envolvidas, com embargo da prevalência da autoridade de nenhuma unidade pública, como forma mais inteligente possível para se alcançar a otimização das medidas indispensáveis à solução dos problemas.
Não há a menor dúvida de que, em situação como a do coronavírus, é natural que tenha variada sobreposição de regimes, competências, autonomias que precisam de urgente unificação das decisões para a disposição sobre as políticas em geral a serem aplicadas, além daquele especificamente sobre a saúde pública, exatamente porque se trata de regime de guerra, cujas decisões demoradas podem ter consequência perdas de vidas.
Convém que o presidente da República, líder supremo, governadores e prefeitos se deem as mãos, pondo de lado os objetivos político-partidários, para que, nesse momento crucial, todos os esforços sejam devotados à causa maior do combate ao coronavirús e, para tanto, é preciso que essa questão das competências sejam resolvidas por meio do convencimento de que o bom senso, a racionalidade e a compreensão devam estar presentes em todos os casos, de maneira que as decisões estejam em estreita sintonia com as melhores políticas a serem adotadas, como no caso do isolamento seletivo, que somente deve ser pensado depois do entendimento geral de que ele é realmente plausível e benéfico para o país e a sociedade, de modo a se evitar ou se minimizar o caos socioeconômico.
Nesse sentido, seria preciso que houvesse comissão conjunta, constituída por integrantes de alto nível de representatividade da União, dos Estados e dos municípios, além da participação da sociedade civil organizada, para que as decisões tivessem por finalidade o ajustamento necessário à imediata solução dos graves problemas, com o que se evitaria essa gigantesca confusão que ficou transparente com a briga entre o presidente do país e os governadores, onde sobressai a cristalina ideia de que estes divergem do mandatário do país e têm direito de decidir unilateralmente sobre o seu estado, à vista das declarações firmadas por muitos deles, ficando muito evidente a dissonância de opiniões sobre o mesmo tema, que precisa ser conduzido com o máximo de boa vontade e compreensão.
Sobre isso, não há ignorar que a Constituição Federal estabelece que essas políticas sejam hierarquizadas, mas não exclui a competência de governadores e prefeitos quando ela é do presidente, por se tratar de princípio aplicável em situação de normalidade, o que é bem diferente em situação de verdadeiro comparável ao estado de guerra, onde o bom senso, a razoabilidade e civilidade aconselham que é muito benéfico para a população que imperem medidas nascidas da convergência de entendimentos que precisam funcionar imediatamente para a satisfação do interesse público e do bem comum.
Não tem o menor cabimento que, em momento de muita dificuldade e preocupação com os possíveis contágios do poderoso coronavirus, políticos inescrupulosos pretendam impor posicionamentos em defesa de seus planos políticos, como se o cenário atual pudesse ser utilizado como verdadeiro palanque eleitoral, o que se compreenderia que isso funcionaria em detrimento das causas envolvendo a salvação de vidas humanas, em primeiro plano, porque em segundo vem a questão econômica, que também é fundamental, mas a sua salvação não tem a mesma prioridade a ser dada à vida.
A questão que se debate e se discute com o máximo de prioridade diz respeito à controvérsia sobre a real necessidade do isolamento obsequioso imposto à população brasileira, de maneira generalizada, sob a alegação de se tratar de medida preventiva contra o contágio em potencial do coronavírus, segundo o entendimento recomendado pelos organismos internacionais de saúde, o que se evitaria o estrangulamento da rede pública de saúde, a despeito da já conhecida precariedade de recursos para atendimento à população, até mesmo em situação normal, sem a pandemia que se anuncia como sendo inevitável, em forma de calamidade.
Diante disso, o presidente da República tem posição cristalina no sentido de a aludida medida ser desnecessária, evidentemente apenas como supedâneo em entendimento pessoal e verbal, contando apenas com a força do seu poder presidencial, sem ter apresentado nada que pudesse justificar a sua posição, para servir de suporte científico aceitável pelas autoridades que defendem o contrário, a despeito de que, na prática, o famigerado coronavírus não se trata de apenas “gripezinha”, diante da notória evidência de mais de 16 mil mortes causadas por ele, em todo o mundo, sendo que, só no Brasil, as mortes se aproximam de 100 e mesmo que fosse apenas uma, tudo isso já seria  muitíssimo motivo de preocupação.
Agora, à luz da ciência, é imperioso que se comprove que o isolamento social pleno é a única maneira capaz de se evitar catástrofe no âmbito da população, mas, para tanto, é preciso que se apresente elementos, como resultado de estudos ou experiências, produzido por organismo fidedigno de saúde internacional, que satisfaçam absolutamente as mesmas características, os mesmos climas, as mesmas peculiaridades, enfim, as mesmas situações próprias existentes no Brasil, para que se tenha reais condições de avalição segura sobre a certeza de que vale a pena o gigantesco sacrifício da população pelo isolamento compulsório.
Por seu turno, o mesmo argumento, em forma de comprovação substancial, tem validade para as pretensões do presidente do país, que se manifestou favorável somente ao confinamento seletivo, em que os idosos e os grupos de risco sejam submetidos ao isolamento obrigatório, permitindo que as demais pessoas tenham atividades normais, submetidas, evidentemente, às cautelas que se impõem contra o contágio com o abominável coronavírus.
Ou seja, as medidas adotadas ou cogitadas, em princípio, carecem de estudos apropriados, diante da falta de elementos seguros, confiáveis e apropriados, com comprovada capacidade para se garantir que um ou outro método seja eficaz ou não, exatamente porque a população está endo levada no grito, com base em provável experiência que nem pode servir para o Brasil, cuja população aceita ser cobaia de algo incerto, inseguro e até sem sentido, diante das circunstâncias.
À toda evidência, é aconselhável, por ser necessário, diante de peculiaridades diferentes de outros países, a construção de protocolo próprio e específico brasileiro, para a criação de metodologias científicas de eficiente e confiável combate ao coronavirus, apenas fazendo uso de outros enquanto não seja possível ter o próprio manual aplicável às suas necessidades.
Tem-se plena validade científica se acreditar e se basear piamente nas palavras de cientistas de outros mundos, sem a devida experiência brasileira, seguindo cegamente o que eles dizem e mandam, com o beneplácito da tão competente Organização Mundial de Saúde, porque muitas conclusões sobre experiências e experimentos ocorreram certamente em outros países, em regiões diferentes da nossa, com características estranhas à situação do Brasil?
Convém ainda se compreender que não tem solução fácil para o Brasil, à vista das dificuldades existentes na cambaleada economia, que seria necessária, se ela fosse forte, para a manutenção de empregos, durante o isolamento geral, que ainda tem, nesse contexto, a falta da cultura para se garantir a quarentena por longo tempo.
Concluo no sentido de que o presidente da República poderia constituir comissão de alto nível, composta com autoridades e conhecedores das áreas envolvidas, como saúde, economia, transporte, escolas, comércio, indústria etc., evidentemente com a participação de pessoal da União, dos Estados, dos municípios (Executivo, Legislativo e Judiciário) e da sociedade civil, para estudarem, com a maior urgência possível, as hipóteses em que se poderia ser implantado, com absoluta segurança e certeza, o isolamento seletivo da população, observado o devido rigor com relação aos idosos e as pessoas consideradas em situação de risco, como forma de se possibilitar que o país possa voltar o mais brevemente à normalidade, desde que esse trabalho conclua nesse sentido, diante das evidências tranquilizadoras sobre a proteção de vidas humanas.
Brasília, em 26 de março de 2020

quinta-feira, 26 de março de 2020

Desastre ou assombro?


Em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente da República fez pronunciamento à nação sobre a crise provocada pelo novo coronavírus, cujo conteúdo contrariou tudo o que especialistas e autoridades sanitárias do país e do mundo vêm defendendo como política pública destinada a se evitar que a temível chaga do século se espalhe de maneira incontrolável.
O presidente do país criticou, sobretudo o pedido para que todas as pessoas que possam fiquem em casa e culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, sensação de "pavor", tendo alegado que, se ele contraísse o vírus, não pegaria mais do que "gripezinha".
Ele declarou que, verbis: "O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércios e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Por que fechar escolas?".
O presidente entende que "raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. 90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nosso queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde".
Dando exemplo pessoal, ele afirmou que, "No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença.".
O presidente disse que os meios de comunicação espalharam "pavor" e provocaram "histeria" no país, porquanto "Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão. Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália. Um país com grande número de idosos e com o clima totalmente diferente do nosso. O cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país”.
Ainda no entendimento do presidente: "percebe-se que, de ontem para hoje, parte da imprensa mudou seu editorial, pedem calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns, imprensa brasileira. É essencial que o bom senso e o equilíbrio prevaleçam entre nós".
Em princípio, sob o prisma do sentimento de democracia, é preciso se respeitar a posição explanada em entendimento do mandatário brasileiro, que tem todo direito de dizer a sua opinião sobre o momento de muita ansiedade por que atravessa o Brasil, dentro do contexto mundial de crise que abala todas as estruturas universais, na área da saúde pública.
Agora, é preciso que a autoridade suprema do país tenha inteligência, em termos de ponderação e modicidade, para transmitir à nação exatamente o verdadeiro sentido da sua preocupação, que pode estar centrada também em questões outras, a exemplo da situação econômica nacional, da produção, da manutenção do emprego etc., porque tudo isso faz parte do contexto da governança responsável.
Tudo isso tem muita relevância, no contexto da governabilidade da nação, mas os fatos relacionados com cada situação precisariam ser explanados de maneira didática e sistemática, de modo que tudo tenha o mínimo de coerência e racionalidade quanto à demonstração de preocupação do presidente, sem que o seu pronunciamento pudesse, que não foi o caso, denotar o menor desconforto possível, em relação ao tema central da crise envolvendo o coronavírus, que vem sendo conduzida em estrita harmonia com os objetivos pretendidos de salvamento de vidas humanas.
Ou seja, o presidente brasileiro poderia, ao invés de dizer que é decididamente contrário à quarentena na forma como adotada no país, que apenas acompanha o que se faz em outras nações, ele poderia afirmar que tem entendimento diferente que poderia, antes, ter sido exposto e discutido com a sociedade, no sentido de ser estudada a possibilidade da flexibilização do confinamento, de modo que ele seria aplicado cuidadosamente com relação aos idosos e às pessoas portadoras de deficiência que precisam merecer tratamento especial de proteção contra a ação do coronavírus.
Com isso, poder-se-ia se examinar a possibilidade, observadas as experiências de outros países e as orientações de organismos internacionais de saúde, sobre a livre movimentação de pessoas com até determinada idade, observadas as cautelas contra contágios, como assepsia de mãos e distanciamentos etc., de modo que elas pudessem trabalhar e exercer suas atividades normas, abrangendo as escolas, o que se permitiria que as atividades produtivas não tivessem solução de continuidade.
Em síntese, o que se imagina é que o presidente do país tem sim preocupação com a saúde dos brasileiros, tanto que tem abonado, com regularidade, as medidas de muita competência e eficiência que o ministro da Saúde vem adotando, que estão sendo aprovadas pelos especialistas e pela sociedade em geral, a ponto de hipotecarem os melhores apoios e elogios à sua atuação, nesta importante e crucial fase preparatória de combate ao coronavírus.
Afora isso, no geral, tendo-se em conta o pronunciamento limpo e seco, tal como o presidente teve coragem de expô-lo à nação, sem nenhum polimento político, especializado ou administrativo, certamente que a sua atuação muito se compara ao de agente público sem o mínimo de noção ou preparo para o exercício do mais relevante cargo do país, em razão da maneira tosca e intempestiva que houve o seu aparecimento na mídia, para plantar ideia completamente diferente do plano já implantado contra o coronavírus, além de fazer críticas absolutamente dispensáveis, neste momento tenebroso.
No discurso, ele reverberou muitas palavras completamente fora do contexto do momento difícil e crucial que se exige o máximo de bom senso, ponderação, responsabilidade, maturidade, sensibilidade, sensatez, ao contrário de suas insanas exposições condenando o conjunto dos esforços das autoridades públicas de saúde e da sociedade brasileira, devotados no maior empenho na luta e na defesa do mesmo sentimento de salvação de vidas humanas.
O presidente do país não teve o menor cuidado de respeitar o sacrifício de cada um dos brasileiros, que estão se empenhando, conforme mostram os fatos, por causa que é de todos e da nação, que precisam demonstrar que a salvação de vidas é extremamente fundamental neste momento de muita dificuldade, principalmente sob a conscientização de que, em caso de catástrofe, os serviços públicos de saúde não têm as mínimas condições de atendimento de maneira satisfatória da demanda dos doentes, o que seria verdadeira tragédia nacional e vergonha para o governo, que parece falar pelo umbigo sobre assunto da maior importância, sem sopesar os fatos estritamente como eles são e devem ser analisados, com sobriedade e competência gestivas.
Não há a menor dúvida de que o pronunciamento do presidente do país merece os mais veementes repúdios da sociedade, das autoridades de saúde, das entidades internacionais de saúde, dos políticos e, enfim, de todos que esperam sensatez e racionalidade do mandatário da nação para somente se dirigir à população quando for para transmitir informações e esclarecimentos que condigam com os melhores sentimentos capazes de contribuir para o bem comum, de forma a satisfazer plenamente ao interesse público, cujo conteúdo do pronunciamento esteja em perfeita harmonia com as orientações emanadas pelas entidades com fidedignidade e credibilidade para a proteção dos direitos das pessoas.  
O desprezível e preocupante pronunciamento presidencial expôs, literalmente, que o governo se encontra completamente desorganizado, desorientado, desarticulado, desordenado e pouco acreditado pela sociedade, quando mostra que não tem linha firme e uniforme de política pública, ao deixar claro que a nação adotou determinada ação que não tem o respaldo do seu comandante, que entende, depois, que é outro o caminho que ele trilharia, embora não tivesse competência para oferecer alternativa satisfatória que melhor atendesse à difícil situação, posto que seria perfeito desastre não ter qualquer medida de prevenção contra o famigerado coronavírus.
Tem-se como atitude presidencial extremamente precipitada, desastrada e absolutamente inoportuna, nas circunstâncias, em meio à plena execução de plano adotado com a participação do governo, que, não concordando com ele, poderia ter apresentado, com a devida antecedência, alternativa que melhor se encaixasse nos propósitos de combate ao coronavírus e atendesse aos interesses da população e do país, evitando-se pronunciamento que desagradou à maioria absoluta de quem se encontra envolvido com a causa em apreço.  
Por derradeiro, penso que o presidente do país comete ato falho ao criticar o desempenho impecável da imprensa, acusando-a de espalhar “pavor” e provocar “histeria”, quando a verdade mostra que os meios de comunicação têm sido fiéis aos acontecimentos e fatos que estão acontecendo além-mar, procurando evidenciar a exata dimensão sobre a monstruosidade que são os efeitos letais do terrível coronavírus, que precisa ser contido, controlado e exterminado, com todo empenho e total tenacidade, inclusive com a importante colaboração da imprensa, que tem sido fundamental nessas causas de extrema gravidade.
Diante do momento de crise generalizada, com predominância de intranquilidade e incerteza no âmbito social, os brasileiros anseiam por que o presidente da República tenha maturidade e inteligência de autêntico estadista, para somente se dirigir à nação, em respeito à dignificação representada pelo cargo, quando for para a transmissão de notícias efetivamente de extremas relevância e motivação tais que realmente justifiquem as informações pertinentes, especialmente para a satisfação do interesse público, com embargo de pronunciamentos que servem apenas para a perturbação de orientações e medidas já acomodadas pela sociedade e pelas entidades envolvidas, por terem sido consideradas apropriadas ao bem-estar social.
Brasília, em 25 de março de 2020

quarta-feira, 25 de março de 2020

O presidente precisa se calar

Circula na mídia, afirmação de famoso médico, com o seguinte conteúdo, verbis: “O vírus não tem essa potência toda. De cada 100 pessoas que pegar o vírus, 80 a 90 têm um resfriadinho de nada.”.
Logo embaixo do referido texto, consta a expressão atribuída ao presidente da República, nestes termos: “Imaginem se eu digo isso.”.
O presidente da República não precisa dizer absolutamente nada, salvo para transmitir algo relevante e de interesse público à nação, em cadeia nacional de rádio e televisão, o que vale dizer que ele tem a obrigação de somente agir em função do interesse geral da população, adotando, nesse caso do coronavírus, por exemplo, as medidas inerentes ao combate à temível pandemia, não importando se o vírus tem ou não potência.
A população precisa estar preocupada tão somente com as ações efetivas adotadas pelo governo, de modo que elas correspondam às necessidades inerentes ao combate à poderosa pandemia, independentemente se o vírus tem ou não potência, porque o que interessa mesmo é a eficácia das medidas para o seu extermínio.
A opinião pública faz parte da democracia e a sua existência é importante, o que é bem diferente do caso do que diz o mandatário do Brasil, que precisa se voltar para o cumprimento de suas atribuições institucionais, próprias do Estado.
Enquanto o mandatário ficar se manifestando desnecessariamente, as suas funções de estadista estão se distanciando dos fatos em termos de qualidade e efetividade.
Os brasileiros esperam que o presidente da República se conscientize, o mais rapidamente possível, de que os estadistas são lembrados pelo povo exatamente pelos resultados de seu governo e não pelo o que é dito por eles, porque, quase sempre, as suas palavras são constituídas por conteúdo que levam apenas à perda do precioso tempo.
As pessoas precisam apenas de algumas referências para acreditar nas informações oficiais, nas palavras confiáveis e seguras sobre o que está acontecendo no país e que o governo precisa transmitir notícia fidedigna, justamente para mostrar a verdade dos fatos para a sociedade.
Agora, quando o próprio presidente fica dando opinião que mais confunde e distorce as fontes oficiais, o governo fica desacreditado e ninguém consegue firmar entendimento sobre o que é o correto.
É preciso que o governo centralize as informações no seu órgão de comunicação, que existe precisamente para essa finalidade e que é a maneira legítima e correta para o relacionamento do trato dos assuntos oficiais.
O presidente da República deve cuidar e tratar exclusivamente dos assuntos pertinentes às suas atribuições de mandatário do país, como forma legítima de se tentar cumprir com competência, inteligência e eficiência a relevante missão para a qual ele foi eleito, precisamente para cuidar da governança da nação, com a responsabilidade que os brasileiros esperam de quem precisa prestar contas à nação sobre os seus atos, com acerto e na melhor forma prevista nas leis e na Constituição do país.
           Brasília, em 24 de março de 202

Livre arbítrio?


Diante da gravíssima crise que assola o mundo, causada pelo devastador e perverso coronavírus, o mestre e escritor Xavier Fernandes elaborou importante texto que se debruça sobre o que ele chama de imperfeições do homem, ao afirmar, com muita sapiência, que “(...) A humanidade foi longe demais, passou dos limites, a prostituição, o homossexualismo, a depravação, a libertinagem, a violência, a corrupção, o consumismo exagerado, a Ostentação. (o poder de esnobar riquezas) as drogas, as facções, a infidelidade... e ainda mais o desrespeito com Deus com Cristo Jesus. Usando a presença figurada de Jesus pra fazer chacotas, zombaria. A chegada da besta fera, que é com certeza esses computadores celulares Internet, que tornaram o mundo inviável, dividiu as pessoas, muito venenoso, malicioso, violento, destruiu a liberdade, a privacidade e até o contato entre as pessoas, vivemos num mundo individualista que ninguém liga ninguém, o povo louco o que interessa mesmo é conseguir dinheiro, bens, conforto, e mostrar riqueza a tal Ostentação. (...)”.
Depois de longa e reflexiva explanação, o professor Xavier Fernandes diz, em conclusão, in verbis: “Estou muito preocupado o homem é vítima da sua própria armação. O mal produzido pelo próprio homem tornou-se seu maior inimigo. Vamos orar e rezar para ver se Deus ainda nos perdoa e ainda escuta o nosso clamor por misericórdia. Estamos todos num barco só. Numa situação dessas, Deus mostra que todos somos iguais diante dele. Miseráveis e grandes pecadores suplicando o perdão! Que Deus tenha misericórdia de nós. isto é se ainda houver merecimento! Contudo acreditamos que Deus É perdão É Amor. É o Pai cheio de misericórdia. Mas também está profundamente magoado e chateado com todo isso...”.
Não há a menor dúvida de que são sábias as palavras ditas, com muita ênfase, por estudioso do homem, o mestre e versátil Xavier Fernandes, que tem a sensibilidade suficiente para perceber que o Homo Sapiens avançou em tudo, evidentemente com o aproveitamento da evolução da ciência e da tecnologia, que abriram o mundo do conhecimento às mentes humanas, graças, evidentemente, ao consentimento do Criador, que nada acontece na vida sem que não tenha o aval Dele, o que até se poderia imaginar que há verdadeira cumplicidade, sob o lúcido entendimento de que tudo é visto por Deus, que teria, em princípio, o poder de veto, não fosse o conceito bíblico do livre arbítrio concedido ao homem.
É óbvio que os mecanismos que permitiram se alcançar novos mundos podem ter contribuído para as distorções muito bem lembradas e enaltecidas pelo sábio conterrâneo, onde as imaginações mais criativas cuidaram de levar o mundo para a situação que ele se encontra agora, muito cheio de variedade de opções que são próprias e do domínio da mente humana, mas, no dizer do mestre Xavier Fernandes, muitas das quais não condizem com os salutares propósitos imaginados por Deus, que estaria tendo seus conceitos contrariados pela sua bela criatura.
O atento conterrâneo tem a humildade de pedir clemência e misericórdia a Deus, além de apelar por que Ele perdoe nossos gravíssimos erros, cujo conjunto dos pecados pode ser o motivo principal de tantos desastres acontecidos no mundo e desfavor do próprio homem, em escala de muitíssima preocupação, embora nada disso tenha servido para a mudança de rumo, porque o homem vem, de há muito tempo, trilhando o seu destino, ao seu bel-prazer, seguindo o caminho das disputas em todos os terrenos, com destaque para a conquista dos bens materiais, onde os fatores econômicos são preponderantes e as nações fazem tudo para o atropelamento dos países mais fracos, conforme mostram os fatos expostos no noticiário.
Diante do exposto, penso que as ações e as atitudes do homem estão em perfeita sintonia com a modernidade dos tempos, que teve o consentimento do Criador para se chegar a tanto, sob a compreensão suprema de que nada acontece sem a palavra final Dele, que é, por natureza, onipresente – tem presença em todos os lugares ao mesmo tempo -, onisciente – conhecimento de todas as coisas - e onipotente – possuidor de todo o poder, ou seja, nada acontece sem que Deus deixe de manifestar-se favoravelmente, porque, do contrário, Ele entornaria o caldo antes da concepção final e nada seria concluído à sua feição.
Agora, não se pode desconhecer que o homem tem o livre arbítrio para toda a sua criação revolucionária que pode, como bem argumentou o cientista humanitário Xavier Fernandes, pôr muitas coisas a perder, como no caso dessa tormentosa crise provocada pelo surgimento do coronavírus, que tem o poder de se pensar que o Homo Sapiens possa, urgentemente, rever seus conceitos acerca do seu pensamento moderno que transcende a sua harmonia com os princípios divinos, sob pena de estar-se concorrendo, em passos largos, para o seu extermínio, infelizmente.
É se se lamentar que a inteligência do homem não seja suficientemente capaz para a interpretação de que muitas de suas ações poderiam não estar agradando à vontade Suprema, quando muitos de seus projetos poderiam ter resultados prejudiciais aos interesses do próprio ser humano, como se tem visto em muitos casos, a exemplo do aparecimento do aterrorizador coronavírus, que foi capaz de mostrar ao mundo que o homem, com o consentimento de Deus, realmente pode tudo, inclusive  acabar com a vida humana.
Brasília, em 24 de março de 2020

segunda-feira, 23 de março de 2020

O povo precisa de esperança


Com alegria no coração, manifestei agradecimento ao caro comunicador João Neto, diante da sensibilidade dele sobre o importante conteúdo da crônica intitulada “A corrida contra o tempo”, que gentilmente foi publicada no conceituado portal Uiraúna.Net.
O texto em questão mostra situação muito difícil, em que o povo de Uiraúna terá dificuldade para atender, de maneira satisfatória, a proibição oficial de as pessoas ficarem em casa, em forma de isolamento social, diante da necessidade de abastecer a sua casa de água e isso somente é possível se elas saírem para pegar água na via pública.
Convém que a população dessa cidade se mobilize e faça forte e explícita pressão, por meio de mensagens enviadas ao prefeito nas redes sociais e nos sites da prefeitura, no sentido de que ele sinta na pele o drama pelo qual a população é obrigada a enfrentar, em especial de não puder evitar o contato social, posto que precisa da água para sobreviver e resolver problemas de higienização do lar, além de estar exposta ao eventual contato com o temível coronavírus.
Por certo, mesmo que haja alguma mobilização por parte da sociedade, dificilmente o penoso desastre referente à paralisação do fornecimento da água encanada poderá não ser solucionado tão urgentemente como se deseja a população bastante sacrificada, por culpa da incompetência administrativa, mas, pelo menos, fica o registro sobre a insatisfação do povo, em cristalina demonstração de que não suporta mais tanto descaso que levou ao seu sofrimento, que seria evitável e poderia sim nem estar existindo, caso tivessem sido adotadas as providências recomendáveis ao cuidado e ao zelo sobre a manutenção do reservatório de água, inclusive com o seu reabastecimento, com o que teria se evitado a situação caótica impingida aos uiraunenses.
Apela-se ao prefeito de Uiraúna que venha a público para tranquilizar a população, o mais breve possível, para anunciar as medidas urgentes que o seu governo adotou para possibilitar, o mais rapidamente, o imprescindível abastecimento da cidade, pela via civilizada e moderna de água encanada, de modo a se evitar transtornos à vida da pacata população, que não terá tranquilidade enquanto essa calamidade humanitária não for solucionada em definitivo.
É preciso que o prefeito ou quem de direito faça alguma coisa e urgente, porque é extremamente angustiante o silêncio das autoridades públicas sobre matéria de extrema urgência e gravidade, permitindo se compreender a existência de completas omissão e incompetência administrativas, em razão da falta de transparência sobre os fatos que são do interesse público, como nesse caso do abastecimento da cidade, que precisa de urgente solução.
Convém que as autoridades públicas tenham competência para mostrar para a sociedade as causas dos principais problemas existentes, nos seus mínimos detalhes, a exemplo da falta de água, com os devidos esclarecimentos sobre o que precisa para a solução, porque é sabido, por óbvio, que a primeira alternativa é o ajuntamento de muita água na Barragem de Capivara.
Agora, como isso não tem sido possível, em que pesem as chuvas quase que constantes, é preciso se dizer à população quais as alternativas X, Y ou Z à vista, e, para tanto todos os esforços (dizer quais) estão sendo adotados para a sua implementação o mais rapidamente possível, bastando tão somente ... (dizer o que realmente tem sido feito com vistas à realização das obras, que terão previsão de acabamento para, no máximo... etc.).
O desespero completo é simplesmente se saber que o problema da falta de água encanada é realidade patente e não se ter a mínima informação do poder público sobre se existe alguma iniciativa tendente à sua solução, ou seja, não pode haver nada mais grave e intranquilizador do que a falta de esperança sobre algo que tanto se almeja, como nessa calamidade humanitária que somente aconteceu por causa exclusiva da incompetência administrativa, conforme mostram os fatos, que são notórios e indiscutíveis, a despeito de recair pesado ônus para a sociedade, que agora paga, injustamente, preço bastante alto.   
Brasília, em 23 de março de 2020