domingo, 31 de janeiro de 2016

Insulto à honestidade?


 "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”. Júlio César, Imperador Romano

O petista, ex-presidente da República disse, a propósito das denúncias de envolvimento dele em esquemas de corrupção, que “Se tem uma coisa de que me orgulho e que não baixo a cabeça para ninguém é que não tem nesse país uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, do Ministério Público, da Igreja Católica, da igreja evangélica, nem dentro do sindicato. Pode ter igual, mas eu duvido”.
O ex-presidente entende que são remotas as chances de que ele seja indiciado nos processos que apuram corrupção na Petrobras e outras estatais: “Não há nenhuma possibilidade de uma ação penal, a não ser que seja uma violência contra tudo o que se conhece neste país. O próprio Moro (juiz Sérgio Moro) já disse que eu não sou investigado”. Ele faz referência ao magistrado que conduz os processos relativos às investigações da Operação Lava-Jato.
O ex-presidente aproveita para criticar a publicação de “mentiras” contra ele e sua família nos meios de comunicação. Ele afirmou que “O meu filho Fábio, o que fazem com ele é uma violência”, principalmente em relação aos boatos que são disseminados pelas redes sociais.
Diante da surpreendente afirmação de tanta honestidade por parte do ex-presidente, os brasileiros ficaram abismados por não entenderem o porquê de, no governo dele, terem sido feitas tantas alianças com políticos que tinham a fama de mau caráter e que, antes, eles eram considerados ladrões, picaretas, corruptos e desonestos, mas a necessidade de composição política, por razão de conveniência, foi capaz de ignorar o passado nefasto e sujo atribuído a eles, em nome da governabilidade, da absoluta dominação e da perenidade no poder.
Mais recentemente, na última eleição, o ex-presidente disse, com bastante exaltação, que seria capaz de fazer o diabo e fez, para ganhar a eleição e reeleger a sua pupila, fato, que, na verdade, caracteriza sentimento de indiscutível desonestidade, não comportando comparativo com nenhum paradigma senão com a própria impureza de atos indignos e revestidos de suspeição, a exemplo dessas estapafúrdias ameaças para ganhar eleição.
No presente momento, há enxurrada de denúncias envolvendo o ex-presidente como ter se beneficiado de reforma em apartamento supostamente da sua propriedade, uma vez que ela foi executada segundo as orientações dele e da sua mulher, e em sítio frequentado por ele e sua família, tudo sob a batuta de construtoras integrantes dos escândalos do petrolão, que consiste no desvio de recursos da Petrobras, embora ele jure de mãos postas que não tem nada com os fatos inquinados de irregulares.
Ao que se sabe, o princípio prevalente no Estado Democrático de Direito não se coaduna com a destruição de valores, como também a intimidação de pôr o Exército do MST na rua contra aqueles que não comungam na mesma cartilha ideológica do PT ou por outra forma contrária à licitude, por serem formas de desonestidade contra os princípios legitimamente democráticos, que se fundam em conceitos de respeito à integridade de pensamento, sentimento e ideologia, mesmo que isso possa contribuir para contrariar os interesses e as conveniências pessoais e partidárias.
Não há dúvida de que as afirmações do ex-presidente são muito importantes como tentativa de defesa da sua honestidade, no sentido de se pregar a ideia de "que não tem nesse país uma viva alma mais honesta do que eu", mas isso somente pode ser compreendida sob o prisma de quem faz a avaliação sobre o grau de honestidade e ainda sob o seu ângulo de visão, compreendendo não haver suspeição sobre os atos praticados.
Não obstante, esse sentimento pode não ser exatamente o que pensa a sociedade, que tem entendimento diametralmente diferente do petista sobre o que seja realmente honestidade, que não se encaixa nos atos praticados pelo petista, por demonstrar que nunca sabe de nada nem assume a responsabilidade por seus atos, contrariando os princípios que regem as práticas e atividades públicas, que exigem, entre outras atitudes de transparência, a prestação de contas sobre seus atos.
Na realidade, a avaliação do ex-presidente pode ser entendida como se os brasileiros pudessem cometer desdizes que são considerados honestos e que as incorreções por ele praticadas estariam na faixa daquelas toleradas como honestas e ninguém seria capaz de afrontar a sua condição de honestidade, ou seja, trata-se de avaliação subjetiva quanto ao conceito de honestidade, em que aquilo que contribui para a satisfação pessoal é honesto e todos têm o direito de realizar seus projetos sempre entendendo que eles estão no plano da correção, por atender aos seus objetivos, mesmo que isso possa ser visto por outrem como desonestidade, mas para o seu autor eles são sempre considerados honestos, porque lhe satisfazem plenamente.
O ex-presidente, como mestre em filosofia, tem todo direito de afirmar que é a pessoa mais honesta do Brasil, pelo menos em termos de alma viva, evidentemente sob a visão e a avaliação pessoais e isso é uma virtude apenas no plano particular, porque muitos fatos podem contrariar esse sentimento, à luz da avaliação da sociedade, em se tratando que ele é homem público, que tem obrigação de prestar contas sobre seus atos, que precisam se revestir de regularidade, sob os princípios da dignidade e honestidade.
A afirmação do ex-presidente vem em momento muito importante, por poder contribuir para a reflexão da sociedade, quanto ao que realmente seja honestidade, principalmente para a avaliação sobre o verdadeiro paradigma do que seja realmente homem público compatível com os atributos de estadista desejável e capaz de comandar os interesses dos brasileiros, de modo que sua compreensão sobre honestidade tenha a exata e única dimensão universal do que seja realmente retidão, correção, honradez, probidade, dignidade, decência, compostura... Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de janeiro de 2016

Afronta à dignidade


Em seguida ao escândalo da relação do ministro-chefe da Casa Civil com o empreiteiro ex-presidente da OAS, já condenado a 16 anos de prisão, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, as investigações da Operação Lava-Jato expõe à execração pública outro ministro da intimidade da presidente brasileira, sob denúncia de ter servido de possível intermediação da empreiteira em negócios envolvendo fundos de pensão.
O ministro da Casa Civil teria sido flagrado em troca de mensagens sobre a Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, o ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência ganha destaque em conversas no mínimo questionáveis com o empreiteiro que integrava o famoso “clube do bilhão” das licitações, nada próximo da licitude.
O empreiteiro da OAS, em uma das conversas, teria pedido ajuda ao petista para organizar reunião com presidentes de fundos ligados a estatais, como o Petros, dos funcionários da Petrobras, Previ, dos servidores do Banco do Brasil, além da Funcef.
Em mensagem, o empreiteiro pede ao petista: "Estava precisando falar com o nosso amigo (AM), junto com Dan (presidente da Previ), Caser (presidente da Funcef) e Carlos Costa (presidente da Petros). Tema: inauguração de Guarulhos. Você pode nos ajudar?", tendo antecipado que, no encontro, serão discutidas, entre outras questões, a data da inauguração do novo terminal do aeroporto de Guarulhos com a presença da presidente da República.
O citado terminal foi inaugurado no mês seguinte e teve a participação da petista, cuja obra foi executada por consórcio liderado pela OAS e contou com recursos das três empresas de fundos de pensão.
O contato com o ministro da Comunicação Social foi planejado, porque o petista circula com extrema desenvoltura nos meandros dos fundos, já tendo obtido contratos com a Funcef, quando ele era prefeito de Araraquara (SP), cuja parceria resultou em investigação da CPI dos Fundos de Pensão, objeto de apuração de rombo bilionário em companhias previdenciárias, sendo que uma das apurações, ainda em andamento, se debruça sobre a liberação de 10 milhões de reais da Funcef para a construção de complexo de hotéis, shopping e centros comerciais exatamente na base eleitoral do petista e tudo aconteceu à época quando ele era prefeito.
O ministro da Comunicação Social, que exerceu o importante cargo de tesoureiro da campanha da presidente do país, é investigado no Supremo Tribunal Federal, em decorrência das investigações objeto da Operação Lava-Jato, por irregularidades praticadas durante a última campanha da petista, também sob suspeita de abastecimento de recursos da OAS, cujo então presidente teria afirmado, conforme apuração da VEJA, que o ministro-tesoureiro teria coagido doadores eleitorais.
As conversas entre o empreiteiro e o petista também revelam uma série de encontros entre ambos e ainda um cronograma que, de acordo com a Polícia Federal, indica datas e valores de repasses feitos pela OAS à campanha eleitoral de 2014. As investigações, com base em prestações de contas, levantaram a doação de R$ 20 milhões da empreiteira à campanha petista. O relatório da Polícia Federal registra que "Todas as transferências ocorreram após a data das mensagens trocadas entre Edinho e LP".
É inacreditável como os fatos escabrosos envolvendo ministros se sucedem em extraordinária sequência jamais imaginável. Não obstante, ninguém do governo fica com a cara ruborizada, com o mínimo de vergonha de ter agido em dissonância com os princípios da moralidade, do decoro e da dignidade, por haver, entre outras incorreções, inserido o tráfico de influências nas relações de amizade, tudo com a finalidade da obtenção favores, de ambas as partes, em desqualificada promiscuidade.
O mais grave e lamentável de tudo isso é que os ministros, as autoridades do governo e as lideranças petistas, inclusive a presidente do país enxergam os fatos suspeitos e questionáveis, assim qualificadas sob o prisma das pessoas honradas e probas, com a maior naturalidade, como se fosse normal o crime de trágico de influência em meio ao uso da máquina pública para a solução de questões de interesse de empresas e pessoas, em troca de “benefícios”, como financiamento de campanha, muitas vezes de origem questionáveis, ou seja, os casos são resolvidos fazendo-se uso das facilidades e dos meios oferecidos pela influência ínsita do poder, em indiscutível contrariedade aos salutares princípios democrático e republicano, afrontando as finalidades orientadoras do interesse público.
À toda evidência, já passou, em muito, o tempo da realização de limpeza generalizada da sujeira que se renova e se acumula em cada eleição, bem assim da assepsia das práticas vergonhosas e espúrias no âmbito do poder, tudo sendo executado, sem o menor pudor, como se percebe no caso em comento, em nome da absoluta dominação e da perenidade do poder, com o emprego de métodos censuráveis e recrimináveis, por serem indiscutivelmente em dissonância com os salutares princípios da dignidade, moralidade e legalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de janeiro de 2016

sábado, 30 de janeiro de 2016

A persistência das más lições


Logo depois que o governo brasileiro decidiu pela redução da meta de superávit primário de 2016, para 0,5%, que era defendida pelo então ministro da Fazenda em 0,7%, a credibilidade da política fiscal foi minada, tendo como resultado o enfraquecimento da posição do governo, quanto ao desempenho econômico, e a imediata decisão da segunda agência de classificação de risco de retirar do Brasil a nota de “bom pagador”.
A Fitch é a segunda das três grandes agências de risco a tirar o grau de investimento do Brasil, em seguida à Standard & Poor’s, que já havia tirado, em setembro, a “nota de bom pagador” do país.
Ressalte-se que, entre as três grandes agências de classificação de risco, apenas a Moody's mantém o Brasil com grau de investimento, embora, em 9 de dezembro passado, essa agência colocou a nota em revisão para possível rebaixamento, acenando que ela também pode ser acionada em breve, o que contribui para piorar ainda mais o que já é desastroso.
A Fitch justificou que o rebaixamento do Brasil é reflexo da recessão mais profunda da economia, dos desdobramentos adversos do cenário fiscal e do aumento das incertezas que podem subtrair a capacidade do governo de implementar medidas fiscais que estabilizem o peso do aumento da dívida.
A verdade é que a recessão da economia brasileira se reflete pelo recuo do consumo e pela falta de investimentos, como mostra a evolução dos indicadores econômicos, que foram divulgados junto com o Produto Interno Bruto, que teve contração próxima de 3,8%, em 2015, com projeção de queda de 2,5% para este ano.
Como os fatos mostram muito claramente, a agência de classificação aponta a deterioração das projeções fiscais, cujo déficit do governo deve ficar acima de 10% do PIB, em 2015, com tendência de seguir em elevação e se mantendo acima de 7% do PIB, em 2016.
A agência de classificação afirma que “A deterioração das contas públicas, além da contração econômica mais profunda do que o previsto em 2016 e o aumento das incertezas nas últimas semanas jogam dúvidas sobre a capacidade do governo de assegurar a aprovação das medidas no Congresso para atender a meta fiscal de 2016”.
É induvidoso que as seguidas detonações do grau de investimento do Brasil, por agências especializadas do mercado financeiro, são nada mais do que a materialização da nítida acefalia administrativa do país, que tem a corroboração da incompetência, irresponsabilidade e ineficiência da gestão pública, ante a formação do ministério totalmente aparelhado para o tingimento exclusivo do apoio à presidente do país no Congresso Nacional, notadamente no que diz respeito à blindagem contra o seu impeachment, que tem sido a sua principal meta de governo, em detrimento das causas nacionais, que cada vez mais se degeneram em precariedades na importante prestação dos serviços públicos.
A economia brasileira é a cara do governo incompetente, inepto e improdutivo, que somente contribui para a regressão dos princípios relacionados aos fatores econômicos, conforme reconhece as agências de classificação de risco, que não tiveram a menor dúvida em tirar a nota de “bom pagador” do país, fato que tem drástica repercussão internacional, diante das incertezas quanto à segurança nos investimentos estrangeiros.
A retirada do grau de investimento do Brasil é mais uma perniciosa e maléfica demonstração da incapacidade gerencial do governo, que tinha absoluta certeza que essa medida estava prestes a ser adotada, mas apenas continuou com suas políticas desastrosas e contrárias à cartilha dos bons e corretos modelos e lições de administração econômica.
Como as medidas adotadas pelo governo apenas contribuem para potencializar a crise econômica, compete aos brasileiros se mobilizarem no sentido de protestar contra a continuidade de políticas contrárias ao interesse nacional, visto que o aprofundamento das dificuldades tem como pano de fundo, em especial, a má gestão das políticas fiscais, diante da gastança do governo, que resiste à racionalização e ao aperfeiçoamento da pesada, improdutiva e dispendiosa máquina pública, em atenção aos princípios essenciais da eficiência, eficácia e economicidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de janeiro de 2016

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Visão estapafúrdia e equivocada


Em café da manhã com jornalistas de agências de notícias, no Palácio do Planalto, a presidente da República defendeu, em reiteração, a recriação da CPMF, com a finalidade de reequilíbrio das contas públicas e de retomada do emprego.
Na ocasião, a petista afirmou, diante do aumento do desemprego no país, que a grande preocupação do governo é com a quantidade de pessoas fora do mercado de trabalho, em razão do desaquecimento da economia.
Ela disse que “... E é por causa disso que nós achamos que algumas medidas são urgentes. Reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, em ampliar impostos. Eu estou me referindo à CPMF. Acho que é fundamental para o país sair mais rápido da crise aprovar a CPMF, que é um imposto que se dissolve, se espalha por todos, de baixa intensidade, ao mesmo tempo em que permite controle de evasão fiscal e ao mesmo tempo faz outra coisa, que é muito importante: tem um impacto pequeno na inflação, porque ele é dissolvido se você considerar os demais impactos.”.
Segundo a última divulgação do resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a taxa de desemprego no país ficou em 9% no trimestre encerrado em outubro, cujo resultado é o mais alto da série iniciada em 2012.
A presidente não quer somente a recriação da CPMF, uma vez que também é prioritária para o governo a aprovação pelo Congresso Nacional da DRU e da Medida Provisória que trata dos juros sobre capital próprio e ganhos de capital, com vistas a restabelecer o equilíbrio fiscal.
Na atua situação de crises de toda ordem e natureza, que afeta sobretudo o emprego, diante da forte retração da economia, conforme reconhece a presidente, a aprovação de mais tributo e de pacotes de ajustes que atingem diretamente a sociedade funciona como pura maldade, por constituir medida que acarretará mais sacrifício para os brasileiros, principalmente porque isso não é a única alternativa, mas é certamente a mais simplista e de menor esforço, porquanto o governo não tem a menor sensibilidade para perceber a necessidade para a premência da racionalização da máquina pública, extremamente onerosa, pesada e ineficiente, que poderia ser modernizada e reestruturada, com vistas à obtenção da eficiência e da economicidade, tão carentes em momentos de dificuldades e de escassez de recursos públicos.  
A presidente do país precisa ser orientada e conscientizada, com o máximo de urgência, no sentido de que o reequilíbrio do Brasil não tem nada a ver com aumento de tributos, na visão sempre estapafúrdia e equivocada dos governos incompetentes e irresponsáveis, que pensam somente em aumentar a arrecadação, quando os princípios da competência, eficiência e economicidade acenam exatamente para direção em contrário, qual seja, da racionalização das despesas públicas em primeiro lugar e de maneira urgente, mediante a austeridade dos gastos e as priorizações das políticas públicas, de modo que a carga tributária não seja eterno sacrifício para os contribuintes, que já tiveram ultrapassada a sua capacidade contributiva, ao serem obrigados a arcar com as despesas da máquina pública bastante inchada, dispendiosa, ineficiente, inútil, que presta serviços de péssima qualidade à população.
Na verdade, a máquina pública tem a principal finalidade servir, na atualidade, como eficiente cabide de empregos para a satisfação das espúrias alianças entre o governo e a sua base de sustentação, com vistas a assegurar a manutenção do indigno sistema fisiológico implantado para possibilitar a perenidade do poder, em que a classe política dominante se esbanja das benesses propiciadas pela abundância dos cargos públicos e pelas facilidades das influências para a solução de questões de seus interesses, com o emprego da máquina pública.
O governo eficiente jamais ousaria pensar em aumentar tributos, notadamente em momento de agudas crises social, política e econômica, sem antes promover forte e profundo enxugamento de suas despesas, que, no caso do país tupiniquim, elas extrapolam o mínimo senso da razoabilidade, tendo em vista os exagerados desperdícios de recursos com a manutenção da máquina pública ultrapassada e obsoleta, que exige urgente e abrangente reforma nas suas estruturas, como forma de possibilitar seu funcionamento com o mínimo de eficiência e otimização.
Convém que os serviços públicos funcionem em consonância com o desenvolvimento dos princípios da administração e da economicidade, que estão presentes nos países cujos governos têm a máxima preocupação com o exclusivo atendimento do interesse público, obviamente com embargo das causas pessoais e partidárias, inclusive das alianças espúrias e questionáveis, que têm sido responsáveis, à toda evidência, pelo entrave ao ansiado desenvolvimento social, político, econômico e democrático.
Mesmo que tivesse justificativa plausível, a presidente brasileira não tem direito de penalizar ainda mais a sociedade, com a imposição de pesado sacrifício, porque ela já se encontra atolada em enormes dificuldades justamente em razão das desastradas políticas econômicas adotadas pelo governo, que foram capazes de contribuir para as monstruosidades da recessão, do aumento da inflação, dos juros e das dívidas públicas, da diminuição da arrecadação, da retirada do capital estrangeiro, da falta de investimentos em obras, entre outras precariedades que estão emperrando o desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de janeiro de 2016

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Princípios e felicidade


"Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo". Palavras de Deus, reafirmadas por Jesus Cristo.

Um ex-padre argentino homossexual, que aposentou o hábito após confessar sua orientação sexual, escreveu uma carta ao papa com pedido no sentido de que ele se adapte "aos novos paradigmas do mundo contemporâneo", depois que o pontífice disse que não julga os homossexuais, fato que, na verdade, simplesmente condiz com a liturgia papal, que não tem direito de ficar julgando, a seu bel-prazer, o seu semelhante, justamente por contrariar os princípios ínsitos do cristianismo, que pregam a compreensão, a fraternidade e o amor entre os seres humanos.
Na realidade, o ex-padre foi coerente com seus princípios como ser humano, ao decidir trilhar seus caminhos desatrelados das exigências da Igreja Católica, que tem seus princípios, dogmas e regulamentos e precisam ser respeitados enquanto não forem alterados, independentemente de juízo de valor se isso é certo ou errado, porque cabe a ela a avaliação sobre o que lhe convém ou não, como instituição católica.
O ex-padre disse que "Já fui sacerdote católico, pastor, partilhei desse ímpeto missionário e dessa necessidade de reivindicação de abertura eclesial. Até que decidi seguir outro caminho quando descobri minha própria tendência homossexual e admitir minha impossibilidade de exercer o ministério pastoral em celibato", que nada mais é do que a coerência que se exige em relação ao princípio da tolerância sobre a individualidade, no que se refere ao respeito aos sentimentos e orientações pessoais.
Não há a menor dúvida de que a decisão do ex-sacerdote condiz com o seu sentimento de independência pessoal, uma vez que as suas vocações homossexuais não se encaixam com a doutrina cristã, de não aceitação de pessoa declarada e assumida como verdadeiramente é, embora essa condição de viver e de ser feliz contradiz também o pseudossentimento de felicidade pregado pela própria igreja, ante a inexistência da proibição quanto à compreensão daquilo que pode contribuir para potencializar o estado de felicidade pessoal.
Na verdade, o estado de felicidade ínsito do ser humano não se harmoniza, em absoluto, com a imposição de restrições, por menores que elas sejam, porquanto querer ser feliz é exatamente assumir a prática de ações que propiciem prazer e satisfação pessoal, no bom sentido da realização de seus bons sentimentos, em consonância, inclusive, com os princípios fundamentais do cristianismo, que tem como finalidade precípua a construção do amor entre as pessoas.
As pessoas precisam se sentir felizes e realizadas na forma como entendem que devem construir e desenvolver a sua vida de felicidade, inclusive defendendo com garra os princípios que acharem que são corretos e capazes de propiciar a plena satisfação de conviver com os seus semelhantes, independentemente do sentimento ou da doutrina instituídos por pessoas ou entidades, que obviamente devem ser aceitas ou adotadas se houver conveniência e compatibilidade com suas convicções ou vocações, de modo que possam contribuir para o fortalecimento de seus sentimentos de plena felicidade.
Definitivamente, não parece, em absoluto, correto ou justo o paradigma da condenação do amor entre pessoas pelo simples fato de não seguir o que foi convencionado como sendo certo ou errado ou ainda adotado de forma até egoística como padronização ideal para as relações sociais ou amorosas entre os seres humanos, quando a rigidez de padrão pode ter pecado redondamente em desprezar a essencialidade dos sentimentos pessoais, das necessidades de adaptações sociais e, em última análise, da própria evolução da humanidade, que não podem ficar estratificadas, sob pena de prejudicar as importantes conquistas da humanidade, que tem todo direito de continuar em permanente crescimento, para satisfazer plenamente seus sentimentos de felicidade, que foi sabiamente criado e disponibilizado para os homens pelo ser Supremo, que apenas estabeleceu feliz condição libertária de crescei e multiplicai, para o bem de todos, sem qualquer imposição de restrição de liberdade de sentimentos, que é princípio essencial desencadeador da felicidade.
Na realidade, é mais do que justo que o amor de Deus seja perseguido, cultuado e difundido por meio de puras e verdadeiras convicções, para o fim da construção da felicidade entre os seres humanos, que podem realizar seus sentimentos e experiências com as práticas do bem entre si, porque não se tem conhecimento que a disseminação do amor verdadeiro tenha sido prejudicial às relações saudáveis da sociedade, quando se entende que produção do desentendimento, da desarmonia ou da infelicidade é capaz de contrariar as tentativas da união entre pessoas, para a construção da felicidade, que pode ser interrompida com os injustificáveis julgamentos e condenações, exclusivamente por institucionalização envolvendo nada mais que conveniências ou interesses egoísticos.
Convém que as instituições tenham a sensatez de defender seus princípios religiosos, dogmáticos, ideológicos, políticos etc., sem que isso possa interferir no sentimento do ser humano, que deve ter a sua independência de comandar sua vontade como imagina ser a ideal para a construção da sua felicidade, não podendo ser estigmatizado por suas ações ou seus sentimentos pessoais, porque isso não se harmoniza com os princípios do amor.
Custa acreditar que, em pleno século XXI, diante dos avanços da humanidade, ainda haja espaço para a aceitação da inadmissível prática da indigna discriminação entre os semelhantes, tão somente pelo simples fato de haver tendência de sentimento sobre sexualidade ou confissão sobre o exercício de algo da sua predileção saudável, só porque isso não se encaixa exatamente no paradigma que foi convencionado pela sociedade ou por instituições como correto ou normal, uma vez que, perante os princípios de Deus, os seres humanos são, independentemente de ideologias, seus filhos dignos de acolhimento e de compreensão, não importando o seu credo, a sua etnia, cultura, as suas preferências e paixões amorosas ou sentimentais, porque nada disso tem influência no menor ou maior amor de Deus por eles, que são tratados e considerados todos perfeitamente nas mesmas condições de igualdade.
O ser humano precisa ter a dignidade de aceitar seu semelhante tal como ele é, independentemente de seus sentimentos ou suas vocações religiosas, ideológicas ou sentimentais, porque Deus acolhe a todos com o seu amor paternal que tem a mesma intensidade para todos e capaz de propiciar a plena felicidade.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de janeiro de 2016

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Cadê a transparência?


Segundo a revista VEJA, o Ministério Público de São Paulo, depois de confirmar que o petista ex-presidente da República é realmente dono de um tríplex reformado e mobiliado pela construtora OAS, decidiu denunciá-lo por ocultação de propriedade do citado imóvel, que é uma das formas do crime de lavagem de dinheiro, embora o assunto viesse sendo mantido na clandestinidade.
O imóvel objeto da denúncia contra o petista faz parte da investigação de fraudes em negócios realizados pela Bancoop, cooperativa habitacional de bancários que deu calote em associados e desviou recursos para o PT, tendo ido à falência em 2006 e deixado quase três mil famílias sem seus imóveis, embora, pasmem, a cúpula daquele partido recebeu normalmente seus apartamentos.
De acordo com revelação da VEJA, a empresa OAS assumiu a construção de vários prédios da cooperativa, a pedido do petista-mor, que é amigo do peito do então presidente da construtora, que foi condenado a dezesseis anos de prisão no petrolão, em face do seu envolvimento na famigerada corrupção objeto das investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato.
O Ministério Público de São Paulo teria apurado que a aludida construtora desempenhou ainda o papel de "laranja" do petista, ao se passar por dona do tríplex, cuja situação foi cuidadosamente desvendada pelos promotores, por meio de levantamentos que duraram seis meses e de esquadrinhamento da relação entre a OAS e o patrimônio imobiliário de líderes petistas, inclusive do ex-presidente, tendo concluído que o citado tríplex é a evidência material da indiscutível ilicitude da parceria do petista com os empresários corruptores que estão respondendo por seus crimes perante a Operação Lava-Jato.
A conclusão dos promotores teve por base testemunhas, recibos de prestação de serviços e contratos, que constituem robustas provas materiais capazes de dar respaldo à formulação da denúncia contra o ex-presidente à Justiça, em razão da tentativa de negar ser o dono do tríplex, ficando configurados os crimes de lavagem de dinheiro e de ocultação de patrimônio, segundo os promotores.
O Instituto Lula nega que o petista e sua família tenham cometido os crimes indicados pelo Ministério Público, tendo expedido nota intitulada “violência contra Lula: promotor anuncia denúncia sem ouvir defesa”, na qual acusa violação da lei e do Estado Democrático de Direito, uma vez que foi anunciada, pela imprensa, a pretensão de denunciá-lo sem ouvir a sua defesa, fato este que foi rebatido pelo promotor, que negou ter antecipado a decisão, haja vista que as evidências abrem a “possibilidade” da denúncia, independentemente de defesa prévia.
O citado instituto afirma que, “Ao contrário do que acusa o promotor – sem apresentar provas e sem ouvir o contraditório – o ex-presidente Lula e sua esposa jamais ocultaram que possuem cota de um empreendimento em Guarujá, adquirida da extinta Bancoop e que foi declarada à Receita Federal... Não há, portanto, crime de ocultação de patrimônio, muito menos de lavagem de dinheiro. Há apenas mais uma acusação leviana contra Lula e sua família. A atitude do promotor é incompatível com o estado democrático de direito e com o procedimento imparcial que se espera de um defensor da lei, além de comprometer o prestígio e a dignidade da instituição Ministério Público.”.
Os advogados do ex-presidente examinam medidas contra o que eles chamam de conduta irregular e arbitrária de promotor do Ministério Público de São Paulo, por entenderem que ele teria violado a lei e até o bom senso ao anunciar, pela imprensa, que apresentará denúncia contra o petista e sua esposa, sem antes ouvi-los.
Um promotor defendeu o direito dos promotores de promoverem transparência a inquérito de alto interesse público, tendo afirmado que “Informar a sociedade sobre uma investigação de evidente interesse público, por meio de uma imprensa livre não me parece violar a lei, especialmente porque o sigilo da investigação foi baixado. Além disso, somos promotores de justiça e trabalhamos em prol e para a sociedade, que merece tomar ciência de investigações dessa envergadura”.
Por sua vez, em nota, um promotor disse que “O Ministério Público não antecipou denúncia. Só exteriorizou, em homenagem ao interesse público que norteia a questão, que as provas coligidas apontam para a possibilidade de uma denúncia. – oxalá os investigados consigam refutar toda a gama de prova testemunhal circunstancial e documental que apontam para possível crime de lavagem de dinheiro entre outros. – por último, o trabalho é do Ministério Público com a participação de outros promotores e não tem qualquer tom personalista.”.
É a palavra do promotor contra a do petista, que se acha, como de costume, injustiçado com denúncia inconsistente, que visa prejudicar a imagem de importante homem público, sob a inexistente da prática de crimes de lavagem de dinheiro e de ocultação de patrimônio.
Diante dos fatos, não seria o caso de o ex-presidente, como homem público, concomitante às medidas contra o promotor que o investiga, prestar contas à sociedade sobre seus atos, apresentando os elementos sobre a regularidade com relação à propriedade ou não do imóvel em questão, como forma de escoimar quaisquer dúvidas sobre a sua licitude nesse rumoroso episódio, que vem sendo explorado há bastante tempo?
De certa forma, o ex-presidente alimenta, na imprensa, a discussão sobre o caso em comento, porque ele poderia muito bem atender, de forma voluntária, ao princípio da transparência e esclarecer os fatos, por meio de elementos que permitissem elucidar de vez as dúvidas e isso não custaria muito esforço porque bastaria ele abrir o sigilo que existe sobre as apurações, evitando desgaste político, que também poderia contribuir para o aperfeiçoamento democrático, em benefício da verdade.
O que se percebe com muita clareza é que o petista tem mania de grandeza e, por isso, demonstra enorme dificuldade em mostrar transparência sobre seus atos, fato que vem causando celeumas que poderiam ser evitadas, caso ele se dignasse a esclarecer os fatos como eles são realmente, mostrando os elementos e as circunstâncias sobre eles.   
Nesse caso, diante das dificuldades de entendimento sobre os fatos em apreço, não seria o caso de, previamente, ouvir-se a alma do ex-presidente, para realmente se cientificar sobre a honestidade que até pode haver nela, já que o petista continua vivo e protagonizando atos suspeitos e susceptíveis de investigação, como nesse affaire sobre a propriedade de um imóvel, que teria sido reformado por construtora sob o gosto e as ordens dele, mas é discutível a sua propriedade, ficando em dúvida os fatos que poderiam ser esclarecidos caso houvesse compreensão e boa vontade para a revelação da verdade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de janeiro de 2016

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O regime da destruição


O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu que a inflação na Venezuela, em 2016, deverá chegar à casa dos 720%, superando mais que o dobro da sua estimativa para o índice do ano passado.
Segundo o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, a principal causa para a forte elevação dos preços deverá ser a acentuada crise econômica e o profundo desabastecimento no país governado sob o idealismo bolivariano.
A situação periclitante da Venezuela é muito bem retratada com os consumidores sendo submetidos à vexatória e humilhante situação de enormes filas, nas portas de supermercados em Caracas, em busca de alimentos básicos e gêneros de primeira necessidade, que não têm sido suficientes para atender à população, que vem passando sufoco com o desabastecimento do país, que tem pouca produção para satisfazer à demanda altamente reprimida, em face do rigoroso controle dos preços por parte do governo. 
Na avaliação do FMI, a dramática situação econômica do país, agravada pela queda brusca do preço do petróleo, que é o principal produto de exportação venezuelano, fará que o Produto Interno Bruto do país sofra acentuada queda de 8% este ano, cuja previsão de retração é menor que a prevista para 2015, período para qual o FMI estimava crescimento negativo de 10%. Diante desse terrível quadro, a Venezuela experimenta, em dois anos, redução de 18% no total de suas riquezas.
Consta do relatório do FMI que as distorções nas políticas econômica e fiscal venezuelanas já estavam provocando prejuízos à economia antes mesmo da queda do preço do petróleo, embora esse fato tenha sido apontado pelo governo como uma das causas da crise, o que não corresponde exatamente à realidade dos acontecimentos.
Segundo o FMI, "A falta de moeda estrangeira teve como efeito a escassez de bens intermediários e desabastecimento generalizado de bens essenciais, incluindo alimentos, que tiveram as consequências trágicas.".
Embora os resultados finais da economia do ano passado ainda não tenham sido divulgados pelo governo venezuelano, o Banco Central local avalia que a variação do índice de preços ao consumidor, em 12 meses, teria chegado, entre janeiro e dezembro, aos números aproximados de 200%, enquanto o FMI prevê que a cifra no mesmo período situe em torno de 275%, bem acima das previsões da administração venezuelana, que sempre distorce a realidade dos fatos, na tentativa de enganar ainda mais a classe fanatizada pela incompetência administrativa.
A situação econômico-financeira da Venezuela é bastante preocupante, diante do quadro crônico representado pelo alarmante desabastecimento de gênero de primeira necessidade, inclusive de medicamentos, que tem contribuído para fragilizar as estruturas econômicas do país, firmadas na frágil alternativa da ineficiência do controle desesperado dos preços, que somente piora o quadro dramático imposto à população, submetida, de forma coercitiva, à situação de horrores, completamente à mercê da absoluta incompetência administrativa do governo, que controla tudo com mãos de ferro e ainda entende que esse é o único caminho a ser seguido, sob a cartilha completamente dissociada dos parâmetros de sensatez e eficiência que devem ser seguidos em momentos de dificuldades econômicas.
Para piorar o que já é ruim, o governo tirânico bolivariano houve por bem aprovar medidas de emergência econômica prevendo, entre tantas alternativas absurdas e insensatas, a mudança de destinação de recursos estatais e, pasmem, a expropriação de empresas, com a tentativa de garantir o abastecimento do país, em clara demonstração de intervenção próprio do regime de exceção no sistema econômico, cuja finalidade certamente terá o condão de, ao contrário do resultado pretendido, intensificar a grave crise que já é socialmente tensa e insuportável.
O quadro em referência é visivelmente de extrema preocupação, por resultar em crise de cunho visivelmente humanitário, diante do envolvimento da população em terrível situação de escassez quase generalizada, provocada exclusivamente pelo governo ditatorial, que defende, de forma intransigente, a ideologia socialista do século XXI, tendo por base o centralismo do Estado sobre as atividades produtivas e capitalistas, com reflexos altamente prejudiciais à sociedade.
Embora possa parecer paradoxal, a dramática e trágica situação da Venezuela tem muitíssimo a contribuir para a reflexão dos brasileiros, diante da indiscutível simpatia do governo e do principal partido tupiniquins ao abominável regime venezuelano, à vista do incondicional apoio prestado por eles àquele governo, visivelmente de exceção, em especial por ignorar direitos humanos e princípios democráticos, conforme evidenciam os fatos do cotidiano, em cristalino desrespeito aos salutares princípios humanitários. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de janeiro de 2016

Argumentações infrutíferas


Em 2015, o Brasil fechou 1,542 milhão de postos de trabalho, com carteira assinada, cujo dado é considerado o pior da série histórica, que teve início em 1992, pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. Somente no mês de dezembro - quando normalmente há mais demissões, em razão do desligamento de temporários -, foram fechadas 596,2 mil vagas.
O saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ano foi resultado de 17,7 milhões de admissões e 19,2 milhões de demissões.
O dado de 2015, se comparado com os anos precedentes, mostra enorme degeneração do mercado de trabalho. Em 2013 e 2014, foram geradas, respectivamente, 1,1 milhão e 420,8 mil vagas formais, enquanto o fechamento de postos, em 2015, anula todo o avanço do emprego formal naqueles dois anos. 
O ministro do Trabalho e Previdência Social admitiu que o dado de 2015 foi pior que o esperado pelo governo, que reconheceu que o fechamento recorde de vagas foi insuficiente para reverter as conquistas obtidas pelo trabalhador no passado recente. Para o ministro, "A crise não foi capaz de destruir as conquistas dos últimos anos." e o governo tem trabalhado para retomar a atividade econômica e, por consequência, a geração de empregos.
O ministro também disse que, em período de retração econômica e restrição do poder de compra das famílias, há espaço para a expansão do crédito, como fator motivador de ampliação da demanda.
O petista disse ainda que, para possível reversão do quadro negativo do emprego, o governo conta com o ajuste do câmbio - que começa a trazer resultados positivos -, a reversão da inflação e a ampliação de investimentos, ressaltando que o governo tem tomado medidas necessárias para essa retomada, mesmo em meio a mais restrição do ambiente internacional.
A confusão no âmbito do governo sobre a compreensão da perda de vagas de emprego é coisa de muita loucura, que dificilmente alguém irá entender quais sejam realmente as políticas adotadas por ele para solucionar a grave crise do setor, que tem se valido tão somente do descrédito e surrado anúncio de palavras vazias e inconsistentes de que estão sendo tomadas medidas para a retomada do crescimento econômico, sem a indicação de nenhuma medida no sentido de reverter o quadro dramático, que vem infernizando a vida dos brasileiros.
O governo precisa, com urgência, se conscientizar de que o gargalo que emperra o desenvolvimento do país e, por via de consequência, trava o emprego, tem como principal origem o famigerado custo Brasil, com seus terríveis componentes consistentes na carga tributária, nos encargos trabalhistas, nos juros astronômicos, na burocracia e em tudo mais que contribui para que a competitividade da produção nacional não continue distanciada dos produtos importados.
          O governo precisa agir com medidas efetivas e de resultado prático, de modo que possam incentivar e estimular à retomada dos investimentos, em fomento à industrialização, evitando ficar anunciando, por meio de fajutos argumentos, já desgastados de tanta repetição infrutífera, de que há preocupação no sentido de o país voltar a crescer, como se esse papo furado já não estivesse exaurido há muito tempo, porque ele faz parte de ideologia que tem servido somente para enganar parcela de fanatizados que ainda acredita nessa lenga-lenga própria da incompetência administrativa que apenas fica esperando que caia algo mágico do espaço sideral e mude por completo a terrível inércia administrativa, que não tem iniciativa senão de propor mais sacrifício para a sociedade, com, por exemplo, a recriação da famigerada CPMF, que certamente contribuirá ainda mais para encarecer o custo da produção e o consumo, uma vez que a sua incidência ocorre em todas essas fases e isso tem reflexo direto no aumento do desemprego, mas a miopia ínsita da incompetência administrativa não consegue enxergar o perigo que pode recair com mais tributo imposto aos brasileiros.
Os brasileiros precisam se mobilizar contra a indiscutível ineficiência gerencial do governo e exigir efetivas medidas coerentes com a retomada do crescimento econômico e o imediato embargo das promessas mentirosas e vazias, sempre acompanhadas de forjada preocupação do governo que não passam de pura enganação da ingenuidade e da boa vontade dos brasileiros, que são apenas ludibriados. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de janeiro de 2016

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Acertar o posicionamento?


Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu.”. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil

O Estadão publica transcrição feita pela Polícia Federal do diálogo que o petista ex-presidente da República protagonizou, pelo telefone, com um executivo da Odebrecht, com revelação sobre a participação do petista como autêntico gerenciador de empreiteiros, que foram presos quatro dias depois do citado contato.
Preocupado, o petista verifica se o executivo da Odebrecht e demais palestrantes de um seminário organizado pelo Valor Econômico foram convincentes na defesa contra a acusação de que a empreiteira foi beneficiada pelo BNDES graças ao prestígio do ex-presidente.
Na conversa, o petista diz que falou com o seu garoto de recados, um ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal por São Paulo, que vai publicar um artigo “dando o cacete”.
Ao final, o executivo da Odebrecht transmite ao petista que o presidente da construtora gostou da nota do Instituto Lula sobre o tema e o ex-presidente concorda em alinhar as defesas de ambos.
Em síntese, o diálogo do executivo da Odebrecht com o petista ex-presidente transcorreu nos termos abaixo, conforme o texto publicação pelo Estadão:
“...
ALEXANDRINO: muito bom, muito bom, o rapaz se portou muito bem, o MARCELO, andou distribuindo umas verdades, entendeu, lá? O cara da AEB, o JOSÉ AUGUSTO foi muito bem, o rapaz do ITAMARATY também foi muito bem, explicando. Explicando que isso é importante pro Brasil, tá? O GIANETTI DA FONSECA que é um tucano de primeira plumagem, também foi bem, dizendo que “isso não é matéria pra se polemizar”, nós temos que estar preocupado com o Brasil e não com políticas mesquinhas, foi bem, isso ai, foi muito bem, tá?
LULA: Aham.
ALEXANDRINO: Eu acho, em acho... Logicamente, fala do MARCELO é a que mais vai aparecer amanhã na mídia, né?!
LULA: Aham.
ALEXANDRINO: Ele falou que não tem nada de ilegal, nada de imoral, nisso ai, que podem abrir tudo, podem pesquisar tudo, que não tem nada de errado, tá?
LULA: Aham.
ALEXANDRINO: Foi muito bom, viu?!
LULA: Falou o cara do Ministério das Relações Exteriores?
ALEXANDRINO: Muito bom, RODRIGO ALVAREZ.
LULA: E o cara da Indústria e Comércio?
ALEXANDRINO: Ah, Indústria e Comércio, não, foi o Ministro no final, mas depois do almoço, já a plateia ficou pouca gente, mas ai foi burocrático. O ponto alto foi o cara do Ministério das Relações Exteriores.
LULA: Aham.
ALEXANDRINO: Esse foi o ponto alto pra mim. O cara a AEB, muito bom também, o MARCELO chutando o pau da barraca.
LULA: E a imprensa tava lá?
ALEXANDRINO: Tava, tava. Saiu matéria no “Globo”, saiu na “BROADCAST’’, saiu no “VALOR”, lógico, repercutiu isso em todos lugares, ai viu? E no fundo, no fundo, é importantíssimo pro Brasil, entende? Alavanca. Teve o BARRETO, do SEBRAE, também falando sobre a pequena e média empresa, entendeu? Todo mundo falou.
LULA: Eu falei com DELFIM NETTO hoje (quase inteligível), ele vai publicar um artigo amanha no VALOR dando o cacete.
ALEXANDRINO: Tá bom, mas muito bom, muito bom, tá?
LULA: Tá bom, querido.
ALEXANDRINO: Eu já reportei isso para EMÍLIO, tá?
LULA: Ah, ta bom.
ALEXANDRINO: EMÍLIO me ligou ao final... Ah, e outra coisa que EMÍLIO ELOGIOU, ELOGIOU O DOCUMENTO DE VOCÊS, tá? Ele falou, “porra, puto documento bem feito!”
LULA: A NOTA NÉ?
ALEXANDRINO: A nota, sim, muito bem feito. E eu conversei hoje com PAULO pra gente conversar essa semana pra acertar, PRA ACERTAR O POSICIONAMENTO NOSSO JUNTO COM O DE VOCÊS, tá? Combinado?
LULA: Ta bom. Ta bom. Um abraço, meu irmão. Tchau”.
À toda evidência, nem parece que na ponta de uma linha telefônica tinha um ex-presidente da República preocupado com a repercussão sobre seus conchavos ultrassecretos com construtora igualmente suspeita, combinando e afinando as desculpas esfarrapadas perante a opinião pública.
Quando um político se atreve a combinar com alguém algo para ajustar a cacetada a ser deferida e ainda acertar os detalhes sobre posicionamentos de ambos, para que não haja divergência de justificativas, com certeza aí tem algo pútrido que não condiz com os comezinhos princípios da dignidade, honestidade e legitimidade.
Aliás, essa forma de relacionamento entre "amigos", para a combinação de entendimentos sobre assunto sigiloso se harmoniza com as práticas suspeitas e questionáveis, visto que os atos lícitos não precisam de ajustamento e muito menos de cacetada para mostrar regularidade que eles não existem, porque os procedimentos insuspeitos e revestidos de regularidade falam por si sós, sem necessidade de ajustamentos, como os referidos pelo ex-presidente.
No pior das hipóteses, a simples ligação telefônica de ex-presidente do país para executivo de construtora já é capaz de suscitar situação preocupante, diante do interesse dos envolvidos para tratar sobre fato delicado que, no mínimo, pode ser inspirador de suspeição, pois, ao contrário disso, não haveria o cuidado sobre o acerto de posicionamento, ante a legitimidade sobre os procedimentos havidos. 
Até quando os homens públicos vão perceber que a dignidade é representada pela transparência nos seus atos, sem nunca precisar ter medo de mostrar à sociedade, como forma de prestação de contas, seus atos totalmente despidos e acessíveis à avaliação quanto à sua regularidade e moralidade?
A grandeza de um povo pode ser medida pelo nível da dignidade de seus representantes, à luz do princípio constitucional segundo o qual o poder emana do povo e em seu nome será exercido, ou seja, os representantes políticos são a caro do povo, justamente por eles terem sido eleitos sob a vontade popular, o que vale dizer que maus políticos não deveriam merecer o apoio do povo, que tem a obrigação cívica de eliminá-los da vida pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de janeiro de 2016

O crime organizado


Importante empreiteiro da construção civil, em momento de desabafo, descarrega para o advogado da sua empresa conversa sobre a atitude que considera de pouco caso por parte da presidente da República, que, no entendimento dele, não tem demonstrado nem um pingo de preocupação com o que vem acontecendo com os empresários que estão sendo investigados pela Operação Lava-Jato.
O empresário desabafa nestes termos: "A Dilma fica posando de virtuosa como se não tivesse nada com o que está acontecendo. Ela declarou pouco mais de 300 milhões de gastos de campanha, e nós demos para ela quase 1 bilhão. Como ela pensa que o restante do dinheiro foi parar na campanha?".
A forma de dizer exatamente o que pensa sobre a onipresença da petista, que se gaba de ter tudo muito correto, quando os fatos dizem muito bem o que realmente houve, reflete a situação de fato e, além de indicar a existência de algo inconfessável, suscita a verdadeira possibilidade da revelação do sentimento comum entre os grandes financiadores ao PT, na campanha da reeleição presidencial.
A verdade é que houve doações contabilizadas, com o devido registro no Tribunal Superior Eleitoral, mas é inegável que muitas contribuições foram feitas de forma clandestina, com a utilização do famoso caixa 2, por meio de diversas maneiras, inclusive com o uso, mediante o jeitinho brasileiro, das poderosas estruturas empresariais.
Agora surge informação de que outros repasses foram feitos indiretamente aos partidos, conforme o relato de empreiteiro, que disse que "Essas doações foram feitas a partir da contratação de consultorias indicadas pelos políticos ou por meio de pagamentos a publicitários diretamente no exterior".
As evidências desse procedimento já são do conhecimento da Polícia Federal, que constatou operações casadas, em que empreiteiras são beneficiadas com generosos obras e financiamentos públicos, se comprometendo, em contrapartida, a contratação no Brasil ou no exterior de consultorias ou agências de publicidade, para quem, na realidade, são repassados parcela do produto dos valores embutidos no superfaturamento dos preços contratados.
Uma operação dessa natureza de triangulação criminosa é objeto de investigação ainda mantida sob sigiloso, envolvendo nada mais nada menos o importante e maquiavélico marqueteiro das campanhas eleitorais do ex-presidente e da atual presidente petistas.
Policiais federais, ao vasculharem computadores e documentos de pessoas suspeitas do recebimento de propina no exterior, desvendaram a forma irregular de pagamentos em contas secretas no exterior, entre as quais podem constar as do marqueteiro do PT, cujos serviços eram remunerados por meio de dinheiro não contabilizado pelo partido nem registrado no TSE, ou seja, a operação se materializava por meio do agora desbaratado esquema de corrupção, com o pagamento feito à margem da legalidade.
As pistas para a simples conclusão sobre as contas do marqueteiro começaram a surgir após a apreensão de material, cuja investigação deparou com uma carta enviada, em 2013, ao empreiteiro responsável pelo pagamento de propina, onde constavam as coordenadas de duas contas no exterior, sendo uma nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra.
O mais impressionante é que a citada correspondência teria sido remetida, em manuscrito, pela esposa e sócia do marqueteiro do PT ao empreiteiro investigado, fato este que teve importante contribuição para a conclusão da Polícia Federal sobre a ligação financeira existente entre a esposa e sócia do mencionado marqueteiro e um operador de propinas do petrolão.
Ante a necessidade para a formalização da prova material, a carta manuscrita tornou-se importante instrumento revelador da robusteza do crime, em que pese a predominância das facilidades de comunicação por via digital ou telefônica, mas o uso da correspondência teria o condão de não deixar rastro, não fosse a diligente, prestativa e eficiente Operação Lava-Jato, que pode prestar importante contribuição para a repatriação para o Brasil de dinheiro de propina.
Os fatos são claríssimos e as provas contundentes, não deixando a menor margem de dúvida de que o crime organizado fincou raízes na administração do país, causando não somente prejuízos financeiros aos brasileiros, mas, principalmente, devastação dos princípios da ética, moralidade, honestidade, dignidade etc., mostrando que o Brasil foi transformado numa republiqueta da pior qualidade, sob a responsabilidade de homens públicos capazes de se organizar em esquemas e quadrilhas, em benefício pessoal ou partidário.
A decadência dos princípios da moralidade, legalidade e dignidade, que se banalizaram no país, com o beneplácito da consolidação da impunidade, graças às quadrilhas implantadas com robustas raízes ramificadas nas entranhas da administração do país, reflete com intensidade na prestação dos serviços públicos, que têm sido precários e de péssima qualidade.
O Brasil precisa ser passado a limpo, com muita urgência, por meio da promoção da maior e mais abrangente assepsia dos homens públicos que praticaram os mais sórdidos atos criminosos, em nome do único projeto de absoluta dominação e de perenidade no poder, com indiscutível emprego de métodos ilícitos e deletérios, destruidores do patrimônio e dos sonhos dos brasileiros, que, de forma bestial e absurda, ainda nutrem a indignidade de venerar lideranças vinculadas a esse trágico projeto de degeneração, sem o menor pudor, dos princípios da dignidade, moralidade e honorabilidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de janeiro de 2016