quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tiro de misericórdia

Por unanimidade, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendou à presidente da República a exoneração do ministro do Trabalho, além de aplicar-lhe "advertência ética", que representa uma "mancha" no currículo do advertido. Segundo o presidente da citada comissão, as explicações prestadas sobre as denúncias noticiadas pela imprensa foram "insatisfatórias" e que "nenhum fato em especial" motivou a decisão da comissão. Disse ainda que "Ele apresentou a sua defesa e a comissão entendeu que ele não tinha se explicado sobre toda a base das acusações". Por meio de nota, a comissão declarou que "trata-se de suposto desvio ético" e concluiu que essas denúncias "apontam irregularidades em convênio e cobrança de propina no MTE". Não há dúvida de que as denúncias contra o ministro são gravíssimas, consistindo na possível existência de esquema de arrecadação de propinas junto a ONGs que mantêm convênios com a pasta, tendo por objetivo arrecadação de recursos para abastecer o caixa do PDT, além do uso irregular de um avião particular, cujo aluguel teria sido pago por um dirigente de ONG que mantém contrato com o ministério. Até que enfim alguém nesse governo enxerga irregularidades nas suas entranhas e tem a coragem de apontar medidas saneadoras. Até então, não adiantava nem mesmo a sangria das chagas expostas que ninguém seria capaz de perceber a gravidade dos fatos, preferindo negá-los como forma de enganar parte da sociedade que, despreparada e aliciada com subornos, ainda confia nessa gestão da latente corrupção e da espúria composição política, com fins destinados à manutenção no poder. Caso o ministro não seja exonerado agora, diante da contundência das conclusões da Comissão de Ética, será apenas a confirmação da desmoralização do serviço público brasileiro e a reafirmação de que esse ministro pode revelar algo podre que não interessa a ninguém, caso ele não permaneça no cargo, porque as suas declarações de que “não há nenhuma possibilidade de deixar o governo” e “só deixaria o governo abatido por bala" podem ser muito relevadoras. No presente caso, não carece absolutamente mais nada para o desfecho do imbróglio, porque a bala, o tiro de misericórdia, acaba de ser disparada, à queima roupa, faltando apenas alguém ter a dignidade, a decência de mandar o de cujos para onde ele já devia ter ido há bastante tempo. Diante desses fatos, a sociedade vislumbra tão somente a medida apropriada para desvio ético e falta de caráter de servidor público da alta cúpula do governo, qual seja, a exoneração a bem da dignidade da administração pública, sob pena de a presidente da República perder sua autoridade moral e permitir que seja considerada com todo mérito conivente com a corrupção e com a incompetência no seu governo. Acorda, Brasil!
                                                                
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de novembro de 2011

O fantasminha

Após tomar conhecimento de denúncia feita pelo jornal "Folha de S. Paulo", de que o ministro do Trabalho, quando era assessor parlamentar, recebia sem comparecer à Câmara dos Deputados e ser questionado pela imprensa acerca do caso, o presidente da Câmara garantiu que "Fez um pedido ao corregedor da Câmara para que analise a situação do ministro Lupi, ex-funcionário da Câmara dos Deputados. E à luz do que era a legislação da época, nós vamos fazer uma análise para ver se cabe ou não algum tipo de sindicância ou investigação mais aprofundada sobre a situação, que leve a algum tipo de punição por parte da Câmara dos Deputados". No período entre dezembro de 2000 e junho de 2006, o referido ministro era funcionário da Câmara lotado na liderança do PDT, conforme constava normalmente da folha de pagamento, porém ele não comparecia ao local de trabalho, em Brasília, porque se concentrava em atividades partidárias no Rio de Janeiro, onde morava. O líder do governo saiu em defesa da irregularidade, dizendo que “é natural que assessores de deputados não compareçam ao Congresso para trabalhar. A maioria dos assessores dos parlamentares trabalha nos estados desses deputados. Os escritórios dos deputados são nos estados. Toda denúncia tem que ser investigada, mas não acho que seja real". Todavia, acontece que, segundo as regras da Câmara, o titular do Cargo de Natureza Especial – CNE, que era o ocupado pelo ministro, tem a obrigação de comparecer ao trabalho no respectivo gabinete em Brasília, fato que não ocorreu com o fantasminha trabalhista. Trata-se de mais um vergonhoso caso de corrupção com dinheiro dos contribuintes, protagonizado com o descarado empreguismo comandado pelos deputados federais, sob o argumento de manter escritório político nas suas bases, onde nada se produz nem se realiza nada em benefício da sociedade, servindo tão somente como cabide de emprego custeado pelos bestas dos brasileiros, que permanecem tranquilos mesmo diante de tamanha safadeza com o seu suado dinheiro. É bastante lamentável que o líder parlamentar petista venha com a cara de pau e com a maior naturalidade defender esse tipo de absurdo, ao invés de reagir de forma positiva em defesa da moralidade e da indispensável contenção de recursos públicos, propugnando pela diminuição dos cargos de parlamentares e seus assessores, que nada fazem e somente ajudam os deputados a gastarem desmedida e descontroladamente. A sociedade precisa dar um basta nessa bagunça com dinheiros públicos e se posicionar no sentido de que o Congresso Nacional seja urgentemente conscientizado da sua real responsabilidade política, providenciando a necessária reformulação das suas estruturas, com a significativa redução de pelo menos metade dos seus membros e dois terços dos seus servidores e de seus princípios de funcionamento, colocando em pauta a exclusiva finalidade de trabalhar em benefício do interesse público. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Medo da máfia

De quando em vez, ouve-se a notícia da possibilidade da iminente reabertura, no Brasil, dos cassinos e de resto da liberação dos jogos em geral, sob a alegação de que a regularização pretendida poderá propiciar muitos empregos e gerar significativo montante de impostos, que o governo poderia destiná-los aos seus programas assistenciais, principalmente para a saúde pública, que anda tão raquítica que não consegue andar com as próprias pernas, estando precisando de uma dose vitaminada de recursos oriunda do submundo dos jogos, incluído o do bicho, para revitalizá-la e tirá-la da UTI crônica. Quem diria, hem! É curioso que boa parte da sociedade condena bravamente a regularização dos cassinos nas terras tupiniquins, por temer suscitar o aparecimento das perigosas e violentas organizações mafiosas, sempre ameaçadoras à paz social, ante a disputada e ferrenha defesa de seus “legítimos” e “nobres” interesses. De fato, essa questão não deixa de ser preocupante, caso o país volte a conviver com grupos rivalizados pela permanente conquista de mais poder ente os “poderosos”. É bem verdade que, na atualidade, já existem muitas e perigosas organizações mafiosas atuando entre os brasileiros, principalmente com passaportes para transportes livres nas repartições públicas, trabalhando com o auxílio de esquemas altamente sofisticados e especializados, com o exclusivo objetivo de desviar recursos públicos para si ou agremiações partidárias, cujas verbas poderiam ser revertidas exatamente para a saúde. Por certo, toda essa gente que hoje se encontra enfronhada na corrupção com dinheiro dos brasileiros, poderia se envolver com a máfia dos jogos, onde a sua especialização se adaptaria bem melhor, por ser ali campo fértil para a expansão das suas maldades, deixando o patrimônio público imune à sanha perversa e descontrolada como vem ocorrendo de forma costumeira. No caso, os mafiosos apenas mudariam de lado e passariam a agir na sua seara de origem, possibilitando importante vantagem por permitirem que o serviço público passe a ser gerido com a necessária eficiência, além de poder se beneficiar da nova fonte de impostos vinda do submundo, que também geraria empregos para garantir o sustento de muitas famílias. A sociedade espera que a reabertura dos cassinos, antes de causar medo ou temor, possibilite a transferência dos mafiosos corruptos com dinheiros públicos para as suas “nobres” atividades de “cassineiros” ou banqueiros dos jogos em geral e que o seu funcionamento opere em benefício dos interesses sociais e econômicos do país.      

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

A carteirada

Um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, após ter seu carro oficial parado por agentes de uma blitz da Lei Seca em Copacabana, deu voz de prisão a um tenente da PM, sob o argumento que, por ser uma autoridade, não deveria se submeter à referida fiscalização. Ao ser parado pelos policiais, o motorista se recusou a estacionar na baia de abordagem, parou o veículo no meio da rua, ainda se negou a fazer o teste do bafômetro e a entregar os documentos do carro. Não concordando com o rito ali utilizado para todos, o magistrado desceu do veículo, disse aos agentes que não deveria ser fiscalizado por ser uma autoridade e, pasmem, deu voz de prisão para um dos integrantes da operação. O carro dessa autoridade foi rebocado e o motorista foi multado por se recusar a fazer o teste do bafômetro e a entregar seus documentos. Os agentes da Operação Lei Seca também foram à delegacia prestar depoimento como testemunhas. Após ouvir as declarações, o delegado concluiu que não houve abuso de autoridade por parte dos agentes da operação e liberou o policial. Esse caso não é a primeira vez que autoridades são flagradas em situação irregular no trânsito, embora haja ineditismo nele, porque o magistrado, além de criar embaraço aos trabalhos e interromper a fiscalização, colocou-se acima do bem e do mal, na tentativa de mostrar a sua superioridade sobre as leis da ordem pública, não se submetendo aos procedimentos de fiscalização de trânsito aplicáveis aos brasileiros, indistintamente. O magistrado demonstra, com sua rebeldia, que a lei somente deve ser observada ao povão e que as autoridades devem ficar imunes aos seus rigores. Logo ele, que tem o sublime dever de cumpri-la e de fazê-la cumprir fielmente, como forma de dar exemplo de cidadão e de importante servidor do Estado. O policial, por sua vez, merece o devido reconhecimento, por ter sido fiel ao cumprimento ao seu dever legal, mostrando ao magistrado soberbo que o cargo de servidor público deve ser honrado e dignificado, não importando o nível hierárquico que ocupe, pois abuso de poder não se coaduna com os princípios da democracia. A sociedade anseia por que as pessoas sejam mais humildes quando ocuparem altos cargos no poder, porque o seu exemplo e as suas ações de respeito aos princípios de cidadania são importantes para a formação das pessoas do país. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 26 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A Rocinha

A pacificação da favela da Rocinha teve, como de hábito, comemoração festiva e entusiástica pelas autoridades governamentais, pelos policiais militares e civis e pela comunidade em geral, como se aquela sofrida gente não mantivesse contato com a civilidade há bastante tempo e, na realidade, era exatamente isso o que vinha acontecendo, porque os moradores daquela localidade eram subjugados às regras estabelecidas com plena soberania pelos narcotraficantes, que dominavam o território com seu invejável poder de quem possui enorme arsenal bélico, com absurdo consentimento e tolerância do poder público. Os marginais mantinham sob seu controle não somente a comunidade, mas todas as atividades funcionais e orgânicas da Rocinha, com a complacência das autoridades constituídas, que nada faziam para combater a criminalidade. Enquanto isso, várias gerações foram destruídas pelo descaminho do crime e pela convivência com a brutalidade da violência, sem saberem o que seria assistência da competência do Estado, como ensino, saúde, segurança, saneamento básico, limpeza pública e tantas outras atividades que foram negligenciadas nesse tenebroso período da indevida ocupação. Não há dúvida de que essa clara omissão do Estado constitui grave e irreparável crime cometido contra uma comunidade indefesa e completamente dominada, que somente foi socorrida agora graças à proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a serem realizadas na Cidade Maravilhosa, que não poderia continuar com essa evidente falta de caráter, de humanidade, de decência e de respeito à dignidade do ser humano, com a conivência oficial do Estado. Esse fato mostra o descaso das autoridades, que estão preocupadas apenas com a imagem do Rio de Janeiro, que seria totalmente negativa se continuasse sob o jugo dos traficantes. Como os bandidos estão sendo presos, para posterior julgamento, pela mesma razão devem ser igualmente julgados os governantes pelo seu crime de omissão e conivência com as barbáries praticadas contra a comunidade. O descaso e a leniência diante da dominação territorial e degradação de gerações da Rocinha não podem passar impunes, porquanto as autoridades devem ser responsabilizadas, para que isso sirva de lição, de forma pedagógica e disciplinar, para os governantes, com vistas a evitar a reincidência desse tipo maléfico de incompetência estatal, pela sua condescendência com o aviltamento das condições de vida de comunidades.  Acorda, Brasil!     

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Passaporte "parlamentático"

O Senado Federal tem se mostrado eficiente acima da média, não especificamente no desempenho na sua seara política, mas na facilitação do jeitinho brasileiro com a sua intermediação, à vista das autorizações encampadas por 81 senadores, requerendo pessoalmente e para terceiros passaportes diplomáticos ao Ministério das Relações Exteriores. O Senado alega que, não havendo proibição legal, cada parlamentar tem o poder de solicitar os mencionados documentos para si, familiares ou amigos. A imprensa noticia que um senador carioca conseguiu, por força da sua influência política, passaportes especiais para o chefe da Igreja Internacional do Reino de Deus e a mulher desse religioso, que são tios do parlamentar. É bastante curioso notar que os documentos foram concedidos em nome do órgão público Senado Federal, quando o pastor e sua mulher não integram os quadros do parlamento brasileiro. Questionado a respeito do episódio, o Itamaraty, de forma lacônica e evasiva, justificou-se dizendo que “os passaportes diplomáticos são concedidos de acordo com a legislação”. Isso não passa de atestado oficial de contradição, visto que essa excepcionalidade não se adequa em absoluto às normas de regência, porquanto o passaporte especial somente pode ser concedido a alguém em atendimento de comprovada situação de interesse do país. No caso sob exame, está mais do que caracterizado o desvio de conduta do parlamentar, ao funcionar com a sua autoridade do Poder Legislativo para trafegar influência junto a órgão do Poder Executiva, que foi induzido a cometer mais uma violação à decência, aos princípios legais e aos bons costumes, porque o seu ato resultou em benefício indevido, outorgando privilégio oficial a quem não se enquadra entre aqueles que a norma contempla como legítimo beneficiário. Trata-se de mais um ato protagonizado por esse inescrupuloso e antiético governo, que não se envergonha de escândalos sequenciais, pondo em suspeição as atividades de competência do Itamaraty, por permitir a desmoralização de suas atividades inerentes à diplomacia brasileira e ainda revelar o descrédito de órgão que não tem poder para resistir às influências interesseiras e pessoais de parlamentares. A sociedade brasileira espera que esse governo seja rigoroso com a observância e a aplicação das normas legais e regulamentares, não permitindo a vergonhosa sucessão de absurdos e facilidades em franca desmoralização e claro desrespeito da honra e da decência que se espera da atuação dos órgãos da administração pública. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 23 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Apadrinhamento descarado


No momento, há grande agitação na capital federal com a escolha de um ministro para o Superior Tribunal de Justiça, com a deflagração de verdadeira batalha de lobbies entre os partidários dos integrantes da lista tríplice encaminhada à presidente da República. A mais forte trincheira foi montada por parte do presidente do STJ, que tem uma cunhada entre os candidatos, na condição de terceira indicada. Em declarada e inescrupulosa campanha, o presidente do STJ tem visitado pessoalmente os deputados federais, acompanhada da cunhada, para pedir-lhes apoio para ela, que já conta com a declarada defesa do ex-governador petista do Estado de Mato Grosso do Sul e do deputado cassado petista. Por sua vez, o primeiro candidato indicado na listra tríplice tem o apoio do casal de ministros da Casa Civil e das Comunicações, enquanto o segundo candidato conta com o apoio do presidente do Senado Federal e do líder do PMDB no Senado. Essa explícita pouca vergonha e falta de caráter dos envolvidos tem o condão de mostrar, a exemplo do que aconteceu recentemente com a indicação de um ministro para o TCU, o quanto a disputa para o preenchimento de cargos nos tribunais superiores do país carece de decência, dignidade e respeito aos bons princípios de civilidade. O modo como os homens públicos disputam o cargo de ministro mostra visíveis práticas do jogo baixo empregado por todos os concorrentes, cada qual se agarrando aos seus poderosos padrinhos, colocando para o sistema galáctico a importância do mérito da questão, qual seja, a avaliação isenta, imparcial e sem interferência indevida da qualificação e capacitação do candidato que tem melhor condição de desempenhar o dignificante, no nome, cargo de ministro. Contrariamente, o processo comporta o emprego do plano genuinamente brasileiro, onde funciona o tradicional jeitinho no sentido de que o postulante indicado será aquele que tiver maior “QI”, não de inteligência, mas de quem o indica, em declarado prejuízo aos interesses nacionais, porque  essa promiscuidade tem seu preço, que é o “reconhecimento” em paga com facilidades e arranjos na atuação do magistrado pelo “esforço” da conquista de tão importante cargo. É uma eterna troca de favores, com o uso do serviço público, por parte das autoridades envolvidas que contamina inclusive o poder de quem decide, porque também não pode contrariar o pedido de seu melhor aliado político. Normalmente, um país sério adota critério decente de escolha de seus magistrados, mediante concurso público de provas, provas e títulos ou por eleição democrática, não sendo permitida essa sebosa e escandalosa escolha de cargo que é feita sem um pingo de escrúpulo com a participação das principais autoridades dos três Poderes constituídos do país. Não à toa, os fatos em comento respaldam o resultado de pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, em que os entrevistados não confiam na Justiça, cujo índice é inferior ao atribuído ao Congresso Nacional, os quais figuram nos últimos lugares das instituições, quanto à credibilidade de suas atuações. Nessa pesquisa, os entrevistados duvidam da honestidade do Judiciário (64%), o consideram parcial (59%) e incompetente (53%). A sociedade anseia por que os governantes se conscientizem de que esse sistema de escolha de magistrado não contribui para o aperfeiçoamento da democracia, porque a sua reiterada prática ofende a dignidade das pessoas de bem, denigre a credibilidade das instituições públicas e macula a confiabilidade dos homens públicos. Acorda, Brasil!


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Conselho Permanente de Segurança da ONU

O Brasil vem insistindo por meios e formas até impossíveis para fazer parte, como membro permanente, do Conselho de Segurança da ONU. Porém, a comunidade internacional que controla esse importante órgão não se curva aos seus insistentes e ferrenhos apelos nem demonstra o mínimo de entusiasmo com a descabida e inglória pretensão tupiniquim, não acenando sequer por promessa em apoiá-la no futuro. É evidente que os países membros da ONU são potenciais candidatos ao altíssimo posto responsável pela mediação dos graves conflitos entre as nações. Para ser membro permanente desse órgão, que tem como precípua missão contribuir para defender a pacificação e paz entes os povos, o país precisa possuir liderança que o qualifique para exercê-la sob quaisquer suspeitas. No momento, o Brasil não tem cacife para disputar essa causa de magnitude que extrapola a sua credibilidade internacional, que ainda é insuficiente e incapaz para credenciá-lo para tanto. A sua participação diplomática internacional foi desastrosa, tendo se comportado, principalmente na gestão anterior, como verdadeiro anticandidato ao citado cargo, por suas ações medíocres, no entanto, firmes, incondicionais e decisivas em apoio a países cujos mandatários menosprezam os direitos políticos e sociais dos cidadãos, em desrespeito aos princípios fundamentais da democracia, constituindo verdadeiro antídoto às suas pretensões. Ainda no plano internacional, o Brasil demonstrou fraqueza e tibieza na defesa dos interesses nacionais, ao aceitar as pressões de países vizinhos e condescender com governos totalitários e antidemocráticos, mediante jogo político de dupla face, bancando a diplomacia de generosidade, como a entrega da refinaria da Petrobras à Bolívia; a revisão do Tratado de Itaipu, concedendo majoração tarifária ao Paraguai; os financiamentos graciosos para países que desrespeitam os sagrados direitos de cidadania etc. No contexto interno, a situação brasileira é simplesmente lastimosa, em termos de política de segurança nacional, por não possuir Plano Estratégico de Defesa Nacional; demonstrar visível desprezo e pouca importância às Forças Armadas, que se encontram totalmente sucateadas, desatualizadas e despreparadas, em termos de aperfeiçoamento técnico-especializado e de arsenal bélico de ponta; manter a vigilância das fronteiras ao deus-dará, onde o contrabando se refestela; negligenciar com a segurança dos brasileiros, à vista da crescente onda de violência e da bandidagem; entre outras chagas na execução da política de segurança pública. É visível a pífia e questionada liderança exercida internamente pelo Brasil, que jamais o respaldaria a sua investidura no citado cargo de enorme responsabilidade mundial. Na verdade, o Brasil somente se destacou no centro dos acontecimentos mundiais graças ao seu vanguardismo na priorização de recursos para programas contra a fome, cujo esforço, induvidosamente, não passou de demagogia eleitoreira e forte apelação publicitária, em detrimento de outros programas sociais importantes, quando aquele era mais vitrine para satisfazer objetivos de autopromoção e de facilitar a perpetuação no poder por grupos políticos inescrupulosos. O importante é que a lição de casa ainda não foi feita e o Brasil precisa fazê-la muito bem e com urgência, acabando com suas mazelas e aperfeiçoando a forma de governar o país. Para tanto, precisa acabar com a famigerada corrupção com recursos públicos; providenciar as reformas necessárias ao desenvolvimento do país; enxugar a monstruosa e inoperante máquina pública; adequar a pesada carga tributária à real capacidade contributiva dos cidadãos; priorizar os programas governamentais; controlar a inflação; baixar os elevadíssimos juros; administrar a incontrolável dívida pública; acabar com as emendas parlamentares; ocupar os principais cargos públicos com tecnocratas competentes e especializados; extinguir imediatamente a coalizão sem ideologia e contrária aos interesses nacionais; instituir programas assistenciais voltados para a capacitação profissional e ao emprego, inclusive com o uso do programa bolsa família, com fixação de prazo para a sua vigência; exercer efetiva fiscalização sobre os recursos concedidos às ONGs; criar sistemas de excelência para os gastos públicos; defender de forma intransigente a soberania e os interesses nacionais; moralizar as ações governamentais; entre tantas medidas sérias e eficientes que possam sinalizar para o mundo a seriedade e objetividade na execução de políticas competentes e verdadeiramente de vanguarda, em todos os sentidos da sua concepção. É mais do que sabido que liderança e competência não se impõem no grito ou na insistência, mas elas são adquiridas e implementadas naturalmente, apenas com o fruto do desempenho das boas e salutares ações, mediante a execução de procedimentos decentes, objetivos e dignos de serem percebidos, seguidos e imitados por todos. A vaga de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU certamente será conquistada e preenchida pelo Brasil quando ele se tornar digno para o mundo, com o resultado das medidas acima mencionadas. Com isso, a situação será invertida em favor verde-amarelo, quando não mais precisará que o mandatário brasileiro fique a todo instante se esfalfando, humilhando, curvando e arrastando diante dos poderosos e das potências mundiais, implorando em vão o reconhecimento por algo cujo mérito, na atualidade, somente o Brasil não quer enxergar que não possui capacidade e liderança suficientes para alcançá-lo, porque não consegue sair da segunda época na administração do país. No momento em que o Brasil demonstrar competência para ser aprovado de ano na sua lição de casa, por certo ele será convidado, com base nas honras e nos méritos conquistados por seu esforço, para integrar, como membro permanente, o órgão de sublime importância na conjuntura mundial. Acorda, Brasil!
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Fingimento debochado

Nos últimos tempos, tem servido de verdadeiro encorajamento aos corruptos o “memorável” conselho da lavra do ex-presidente da República petista, segundo o qual, quando alguém for acusado de ter praticado atos irregulares contra o patrimônio púbico, não deve ceder facilmente às pressões da mídia nem da opinião pública, mas negar bravamente e se transformar em autêntico “casca grossa”, para mostrar toda “bravura” de pessoa honesta. Essa “lição” desatina e desastrada contaminou tanto os maus elementos como quem tem a obrigação de cortar o mal pela raiz, que, ao invés disso, prefere se acomodar covardemente e nada fazer, demonstrando fraqueza de autoridade e, mais grave, de conivência com as falcatruas denunciadas. Na atualidade, a imoralidade é apontada e até comprovada, porém os caras de pau flagrados, desmascarados, fingem que não é nem com eles e não sentem nem vergonha na “fuça”, como se o desvio de dinheiro público fosse natural e não infringisse regras legais, éticas e morais e não atentasse contra a dignidade do ser humano. No passado, é verdade que já faz bastante tempo, os corruptos demonstravam sentimento de vergonha quando a sua sujeira era revelada e não caçoavam de ninguém, porque temiam punição e a imposição de reparar o dano causado à sociedade. Hoje é diferente e tudo se resolve à base de deboche de péssimo gosto, talvez na intenção de desviar o foco da sua maldade. Nesse contexto, o desprezo à seriedade ultrapassou todos os limites suportáveis pela dignidade humana, quando, de forma incrível, alguém, acusado de ser o mentor-chefe do rumoroso esquema do mensalão, cassado pela Câmara Federal e réu no Supremo Tribunal Federal, vem a público, com o maior descaramento, afirmar que “a onda de denúncias contra a corrupção pode fazer mal para o país”. É lamentável que essa filosofia mesquinha e desrespeitosa às pessoas de bem represente a fiel mentalidade da agremiação partidária que governa a nação, pois prejudicial ao país é permitir que a corrupção alastre-se mais ainda sem ser, pelo menos, denunciada, porque combatê-la que é bom nem pensar, à vista da evidente predominância da incompetência gerencial na administração pública. Na verdade, o que vem prejudicando o país é a contaminação do câncer da corrupção que foi instalada no serviço público brasileiro; é a liberdade de homens públicos sem caráter, que deveriam estar reclusos em razão dos seus crimes contra o Estado; é a roubalheira desenfreada e denunciada a todo instante; e é a impunidade dos corruptos, que agora sequer são exonerados dos cargos que ocupam. A sociedade anseia por que os governantes se conscientizem de que a praga da corrupção vem sacrificando o desenvolvimento econômico e social do país e contribuindo de forma decisiva para contaminar e fragilizar a dignidade, a moralidade e os bons costumes dos brasileiros. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O despertar do INSS

O Ministério da Previdência Social passou a ajuizar, na Justiça, ação regressiva de trânsito, visando ao ressarcimento dos gastos realizados pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, tendo o seu titular declarado que o órgão objetiva não dar "trégua" aos motoristas que cometam infrações gravíssimas, em função de dirigir embriagado, e causem prejuízo aos cofres públicos. No entendimento do órgão previdenciário, os motoristas que provoquem acidentes ao dirigirem embriagados, em alta velocidade, na contramão em vias de alto fluxo, participando de "racha" ou cometendo outras infrações consideradas graves, ou seja, aqueles que dirigirem de forma imprudente e causarem dano ao erário, poderão ser processados pela Previdência Social e obrigados a ressarcir os gastos decorrentes, tendo concluído que: "O importante é fixar que a Previdência não vai dar trégua a estes responsáveis por acidentes causados por embriaguez. A Previdência estava sendo onerada sem que houvesse um ressarcimento. A medida é educativa, exemplar. Nós acreditamos que vai representar redução de acidentes de trânsito causado por motorista irresponsável que guia embriagado. Agora, vai pensar também que a Previdência está à sua caça e que vai puni-lo exemplarmente". Como é do conhecimento público, a previdência é um órgão altamente deficitário e tem, logicamente, motivo bastante consistente para tanto, que é o seu visível incompetente gerenciamento, por ter como titular político sem vocação ou qualificação para o cargo que exige especialização e entendimento das questões previdenciárias. Essa sangria de dinheiros que somente agora o órgão tenta estancar atesta a sua plena incapacidade gerencial, por ter deixado de acionar a Justiça há bastante tempo, como era do seu dever legal, tendo em conta que os gastos pertinentes são decorrentes de imprudência cometida por terceiros que o governo jamais poderia assumir espontaneamente, sem qualquer questionamento. É inacreditável que o governo tenha concluído tardiamente que as ações judiciais regressivas contra motoristas causadores de acidentes de trânsito graves são "medida urgente e necessária", uma vez que os especialistas garantem a certeza de que a tese está revestida, sem qualquer dúvida, de sustentação jurídica. A matéria em questão é apenas uma das incontáveis deficiências do órgão previdenciário, que, de forma escancarada, vem sendo fraudado por falta de eficiente controle e principalmente por incompetência de gestão, que poderia ser efetiva e eficaz caso ela se espelhasse pelo menos um pouco no que é feito na iniciativa privada, onde somente são conhecidos resultados superavitários. Não obstante, em que pese a iniciativa governamental com considerável atraso, convém que sejam feitos rigorosos levantamento dos acidentes ocorridos e melhores controle e acompanhamento dos casos futuros, com vistas ao pertinente ingresso de ações judiciais, objetivando a diminuição do enorme déficit previdenciário e consequente indução da sociedade à efetiva conscientização de mais prudência na direção veicular. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CPI é pouco

Partidos de oposição ao governo na Câmara dos Deputados cobraram a demissão do ministro do Trabalho e defenderam a necessidade da imediata instalação da CPI da Corrupção, para apurar uma série de irregularidades que assolam esse governo, que se complica com as denúncias de corrupção também nesse ministério, com a concessão de recursos a ONGs em situação de investigação por aplicação irregular de verbas públicas e de registro a sete sindicatos patronais no Amapá para representar setores da indústria que, segundo o próprio governo local, não existem no Estado; entre outras graves impropriedades não condizentes com a liturgia do importante cargo de ministro. A oposição entende que há evidente demonstração de que o país está contaminado pela corrupção administrada pelo próprio governo federal, principalmente com raízes e tentáculos nos ministérios, a qual sempre surge mais forte e com maior intensidade quando o governo tenta escondê-la, como nesse caso do ministro do Trabalho, que, à medida das negativas sobre o seu envolvimento nas falcatruas mais as evidências vêm à tona, fragilizando a sua permanência no cargo, pelo visível desgaste de moralidade e de credibilidade de homem público. Os fatos escabrosos protagonizados por esse ministro fanfarrão, mentiroso e desfaçado têm o condão de mostrar a incompetência e a fraqueza desse governo, por não ter a suficiente coragem para prontamente exonerá-lo, porque a sua permanência no serviço público é prova inconteste de desserviço para os interesses do país, uma vez que os escândalos vêm sendo perpetuados com constância justamente pela leniência e condescendência governamentais, com a aceitação das fajutas justificativas e deixando de apurar os fatos denunciados, o que somente contribui para o fortalecimento da impunidade dos corruptos e a desesperança de dias melhores para o país. Os acontecimentos mostram que esse governo é complacente com os esquemas de corrupção que atingem a nação, porquanto é muito clara e impressionante a convulsão instalada no Ministério do Trabalho, mas apenas o governo não quer perceber, tendo inclusive a sua titular sido debochada publicamente pelo ministro, que nada foi feito a seu respeito, o que só confirma a aceitação e responsabilização pelo caos na administração pública, havendo conivência com os lastimáveis fatos. Urge que os governantes sejam despertados dessa letargia ética e moral e complacentes com o clamor da sociedade, que exige a assepsia na administração pública, como forma de contribuir para o estabelecimento de gestão sem corrupção, mais eficiente, com credibilidade e moralidade imprescindíveis ao desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil!

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reforma universitária

Consoante pesquisa realizada pelo Datafolha, com alunos de 28 unidades da USP em São Paulo, a maioria dos estudantes é a favor da presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, tendo apoio ao policiamento no campus, na zona oeste da capital, de 58% deles. Como se sabe, a polêmica sobre o convênio firmado entre reitoria e PM, que vigora há dois meses, está no centro dos protestos que agitam a universidade desde a prisão de três estudantes, que estavam fazendo uso de maconha dentro do campus, no embalo de festinhas. Nalgumas unidades, os alunos dão seu aval em maioria que supera os 70%, enquanto noutras a posição contrária ultrapassa a 50% dos estudantes. A pesquisa também constatou que 45% aprovaram e 46% reprovaram a operação de desocupação da reitoria, que contou com 400 policiais, carros, cavalos e helicópteros. Esse resultado se explica pelo fato de que 55% entenderam que a polícia usou de força desproporcional, inclusive com agressão a estudantes, que a PM discorda. A pesquisa revela ainda que a 57% dos alunos têm mais confiança do que medo na PM. Outros 57% acham que a presença da polícia no campus não alterou a sensação de segurança, embora seja notório que os índices de criminalidade tenham caído a nível razoável. Não deixa de ser estranho que, mesmo sendo minoria, estudantes sejam contrários ao oferecimento de segurança pública, destinada à sua própria proteção, quando a população paulistana e do resto do país, mesmo carente de policiamento ostensivo, está longe de dispor ou merecer atenção especial como eles estão tendo. É evidente que a principal motivação dos estudantes contrários ao policiamento no campus é a liberdade para que eles possam fazer suas farras, suas bagunças, quase sempre acompanhadas de drogas e bebidas à vontade e sem a repressão policial vigilante e necessária, que combina mais com a instalação da desordem e da baderna em plena propriedade pública. Essa situação libertina inexiste, felizmente, nas universidades particulares, cujos cursos são pagos e alunos têm o único e exclusivo objetivo estudar e aprender. Urge a realização de reformas nas universidades públicas, não somente para atualização e melhoria do ensino, mas em especial para o estabelecimento de regras claras no sentido de que o campus destina-se exclusivamente aos estudos acadêmicos, como forma de valorização dos estudantes e dos cursos superiores. Acorda, Brasil!


ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 15 de novembro de 2001

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Aniversário dos filhos

Nesta semana de 12 a 19 de novembro, algo especial volta a acontecer na minha vida e na de meus familiares, com o usufruto da plena felicidade de poder participar da passagem dos aniversários de Alysson, Aline e Andersen. Como sempre e de costume, neste momento, renovam-se os sentimentos de alegria pelo transcurso dos eventos e pela feliz oportunidade de agradecer a Deus pela repetição das datas de nascimento desses queridos e amáveis filhos, que nos propiciam a todo instante prazer, alegria e contentamento com a nossa construtiva e agradável convivência, que se consolida com o passar do tempo, contribuindo para a integração de uma família verdadeiramente fortalecida com os sentimentos de amizade, de confiança, de respeito, de reciprocidade e de muito amor. Confesso, do fundo do meu íntimo, que tenho um preito de eterna gratidão a Deus por ter me agraciado com uma família indiscutivelmente memorável em todos os sentidos da sua concepção. São filhos que, desde tenra idade, já se esforçavam para assimilar, aprender e potencializar os sentimentos de responsabilidade, simplicidade e humildade que lhes foram transmitidos com carinho, abnegação e extremo amor por mim e Aldenir. Essa dedicação se reflete na personalidade e no caráter marcante de cada um, pela devoção e pelo culto aos salutares princípios de amor ao próximo e de incessante interesse na busca pelo conhecimento e no aprimoramento intelectual, como forma de viabilizar o crescimento pessoal e a melhoria das suas condições profissionais, tendo por objetivo bem servir seu semelhante. É com imensa satisfação que comemoramos mais um natalício de Alysson, Aline e Andersen, aproveitando o ensejo para render homenagem de agradecimentos ao bondoso Deus, pelo presente desse trio fantástico, que só nos envaidece e enche de satisfação e alegria os nossos dias. Parabéns, queridos filhos, pelo transcurso de seus aniversários, que a luz celeste continue iluminando seus caminhos na vida.     





ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 15 de novembro de 2011

Farras a menos

O ministro do Esporte decidiu cancelar entre 50 e 60 convênios firmados pelo órgão, na gestão do seu antecessor, com organizações não governamentais - ONGs, sob o argumento de que, nos casos em que ainda não houve repasse de qualquer parcela de recurso, os ajustes serão suspensos e não receberão mais nada do que havia sido acertado. Quanto aos contratos em execução, ainda faltando a liberação de parcelas, há necessidade de fiscalização in loco, com a finalidade de verificar a regularidade da sua execução, para que essa avaliação possibilite a continuação do convênio ou o seu encerramento. Neste último caso, o Ministério do Esporte deverá adotar as medidas jurídicas cabíveis, objetivando a reparação do prejuízo, se houver. À primeira vista, somente pela forma como foi anunciado o cancelamento de tantos convênios, percebe-se claramente que eram concedidos recursos às ONGs sem quaisquer critérios técnicos que justificassem os repasses pertinentes, sendo, por certo, considerado desde logo que a falta do cumprimento dos objetivos preconizados nesses ajustes não causará qualquer prejuízo ao interesse da sociedade, o que vale dizer que o órgão estava jogando dinheiro pelo ralo, à vista da falta da efetividade da aplicação de recursos em programas de competência do Estado. Não há dúvida de que, demonstrada a indevida concessão de recursos, sem a comprovação da sua necessidade, há que ser apurada a responsabilidade dos envolvidos, com vistas à reparação dos danos causados ao erário e a punição cabível aos maus agentes públicos, para correção da impropriedade e impedimento da ocorrência de fatos semelhantes. Urge que os governantes sejam mais zelosos e previdentes com a concessão de recursos para as organizações não governamentais, devendo adotar providências no sentido de que somente haja liberação de recursos públicos para as entidades que efetivamente comprovem a realização de trabalhos relevantes e de interesse da sociedade. Acorda, Brasil!   





ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de novembro de 2011 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O milagre patrimonial

Segundo a revista Época desta semana, o governador do Distrito Federal pode enfrentar novo sufoco de credibilidade, ante a revelação de que o seu patrimônio aumentou 413% entre os anos de 2006 e 2010, conforme dados extraídos de suas declarações de imposto de renda desse período. Em 2006, ele declarou possuir bens no total de R$ 224 mil, enquanto, em 2010, esse valor apenas quintuplicou para R$ 1,15 milhão, compreendendo somente os seus rendimentos, haja vista que os seus bens estão registrados no nome de sua mulher. Na avaliação dos especialistas, essa rápida e súbita evolução patrimonial contrasta com as informações prestadas por ele à Receita Federal, no aludido período. Em 2006, quando da sua candidatura ao Senado Federal, seu patrimônio era constituído de três automóveis e um apartamento e um total de remuneração anual de R$ 189 mil, mas havia declarado doação, de forma generosa, de R$ 42 mil, ou seja, 22,7% da sua renda bruta, ao seu partido na época. Em 2007, segundo a reportagem, a renda declarada do governador não foi além de R$ 57 mil e, por oito meses do ano, antes da sua convocação para exercer cargo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), teria recebido apenas um salário mensal de R$ 3 mil, como médico da rede pública. Num país com o mínimo de seriedade e o pingo de respeito aos princípios democráticos, não havia dúvida de que esse tipo de denúncia certamente seria objeto de apuração competente, com o escopo de mostrar à sociedade a isenção ou não da culpabilidade pelos fatos graves, que não combinam nem um pouco com tão importante cargo de governador, cuja relevância exige a comprovação, pelo seu ocupante, de probidade administrativa e de ficha corrida limpa em todos os sentidos. Todavia, a blindagem do seu partido demonstra ojeriza à apuração de irregularidades, porque, desde o péssimo exemplo do mensalão, já se habituou a conviver com a imundice da corrupção nos seus calcanhares e dela não tenciona desvencilhar-se, como bem mostram os acontecimentos ocorridos, nos últimos dias, onde, mediante proteção bem organizada pela base política, a Câmara Distrital do DF decidiu pelo arquivamento, in limine, de cinco pedidos de impeachment contra o governador do DF, que saiu fortalecido de episódio que, em atenção e respeito à vontade da sociedade brasiliense, recomendava, no mínimo, apuração profunda dos fatos denunciados. Possivelmente, o questionado crescimento patrimonial deve provir de empréstimo entre amigos, cujo argumento serviu de justificativa fajuta para a suspeita origem de R$ 5 mil depositados na conta do mandatário distrital. Não obstante, desta feita, a população brasiliense pode confiar na tranquila e costumeira providência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que, com seu famoso esforço em defesa da moralidade e da transparência no serviço público, adotará as melhores técnicas periciais da sua alçada, no sentido de averiguar a verdadeira fonte que deu origem ao estranho crescimento patrimonial do governador local, mostrando, enfim, de forma clara, a lisura do seu enriquecimento. Acorda, Brasília!
           
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

O frango de verdade

Interessado em comprar um frango assado para o almoço, dirigi-me ao local de costume no supermercados e, lá chegando, deparei-me exatamente com o preparo dos bichinhos nas embalagens próprias para a sua venda. Aproximando-me do balcão, perguntei ao zeloso preparador do galináceo, em tom de brincadeira e de desconcentração costumeiras, se eram todos frangos ou se existiam franguinhas entre eles? Ele prontamente respondeu que tinha a garantia de que, antes do processo de assado, tratava-se somente de frangos, porém ele mesmo não podia confirmar absolutamente nada, porque hoje em dia, diante das conquistas, da modernidade e do avanço da liberdade que tomaram conta do comportamento, da personalidade e do sentimento, a instabilidade pode distender instintivamente, não importando o lugar ou a ocasião, nem mesmo no forno de alta temperatura, qualquer frango enfim poderia até mudar de sexo, sem influenciar coisa alguma. Com o que eu concordei, compreendendo perfeitamente a sua conceituação. Entrementes, o mais incrível ainda estava por vir e foi justamente logo após o momento quando eu peguei o maior frango entre muitos que se encontravam uniformizados para viagem. Incontinenti, o observador, atento e diligente preparador de frangos sacou essa pérola: - o senhor é muito previdente.  Surpreso, eu perguntei-lhe o porquê da sua afirmação? Então ele, com singela naturalidade, respondeu-me que, com certeza, a escolha do maior frango não se corre o menor risco de estar-se levando franga. O desfecho da nossa conversa não poderia ter sido melhor, porque eu e ele nos despedimos com descontraídas gargalhadas. Trata-se, sem dúvida, de um frango muito especial, porquanto, mesmo após acabar de passar por insuportável temperatura, foi capaz de ser pivô dessa interessante historinha...
                                                  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 2 de novembro de 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Fogo de palha

Há poucos dias atrás, o ministro do Trabalho implorava, de forma veemente e apelativa, por que alguém apontasse algo que o incriminasse com o envolvimento das irregularidades vindas à tona no órgão por ele comandado, quanto à existência de esquemas de desvio de recursos públicos via ONGs, tendo se colocado arrogantemente acima de quaisquer suspeitas e se arvorado como o paladino dos mais honestos dos mortais. Eis que, de repente, vem à lume constatação de que ele teria ajudado pessoalmente a ONG de colega de partido, ex-candidato a vereador pelo PDT em Brusque/SC, denominada Agência de Desenvolvimento do Vale do Rio Tijucas e Rio Itajaí Mirim - Adrvale, mesmo depois da instauração de inquérito criminal pela Polícia Federal, para apurar suspeita de irregularidades em convênio da entidade com a pasta. O primeiro convênio de R$ 6,9 milhões, para capacitação de trabalhadores, foi celebrado em dezembro de 2007. Em julho de 2008, a Controladoria Geral da União - CGU detectou irregularidades com o uso de verba pública e, em maio de 2009, indiciou um diretor da ONG, mas isso não impediu que, em fevereiro de 2010, o ministro assinasse, em Santa Catarina, dois novos convênios com essa ONG, totalizando R$ 13,6 milhões. Conforme a CGU, a citada entidade estaria fazendo uso de funcionários e empresas-fantasmas por conta do convênio. Agora, com a revelação de seu envolvimento direto em fatos suspeitos, o ministro fanfarrão preferiu afirmar, por meio de sua assessoria, que não tinha conhecimento da investigação da Polícia Federal sobre a Adrvale. Quanto ao presente caso, o ministro confirma, no mínimo, a sua incapacidade técnica e operacional de controlar o bom e regular emprego dos recursos liberados pelo ministério, além a falta de entrosamento com os órgãos de controle interno, pelo fato de dizer que desconhecia as investigações em apreço. Enquanto a força do inepto apadrinhamento político permanecer à frente dos principais órgãos da pesada, enorme e descontrolada máquina pública, a gestão dos recursos públicos ficará à mercê dos aproveitadores e principalmente dos aliados e correligionários políticos do governo e isso tem o condão de contribuir para o fracasso e o insucesso do desenvolvimento do país, tendo como supedâneas a leniência e a conivência dos governantes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vítima ou culpado?

Em razão de ter liberado, em 2008, um certificado para a farmacêutica União Química no mesmo dia em que recebeu um depósito em sua conta-corrente, de R$ 5 mil de um lobista, que trabalhava na empresa e alegou que pagou propina pelo documento, o governador do Distrito Federal voltou a dizer que "O que está acontecendo é uma armação. Estou sendo denunciado por uma organização criminosa que dominou Brasília, e que continua espalhando dossiês, pagando testemunhas, e é isso que está acontecendo aqui", disse, referindo-se a um "grupo que quer voltar ao poder". O certificado, assinado em 25 de janeiro do mesmo ano, permitia àquela empresa participar de licitações e registrar novos medicamentos, o qual foi assinado por ele, quando ocupava, na época, o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. O governador justificou o episódio como fruto do pagamento de um empréstimo acordado verbalmente. A citada empresa doou, no ano passado, R$ 200 mil para a campanha do petista ao governo do DF. Perguntado se conhecia o autor do depósito em causa, o petista disse que "era uma pessoa amiga minha, militante há anos”. Da mesma forma, em situação semelhante, quando foi acusado de envolvimento com a corrupção no Ministério do Esporte, governador também disse que era amigo do policial cuja denúncia ajudou a derrubar o ministro desse órgão. O curioso de tudo isso é que esse político é amigo de pessoas insatisfeitas ou vingativas que vêm a público para denunciar suas falcatruas e expor um quadro terrível de suspeitas e de incredulidade sem fim, deixando a sociedade brasiliense mais uma vez morta de vergonha, em sequência de graves corrupções ocorridas no passado recente no governo local, cujas feridas não foram plenamente saradas. O pior dessa triste história é que, na forma espantosa e pouco convincente como o governador tenta se justificar, dada a insipidez da argumentação, percebe-se claramente que nem ele está acreditando no que diz, deixando transparecer muita dúvida no ar, embora a Câmara Legislativa do DF, que teria o dever legal de apurar os fatos, contrariando o sentimento de repúdio da sociedade pelos fatos denunciados, teve a insensatez de arquivar pedidos de impeachment contra o governador, sob o argumento de que "... não tem prova cabal ou materialidade, e faria isso se fosse qualquer um o governador. Temos ainda o início de um inquérito. No futuro, pode haver provas cabais. E não hesitaria abrir um impeachment". O povo de Brasília, em que pese seja responsável pela colocação desse governador no Buriti, tem a obrigação cívica de eleger pessoas com legitimidade ética e moral capaz de governar com dignidade e competência insuspeitas a capital dos brasileiros, cujo pré-requisito deverá ser a aprovação de candidato no teste da ficha limpa, de modo a assegurar certeza e confiança no desempenho translúcido de cargo tão relevante. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Acefalia ministerial

As denúncias de corrupção no Ministério do Trabalho são apenas a continuação do capítulo interrompido com a exoneração do ministro do Esporte, que perdeu o cargo em razão da sua evidente incompetência para dirigir o órgão incumbido da organização da Copa de 2014. Os fatos se repetem na Esplanada mais importante do país, com a prática da montagem de banca de negociata nas barbas das autoridades, com a finalidade de desviar dinheiro público por meio de facilitações ou ameaças de dificuldades para o repasse dos recursos pertinentes a ajustes celebrados entre o governo e entidades, normalmente ONGs, numa promiscuidade vergonhosa e inaceitável, principalmente por ferir, entre outras regras fundamentais da administração pública, os princípios da probidade e moralidade. Revelados as falcatruas, os ministros, de pronto, seguindo a cartilha, juram inocência, honradez e probidade com recursos públicos, como no caso do “impoluto” ministro do Trabalho, que esbravejou, xingou, esculhambou e desafiou o mundo inteiro para apontar um pontinho de seu envolvimento com a sujeira denunciada, embora reconheça a gravidade dos fatos apontados. Por último, não sentido satisfeito com toda baboseira e descompostura em razão da importância do cargo que ocupa, ele desafiou a hierarquia presidencialista, ao afirmar que não acreditava na sua exoneração pela presidente da República: “Duvido que ela me tire”, disse, e concluiu: “Só saio abatido à bala”. Na história deste país, nunca se viu um ministro tão petulante e arrogante como esse do Trabalho, que desafiou até a autoridade da presidente da República, que, há pouco tempo atrás, demonstrou intolerância com outro ministro pouco menos aético do que esse e o mandou ir catar coquinhos. Aliás, o ministro do Trabalho é exemplo da marca registrada da incompetência desse governo, onde a ineficiência domina a máquina pública e nada é feito porque ela é comandada por políticos inaptos que se acham donos dos principais órgãos públicos. Não basta que o ministro seja apenas probo, convém que ele seja capaz, que a sua gestão seja eficiente, que os seus assessores sejam igualmente competentes e não corruptos, como sinalizam os atos de exoneração de três deles. No presente caso, o ministro é responsável também pelas irregularidades, pela prova de inaptidão para montar sua equipe com pessoas honestas. Esse governo já mostra conformismo com a fama de possuir nos seus quadros pessoas da pior qualificação moral e de competência questionável, pela reiterada prática de irregularidades com verbas públicas, mediante a criação de esquemas, por várias formas, para causar dano aos cofres estatais. Veja-se que o TCU atesta a "incapacidade do ministério de, mesmo por meio de esforço operacional específico, atender as disposições infralegais e apreciar as prestações de contas dos convênios e outros ajustes". Enfim, qual o mérito da “decantada” honestidade do ministro, se o órgão se encontra acéfalo e contaminado pelo vírus da ingerência operacional e funcional? Convém que os governantes se conscientizem, com urgência, da necessidade da imperiosa limpeza do serviço público desses políticos falastrões, incompetentes e metidos a honestos, que somente contribuem para o eterno atraso do desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de novembro de 2011