sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Repensar o Brasil?

 

Tempos atrás, a revista britânica The Economist publicou relatório especial, onde ela afirma que o Brasil vive hoje "sua maior crise desde o retorno à democracia, em 1985" e atribui a maior parte dos problemas ao atual presidente.

O texto de abertura do relatório, assinado pela correspondente do Economist no Brasil, diz que  "Seus desafios (do Brasil) são assustadores: estagnação econômica, polarização política, ruína ambiental, regressão social e um pesadelo ambicioso. E teve de suportar um presidente que está minando o próprio governo. Seus comparsas substituíram funcionários de carreira. Seus decretos têm forçado freios e contrapesos em todos os lugares".   

No artigo que encerra o relatório, que foi intitulado "Hora de ir embora", a revista afirma que o futuro do Brasil depende das eleições de 2022 e que a prioridade mais urgente do país é se livrar do atual presidente.

A revista escreve que "Os políticos precisam enfrentar as reformas econômicas atrasadas. Os tribunais devem reprimir a corrupção. E empresários, ONGs e brasileiros comuns devem protestar em favor da Amazônia e da constituição. Será difícil mudar o curso do Brasil enquanto Bolsonaro for presidente. A prioridade mais urgente é votar para retirá-lo do poder.".

O texto da revista afirma que "As pesquisas sugerem que Lula ganharia em um segundo turno (contra o atual presidente). Mas, à medida que a vacinação e a economia se recuperam, o presidente pode recuperar terreno. Lula deve mostrar como a forma de (o presidente de) lidar com a pandemia custou vidas e meios de subsistência, e como ele governou para sua família, não pelo Brasil. O ex-presidente deve oferecer soluções, não saudades.".

Em 2009, a capa dessa revista mostrava o Cristo Redentor decolando, como se fosse foguete, com a manchete "O Brasil decola", elogiando políticas econômicas da época.

Não obstante, em 2013, em imagem semelhante, mas em sentido inverso, o mesmo Cristo Redentor aparecia na capa como um foguete desgovernado e a manchete foi "O Brasil estragou tudo?", em edição onde a revista criticava a mudança de rumo nas políticas econômicas da presidente do país, que terminou sendo afastada do governo, por crime de responsabilidade, segundo o entendimento do Senado Federal.

A publicação afirma que o Brasil já enfrentava uma "década de desastres", antes mesmo da chegada do atual presidente ao poder, mas que agora o país está retrocedendo com o adjutório da pandemia da Covid-19.

A revista afirma que "Antes da pandemia, o Brasil sofria de uma década de problemas políticos e econômicos. Com Bolsonaro como médico, o Brasil agora está em coma.".

O Economist argumentou que o presidente do país não deu golpe de Estado, como muitos chegaram a temer que pudesse ter acontecido, mas ele possui fortes instintos autoritários que enfraqueceram as instituições democráticas brasileiras, com suas constantes agressões à imprensa e às instituições republicanas.

A revista escreveu, in verbis: "Muitos especialistas disseram que as instituições brasileiras resistiriam a seus instintos autoritários. Até agora, eles provaram estar certos. Embora Bolsonaro diga que seria fácil realizar um golpe, ele não o fez. Mas, em um sentido mais amplo, os especialistas estavam errados. Seus primeiros 29 meses no cargo mostraram que as instituições do Brasil não são tão fortes quanto se pensava e se enfraqueceram sob suas agressões."

A revista também afirmou que o presidente brasileiro encerrou as investigações da Operação Lava-Jato, após acusações feitas contra seus filhos, beneficiando "políticos corruptos e grupos criminosos organizados", não promoveu mais reformas significativas, desde a reforma da Previdência de 2019, e causou danos à floresta amazônica, por se solidarizar com madeireiros, mineiros e fazendeiros que promovem o desmatamento predatório e irresponsável das matas.

O Economist afirmou que “Ele (o presidente brasileiro) levou uma motosserra para o Ministério do Meio Ambiente, cortando seu orçamento e forçando a saída de pessoal competente. A redução do desmatamento requer um policiamento mais firme e investimento em alternativas econômicas. Nenhum dos dois parece provável.".

A reportagem afirma que depois de "geração de progresso", a mobilidade social está desacelerando no país, depois de anos de políticas voltadas para o controle da inflação e da diminuição da pobreza, que foram seguidos por "década de políticas ruins e sorte pior ainda".

A revista Economist também faz crítica às gestões do PT, por investirem muito pouco em infraestrutura, abandonarem reformas pró-negócios e adotarem políticas semelhante à substituição de importação, conquanto o atual presidente e seu ministro da Economia também são duramente criticados por ela.

A revista afirmou que "Guedes se gabava de que seriam feitas reformas para simplificar o código tributário, reduzir o setor público e privatizar empresas estatais ineficientes. No entanto, o espírito reformista se mostrou fugaz. Bolsonaro não é muito liberal. Seu desgosto por reformas duras tornou fácil para o Congresso ignorar a agenda de Guedes.".

Enfim, o relatório é denso e minucioso, no qual se inserem importantes análises sobre corrupção e crime, Amazônia, reformas políticas e eleitores evangélicos, mostrando verdadeiro retrato sobre o Brasil atual e principalmente as suas tristes mazelas, que contam com enorme contribuição do governo, que tem ciência das suas profundezas, mas prefere combatê-las com a barriga, ou seja, sem a menor preocupação quanto ao enfrentamento do mostro com a devida competência, talvez na esperança de que as precariedades se diluam com o passar do tempo, sem necessidade de esforços para o seu fim.

Talvez muitos pensem que a revista britânica tenha ido muito, bem além do seu limite de análise sobre o governo brasileiro, mas os fatos abordados por ela dizem muito de perto com a realidade do que ele realmente representa na atualidade.

Vejam-se que algumas das principais mudanças do candidato à Presidência da República visavam à modernização da administração pública, por meio das privatizações, com forte apelo às reformas, mas nada disso aconteceu para valer, salvo pequena e acanhada reforma da Previdência, que muitos especialistas a classificam como mero paliativo, por não resolver os problemas centrais do sistema previdenciário.

O presidente que também prometiam ser o paladino da moralidade, conseguiu acabar com os trabalhos da Operação da Lava-Jato, quando não resistiu ver seus filhos nas páginas policiais, metidos em noticiários de “rachadinhas”, além de ele ter se enlameado com as podridões representadas pelo Centrão, ao levá-lo para o governo e, para coroar com chave de ouro a imundície, ele protagonizou a sua filiação a um dos principais partidos que encabeçam esse grupo político que é símbolo do fisiologismo, que pratica o recriminável esquema do “toma lá, dá cá”, que é verdadeira vergonha nacional, ante os princípios republicanos que precisam imperar na administração pública.

Não se pode negar que o governo seja somente o mar de mediocridade, a exemplo de alguns fatos lamentáveis citados acima, porque há sim algumas realizações dignas de destaque na gestão do presidente da República, as quais são creditadas exclusivamente ao seu dever ínsito de se eleger somente para realizar boas e excelentes obras, em benefício do bem-estar da sociedade, em perfeita harmonia com as imperiosas atribuições institucionais, em que, ao eleito, somente se espera profícuos resultados na aplicação dos recursos públicos.   

Brasília, em 31 de dezembro de 2021

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Questão de humanismo

     Vem circulando, nas redes sociais, vídeo em que um virologista norte-americano afirma ser criador da tecnologia que deu origem à vacina de mRNA, onde ele também alega que o imunizante provoca danos ao organismo de crianças. 

        Ressalte-se que há informação no Google, com apoio da Agência Lupa, que checa a veracidade sobre notícias divulgadas na internet, que as afirmações atribuídas ao do mencionado virologista, no aludido vídeo, são falsas, ou seja, são forjadas por algum criminoso, que presta lamentável serviço à humanidade, uma vez que, em se tratando de vacina, qualquer informação inverídica tem o condão de causar enormes prejuízos ao ser humano.

  O virologista afirma que “Esse gene (das vacinas de RNA mensageiro) força o corpo do seu filho a produzir proteínas Spike tóxicas. Essas proteínas frequentemente causam danos permanentes em órgãos vitais das crianças. Estes órgãos incluem seu cérebro e sistema nervoso; seu coração e veias sanguíneas, incluindo coágulos de sangue; seu sistema reprodutivo. E o mais importante: essa vacina pode provocar mudanças fundamentais em seu sistema imunológico”, diz trecho do vídeo com alegações falsas.

     O citado  médico afirma, no vídeo, que um “gene viral” será injetado nas células-mãe e forçará o corpo da criança a produzir proteínas tóxicas e que essas proteínas costumam causar danos permanentes nos órgãos das crianças, incluindo o cérebro e o sistema nervoso. 

       De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC), as vacinas são seguras e eficazes contra o novo coronavírus, tendo afirmado ainda que o mRNA e a proteína spike não duram muito no corpo, porque as células do ser humano quebram o mRNA e se livram dele alguns dias após a vacinação. 

        Além dessa afirmação, os verdadeiros cientistas estimam que a proteína spike pode permanecer no corpo por algumas semanas, que é o mesmo que acontece com outras proteínas criadas pelo nosso corpo. 

       A reportagem esclarece que, segundo especialistas em imunologia humana, o mRNA nunca entra no núcleo da célula onde nosso DNA (que é o material genético) está localizado, fato que desmente a alegação falsamente postada no vídeo, porque ele não tem poder de alterar nossos genes nem os influenciar.

       Na mesma reportagem, consta que estudo atribuído à fundação PHG, ligada à Universidade de Cambridge, esclarece que "As vacinas de RNA não são feitas com partículas de patógenos ou patógenos inativados, portanto, não são infecciosas. O RNA não se integra ao genoma do hospedeiro e a fita de RNA da vacina é degradada assim que a proteína é produzida”. 

      A propósito, a Anvisa, agência brasileira que legalmente controla a aplicação sobre vacinas, autorizou a imunização com a vacina da Pfizer contra a Covid-19, em criança de 5 a 11 anos.

      Além do pronunciamento desse órgão, que tem a incumbência de cuidar, na forma do controle sobre as questões sanitárias do Brasil, especialistas das sociedades brasileiras de Infectologia (SBI), de Imunologia (SBI), de Pediatria (SBP), de Imunizações (SBIm) e de Pneumologia e Tisiologia também participaram da necessária avaliação da vacina e concluíram favoravelmente à vacinação das crianças. 

        A verdade é que a desinformação sobre o uso do imunizante, para essa faixa etária, começou a circular, nas redes sociais, a partir do encorajamento da postura negacionista do próprio governo, que não tem estudo acerca do assunto, mas, mesmo assim, se atreve, de forma indevida, a manifestar-se em contrariedade à vacinação.

       À toda evidência, esse fato, além de desagradável, não fica nada bem para a imagem do Executivo, como órgão central incumbido da proteção da vida dos brasileiros, que precisam acreditar na seriedade da orientação sobre tão importante causa, tendo por base fontes fidedignas acerca das vacinas, o que não é o caso do governo, que foi incapaz de promover estudos sobre tão relevante assunto de interesse da população.

  Com a mesma finalidade de imunização, a autorização para a aplicação da vacina já havia sido concedida, em nível de elevada segurança, pelo Food and Drug Administration (FDA) e pela European Medicines Agency (EMA), que são agências regulatórias de saúde dos Estados Unidos e União Europeia, além de inúmeros países mundo afora. 

     Não obstante, estranhamente, exatamente no Brasil, surgem grupos antivacina, talvez por amor à ideologia política, entenderam de compartilhar mensagens nas redes sociais, nitidamente com a finalidade para o  desencorajamento da imunização contra a Covid-19 e espalham boatos questionando a segurança da vacina da Pfizer,  dizendo que ela não é recomendada para adolescentes, o que não é verdade, exatamente contrário aos fins objetivados pela ciência e à proteção da vida.

       Já em junho último, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a autorizar a aplicação do imunizante para pessoas com 12 anos de idade ou mais, com a recomendação de que a aprovação do uso da vacina em adolescentes foi feita “após a apresentação de estudos desenvolvidos pelo laboratório que indicaram a segurança e eficácia da vacina para este grupo'. Os estudos foram desenvolvidos fora do Brasil e avaliados pela Anvisa.”.

      No Brasil, a vacina da Pfizer é a única autorizada para ser aplicada em menores de idade, a qual já tem a aprovação da Anvisa para essa finalidade, exatamente porque é responsável pela avaliação e aprovação de medicamentos no Brasil. 

       Convém ser ressaltado que, para o imunizante ser liberado, no Brasil, o órgão analisa a sua fórmula de produção, os estudos e embasamentos técnicos que concluíram pela segurança e eficácia do medicamento. 

   Após a liberação do uso em seres humanos, a Anvisa também faz o monitoramento para possíveis eventos adversos, nos casos de possíveis efeitos colaterais.

      Confesso que tenho visto com bastante preocupação pessoas se posicionarem sobre matérias da maior relevância, envolvendo a proteção da vida humana, via de regra, sem ter patavina de conhecimento sobre as questões referentes a estudos científicos.

      Por incrível que pareça, muitas pessoas, por mera ideologia política, se tornam “doutores” em opiniões sobre vacinas, até com convicção acerca dos efeitos terrivelmente maléficos causadas por elas, mesmo que até isso possa ser realidade, mas, para tanto, seria interessante que houvesse estudo científico e não apenas opiniões de especialistas, muitas das quais absolutamente fraudadas e longe da realidade, evidentemente sem valor algum.

    O mais grave é que essas pessoas opinam em contrariedade à vacina e ignoram, por completo, os terríveis e letais malefícios da Covid-19, porque este fato sim, nem precisa de estudo de coisa alguma para se provar que ele mata mesmo e tem sido verdadeiro terror para as famílias que lamentam que seus entes queridos não tivessem tido a oportunidade de tomarem a vacina, a despeito de que outros podem ter tomado e, por circunstâncias não identificadas, podem não terem merecido as graças da salvação. 

    O mais importante nesse processo pandêmico, de natureza notoriamente emergencial, é seguir, em princípio, o que o mundo científico confiável vem orientando, mesmo que haja risco, porque o pior e mais grave risco é nada fazer e se expor à multiplicação ainda mais ao perigo, com a possibilidade de prejuízos piores, repita-se, ante à vulnerabilidade permanente perante o vírus. 

      Enfim, o ensejo é para se fazer apelo às pessoas de boa vontade que, nesse caso da vacina, tenham a conscientização de agirem segundo às suas convicções, mas que sejam válidas somente para elas, respeitando as orientações das organizações de saúde pública incumbidas da proteção da vida humana, com embargo das exacerbadas opiniões pessoais sem validade cientifica, porque certamente elas não se harmonizam precisamente com a gravidade do correto combate à pandemia do coronavírus.

       Brasília, em 30 dezembro de 2021 

 

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Interferência indevida?

 

Em resposta sobre questionamento qual teria a sua satisfação ou insatisfação com o ano de 2021, o presidente da República afirmou que a tristeza maior ocorrida neste ano foi a interferência no Poder Executivo.

O presidente do país disse que “As tristezas são as interferências indevidas. O tempo todo interferência indevida no Poder Executivo, afasta a presidente do Ibama, não deixa nomear não sei quem lá, tem que fazer isso, tem que fazer aquilo, não é atribuição dessas outras pessoas isso. Poderíamos estar melhor se não tivessem algumas pessoas nos atrapalhando.”.        

O presidente do país não declinou nome diretamente envolvido nessa interferência, mas fez referência a decisões do Poder Judiciário no seu governo.

O ano político foi marcado pela crise política entre o presidente do país e o Supremo Tribunal Federal, principalmente com a forte atuação de um de seus ministros, que provocou a ira incontrolável do mandatário brasileiro.

Em atos convocados e promovidos pelo presidente do país, no dia 7 de Setembro, ele chegou a declarar que não obedeceria às decisões desse ministro, em clara demonstração de rebeldia cívica, ante o compromisso de posse, que tem o juramento presidencial de observar e cumprir a Constituição e leis do país, se incluindo nessa linha as decisões judiciais.

Os discursos de teor golpista do presidente do país foram duramente criticados por praticamente todas as forças políticas, o que o levou a publicar carta que denominada de “Declaração  à Nação”,  em que pediu desculpas e dizia que as declarações foram feitas no calor do momento, em que pese ele ter simplesmente se acovardado e se humilhado diante da pressão do Centrão, que o ameaçou de se desculpar pelas agressões, sob pena do seu afastamento do cargo, por meio do processo de impeachment.

Em razão da falta de apoio ao arroubo golpista, o presidente compreendeu que o melhor para o seu governo era a única alternativa, qual seja, o recuo estratégico, acompanhado das desculpas ao ministro do Supremo e de promessa de se comportar com civilidade e respeito ao regramento jurídico, como fazem os governos sensatos, competentes, equilibrados e sérios.

Na verdade, senhor presidente, não são as tristezas das interferências indevidas de outras autoridades no seu governo, mas sim a gigantesca incompetência que reina e domina toda cúpula da corte presidencial, que demonstra enorme alegria em criticar as decisões judiciais envolvendo atribuições do poder Executivo, para se transformar em vítima, sob a alegação de interferência indevida.

Essa maneira de reclamação do presidente somente expõe o elevado nível de incompetência administrativa do governo, que demonstraria ao autor do ato contra o Executivo, pela via legal, o total descabimento da medida por ele adotada, de modo que tudo poderia ser resolvido por meio de recurso, em que os argumentos jurídicos de direito seriam o cenário capaz e suficiente para se mostrar que a decisão impugnada teria sido gravíssimo erro contra o governo.

Ou seja, para se passar de vítima, o presidente brasileiro prefere não recorrer da decisão judicial, para se valer do direito, como fez no seu discurso, de se passar por injustiçado e que não consegue trabalhar por motivo de interferências externas.

Na verdade, isso se chama incompetência, diante da aceitação de decisões judiciais indevidas, conforme declarado por ele, em notório prejuízo à eficiência da gestão pública, uma vez que o presidente do país precisa ter a devida consciência sobre as atribuições das funções institucionais, inclusive das demandas de recursos aos tribunais, quando necessárias, porque procedimento dessa natureza faz parte do sistema democrático vigente no Brasil.

Enfim, a compreensão que se tem é a de que, se não houve recurso contra a alegada interferência, o ato de que se trata estava errado e precisava de medida corretiva. 

Convém que o presidente da República se conscientize de que a competência e a eficiência da administração pública se realizam com a integral observância do regramento jurídico do país, de modo que também se insere nas suas atribuições a defesa contra as interferências indevidas, conquanto o seu consentimento a elas possa implicar no intrínseco reconhecimento da incompetência, como clara forma de omissão de agir em defesa do Executivo.

Brasília, em 29 de dezembro de 2021

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

O socialismo do papa

 

Circula, nas redes sociais a foto do papa, encimada de interessante mensagem atribuída a ele, exatamente nestes termos: “Sou um socialista. Jesus também era. Essa é a nossa doutrina.” .

Logo em seguida à referida mensagem vem comentário que diz: “O papa Francisco não poupou em falar das críticas dos conservadores que o chamam de esquerdista, marxista e socialista pela sua agenda socialista frente a Igreja Católica.”

Sim, parece não restar a menor dúvida de que Jesus Cristo foi socialista, evidentemente sem a ideologia simpatizada como doutrina política e econômica, que tem como princípio a coletivização dos meios de produção e de distribuição pelo emprego da supressão da propriedade privada e das classes sociais, sob a soberania totalitária do Estado, normalmente comandado por verdadeiro troglodita ditador, com índole possuída pelos instintos sanguinário, cruento, demoníaco e desumano.

É exatamente esse o socialismo admirado pelo santo papa?

Porque ele teve o sacrilégio e a desfaçatez de ir a Cuba e, pasmem, beijar a mão do pior monstro das Américas, que liderou a famigerada revolução cubana e é responsável pelo fuzilamento de milhares de opositores ao regime comunista, que mantém escravizado e isolado do mundo moderno, até hoje, o pobre povo cubano, que não vive, mas apenas vegeta, posto que ele é privado dos direitos humanos e das liberdades democráticas, que são incompatíveis com o socialismo humanitário instituído inteligentemente por Jesus Cristo, porque ele tinha como propósito a valorização do ser humano.

O socialismo abençoado pelo papa fere de morte os princípios sociais criados e defendidos pelo Mestre Jesus Cristo, porque a sua essência se resumia em autênticos sentimentos de amor ao próximo, a exemplo de mensagem atribuída a Ele, que diz: “Um novo mandamento dou a vocês: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.”. João 13:34.

Infelizmente, o papa busca se amparar em ensinamentos logo de Jesus Cristo, que foi fonte do puro amor e da valorização do ser humano, para justificar a sua aproximação com o demoníaco e desumano socialismo, que é sinônimo de crueldade, sacrifício, malefício e desumanidade, conforme mostram os fatos protagonizados pelos monstruosos ditadores insensíveis, sanguinários, impiedosos e desumanos.  

Ressalte-se que o pontífice já fez cortesia com outros detestáveis e desumanos socialistas, nos países deles ou no Vaticano, entre os quais o presidente venezuelano e o principal líder esquerdista tupiniquim, em clara demonstração da sua simpatia ao socialismo que sempre teve e, só confirma agora, com argumentos que não se sustentam, porque o socialismo do Mestre dos mestres tinha a pureza e o romantismo do amor no sentido da construção do bem, da vida e do verdadeiro humanismo entre as pessoas autenticamente cristãs, que pregavam o Evangelho para o fortalecimento da criatura humana e jamais como faz o socialismo simpatizado pelo chefe da Igreja Católica.

Ou seja, o socialismo simpatizado pelo representante de Deus, na Terra, não é aquele idealizado no cristianismo de origem, com base nos sentimentos do puro amor, mas sim no socialismo moderna, vivido nos tempos atuais, de muita crueldade e desumanidade, conforme mostram os procedimentos registrados e noticiados pela imprensa mundial.

O socialismo papal se fundamenta no poder totalitário e na dominação da individualidade do ser humano, o que é absolutamente dissonante dos princípios racionais instituídos, com sabedoria e generosidade, por Jesus Cristo, porque ele tem por fundamento o respeito aos princípios humanos e o amor ao próximo, princípios estes absolutamente inexistes no socialista papal.

É o fim dos mundos, o papa abençoar o socialismo?

Brasília, em 28 de dezembro de 2021

A vontade popular?

Circula vídeo, nas redes sociais, mostrando a pessoa do presidente eleito do Chile, ainda na juventude, com afeição própria do costume hiper, em que ele demonstrava viver muito à vontade, evidentemente para o seu tempo de rapaz descompromissado senão com o mundo de então de “livre, leve e solto”, como era assim que os jovens viviam.

No vídeo, também se faz alerta, em forma de críticas, para os brasileiros ficarem atentos na época das eleições, quanto aos cuidados para não embarcarem em “canoa furada”, como se imagina que fez o povo chileno, que acabaram de eleger um esquerdista.

A minha interpretação, quanto ao conteúdo da matéria constante do citado vídeo, foi no sentido de que, na verdade, cada povo tem o governo que merece e isso é pura verdade, conforme mostram os fatos.

Ou seja, não adianta os brasileiros ficarem criticando duramente os governos de outros países, em especial de índole esquerdista, achando que o nosso presidente é maravilhoso ou algo que o valha, quando as fajutas pesquisas de pouco mais de duas mil pessoas indicam a inadmissível rejeição dele acima de 60%, com relação às pessoas consultadas.

Esse índice é extremamente preocupante, mas o presidente brasileiro responde a esse fato apenas com desdém, que tem sido próprio do perfil dele, de total insensibilidade aos fatos de importância, quando, ao contrário, ele deveria se interessar, como governo cônscio da sua competência institucional, em conhecer de perto as causas da sua alta rejeição.

O governo com o mínimo de sensatez, procuraria saber quais as verdadeiras causas do náufrago da sua gestão, em especial no sentido da verificação se realmente há algo a ver com a gritante insensibilidade dele para com os graves problemas sociais, com destaque para a fome do povo; o alarmante desemprego; a economia em derretimentos, com inflação e os juros em insuportável alta e o constante desemprego; a notória derrapada no efetivo combate à crise da pandemia do coronavírus; ou o que for de tão grave, de modo que o diagnóstico resultante desse processo possa sinalizar para a necessidade da adoção de medidas saneadoras, em caráter emergencial é urgente, com assim deve proceder os verdadeiros governos.

É evidente que isso tem a ver com a necessidade, conforme o caso, da adoção de medidas destinadas ao salvamento do próprio governo, que caminha a passos largos para perdê-lo por causa das suas inação e insensibilidade generalizadas.

Essa situação se torna ainda mais preocupante e desonrosa para o presidente do país, ao se imaginar que ele poderá ser derrotado possivelmente para político absolutamente incapaz, em termos éticos e morais, diante das implicações dele com questões penais e judiciais, que são visivelmente incompatíveis com os princípios republicanos e a dignidade do mandato de cargo público eletivo.

Compete sim aos brasileiros repudiarem essa difícil situação, que diz com a enorme rejeição do presidente do país, com embargo da ideologia ou do fanatismo, para se dizer para ele, em forma bem clara de exigência mesmo, o que está errado e também o que precisa ser realizado, que nada mais é do que ele agir imediatamente para cuidar das questões sociais urgentes, não com palavras vazias de conteúdo, mas sim com ações de efetividade e ferrenha disposição para a mobilização de recursos e forças de trabalho por parte do governo, de modo a solucionar ou minimizar a crise que grassa no país.

Não faz o menor sentido a continuidade da passividade e do imobilismo da atualidade, por parte do governo, porque o caos da gestão pública somente se acentua e o resultado poderá ser desagradável e melancólico, infelizmente, para os brasileiros.

Enfim, é importante que os brasileiros que se preocupam com o domínio da esquerda, inclusive nos países latino-americanos, diante da possibilidade da mesma desgraça vir a acontecer também no Brasil, se mobilizem no sentido de agir com a decidida inspiração de tirarem o presidente brasileiro da crônica letargia onde ele se encontra.

É importante que o governo se dedique, com urgência, ao saneamento das questões mais graves que o estão contribuindo para o encontro com o  afundamento do abismo sem volta, à vista dos sinais detectados em pontos sociais e econômicos estratégicos, que são sensíveis ao atingimento da moleira do interesse público, com capacidade para pôr a pique toda estrutura de governo, tendo em conta a nítida sinalização de rejeição por parte de muitos brasileiros ao desempenho do mandatário.    

Ao que se percebe, o presidente da República demonstra, mas não entende assim, um mar de incapacidade político-administrativa, a ponto de permitir a perda do governo para ele mesmo, por se tornar cego aos seus defeitos, que só se avolumam.

Em que pese o presidente do país ser o legítimo detentor do poder, ele tem procurado apenas cuidar de interesses pessoais, como a sua filiação a partido do Centrão, com vistas à sua reeleição, quando ele precisa mesmo é zelar e resolver as causas que afetam a população, em exata harmonia com as suas verdadeiras atribuições institucionais de estadista que precisa cuidar da eficiência da gestão pública, se dedicando às questões cruciais que afligem diretamente a população.

O certo mesmo é que, no sistema democrático, sempre prevalece a vontade soberana do povo, não importando a índole ideológica do candidato, se ele é de direita ou de esquerda, porque a maioria absoluta dos brasileiros vota mesmo é com o estômago e não com o cérebro.

Enfim, com absoluta certeza, o eleitor, em 2022, há de julgar se o presidente do país se houve bem ou foi desastroso na condução do combate à gravíssima crise da pandemia do coronavírus ou demonstrará a sua já costumeira memória fraca, atrofiada ou inexistente, porque é normal que ele sempre  elege o pior da mediocridade política, à vista dos últimos governos e classe de seus representantes no Congresso Nacional.

Urge que o presidente da República se conscientize de que governar o país tem como essência a dedicação integral e exclusiva à satisfação das necessidades inerentes ao interesse da sociedade, independentemente de ideologias político-partidárias e metas destinadas à conquista ou à manutenção no poder, conquanto a finalidade da gestão pública tem como meta a promoção do bem comum da sociedade.

Brasília, em 28 de dezembro de 2021  


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Vacina é vida!

 

Um partido político ingressou com pedido de contestação junto ao Supremo Tribunal Federal à decisão adotada pelo Ministério da Saúde, que houve por bem exigir prescrição médica para a vacinação de crianças.

Em razão disso, um ministro da citada corte determinou ao governo federal que apresente explicação, no prazo de cinco dias, sobre a necessidade de tal exigência.

O ministro da Saúde defendeu a vacinação contra a Covid-19, em crianças, somente mediante a apresentação de prescrição médica e autorização dos pais, sem ter apresentado a devida fundamentação científica para a sustentação da sua insana medida, porque isso é minimamente indispensável em se tratando de situação da maior importância para prevenção contra aquele vírus, extremamente nocivo à vida humana.

Como se trata de medida que envolve a proteção da vida, há necessidade que o principal órgão do governo apresente aos meios científicos e à sociedade os elementos válidos, sob o amparo da ciência, em forma de estudos pertinentes ao caso, com capacidade à altura para justificar o acerto do posicionamento oficial, se é que ele realmente existe.

          É óbvio que a adoção desse cuidado, certamente que o governo teria evitado o lamentável constrangimento do questionamento em apreço, dando a entender que ele teria adotado medida da maior relevância para a saúde pública sem o devido amparo no âmbito do  protocolo sanitário pertinente, como deve assim agir na forma da seriedade e da competência exigida para situação emergencial de relevada importância como essa.  

A medida adotada pelo governo desagradou especialistas da área de pediatria, que alegaram a dispensabilidade dela, apontando para o fato de que as vacinas são eficazes e testadas, quanto à sua segurança.

A Sociedade Brasileira de Pediatria, por exemplo, disse que as mortes da população pediátrica por Covid-19 não estão “em patamares aceitáveis” e defendeu a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, em manifesto divulgado no último dia 24.

A  aludida sociedade defendeu a vacinação contra a Covid-19, tendo pedido a “urgente implementação de estratégias para reduzir risco de complicações, hospitalizações e mortes do público infantojuvenil pela doença.”.

Nessa mesma linha, foi o apelo feito pelo Conselho de Secretários Estaduais de Saúde - Conass, que foi contrário às medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, tendo avisado que os estados não vão cumprir a recomendação absurda do governo, de exigir prescrição médica e autorização dos pais para a aplicação da vacina.

O Conass disse ainda que o ministro da Saúde “há muito tempo, abandonou qualquer compromisso com a ciência e atua apenas para agradar a base bolsonariana.”.

É preciso se atentar que muitas crianças podem desenvolver forma gravíssima da doença, inclusive vindo à morte, cujo risco pode ser minimizado com a imunização.

Não há a menor dúvida de que a ameaça da doença contra a vida das crianças existe em realidade, cuja preocupação é amenizada com a vacina.

Conforme atestam as agências reguladoras do Brasil, dos Estados Unidos da América e da Europa, o imunizante é seguro e eficaz, com capacidade para a proteção contra a Covid-19.   

À toda evidência, o governo brasileiro se posiciona no caminho contrário ao consenso científico adotado pelo resto do mundo, caso não aplique efetivamente os imunizantes aprovados pela Anvisa, que até agora constituem a dose especial da vacina da Pfizer para o público infantil, fato este que só demonstra falta de sensibilidade de autoridades públicas às causas humanitárias, no que pertine à saúde dos brasileiros.

          Convém que os brasileiros sejam sensíveis aos apelos da ciência e dos princípios humanitários e decidam apoiar as medidas necessárias à imunização da população infantojuvenil, porque elas são realmente necessárias ao salvamento de bastantes vidas, evitando o sofrimento de muitas famílias pelas perdas de seus entes queridos.

Brasília, em 27 de dezembro de 2021

domingo, 26 de dezembro de 2021

Prudência, como princípio?

            Na vida, é muito comum as pessoas tomarem decisão de  maneira apressada, evidentemente sem a preocupação de parar para analisar, nem mesmo minimamente, a situação em si nem as suas consequências, que podem ter sérias implicações não somente consigo mesmas, mas, em especial, com afetação em interesse de outrem.

O ideal mesmo é que haja detida reflexão sobre nossas atitudes e somente agirmos depois da conscientização de que o caminho a seguir é realmente o mais apropriado para a produção de medidas em benefício dos envolvidos.

Via de regra, essa importante pausa tem sido ignorada e isso pode ter sérios e inesperados resultados, até mesmo de difícil solução, exatamente porque o possível estrago causado se torna irreparável e insanável.

É preciso que nossas atitudes sejam tomadas depois de melhor análise da questão, mediante a avaliação dos prós e contras, inclusive se contar com a opinião de quem tem mais experiência e pode contribuir para se evitar o pior.

O importante mesmo é esperar que as ideias sejam amadurecidas, depois das análises sobre seus pormenores, mediante da dimensão do problema a ser enfrentado, com o que se pode evitar ir além do limite da tolerância, da arrogância ou da incompreensão, que tem sido muito comum naqueles que se julgam o dono da razão.

Diante do exposto, é preferível se tomar qualquer decisão depois de contar a 10 e ainda analisar, conforme o caso, os conselhos a seguir, como forma da observância cautelar dos princípios da sabedoria, da civilidade e da cidadania, em respeito aos direitos individuais.

Antes de abandonar, ampare.

Antes de aposentar, guarde.

Antes de decidir, escute.

Antes de depreciar, valorize.

Antes de derrubar, construa.

Antes de desprezar, ame.

Antes de desistir, pense.

Antes de desunir, agregue.

Antes de concluir, reveja.

Antes de condenar, pondere.

Antes de criticar, espere.

Antes de escrever, medite.

Antes de falar, pense.

Antes de gastar, repense.

Antes de investir, analise.

Antes de julgar, avalie.

Antes de matar, vivifique.

Antes de orar, perdoe.

Antes de partir, doe.

Como se vê, tem-se acima a linha de procedimentos de equilíbrio, ponderação e cautela que podem contribuir para a formação de pensamento que pode ajudar na busca da convivência humana harmoniosa e de paz, tendo como pressuposto o respeito aos sentimentos da prudência e da valorização dos sentimentos humanos e individuais.

Enfim, a síntese do pensamento da autoajuda, com o emprego da análise de elementos para a reflexão sobre o agir, tem por objetivo exatamente o melhor sentido da vida, em harmonia com os elevados princípios da integridade humana e do amor.

Queira Deus que os homens possam pensar no seu próprio bem e procurar seguir as regras simples de comportamento, que não exigem esforços senão os da observância da análise e da reflexão, que podem levar ao melhor caminho do viver em paz e harmonioso, na busca do seu aperfeiçoamento.

          Brasília, em 26 de dezembro de 2021

sábado, 25 de dezembro de 2021

Feliz Natal!

 

Já é Natal, que tem como anúncio para a humanidade que o Menino Jesus nasceu e se encontra entre nós, para alegrar nossos corações e enchê-los de júbilos, pelo maravilhoso presente enviado por Deus, permitindo a chegado de seu filho unigênito, que veio para trazer esperança da renovação do mundo, por meio da evolução e do aperfeiçoamento dos homens.

Na verdade, o homem somente se aperfeiçoa quando ele se conscientizar de que o simbolismo do Natal, como força maior do amor divino, somente faz sentido se a humanidade compreender que esse sentimento poderoso deva proliferar no seu seio, por meio de ações efetivas de compaixão disseminadas pelos homens de boa vontade.

É bem possível que haja o convencimento de que o Natal seja propício para o homem refletir sobre o seu comportamento diante do seu viver, como forma da renovação das esperanças.

Essa renovação precisa ficar especificamente no plano do sentimento humano, uma vez que a evolução da humanidade caminha em velocidade tão rápida que convém que a nossa reflexão seja despertada em cada momento de nossas vidas e não somente nesta data especial da comemoração do nascimento de Jesus Cristo, onde, na verdade, há o real despertar para as boas ações, como a necessidade da solidariedade, da compreensão e do amor entre os homens, mas isso é desejável que aconteça de maneira espontânea e continuada, não somente na época natalina.

Na prática, o melhor sentido do Natal é realmente a oportunidade da esperança de se comemorar a existência de Deus em nós, pelo sentimento do verdadeiro viver plenamente, aproveitando o ensejo para a disseminação do melhor de cada um de nós, em forma de amor ao próximo, segundo o mandamento do Evangelho.

O Natal é sim o momento que se harmoniza com a busca da paz, em especial no coração das pessoas que têm dificuldade para a construção desse sentimento de amor dentro do seu íntimo.

É preciso que a paz do mundo se opere dentro de cada um nós, que tem o poder de controlar os impulsos e vislumbrar os melhores caminhos na construção do mundo melhor para se viver, em perfeita harmonia com a paz interior, que é um dos maiores sentimentos natalinos com plena capacidade para a compreensão da grandeza da humanidade.

Não se consegue construir e dominar a paz com meras palavras, mas sim com trabalho persistente de domínio dos sentimentos, por meio da aceitação e do amar à realidade da vida.

Convém que as pessoas se interessem pela busca da espiritualidade superior de compreensão e fortalecimento do corpo e da alma, como forma altruísta de domínio da mente, para a somatização do estado de serenidade capaz de compreender o seu próximo, sem necessidade de julgá-lo por seus atos, porque isso tem o sentido de censura e condenação, que são poderes estranhos à competência do homem.

Assim, a bondade do Natal é também a maravilhosa esperança do renascimento do céu de bondade que inspira muito mais sentimento de amor entre os homens de boa vontade, pelo desejo de alegrias, felicidades e principalmente do fortalecimento dos princípios da paz e da harmonia nas relações entre os homens.

A felicidade do homem só acontece quando ele é capaz de viver em paz consigo mesmo e com o seu próximo e essa paz, por incrível que possa parecer, sempre aparece em forma de brilhos intensos no Natal, exatamente por força dos poderes milagrosos do Menino Jesus, que aparece entre nós, em cada ano, precisamente para lembrar que não faz sentido algum para a felicidade do homem a vida sem a paz, em todas as suas formas.

A paz nasce dentro de nós e é tão sólida quanto ao amor construído em cada coração, segundo os ensinamentos emanados pelo Evangelho de Jesus Cristo, que tem como princípio essencial o amor ao próximo.

O permanente Natal em nossas vidas pode ser sentido no dia a dia e só depende querer que o culto especial que o inspira seja acalentado na constante alegria pela presença de Jesus Cristo vivo dentro de nós.

Enfim, na época natalina, percebe-se, no íntimo das pessoas, com clareza, o verdadeiro e mais puro sentimento dos princípios inspiradores do significado das comemorações do Natal, que é a beleza do amor simbolizado no Menino Jesus.

Feliz Natal para todos!

Brasília, em 25 de dezembro de 2021

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Basta de insensatez?

 

O presidente da República afirmou que foram reservados, no Orçamento da União, dois bilhões de reais para reajustes de servidores, mas ainda irá avaliar que categorias serão beneficiadas, tendo concluído que “Todos merecem” reajustamento, embora esse a quase totalidade desse valor foi destinada para o reajuste de militares civis.

Segundo o presidente do país, o reajuste linear resultaria em aumento de somente 0,6% para os servidores.

O presidente disse que “vamos decidir lá para frente as categorias a serem contempladas.”.

O Congresso Nacional aprovou o Orçamento de 2022, com a inclusão de reserva do valor de R$ 1,7 bilhão para o reajuste exclusivamente de policiais, em atenção de demanda pessoal do presidente do país, obviamente que as demais categorias de servidores federais foram excluídos de qualquer reajuste.

Diante dessa manobra visivelmente discriminatória, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal informou que 44 servidores do órgão que atuavam como conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) entregaram seus cargos, como forma de protesto, em renúncia coletiva.

Segundo o Sindifisco, já somam 635 os auditores fiscais que entregaram cargos de chefia e direção, desde que que foi aprovado o referido orçamento, incluindo reajuste somente para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Penitenciário Nacional, deixando de fora as demais categorias.

O Carf é órgão especial do Ministério da Economia, que tem a incumbência legal de julgar os recursos de empresas apenadas pela Receita Federal.

O Sindifisco informa que "Tal decisão visa apoiar as diversas ações de mesma natureza que estão ocorrendo em todas as regiões fiscais no âmbito da Receita Federal do Brasil e visa engrossar o número de Auditores-Fiscais e Analistas-Tributários que, cientes de suas responsabilidades e da complexidade de suas atribuições, assim como dos crescentes resultados positivos decorrentes da dedicação e qualidade do trabalho realizado ficam cada vez mais perplexos com o descaso do Governo Federal".

De acordo com o Sindifisco, "tal descaso se estende, inclusive, a questões remuneratórias, como fica evidente pela demora na regulamentação do bônus de eficiência, uma pendência de cinco anos, o que revela desprestígio institucional incompatível com a importância da Receita Federal do Brasil".

À toda evidência, o presidente do país reafirma a sua errática filosofia de trabalho que privilegia exclusivamente os seus protegidos, em forma de escolha por conveniência político-administrativa, como evangélicos, militares e outros segmentos que ele considera que pode render frutos e dividendos pessoais ou ao seu governo.

Essa enviesada e censurável mentalidade administrativa somente mostra que o mandatário do país governa visivelmente na contramão dos princípios modernos da gestão pública, que têm por norte, em essência, os conceitos da impessoalidade e da legitimidade.

Ou seja, o estilo central e preferencial do presidente do pais mira resultados que possam trazer retorno em seu benefício, a exemplo de se decidir pelo reajuste da categoria de policiais civis, em claro detrimento do restante das categorias da União, em decisão absolutamente absurda e abusiva, por ser indiscutivelmente discriminatória, por beneficiar somente os servidores da simpatia dele, em detrimento dos demais servidores do Estado, dando a entender ainda que somente aquela categoria tem direito à reposição de seus vencimentos, conquanto os salários dos outros não tivessem sofrido achatamento algum, por força dos efeitos da inflação e da desvalorização do poder aquisitivo.

É totalmente inadmissão, por ser inconstitucional, que o presidente do pais, ao seu talante, entenda e resolva governar apenas para grupos ou segmentos da sua simpatia, porque isso é forma discriminatória de valorização de determinada categoria, em prejuízo de outras, que igualmente executam trabalhos da maior importância para o país.

No que diz respeito ao reajustamento dos servidores públicos, é preciso que o chefe do Executivo promova, se for o caso, a concessão linear para todas as categorias, segundo o princípio econômico de que os vencimentos precisam ser atualizados para a manutenção do poder aquisitivo, diante das perdas decorrentes da inflação e dos reajustes naturais dos preços, cuja defasagem opera uniformemente para todos os servidores públicos, obviamente sem distinção.

Diante dessa situação fática, é tecnicamente inviável o governo sério, competente e responsável pensar e até decidir conceder reajuste salarial somente para determinada categoria de servidores, por mais privilegiada e importante que ela seja, porque esse não é o critério capaz de satisfazer os princípios da constitucionalidade, conquanto isso até se justificaria em regime totalitário, em que o ditador escolhe e adota as medidas mais absurdas que agradam ao seu ego e não ao interesse público, a exemplo de se conceder aumento salarial somente para policiais civis, a pretexto de não ter margem orçamentária para a concessão às demais categorias.

O bom senso e a racionalidade administrativos aconselham que, em nome dos salutares princípios constitucionais da isonomia, da imparcialidade e da legalidade, o reajuste salarial de servidores precisa respeitar, com rigor a linearidade, de modo que todos os vencimentos se beneficiem igualmente, com os mesmos índices, salvo se houver, nesse processo, reestruturação de carreira, que normalmente se faz para a equiparação, em termos de trabalho e salário semelhantes.

Enfim, o normal princípio da boa gestão pública somente autoriza agir com os devidos equilíbrio, competência e responsabilidades públicos, em que, no caso sob exame, ou se concede reajuste para todos os servidores ou não há aumento para ninguém, sobrelevando as condições orçamentárias.

Convém que o presidente da República, sob os auspícios dos sagrados princípios constitucionais da isonomia, da impessoalidade, da imparcialidade e da legalidade, se conscientize de que é forma totalitária a concessão de reajuste salarial a apenas determinada categoria de servidores, em prejuízo dos demais, porque todas as carreiras são igualmente importantes para a prestação dos serviços de incumbência do Estado, a par da necessidade sobre a reposição salarial decorrente das perdas naturais dos efeitos econômicos.  

Brasília, em 24 de dezembro de 2021

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Santo manto?

 

Circula, nas redes sociais, vídeo em que advogados prestam inusitada homenagem ao ex-presidente da República petista, ao entregar a ele uma beca, sob o argumento de que o ato simboliza a pureza da Justiça que existe no político, conforme o texto a seguir.

Aparece, no vídeo, a imagem de vários advogados e um deles se pronuncia, dizendo, ipsis litteris: “Eu queria, neste momento, presidente Lula. Eu tenho aqui uma beca. Esses trajes negros que nós usamos no nosso trabalho nos iguala, nos iguala juízes, promotores e advogados. Esse santo manto, que nós usamos para falar nas cortes é o manto, é o manto, presidente Lula, que você merece, que você merece por significar Justiça, na mais elevada acepção dessa palavra. Eu quero convidar a defensora pública Maíra, para, junto comigo, fazermos entrega dessa beca, símbolo da Justiça, símbolo do que é o presidente Lula, o que nós, com muito amor e carinho, damos para ele agora.”.    

  À toda evidência, trata-se de verdadeiro espetáculo de extremo estarrecimento, por parte das pessoas sensatas e de bom senso, em que a insensibilidade humana mostra a sua verdadeira face, quando grupo de pessoas que se diz ser integrante da classe de advogados e juristas entrega uma beca, que a denomina de “santo manto” para simbolizar, pasmem, o manto da Justiça logo à pessoa do citado petista, como se ele fosse digno desse logo “manto”.

Nada mais poderia causar tamanha perplexidade, tendo em vista que o currículo desse homem público se harmoniza com a autêntica antítese do verdadeiro sentido de Justiça, por ser o político completamente envolvido e implicado com ela, por conta de várias denúncias sobre possíveis práticas de atos de corrupção, cuja autoria é atribuída a ele, por causa de suspeitas de recebimento de propina, que teria ocorrido na sua gestão presidencial.

Os fatos levados à Justiça mostram que o homenageado foi denunciado, em alguns processos, pela prática criminosa de corrupção com dinheiro público, investigado, julgado, condenado à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e ainda tendo cumprido parte da pena, justamente por não ter conseguido provar, em nenhum julgamento onde foi condenado pela Justiça, a sua tão propalada inocência, ante à robusteza das provas inseridas nos autos.

A estranheza do estrambótico evento extrapola todos os sentidos da racionalidade, que é própria do ser humano, uma vez que a Justiça trabalha com fatos e estes estão dormitando lá, aguardando as provas a serem apresentadas pelo denunciado.

Ao contrário disso, o político prefere ser alvo de homenagem patética e fantasiosa, que tem o condão de acentuar a sua insensibilidade para com a triste realidade dos fatos, que mostram, de forma cristalina, que ele é político totalmente inviabilizado para fins da prática de atividades públicas, enquanto ele não for capaz de provar a sua inculpabilidade quanto às denúncias existentes na Justiça.

É exatamente assim que procedem os verdadeiros homens públicos, que se dignam à prestação de contas sobre os seus atos na vida pública, de modo que possa ter em seu poder o atestado de ficha limpa e conduta ilibada, sem nenhuma mácula no seu currículo, diante das exigências sobre a observância do princípio da probidade no exercício de cargos públicos, fato este que inexiste na vida desse político, à vista dos fatos constantes em ações penais em tramitação na Justiça.

A entrega da beca a homem público que precisa limpar seu nome na Justiça tem o expressivo significado de acinte, escárnio e deboche à própria dignidade da Justiça, diante do menosprezo evidenciado deliberadamente em forma de cristalina provocação, precisamente por profissionais que militam no Judiciário, que não têm o menor pudor em protagonizar espetáculo ridículo e patético, em demonstração de cumplicidade à falta de ética e à imoralidade, que ultrapassa até mesmo os sentidos da racionalidade e da sensibilidade humanas, à vista da suja ficha pregressa do político homenageado, que não resiste ao crivo da honestidade, à vista dos fatos denunciados à Justiça brasileira.

Causa enorme perplexidade que homens com a larga experiência em advocacia, que manejam diuturnamente com causas na Justiça, versando inclusive sobre casos de corrupção envolvendo recursos públicos, que é o caso implicado pelo político homenageado, não percebam que essa acintosa farsa não condiz com a dignidade de quem trabalho em defesa de causas judiciais, à semelhança dos processos que o arrolam, sob graves suspeitas da prática de atos irregulares.

Diante desse lamentável episódio, de difícil compreensão, resta somente a ilação de que é muito provável que possa haver sim motivação suficiente para justificar tanto ridicularização sobre assunto da maior seriedade, que seja a transformação de pessoa suspeita da prática de irregularidades em herói sem causa alguma e logo fazendo uso de símbolo que foi classificado como “santo manto”, que jamais deveria ter servido como instrumento de importância, em espetáculo tão deprimente e indigno, que denigre a imagem dos verdadeiros advogados, dignos do respeito da sociedade.

Como se trata de forma explícita de escárnio e menosprezo à dignidade dos brasileiros honrados, acredita-se tratar de momento de enorme infelicidade protagonizado por pessoas que se beneficiaram das falcatruas decorrentes de malversação de recursos públicos, que ensejaram, em especial, as investigações sob os cuidados da Operação Lava-Jato.

As aludias irregularidades foram denominadas de petrolão, cujas práticas indignas, devidamente comprovadas, envergonharam o Brasil e o mundo, diante do mar de sujeira que proliferou exatamente no governo do cidadão indevidamente homenageado, à vista da falta de mérito, porque o esquema criminoso de que se trata somente representa a pior imundície na gestão pública e que, por consequência, os envolvidos nele somente merecem eterno esquecimento por parte da sociedade.

Lamenta-se que os advogados sérios e dignos silenciem diante de espetáculo desprezível que somente denigre a imagem da classe, dando a entender que concordam com tamanha indecência em nome de excelsas autoridades no respeitável mundo da advocacia, que merecem o respeito da sociedade, em que pese a protagonismo de evento que somente enlameia a honra tanto dos principais atores como daqueles que comungam com a mesma insensatez.    

Enfim, a verdade é que juristas cometem o sacrilégio de envolver o “santo manto” em ato destinado a laurear cidadão que é denunciado na Justiça, em razão de possíveis práticas de atos criminosos e que não consegue limpar o seu nome sobre as denúncias pertinentes, conquanto isso, a bem da dignidade humana, não condiz com a seriedade que precisa imperar no seio da classe de advogados, de vez que os patrocinadores do deplorável evento em apreço envergonharam não somente seus pares honrados, mas também os brasileiros dignos.

Brasília, em 23 de dezembro de 2021