domingo, 31 de julho de 2016

A inversão da ordem


Uma tentativa de assalto em Curitiba, Paraná, teve desfecho no mínimo inusitado pela criativa reação do ladrão, que terminou se transformando em assunto curioso divulgado pela mídia, quando ele abordava uma adolescente de 17 anos, para assaltá-la.
O ladrão de 23 anos foi surpreendido dentro do ônibus Interbairros 2 por sua presa, que reagiu incontinenti ao assalto, com o uso de arma de choque, que atingiu prontamente o bandido, tendo sido eletrocutado e caído no chão, fazendo com que ele se desesperasse aos gritos por “socorro” e “polícia”. 
Diante disso, o motorista dirigiu o ônibus para o 6º Distrito Policial, para as devidas providências, inclusive o registro do episódio, mas o mais inacreditável estaria por vir com a “esperteza” do ladrão, que refeito do inesperado “susto”, passou a exigir da polícia, pasmem, que a jovem fosse detida por “agressão”. 
O meliante já era velho conhecido da polícia e, na ocasião, ainda estava portando vários objetos pertencentes a outras vítimas e isso ensejou a sua prisão por roubo e receptação. Já a adolescente foi liberada e entregue aos pais dela, depois de prestar o depoimento de praxe.
Trata-se de muita esperteza do bandido que foi dominado por sua vítima, por se achar no direito de reclamar de exercer a “profissão” de ladroagem sem ser incomodado, cuja ousadia certamente poderá ser logo seguida por outros delinquentes país afora, onde os bandidos vão passar a clamar pelo direito de proteção, ou seja, de imunidade contra a reação por parte da vítima.
Neste país onde a impunidade vem consolidando a passos largos, ante o progresso desenfreado da criminalidade, não será novidade que vítima passe a ser punida, em caso de reação que o agressor leve desvantagem e seja dominado.
Na realidade, a degeneração dos princípios humanos, tão comum nos últimos tempos, tem contribuído para a inversão dos valores sociais e culturais, que certamente sofreram a influência dos péssimos exemplos dos homens públicos que destroçaram as estruturas das instituições nacionais, inclusive da segurança pública, mas todos estão querendo se passar por vítima, depois que os fatos delituosos estão sendo investigados, revelados, com enorme possibilidade de responsabilização pelos danos causados aos brasileiros, inclusive pela falta de proteção.
No país tupiniquim, a ordem natural tende a se inverter, passando a girar no sentido contrário, quando se percebe que as pessoas estão presas em suas casas, enquanto os bandidos ficam agindo livremente, passando agora a exigir direito de atacar sem a legítima defesa da vítima, que normalmente são as pessoas honestas e trabalhadoras, merecedoras, na verdade, da proteção.
A bandidagem está tão evoluída que seus integrantes já dispõem da proteção da comissão dos direitos humanos e, com o progresso da delinquência, logo eles vão exigir foro privilegiado e regalias de imunidade contra a reação de seus atos de violência, o que vale dizer que a legítima defesa passa também a ser aplicada em benefício deles, ficando a sociedade cada vez mais desprotegida e à mercê da criminalidade.
À toda evidência, a violência se robustece em um país em que a legislação penal é frouxa e praticamente inócua para combater com a devida severidade a delinquência, que se expande, enquanto a sociedade fica ainda mais assustada com a incompetência e a omissão das autoridades incumbidas do efetivo combate à criminalidade.
Os brasileiros precisam reagir, no sentido de exigir das autoridades públicas medidas enérgicas contra a devassidão que campeia com intensidade na segurança pública, que padece exatamente da falta de priorização das políticas capazes de contribuir para o aprimoramento, o aperfeiçoamento e a modernidade dessa área, com vistas a fazer face ao poderio da bandidagem, que tem domínio territorial de Norte a Sul do país.
Os fatos mostram que absolutamente nada é feito para mudar o caos existente no sistema segurança pública, que, sob o prisma das autoridades incumbidas da execução das políticas pertinentes, realmente “não precisa de mudança” porque elas estão confortavelmente protegidas à custa dos contribuintes, que ficam à mercê do inferno da insegurança pública.
Urge que os brasileiros se mobilizem no sentido de que as políticas de segurança se tornem prioridade, ante a necessidade da efetiva proteção das vidas humanas, que estão sendo dizimadas graças à inadmissíveis incompetência e insensibilidade das autoridades públicas do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de julho de 2016

sábado, 30 de julho de 2016

Verdade sob fórceps


Enfim, de tanto se vangloriar que era a pessoa mais imaculada e honesta do mundo, chegou a vez de o ex-presidente da República petista sentar no banco dos réus pela primeira vez em sua história política.
Um juiz da 10ª Vara do Distrito Federal acaba de aceitar denúncia formulada pelo Ministério Púbico Federal, contendo acusação de que o ex-presidente teria comandado esquema arquitetado para obstruir a Operação Lava-Jato, conforme detalhes constantes da delação premiada do ex-senador e ex-líder do governo no Senado Federal.
Segundo consta dos autos, as provas apresentadas contra o ex-presidente são fartas, consistentes e robustas, tendo por base ligações telefônicas, extratos bancários e e-mails, que revelam a pretensão dele de o ex-senador adotasse “medidas para a compra do silêncio de Nestor Cerveró”, ex-diretor da área internacional da Petrobras, tendo como objetivo se evitar que este fechasse acordo de delação premiada, que poderia comprometer tanto o próprio petista como um de seus amigos mais próximos, o compadre pecuarista.
Segundo consta dos autos, o pecuarista teria contratado empréstimo de 12 milhões de reais com o banco Schahin, para saldar dívidas de campanhas do PT, em 2006. Em troca, o grupo Schahin ganhou contrato bilionário com a diretora comandada pelo ex-diretor da Petrobras. A família do pecuarista, depois de contatado pelo ex-senador, resolveu ajudar no complô arquitetado contra a Operação Lava-Jato, tendo desembolsado o valor de R$ 250 mil para pagar os honorários de um advogado que defendia o ex-diretor da Petrobras.
A conclusão do Ministério Público é de que há fortes indícios de que “Lula atuou diretamente com o objetivo de interferir no trabalho do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Ministério da Justiça, seja no âmbito da Justiça de São Paulo, seja do Supremo Tribunal Federal ou mesmo da Procuradoria-Geral da República”.
Além do ex-presidente, outras seis pessoas também viraram réus, mas, segundo afiançam os investigadores, o petista ocupou papel central no esquema e dirigiu a atividade criminosa praticada pelo grupo.
Após o recebimento da denúncia apresentada pelo Ministério Público, o juiz concluiu que, “Pela leitura dos autos, observo a presença dos pressupostos processuais e condições da ação (incluindo a justa causa, evidenciada pelas referências na própria peça acusatória aos elementos probatórios acostados a este feito), e que, a princípio, demonstram lastro probatório mínimo apto a deflagrar a pretensão punitiva proposta em juízo”.
À toda evidência se as provas apresentadas contra o ex-presidente não fossem fartas e seguras, certamente que o Ministério Público Federal e o juiz federal jamais dariam prosseguimento à ação contra ele, à vista dos possíveis desperdício processual e vexame pelo insucesso de medida inócua e irresponsável, diante da relevância política que isso significa no contexto nacional, exatamente por envolver o principal e mais celebrado homem público do país.
Ao que tudo indica, o velho adágio de que a conta do mal sempre chega mais cedo ou mais tarde aos malfeitores tem tudo para se confirmar no caso em comento, porquanto nunca o ex-presidente esteve tão próxima dos detestáveis bancos dos réus, em que pese ele sempre se achar que estava acima de tudo e de todos, inclusive da lei, mas as suas arrogância e prepotência podem cair por terra se não conseguir provar que é realmente inocente, não tendo nada com esse affaire.
É muito triste para o Brasil que a pessoa que se dizia, de forma reiterada, até há pouco tempo, ser o suprassumo da honestidade, seja agora considerado réu, justamente  por possível tentativa de obstrução do competente e importante trabalho da Operação Lava-Jato,  que faz uma espécie de depuração de fatos irregulares oriundos da corrupção que teria sido arquitetada, nutrida e se agigantada exatamente no governo dele, fato que contradiz com o sentimento de probidade e de honestidade, eis que a Petrobras foi aparelhada com a aquiescência do Palácio do Planalto, sob o comando do ex-presidente, que agora precisa explicar à Justiça que é inocente e não tem culpa quanto aos fatos objeto da denúncia de obstrução da Justiça, que é tão grave quanto aos crimes de corrupção propriamente, que os réus agora arrolados pretendiam esconder do alcance das investigações.
É lamentável que o ex-presidente tenha sido alcançado pela Justiça, agora arrolado, primeira vez, como réu, mas se trata de importante oportunidade para que ele possa reafirmar e comprovar tudo o que tem dito e frisado que é a pessoa mais honesta do planeta ou, então, a sua tese, até agora defendida com todo ardor, cairá por terra e o seu futuro político será sepultado em definitivo, com o que ele poderá passar para a história como sendo o presidente da República brasileiro mais festejado e prestigiado dos tempos contemporâneos que perdeu seu brilho graças ao infortúnio de seus atos contrários à dignidade e à nobreza dos verdadeiros homens públicos, que jamais se envolvem com o submundo da delinquência.
A decisão do juiz federal, no presente caso, é de suma importância para a história política brasileira, uma vez que os esclarecimentos sobre os fatos denunciados, que não permitem subterfúgios ou artificialismo demagógico, vão contribuir para pôr às claras as verdades reais, que insistem em se esconder sob os escombros dos malfeitos que são a marca registrada dos governos petistas, segundo os fatos revelados, em especial, pela competente e persistente Operação Lava-Jato. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de julho de 2016

sexta-feira, 29 de julho de 2016

A insensibilidade humana


Segundo notícia veiculada no site de Veja, aproximadamente 50 animais teriam morrido de fome, nos últimos seis meses, em um dos principais zoológicos da Venezuela, em razão da grave escassez de alimentos que afeta o país.
De acordo com uma líder sindical da área de parques públicos, as mortes no zoológico de Caricuao, em Caracas, atingiram, principalmente, porcos vietnamitas, antas, coelhos e aves. Ela disse que alguns animais morreram por terem deixado de comer por duas semanas.
A líder sindical conclui afirmando que “A história dos animais de Caricuao é uma metáfora para o sofrimento venezuelano”.
Com vistas à apuração dos fatos, promotores abriram processo para verificar as causas das mortes de “várias espécies de vida selvagem”, no mencionado zoológico. 
Há informação de que, atualmente, leões e tigres do zoológico de Caracas estão sendo alimentados, pasmem, com frutas e vegetais, como mangas e abóboras, a fim de compensar a falta de carne. Já os elefantes estão comendo frutas tropicais, em vez de sua tradicional dieta de feno, segundo disse a líder sindical.
A situação caótica e dramática dos zoológicos é reflexo dos muitos e generalizados problemas por que enfrentam os venezuelanos, que diariamente são submetidos ao martírio de terríveis horas de filas nos supermercados, implorando, enlouquecidos, por comida, que simplesmente sumiram das prateleiras, mas o governo insiste em sacrificar a população, cujo fim tende a ser o mais trágico possível, ante a insensibilidade do presidente do país, que insiste em continuar no comando da nação, mesmo depois de comprovar para o mundo a sua debilidade, que ainda tem inexplicável apoiadores para a desgraça do povo, que também dá apoio à indiscutível monstruosidade.
As gravíssimas crises daquele país atingem variedades segmentos, desde o social, político, administrativo e principalmente econômico, que foi destruído pela drástica queda dos preços dos combustíveis, fazendo com que o país detentor da quarta reserva mundial de petróleo, sendo um dos principais exportadores de petróleo e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fosse fragilizado em termos econômicos, visto que ele não possui alternativa à produção de petróleo.
As crises de governança ensejaram a realização de manifestação, organizada pela oposição venezuelana, para exigir do poder eleitoral a efetivação, o quanto antes, do referendo revogatório contra o presidente do país, cujo slogan foi: “Revogatório já”, que era gritado em local restrito, distante do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), onde dirigentes da Mesa da Unidade Democrática (MUD) pretendiam entregar carta com sua petição, mas foram impedidos de chegar até lá.
Na “democracia” venezuelana, pouco adiante o povo implorar, reclamar ou gritar por mudança de governo, mesmo que o ato esteja previsto na Constituição aprovada pelo regime chavista, porque este se apoderou das principais instituições da nação, como o Executivo e o Judiciário, não permitindo que o Legislativo, que tem maioria oposicionista, por exercer, na plenitude, seu verdadeiro papel de fiscalizador dos poderes da República, que praticamente são comandados sob o comando absoluto do tirano bolivariano, que eliminou os direitos humanos, restringiu as liberdades individuais e os princípios democráticos, não permitindo livre manifestação sobre os direitos políticos da população.
Um líder da oposição declarou, em tom de um misto de alerta com ameaça, que “As pessoas não querem violência, mas se não houver solução pode acontecer qualquer coisa. A paciência do povo está se esgotando”.
Não há dúvida de que o presidente da Venezuela trata o povo sob a ótica da monstruosidade e da vileza, à moda própria dos comunistas/socialistas, com o emprego da hipocrisia e da demagogia, com a prevalência da igualdade para todos, que tem sido, na realidade, o exato princípio da desgraça e da decadência para todos, salvo para a nata do socialismo, que não passa fome e não conhece os dissabores da miséria, do sacrifício e do sofrimento.
A insensibilidade dos comunistas está causando a desestruturação social, a pobreza generalizada, a completa desindustrialização, a asfixia dos princípios econômicos, a incompetência administrativa e demais mazelas e precariedades que estão contribuindo para que a nação venezuelana seja inviabilizada e fragilizada, fazendo que seu povo padeça no inferno terrestre, graças à loucura plantada, germinada e cultuada pela vontade ingênua e bestial dele, i.e., do povo, que permite que seu sofrimento se perpetue ad aeternum.
Os venezuelanos precisam se despertar dessa letargia destruidora da racionalidade e da civilidade, porquanto a permanência dessa apatia alimenta e fomenta a ideia deformada do socialismo, que já plantou suas raízes de destruição e maldade, à vista da degeneração de nação que já foi exemplo de seriedade e organização competente e estruturada.
          É evidente que, quanto mais tempo esse regime deletério e perverso existir, maiores sofrimentos e castigos hão de ser espargidos entre os venezuelanos, que precisam reagir e bani-lo o quanto antes do seu habitat, por se tratar do regime da degeneração social, política, administrativa, econômica e democrática, ante os evidentes exemplos de crueldade e generalizada decadência.
Os organismos internacionais e as nações sérias e evoluídas precisam se unir em repúdio aos crimes cometidos contra a população da Venezuela, bem assim contra os indefesos animais, que também estão sendo atingidos pelas insensatez e crueldade da escassez, em especial de alimentos.
É lamentável que o governo, que tem sido cruel com a população, em especial diante da terrível falta de alimentos, remédios e demais gêneros de primeira necessidade, essenciais à vida, também estenda suas maldades e crueldades aos animais irracionais, que, indefesos, estão sendo inseridos no maldoso processo restritivo de alimentos, até atingirem a morte.
Convém que os países civilizados, os organismos internacionais, como a ONU, OEA, e outras importantes entidades de defesa da vida se mobilizem, para manifestar em repúdio aos maus-tratos e crimes cometidos pelo governo venezuelano contra a humanidade e agora também contra os animais, de modo que sejam evitadas tragédias de maiores proporções, que estão ocorrendo em nome da absurda Revolução Bolivariana, fruto de mentes doentias e distorcidas, que não têm a menor sensibilidade para a observância dos direitos humanos e o respeito à vida animal. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 29 de julho de 2016

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Empirismo de planejamento


Embora com discreta festa, foi recepcionado pelo Comando da Aeronáutica o Boeing 767-300ER, alugado nos EUA, para recuperar a capacidade da Força Aérea em transporte logístico, ajuda humanitária e de atuação em missões diplomáticas.
O grande jato tem alcance intercontinental, podendo cobrir a rota Brasília-Tóquio com única escala e recebe até 257 passageiros, já tendo seu emprego pela FAB durante a Olimpíada.
O valor do contrato de três anos, com renovação automática por mais um ano, é, pasmem, de US$ 19,7 milhões, a ser pago em quatro parcelas. A seleção do fornecedor, a Colt Transporte Aéreo S/A, foi feita por meio de licitação, cujo negócio cobre áreas de suporte técnico e o seguro da aeronave.
O novo jato de longo alcance é o substituto do Sucatão, o Boeing KC-137, versão militar do clássico modelo707 civil. Na configuração da FAB, foi usado por 27 anos para reabastecimento em voo e também como avião presidencial até a administração do ex-presidente petista. Em 2005, o governo decidiu comprar o Airbus A319.
O Boeing 767-300ER pode levar até 38 toneladas de carga e tem 100 assentos a mais que o 707. Será possível realizar missões de resgate de brasileiros, em casos de emergência.
Nem precisa ser especialista sobre aeronave para se perceber o exagero na escolha de aeronave com característica pouco usual, dando a impressão do desperdício de recursos, uma vez que a aeronave em apreço será pouco utilizada, por não se enquadrar nas missões normais do dia a dia, porquanto o seu uso será feito em casos excepcionais e não parece justificável que locação tão dispendiosa fique à mercê de situações esporádicas ou excepcionais, evidenciando o empirismo do planejamento público, salvo melhor juízo. 
A alocação de aeronave caríssima contradiz a realidade brasileira, onde pacientes morrem por falta de transporte populares, para o seu socorro e ainda vem o governo com essa de alocar avião, por preço exorbitante, para satisfazer as desenfreadas benesses palacianas ou os interesses estranhos às necessidades da população, como se o país estivesse às mil maravilhas, nadando em superávit orçamentário, sem qualquer carência de assistência social.
Pobre país que despreza as prioridades na gestão dos recursos públicos, por gastar sem a menor preocupação com as prioridades da população.
Urge que o governo justifique a real necessidade da alocação de aeronave, por preço tão significativo, quando têm tantas prioridades a serem atendidas bem antes da contratação em apreço.
Convém que o governo, isto sim, incentive a prata da casa, promovendo maciços investimentos na indústria aeronáutica genuinamente brasileira, de modo a se possibilitar que o país possa produzir suas próprias aeronaves, nas condições adequadas às suas operações de transportes, com vistas ao atendimento das reais necessidades nacionais, cujas medidas ainda têm o condão de contribuir para o incremento do emprego para os brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de julho de 2016

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A prática do caixa 2


Os marqueteiros das campanhas eleitorais à eleição e à reeleição da presidente da República afastada declararam, em depoimento à Operação Lava-Jato, que dívidas pertinentes à campanha presidencial petista de 2010 foram pagas com dinheiro desviado dos cofres da Petrobras, com o que eles confirmam a ilícita prática do caixa 2, no referido pleito eleitoral.
Incontinenti à aludida afirmação, a presidente afastada correu para declarar que “nunca autorizou o pagamento de caixa dois a ninguém”, mas não negou o repasse de propina, ao afirmar que “Se houve pagamento, não foi com o meu conhecimento”.
Em depoimento ao juiz federal de Curitiba, o marqueteiro e sua mulher e sócia confessaram que, ao serem presos em fevereiro pela Polícia Federal, mentiram no inquérito, para não incorrer em possível incriminação da petista. Ao juiz federal, o casal esclareceu que 4,5 milhões de dólares recebidos por meio de um doleiro e operador de propinas era dinheiro da campanha eleitoral da petista, em 2010.
Segundo a mulher do marqueteiro, os valores recebidos por meio do operador se relacionaram às “dívidas da campanha presidencial de 2010 (da presidente afastada) e Zwi (Scornicki) lhe foi indicado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto”.
A esposa do marqueteiro afirmou, com muita clareza, que o caixa 2 é prática corriqueira nas campanhas eleitorais: “Caixa dois nunca deixou de haver.”. O esposo foi na mesma linha dela e disse haver “cultura generalizada de caixa 2”, porquanto, segundo ele, as relações dos empresários com partidos e governos sempre ocorreram “buscando caminhos extralegais”.
A mencionada cidadã reconhece e admite que não é inocente, tendo afirmado, de forma categórica, que ”Infelizmente, não posso dizer não sou totalmente inocente, não suo. Eu recebi de uma forma ilícita. Eu aceitei um jogo que infelizmente impera na minha atividade. Esse é o meu grande erro.”.
O marqueteiro e a mulher admitem que mentiram, para proteger a presidente afastada, quando disseram, por ocasião de suas prisões, nos seus primeiros depoimentos, que o dinheiro era relativo às campanhas eleitorais que fizeram no exterior, que era forma que “Eu achava que isso poderia prejudicar profundamente a presidente Dilma. Eu que ajudei, de certa maneira, a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente. Nessa época, já se iniciava um processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto. Sabia que isso poderia gerar um grave problema.”.
As aludidas declarações têm o poder de patentear a fragilidade da Justiça Eleitoral e do mesmo modo da atuação dos órgãos incumbidos do controle e da fiscalização dos recursos investidos nas campanhas eleitorais, quanto à verificação da sua origem e da sua aplicação, estritamente em consonância com os ditames da legalidade, tendo em vista a generalização da prática de irregularidades, como demonstrado pelo marqueteiro e por sua esposa, que reconhecem a ilegitimidade de seus atos, com aquiescência com o uso do caixa 2.
Não chega a ser novidade que a petista negue conhecimento sobre a prática ilícita de desvio de recursos da Petrobras, para pagamento de dívidas de campanha, porque isso faz parte do script ideológico partidário, a exemplo do que sempre faz o petista-mor, que se notabilizou por declarar, de forma peremptória, nunca saber de nada, sobretudo com relação ao mensalão, e negar faz parte do histórico petista: negar, negar, não mandei, não autorizei e não sei, dando a entender, com toda clareza, que não há espaço para reconhecimento de culpa por seus malfeitos.
Nas circunstâncias, pouco importa se a presidente afastada autorizou ou não o pagamento de serviços prestados na sua campanha eleitoral, porque as dívidas contraídas por seu partido foram pagas integral ou parcialmente com dinheiro proveniente de fraude, por se tratar de desvio de recursos repudiável pela legislação eleitoral e isso, em português claro, caracteriza crime capitulado em normas eleitorais, com base nas quais a Justiça tem o dever constitucional e legal de aplicar punição aos envolvidos, depois de evidenciadas suas responsabilidades, principalmente daqueles que se beneficiaram dos serviços pagos com recursos sujos, de origem fraudulenta.
A situação em tela se caracteriza como de suma importância, diante da necessidade das urgentes apreciação e julgamento do caso, uma vez que o veredicto pertinente pode contribuir como instrumento de natureza pedagógica, no sentido de servir de especial modelo para prevenir e evitar casos semelhantes, no futuro.
A verdade é que a negação da presidente funciona como crime ainda mais grave, por não haver aí a dignidade da assunção das falhas e falcatruas, em que pese isso tenha resultado em claro benefício pelos envolvidos, ficando, de qualquer modo, a confirmação das ilicitudes, que deveriam também ser assumidas pela petista, por se tratar de fato consumado e efetivado em seu proveito e a simples antecipação por parte dela de que se o fato existiu, não é do seu conhecimento, apenas demonstra a falta de sensibilidades política e administrativa para reconhecer seus pecados vitais.
Diante da extraordinária revelação em apreço, fatalmente, mais cedo ou mais tarde, a Justiça Eleitoral, com base nos depoimentos contundentes, se encarregará de mandar a fatura sobre a irregularidade para a presidente da República afastada assinar e reconhecer a sua inarredável responsabilidade que tem realmente a identidade de alguém e essa pessoa é conhecida, por ter, inapelavelmente, se beneficiado dos serviços objeto da quitação das dívidas com dinheiro ilícito, fruto de propina vinculada aos esquemas engendrados na Petrobras, sob o respaldo da gestão petista. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de julho de 2016

terça-feira, 26 de julho de 2016

À espera da racionalidade


A presidente da República afastada fez discreto elogio pessoal ao atual ministro da Fazenda, embora tivesse aproveitado o ensejo para criticar a política econômica do governo em exercício.
Em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo, a petista reivindicou para si a baixa da inflação e ainda disse que acredita na derrota do processo de impeachment, em curso no Senado Federal.
A presidente afastada disse que o ministro da Fazenda “é uma pessoa competente na área dele. Eu não considero que Henrique Meirelles representa este governo como um todo”, em justificativa por não o ter indicado para o seu Ministério da Fazenda, em que pesem insistentes sugestões nesse sentido por parte do ex-presidente da República petista.
Ela também aproveitou para criticar as propostas de redução de gastos com saúde e educação e disse que o governo interino está tratando a meta fiscal de 2016, que prevê déficit de até R$ 170,5 bilhões, como um “cheque em branco. Se sabe que o déficit não era deste tamanho”.
A presidente afastada disse ainda que o abrandamento da inflação vem ocorrendo graças às medidas adotadas no governo dela, ao assegurar que “As condições para a inflação cair foram sendo construídas durante meu governo”. Ela disse que o arrefecimento dos preços abre a possibilidade de queda dos juros.
Na entrevista, a petista repisou parte do script de conversas anteriores, tendo falado em crise internacional, condenando a tese do processo do impeachment dela como “golpe”, a par de tecer as críticas de sempre ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, responsável pela abertura do referido processo.
A petista, ao declarar que “Eu tenho divergências com Cunha desde quando ele assumiu a liderança do PMDB no meu primeiro mandato, ...”, assume que o processo de impeachment contra ela representa “vingança pessoal” do deputado fluminense e que a saída dele da presidência da Câmara vai diminuir o poder do grupo de aliados do parlamentar, que teriam pauta conservadora própria.
A presidente afastada disse que ainda acredita na reversão do placar do impeachment no Senado e que vai voltar à Presidência, no final de agosto, tendo prometido: “Quando voltar, vou ter de enxugar muita coisa. Tem muita coisa errada sendo feita”, principalmente em referência às propostas de cortes de recursos para a educação e a saúde, porque “Tenho uma obrigação e missão, porque o Brasil passou por uma ruptura democrática e sou responsável por colar isto de volta”.
O pouquíssimo tempo da interinidade do peemedebista na Presidência da República já é mais que suficiente para tranquilizar o mercado e os investidores, à vista das boas perspectivas na valorização da Bolsa de Valores, denotando que a capital estrangeiro está voltando, justamente devido à confiança no governo, que tem se esforçado para corrigir os graves erros deixados pela gestão petista.
Diante de tantos desastres e maldades da gestão da petista, a sua confiança em voltar ao Palácio do Planalto pode provocar sérios transtornos à tranquilidade que vem sendo conquistada, aos poucos e de forma segura, por meio de medidas que inspiram a interrupção das políticas desastradas na gestão dos recursos públicos, em especial no controle das contas públicas e na priorização das ações governamentais, que havia sido ignorados, em desprezo aos princípios da racionalidade e da responsabilidade, porquanto os gastos foram além das receitas, em evidente desrespeito às normas de administração orçamentária e financeira.
Não à toa que a presidente afastada está sendo processada no Senado por crime de responsabilidade, que é forma abusiva de gastos públicos, denominada pejorativamente de “pedaladas fiscais”, por representar subterfúgio para maquiar o registro contábil dos gastos públicos, o que significa que as contas não representavam a realidade quanto à possível déficit.
À vista das precariedades e dos danos causados aos brasileiros, no curso da gestão da presidente da República afastada, certamente que os brasileiros anseiam por que o bom senso e a racionalidade hão de prevalecer no julgamento do processo do impeachment, no sentido de que, para o bem da nação e do povo, os senadores vão decidir pelo definitivo afastamento de quem é responsável pela ruína que atingiu as entranhas da economia, cujos destroços de suas consequências são representados pela administração incompetente, omissa, impopular, insatisfatória e ineficiente, causadora de imensuráveis prejuízos aos interesses nacionais, à vista, entre outras estigmas, das deficientes e deletérias políticas econômicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de julho de 2016

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Golpe parlamentar?


A presidente da República afastada comparou a situação política do Brasil com a da Turquia, criticou o conceito de escola sem partido e defendeu o Mercosul.
A petista comparou a tentativa de golpe de estado na Turquia com o atual cenário político brasileiro, por entender que lá houve golpe tipicamente militar, enquanto “Aqui no Brasil nós temos uma outra circunstância. Nós temos um golpe parlamentar, que alguns chamam de golpe frio, outros chamam de golpe institucional. Se você imaginar que no golpe militar você tem um machado quebrando a árvore da democracia e a destruindo junto com o governo em questão, no caso do golpe parlamentar, você tem parasitas atacando a árvore, fungos atacando a árvore. Começa por algumas instituições, mas corrói todas as demais”.
A comparação da presidente é de gigantesca infelicidade, por ignorar as circunstâncias, quando o processo de impeachment contra ela transcorre, de forma pacífica, com base em ditames constitucional e legal, por infringência de normas de administração orçamentária e financeira, enquanto naquele país houve realmente tentativa de golpe, com o uso de força militar, que resultou na morte de centenas de pessoas e prisão de milhares de cidadão.
A comparação absurda da presidente afastada, entre o processo de impeachment em curso e outros fatos sem conexão um com outro, demonstra seu desespero de achar que os brasileiros são imbecis e incapazes de avaliar os fatos como eles verdadeiramente aconteceram, com a única tentativa de se passar por vítima, apesar de ela não ter a sensatez de reconhecer seus erros, na forma como eles são entendidos, com a devida clareza, tanto pelo Congresso Nacional como pelo Supremo Tribunal Federal, que não se cansam de reafirmar a caracterização do crime de responsabilidade fiscal, por ela ter menosprezado princípios constitucional e legal, quanto à aplicação de recursos públicos. 
Que nome se pode dar a quem conseguiu destruir princípios da administração pública, na forma de desastradas políticas públicas, e mandar para o espaço sideral esperanças dos brasileiros, ao quebrar com machadada a árvore da economia, do emprego, da produção, dos investimentos em obras públicas, dos serviços públicos de qualidade, da moralidade, da eficiência da gestão pública e, enfim, do progresso nacional?
Trata-se de terrível golpe da incompetência administrativa, que é letal, por agir com a ganância de parasitas que atacam as estruturas do Estado, a ponto de ele não ter condições de sobrevivência, entrando em estado de coma que afeta de morte a nação.
À toda evidência, mais uma vez a presidente afastada comete imperdoável equívoco, à vista de brutal e forçada comparação que não condiz com a realidade dos fatos, podendo apenas ter por objetivo, ao que se pode intuir, a sua exposição aos holofotes da mídia, para não cair no ostracismo, em definitivo.
Os brasileiros anseiam por que o processo de impeachment seja julgado o quanto antes pelo Senado Federal, em especial com o veredicto favorável ao definitivo afastamento da presidente da República, de modo a possibilitar a consolidação da normalidade democrática, a competência na administração do país e a imediata retomada dos ciclos produtivos e do pleno emprego, como forma capaz da volta ao tão sonhado desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de julho de 2016

domingo, 24 de julho de 2016

A renúncia como presente



Em harmonioso encontro entre os chefes do Executivo e do Legislativo, quando tudo transcorria sob o clima de meras amenidades não muito próprio nas movimentadas relações políticas de Brasília, eis que o presidente do Senado Federal tratou de animar o momento, ao fazer revelação inesperada e de extrema importância de que a presidente afastada teria jogado a toalha e admitido não ter mais chances de impedir a aprovação do impeachment na Câmara Alta.
O senador alagoano disse que ouviu da presidente afastada declaração, em tom de desabafo, de que, in verbis: “Quero acabar logo com essa agonia”.
O presidente do Senado é considerado “político de Brasília”, por sempre estar ao lado do poder, tendo sempre merecido a confiança e a amizade das principais autoridades da República e não tem o menor escrúpulo para se bandear para perto de quem melhor possa atender às suas conveniências políticas.
Não faz muito tempo, ele se empenhava em afastar o presidente interino da presidência do PMDB, o que poderia distanciá-lo do Palácio do Planalto, o que o deixaria sem condições de ocupar a principal poltrona do poder, com o conforto que ele desfruta agora.
Mesmo integrando os quadros do PMDB, que já não mais formava aliança com o PT, o alagoano desfilava, meses atrás, com os poderes de principal general da batalha da petista, na tentativa de blindá-la contra o impeachment.
Encarando o clima de “político de Brasília”, o alagoano é autêntico termômetro capaz de identificar a temperatura do poder e a sua conversa, em tom de confidencialidade com o presidente em exercício, com quem nem sempre manteve grande simpatia, demonstra a certeza de que é bastante improvável o retorno da petista ao Palácio do Planalto.
Diante do quadro delineado na atualidade, em que os ventos sopram em favor do presidente interino, quando os fatos e acontecimentos estão se encaixando sem maiores embaraços, a premonição do alagoano de se agasalhar em local seguro não chega a ser nenhum fato extraordinário, à vista da dificuldade de se encontrar alguém no Congresso Nacional, mesmo do PT, que ainda acredite na volta da presidente ao governo, em que pese a opinião pública mostrar, em mais de 60% do eleitorado, preferência pela realização de nova eleição presidencial.
Não se pode ignorar que o presidente interino, em pouquíssimo tempo no governo, conseguiu implantar na administração do país clima favorável à estabilidade na política e na economia, que favorece, no seio da sociedade, sua permanência no poder, a ponto de políticos acenarem por vitória folgada da parte do atual governo, no julgamento do processo de impeachment.
Também não é novidade que, com vistas à consolidação da maioria folgada favorável ao impeachment, o governo cuida de agradar os congressistas, com no­meações de pessoas indicadas por deputados e senadores de sua base de apoio, para a ocupação de cargos públicos, no segundo e terceiro escalões, como forma de sacramentar a distribuição de cargos federais entre parlamentares, dando continuidade à velha, surrada e sempre abominável política vergonhosa do toma lá, dá cá, que nunca vai ter fim.
Se é verdade que a presidente afastada teria dito que “Quero acabar logo com essa agonia”, ela, como ninguém, tem infinito poder para dar cabo ao seu martírio, que, na verdade, é muito mais dos brasileiros que repudiam a incompetência, a desmoralização e a ineficiência administrativas.
Se realmente ela quisesse acabar com sua angústia e a dos brasileiros, não hesitaria em decidir pelo ato mais nobre que um estadista de verdade, reconhecedor da sua incompetência, faz com altruísmo e respeito à nação, qual seja, apresentar sua renúncia ao cargo que ocupa, que certamente representaria enorme contribuição para ela e a nação, o qual apenas desagradaria aos seguidores dela, que já se acostumaram com idolatria à incompetência na administração do país.
Nas circunstâncias, a presidente afastada já foi capaz de destruir os princípios da administração pública, sobretudo no que diz respeito às políticas econômicas, que foram colocadas impiedosamente à lona, capitaneada pela terrível recessão e pelo desastre do desemprego, além de todas mazelas representadas pela pior qualidade dos serviços públicos, que muito bem seriam recompensados pela feliz ideia de renúncia da petista, que passaria para a história como a presidente que teve a dignidade de reconhecer a sua incapacidade para comandar o país com as potencialidades econômicas do Brasil.
Não há a menor dúvida de que a renúncia da presidente afastada funcionária como extraordinário presente para os brasileiros, em recompensa por tudo de ruim que a sua gestão foi capaz de produzir em prejuízo dos interesses nacionais, que foram reduzidos à sua menor significância, em termos dos princípios da moralidade, dignidade, legalidade, economicidade, transparência, eficiência e eficácia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
            Brasília, em 24 de julho de 2016