sábado, 31 de julho de 2021

Decepcionante?

 

O presidente da República, enfim, admitiu, em ato solene com a imprensa, não ter provas para afirmar que haja risco de fraude no sistema atual de urnas eletrônicas ou ainda que as últimas eleições realizadas no país tenham sido fraudadas.

O presidente brasileiro convocou veículos de imprensa e usou a emissora pública de televisão para a transmissão em tempo real, na qual, segundo anunciou previamente, seriam mostradas "provas" das fraudes, mas, ao invés de apresentá-las, ele expôs uma série de notícias inverídicas e vídeos requentados da internet, que já foram até objeto de desmentidos, por diversas vezes, por órgãos oficiais competentes.

O presidente do país disse que "Não temos provas, vou deixar bem claro, mas indícios que eleições para senadores e deputados podem ocorrer a mesma coisa. Por que não? Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Apresente provas de que ele não é fraudável (sic). Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas".

Segundo o serviço de checagem de fatos de uma empresa de comunicação, as simulações apresentadas sobre indícios de fraudes em urnas eletrônicas brasileiras, as mesmas mostradas no evento presidencial, não condizem com a realidade praticada pelo Tribunal Superior Eleitoral, uma vez que isso já foi devidamente refutado.

O Tribunal Superior Eleitoral, a propósito dos vídeos mostrados no evento em apreço, já explicou, em momentos oportunos, que "Em termos de dispositivo de hardware, a urna é um computador. Porém, não é um computador comum de mercado, mas sim projetado conforme exigências estabelecidas pelo TSE para garantir a segurança de seu hardware".

          O momento mais decepcionante e até melancólico do evento ocorreu precisamente quando assim se esperava que o presidente do país fosse apresentar as ansiadas provas sobre as fraudes nas urnas eletrônicas, mas ele apenas se dignou a declarar que não tinha como mostrá-las, em que pesem as suas reiteradas e agressivas afirmações de que elas são fraudáveis.

Por seu turno, ficou acentuadamente ainda mais ridículo para o presidente do país, ao tentar inverter o seu papel de acusador, exigindo que as pessoas que alegam que ele não tem provas apresentem comprovantes de que as urnas eletrônicas não são fraudáveis, fato este que não tem o menor cabimento, em se tratando que foi ele que deu abertura, de maneira espetaculosa, de discussão sobre a suspeita da existência de vulnerabilidade da segurança das urnas brasileiras.

O presidente se coloca, nesse ponto, em nível da mais pura infantilidade, ao ignorar que cabe o ônus da prova à parte que alega ou acusa, porque isso é princípio comezinho do direito pátrio, ficando muito claro que ele não tem realmente argumento de sustentação para os seus objetivos, embora qualquer criancinha sabe perfeitamente que o aperfeiçoamento pretendido das urnas eletrônicas é muito importante e somente contribui para tornar a votação brasileira desejável ao alcance da modernidade, possibilitando muito mais segurança e credibilidade para o conforta e a tranquilidade dos brasileiros.

A declaração do presidente do país só demonstra o extrema da incompetência e da irresponsabilidade por parte da maior autoridade da República, ao chegar ao ponto de esculhambar, com veemência, o sistema eleitoral brasileiro, mas é infinitivamente incompetente para apresentar uma única prova, a despeito de agredir com palavras chulas o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que, competente ou não, ele representa a principal da Justiça Eleitoral, fato este que só demonstra muito menosprezo, além de tantas atitudes de baixarias, intolerância e indelicadeza, como se ele tivesse como provar a sua que é legitima pretensão de aperfeiçoar o funcionamento das urnas eletrônicas, por meio da adição da impressão do voto, de modo a contribuir para tornar mais segura a votação brasileira.

O presidente do país precisa saber que as atitudes dele, por todas as incisivas formas que ele vem se expressando para demonstrar a necessidade da mudança do procedimento de votação somente contribuem para mostrar o quanto a autoridade da relevância dele jamais deveria tratar de assunto de tão elevada importância com tanta pequenez, imaturidade e insensibilidade, a ponto de conduzir milhões de brasileiros em solidarizarem-se com o seu projeto denominado “voto auditável”, evidentemente na esperança da existência justificativa convincente e plausível.

Infelizmente, muitos brasileiros acreditavam, à vista das bravatas e dos blefes presidenciais, que havia base reais para eles, dando a verdadeira impressão de que existia ao menos uma fraude materializada que fosse, para justificar tamanho empenho, de molde a sensibilizar a todos sobre a necessidade da implantação das medidas objetivadas por ele, como sendo algo efetivamente imprescindível e inadiável, por força da constatação de falha implacável de falta de segurança e credibilidade, ante, ao menos, repita-se, um caso sequer que ele tivesse como prova material.

Ou seja, o presidente do país, depois de aprontar um dos maiores escarcéus sobre as urnas eletrônicas, deve sair desse imbróglio com a credibilidade a mais reduzida possível, por mostrar que todo alarde feito por ele tinha por base a significância do menor grão de areia sobre o caso, ou seja, sua excelência teve a ousadia de defender, com a maior garra, imbuído dos piores sentimentos de incivilidade, causa que não encontra respaldo em nada, mostrando o quanto ele perdeu seu precioso tempo gasto em algo que se torna fútil, com final melancólico, em termos de finalidade pública, diante de tanta dramaticidade cujos fatos dispensariam patéticas encenações.

A toda evidência, todo desgaste protagonizado pelo presidente do país deve ter tido alguma validade para desviar o foco da imprensa para o assunto relacionado com as urnas eletrônicas, de modo que outras matérias que estavam incomodando o governo tivessem menos ou nenhuma focalização em momento delicado da gestão presidencial.

Enfim, as ”provas” que o presidente do país tinha prometido apresentar contra as urnas eletrônicas cingiram-se apenas em miscelânea de fatos inconsistentes e já descartados, por serem inaproveitáveis, pela Justiça Eleitoral, colhidos que foram na internet, sem a menor validade para o fim da seriedade que se espera para o trato de assunto da maior relevância para os brasileiros, ficando muito ruim para a sustentação da defesa do projeto de aperfeiçoamento do sistema eleitoral, que realmente exige mudança, mas sob a melhor compreensão de que se aconselharia que ela poderia sim ter sido encaminhada no âmbito da competência e da responsabilidade, como normalmente fazem os verdadeiros estadistas, na forma mais civilizada e inteligente possível, ao contrário da tragédia que se resume e se encerra no lamentável episódio em comento.

A situação do presidente do país, neste caso do voto impresso, se torna definitivamente ridícula, agora, quando ele já teria ameaçado inclusive nem participar da sua reeleição se essa medida não seja implantada, dando a entender que havia realmente algo da maior gravidade quanto à falta de credibilidade do funcionamento da votação, no sentido de realmente haver casos comprovados de fraudes, quando tudo se comprime em sintetizações pífias e deprimentes, sem a menor validade para justificar a compreensão de assunto que se apresenta como da maior importância nacional, que é a seriedade no sistema eleitoral brasileiro.  

É pena que o presidente brasileiro resolva produzir cenário lamentável como esse nutrido pela real necessidade da modernidade funcional das urnas brasileiras, que jamais teria atingido o auge do noticiário, nas proporções verificadas, se ele tivesse o mínimo de consciência de que todos os atos da administração pública precisam ser praticados sob a rigorosa observância dos salutares princípios da seriedade, da competência, da serenidade, da eficiência e da responsabilidade, diante da necessidade da justificativa plausível sobre a existência da real materialidade sobre os fatos em discussão, em que o mandatário deva se preocupar, sobretudo, em respeitar a dignidade dos brasileiros, inclusive das autoridades públicas, que jamais deveriam ser importunados senão com questões que realmente careçam de solução, como forma precisa de satisfação do interesse da sociedade, com embargo das encenações de pirotecnia como aquelas havidas nesse caso das urnas, que deve passar para a história como fato extremamente degradante.

Brasília, em 31 de julho de 2021

Desrespeito aos princípios?

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal resolveu preparar discurso com recados democráticos ao presidente da República, ante os reiterados  ataques que este vem fazendo, de maneira injusta e atrevida às autoridades da República.

O presidente do Supremo pretende ler o texto no próximo dia 2 de agosto, por ocasião da retomada das sessões plenárias do tribunal.

Segundo foi apurado, o presidente do Supremo exporá sobre a importância do respeito aos princípios democráticos e como cada autoridade institucional deve se pautar no estrito limite da liturgia apropriada do seu cargo, respeitando, na forma civilizada e evoluída, a autoridade que representa os demais poderes da República.

O presidente do Supremo pretende sinalizar a visão do STF sobre a importância da defesa da estabilidade e da consolidação democrática.

De antemão, já se sabe que o presidente do Supremo não deve mencionar nominalmente o presidente do país nem o ministro da Defesa, autoridades que se insurgiram contra a resistência sobre o voto auditável, sob o argumento de se evitar animosidades, em especial no seio dos militares.

A atuação do presidente do Supremo ocorre em momento de crescente tensão entre aquela Corte e o Palácio do Planalto, em que pesem as sucessivas tentativas de trégua, como a mais recente, em 12 deste mês, quando o presidente do país disse que ele e o presidente daquela corte estavam “alinhados com a Constituição, mas somente na falácia, porque o mandatário continuou atacando, sem trégua e com violência, ministros do tribunal, precisamente em razão de decisões e posicionamentos que desagradam o governo.

A crise atingiu mais um degrau, depois que o presidente do país ter resolvido atacar, novamente, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que vem declarando ser contrário ao voto auditável.

Diante dessa disputa ferrenha sobre o voto impresso, o magistrado se tornou alvo constante do chefe do Executivo, por ele ser crítico à proposta dessa medida, defendida pelo Palácio do Planalto, nas eleições de 2022.

Em uma de muitas manifestações sobre o voto impresso, o presidente do país questionou: “Por que o presidente do TSE, na iminência de ver a PEC (proposta de emenda constitucional) da deputada Bia Kicis (PSL-DF) ser aprovada na comissão especial, ele vai para dentro do Parlamento, se reúne com várias lideranças partidárias e, no dia seguinte, muitos desses líderes trocam a posição da comissão por parlamentares que se comprometeram a votar contra o voto impresso. Qual foi o poder de persuasão do Barroso? Que poder ele tem?”.

Na realidade, a propósito disso, o presidente do país falta com a verdade, porque o presidente do TSE foi ao Congresso Nacional a convite da comissão especial que analisa o voto impresso, cujos membros retribuíram, depois, a visita do ministro com a sua ida ao próprio TSE, para contato de natureza técnica.

Não há a menor dúvida de que o presidente da República é useiro e vezeiro em fazer críticas a autoridades da República, em especial a ministros do Supremo, com indiscutíveis indelicadeza e desprezo, no sentido bastante evidente de desconstrução da amizade e da tolerância que precisam existir no seio da administração pública, no melhor sentido visando ao estreitamento e à consolidação das relações entre as autoridades, como forma do aprimoramento natural da convivência pacífica na prestação dos serviços públicos devidos aos brasileiros, em forma da contraprestação dos pesados tributos deles arrecadados.

O certo mesmo é que a índole de civilidade do presidente do país, conforme ele faz questão de assim se comportar, não se harmoniza com os sentimentos modernos de cidadania e diplomacia, sendo que isso não condiz com a verdadeira liturgia presidencial, que exige sentimentos de tolerância, moderação e principalmente de renúncia, quando o que está em jogo é precisamente o interesse público, que espera somente atos de nobreza das autoridades da República.

É evidente que faz todo sentido o presidente do Supremo Tribunal Federal propugnar por apelo inteligente e civilizado ao bom senso e à razoabilidade, na certeza de que ele tem o mesmo efeito do grito no deserto, uma vez que o presidente da República o ouvirá e o compreenderá perfeitamente, mas de nada adiantará, em termos de aproveitamento para a mudança do relacionamento dele com as autoridades da República, que seria em forma de aconselhamento ao bom-tom, diante do seu normal temperamento avesso aos princípios recomendáveis ao tratamento compatível com a evolução humanitária, a exemplo do seu já consolidado histórico no cargo.

Enfim, é de se louvar a iniciativa construtiva em apreço, para que fique o registro de que é saudável que as autoridades da República tenham plena consciência sobre a necessidade do fiel respeito aos princípios modernos da civilidade e da diplomacia, no relacionamento entre elas, como forma de fortalecimento em especial do sentimento de humanismo.

Brasília, em 31 de julho de 2021

sexta-feira, 30 de julho de 2021

Apelo à conscientização cívica

            Diante  de  muitas  crônicas  que  elaborei  sobre  a  aliança  do  presidente  da República com o questionável Centrão, chama a atenção o comentário onde se afirma que inexiste corrupção no governo brasileiro, conforme texto a seguir.  

         “Até o momento, no governo do presidente Bolsonaro não há um só caso de corrupção como no passado recente. Nosso problema maior são os bandidos, travestidos de políticos, que em tudo querem levar vantagem.”.

Com todo respeito a quem entende em contrário, diante do direito normal de pensamento, mas essa deplorável aliança com o discutido Centrão é sim, em termos de moralidade, atitude gravíssima e representa seríssimo caso de corrupção na gestão pública, por, induvidosamente, envolver o desvio de recursos públicos, exatamente para a compra da consciência de inescrupulosos e desavergonhados parlamentares, em forma de cargos públicos e emendas parlamentares, com a exclusiva finalidade de se obter a blindagem por conta de deputados, na Câmara dos Deputados, contra a abertura do processo de impeachment do presidente do país, que se mostra, do mesmo modo, com a cara mais lisa perante a nação.

Nesse seboso e deprimente acordo com o indigno Centrão, que agora passa a comandar as principais ações do governo, que até se dizia de moralidade, não existe nada, absolutamente item nenhum da pauta que tenha por propósito a defesa do interesse público, senão a única condição para que o dinheiro do sacrificado contribuinte possa ser gasto pelos meios escusos demandados com a nomeação de apaniguados de aliados desse famigerado grupo público para a ocupação de cargos públicos, inclusive agora com a chefia do principal órgão do governo, no caso, a Casa Civil, que filtra tudo de interesse nacional, de modo a atender às vontades da aliança de visível e inarredável excrescência.

Toda esse imundo imbróglio gerado com a colocação do Centrão no governo não se sustenta à luz dos salutares princípios da moralidade e da dignidade, entre outros que precisam ser rigorosamente observados na administração pública, que jamais poderia chegar à tamanha decadência, em termos de desmoralização, em pleno século XXI, mas, infelizmente, muitas pessoas ainda conseguem fechar os olhos para procedimentos que somente merecem repúdio ao extremo, diante do notório desprezo à boa e regular gestão da coisa pública.

Com a devida vênia, mas é preciso deixar muito claro que o desvio de finalidade do dinheiro público não é apenas meter a mão nos cofres do Estado, cometendo o clássico desfalque ao erário, mas é também quando os recursos públicos são aplicados em outras finalidades que não a satisfação do interesse público, como nessa vergonhosa e inadmissível coalizão com o Centrão, porque o atendimento à população, com dinheiro público, é sim a única forma permitida por lei para a execução da despesa pública.

A propósito, impende se ressaltar que corrupção tem como definição do dicionário o ato de corromper, como o suborno, que é a forma clássica de corrupção na administração pública, nos moldes da que foi implantada, sem escrúpulo, pelo presidente brasileiro, em que ele decide subornar o Centrão, com cargos públicos e emendas parlamentares e, em troca, no âmbito da esculhambação da gestão pública, conhecida como “toma lá, dá cá”, o grupo político se compromete, em essência, a evitar a abertura de processo de afastamento do cargo do presidente do país, por crime de responsabilidade.  

Dito isto, fica muito evidente que o acordo vergonhoso e indigno com o Centrão caracteriza crime da maior gravidade, diante da plena satisfação das exigências interesseiras desse deplorável e patético grupo político, por meio de nomeações pelo governo de pessoas indicadas a dedo por ele, além de o governo ser obrigado a liberar recursos orçamentários.

Os citados recursos deveriam ser aplicados, na forma da lei, unicamente por meio dos regulares programas governamentais, mais, do contrário, tais recursos irão satisfazer à ganância dos inescrupulosos parlamentares integrantes dessa indecente parcela de representantes do povo, que se vendem e se prostituem e que isso fique claro, com a perspectiva de impedir que possível criminoso seja julgado, na forma da lei, no caso de o presidente do país vir a ser incurso em crime de responsabilidade, quando aí ele precisa ser julgado pelo Congresso Nacional, mas não será, em razão da compra dos votos com dinheiro do contribuinte.

Não obstante, com base nesse rasteiro e indecente acordo, ele poderá ficar impune, justamente por força do dinheiro público que vem servindo para a compra da referida falta consciência política, ou seja, um bando de criminosos, por terem se beneficiado de cargos públicos e emendas parlamentares, de forma visivelmente espúria, fica à espreita, como de sobreaviso, para blindarem, se preciso for, o presidente do país contra o impeachment, fato este da maior gravidade em governo que deveria dar o exemplo de dignidade, honestidade, moralidade e regularidade.

Ou seja, sem a concessão de cargos públicos nem as citadas emendas parlamentares, o presidente da República certamente já poderia estar sendo processado por crime de responsabilidade, diante da existência de 130 pedidos de impeachment, que estão engavetados, exatamente porque o presidente da Câmara é influente integrante do Centrão e não tem, por óbvio, interesse nem dignidade para julgar e decidir sobre os pedidos de afastamento do presidente do país.

Isso mostra, com muita clareza, o verdadeiro sentido do processo criminoso que representa o acordo extremamente vexatório entre o presidente do país e o Centrão, evidenciando que ambos estão traindo os interesses dos brasileiros honestos e dignos, que desejam que os homens públicos sejam julgados por seus crimes, mas, nesse caso, o presidente possivelmente não o será, porque ele não tem a mínimo dignidade para se submeter ao crivo da Câmara, para o regular processo do impeachment, em razão de ter providenciado a sua vergonhosa blindagem e, o pior, fazendo uso indevido de dinheiro público, conforme mostrado acima.

O certo é que, na administração pública, com vistas à confirmação do princípio da legitimidade, todo autor de ato suspeito de irregularidade,  precisa responder por seus atos delituosos, inclusive, se for o caso, o presidente da República, caso ele seja incurso em crime de responsabilidade, porque isso é forma regular de prestação de contras sobre seus atos na vida pública.

É preciso se compreender, em definitivo, à vista dos princípios republicanos, o fato de que, mesmo que o presidente do país não seja incriminado por outros motivos, como, por exemplo, no caso referente à compra das vacinas, objeto de investigações na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, do Senado Federal, ele já cometeu grave irregularidade, que tem por base esse deprimente e vexaminoso acordo com o Centrão, que precisa ser devidamente justificado perante a sociedade, por meio de investigação pelos órgãos de controle e fiscalização, na forma dos ditames jurídicos.

Convém que o presidente do país possa responder normalmente pelo possível desvio de recursos públicos, salvo se ele conseguir provar que a indecente compra dos votos de parlamentares, exclusivamente para defendê-lo, no caso de eventual tentativa de afastamento do cargo, tem relação com a satisfação do interesse público, o que será bastante improvável, em razão do primado do princípio da razoabilidade, mostrando que a falta de seriedade dessa aliança exatamente com quem, comprovadamente, não possui credibilidade nem dignidade na vida pública, conforme mostram os fatos em investigação nos tribunais superiores.

Enfim, pode-se vislumbrar, sem esforço, que existem sim corrupção e políticos bandidos no governo, à vista da formulação de vergonhoso acordo entre eventual criminoso, caso o presidente seja incurso em crime de responsabilidade, à vista dos fatos apresentados nos citados 130 pedidos de impeachment, que se encontram engavetados certamente porque o presidente da Câmara integra o Centrão, e bando de igualmente possíveis criminosos, que  dão a garantia da blindagem para que não passe o processo de abertura do impeachment do presidente do país.

Ou seja, somente esse horroroso fato já caracteriza corrupção, em termos de suborno, forma que indica claramente imoralidade e criminalidade no governo, porque, onde existe o sentimento de honestidade e dignidade, jamais o grupo político sem credibilidade moral, como o Centrão, seria levado para integrar e ter assento e voz ativa em governo com o mínimo de respeito e zelo para com a coisa pública.

Na verdade, isso é algo que somente deve acontecer nas piores republiquetas, onde o povo se deixa ser facilmente conscientizado com absurda permissividade na gestão pública, a exemplo dessa desgraçada aliança implantada pelo presidente brasileiro, que pratica ato visivelmente corrupto no governo, à luz solar, e ainda consegue ficar impune, tendo o beneplácito de pessoas inteligentes que preferem ignorar, ao acharem que se trata de ato perfeito e legítimo.

Trata-se, indiscutivelmente, de acordo podre, pegajoso e nojento, porque ele não tem vinculação com a satisfação do interesse público, visto que, se ele tivesse essa finalidade, jamais seria selado com grupo indigno, porque, na decente e digna administração pública, inexiste viabilidade de aliança entre duas partes interessadas em tratar de objeto destinado ao cuidado de interesses particulares ilícitos, no caso que compreendem se evitar a abertura do processo de impeachment do presidente do cargo e a questionada manutenção dos aliados do Centrão no governo, além da indevida liberação de verbas públicas para aproveitadores.

Além de tudo isso, é preciso se compreender que não fosse a hipótese de o presidente do país correr o risco de ser impichado, certamente que esse esdruxulo e vergonhoso acordo com o Centrão jamais existiria, ante os escrachos de mentirinha que o então candidato à Presidência fazia em demonstração de reprovação quanto à maligna reputação de aproveitador no serviço público.

Enfim, é perfeitamente conveniente que essa terrível situação decadência da vida nacional, envolvendo a alta cúpula da administração pública, seja devida e didaticamente explicada à população, com vistas ao urgente chamamento da consciência cívica e de brasilidade, no sentido de se discutir a importância sobre a imediata implantação dos conceitos da moralidade e da dignidade na administração do Brasil, à vista de já ter passado o tempo do merecimento de a nação ser respeitada nos termos da sua verdadeira grandeza também no que diz com a implantação e consolidação dos princípios republicanos.        

Diante do exposto, é preciso se compreender, à luz da legislação aplicável à espécie, que os gastos públicos precisam ser devidamente justificados quanto à sua boa e regular destinação, o que certamente não é o caso das despesas relacionadas com o questionável acordo em apreço, pelos motivos mostrados acima, ficando bastante evidente que o presidente da República precisa ter a hombridade de provar perante os brasileiros, como forma de regular prestação de contas, a moralidade e a legalidade ínsitas de seus atos na vida pública, inclusive e em especial esse com relação ao Centrão, para que não restem quaisquer suspeitas sobre a sua regularidade.

          Brasília, em 30 de julho de 2021

quinta-feira, 29 de julho de 2021

O sentido da liberdade de expressão

 

Um padre italiano, que mora há mais de 50 anos no Brasil, passou a ser xingado por apoiadores do presidente da República, depois que ele fez severas e infundadas críticas ao governo, durante missa na Paróquia da Paz, em Fortaleza (CE).

No dia 4 do corrente mês, o religioso afirmou que “o governo era responsável pelas mais de 500 mil mortes pela covid-19 no Brasil.”.

Diante disso, segundo a agência Ansa, sete mulheres e um homem invadiram a sacristia para chamar, aos gritos, o religioso de “esquerdopata, comunista, petista”.

Nos próximos finais de semana ocorreriam novas confusões, como no dia 11 seguinte, mesmo sem a presença do padre, um apoiador bolsonarista começou a gritar palavras de ordem, tendo gerado novo incidente.

Uma semana depois, houve nova tentativa de intimidação por grupo vestindo camisas verde e amarelo, com o número 17 às costas.

Segundo o jornal Metrópoles, o grupo invadiu a igreja para atacar o padre, e a missa somente continuou com a presença de duas viaturas da Polícia Militar, para se evitar problema mais grave entre os fiéis.

Um militar disse que “Esse negócio da doutrina dos oprimidos, isso tudo não é para ser praticado aqui. O padre proselitista peca com tudo isso. Vai perder muitos fiéis se continuar nessa linha”.

O governador do Ceará mandou instaurar inquérito, para apurar as ameaças ao padre italiano.

O padre que deu origem à confusão em comento disse que “O Sacerdote e o pastor não podem se calar quando a vida está sendo desrespeitada e violentada”.

O religioso tem toda razão, ao dizer que “o sacerdote e o pastor”, no âmbito do seu trabalho pastoral e de evangelização devem levantar a sua voz, principalmente para denunciarem e pedirem providências das autoridades competentes, tudo em harmonia com a missão própria do seu relevante ofício religioso, no qual não é considerado lícito que haja extrapolação, de forma injustificada, quanto às acusações, que precisam ser modeladas.

A propósito, a acusação feita pelo padre italiano ao governo brasileiro foi muito além de falar sobre desrespeito e violência contra o ser humano, porque ele o acusou de ser “responsável pelas mais de 500 mil mortes pela covid-19 no Brasil”, fato que constitui atitude da maior gravidade, em termos de incriminação, quando, provavelmente, o religioso não deve dispor de provas para justificá-la, na forma da legislação de regência penal.

Ou seja, nos termos da legislação brasileira, constitui crime, por implicação de danos morais, a acusação infundada sobre a prática de ação criminal, tendo em vista que o ônus da prova cabe ao acusador, no caso, o padre, que certamente não tem como provar que o governo seja culpado ou responsável por uma morte sequer, quanto mais por mais 500 mil óbitos.

Não se pode negar, conforme mostram os fatos, que o governo tem sido considerado não muito diligente na aquisição de vacinas, quando a campanha de imunização brasileira somente teve início quase um mês depois de muitos países, certamente governados por políticos conscientes sobre a importância do respeito aos princípios humanitários, terem dado início à vacinação, ainda no final do ano passado, quando o Brasil começou depois de vinte de janeiro, havendo, depois disso, algumas interrupções, devido à falta de doses.

Esse sério transtorno realmente aconteceu, certamente causando graves prejuízos para os brasileiros, que poderiam ter recebido a vacina ainda no final do ano passado, antecipando a proteção da vida, por meio da imunização.

É evidente que o chefe do Executivo protagonizou atitudes contrárias ao efetivo combate à Covid-19, como o desprezo à sua gravidade, ao chamar a doença de “gripezinha”, incentivo a se evitar a máscara, criticar a eficácia de vacinas, inclusive prometendo nem se imunizar e outras negações às orientações preventivas da pandemia do coronavírus.   

Embora esses fatos sejam da maior gravidade, à vista de caso especial de pandemia, em se tratando que o presidente da nação tem a maior incumbência constitucional de ser modelo de práticas cívica e de racionalidade, porque elas podem ter tido influência na negação dos melhores controle e combate à Covid-19, não se dispõe, nem por isso, de elementos seguros e de convicção no sentido de que o governo tenha contribuído para determinada quantidade de mortes, a ponto de possibilitar acusação nesse sentido, exatamente por falta da prova material da conexão dos atos dele com algum óbito, para a devida formalização de culpa, que é a essência para a sustentação da acusação pertinente, com vistas à responsabilização pela prática de crime.

Por sua vez, não tem o menor cabimento que apoiadores do presidente do país possam tomar as dores dele, como quem pretendendo fazer justiça com as próprias mãos.

Nesses casos, o bom senso e racionalidade aconselham que o caminho normal, nos termos da legislação brasileira vigente, se faça por via da Justiça, por iniciativa da parte ofendida, que pode exigir que o religioso prove a sua acusação, evidentemente sem necessidade alguma de agressão a ele, porque não se justifica que a prática de erro seja revidada com outro insensato erro, tendo em vista que existem os meios legais para serem buscados a devida reparação, tudo em harmonia com os princípios da civilidade, da racionalidade e da humanidade.

Enfim, todo cidadão tem direito de se manifestar, sob a faculdade do Estado Democrático de Direito, no âmbito das liberdades individuais, podendo expressar seu sentimento em oposição ao que achar de anormal ou negligente, no caso das políticas públicas, em especial no que se refere ao combate à grave crise da pandemia do coronavírus, por se tratar de realidade notória, quando o governo poderia ter sido muito mais ativo e efetivo com relação à prestação da saúde pública sob a sua incumbência constitucional.

Agora, é muito forte se afirmar que o governo seja responsável por mais de 500 mil mortes causadas pela Covid-19, quando isso parte apenas, ao que parece, do sentimento próprio da arraigada e irresponsável ideologia, cujo autor precisa sim ser responsabilizado por acusação carente de fundamentação fática.

O caso em referência tem ainda a gravidade de a acusação partir exatamente durante a missa realizada em Igreja Católica, que compreende ato religioso destinado, em princípio, à pregação do Evangelho de Jesus Cristo, que tem como exclusivo pensamento causas relacionadas com a espiritualidade e o cristianismo, sem qualquer necessidade da sua mistura com assuntos políticos, quanto mais com conotação ideológica, em completo desvio da finalidade religiosa.

Convém que os brasileiros se conscientizem de que a liberdade de expressão é princípio democrático valioso e da maior importância para o engrandecimento da cidadania, que precisa ser valorizada por meio do seu uso ponderado, em termos de equilíbrio e responsabilidade, não se permitindo, por questão de respeito aos direitos humanos, acusações graves que não possam ser comprovadas, sob pena de se incorrer em crime por danos morais à imagem de pessoas.

Brasília, em 29 de julho de 2021

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Parabéns, Rayssa Leal!

             A garota Rayssa Leal, medalhista de prata na Olimpíada de Tóquio, mostrou ao mundo que ela é também dotada do sentimento de muita sabedoria e maturidade fora das pistas de skate, mesmo com apenas 13 anos.

Prestes a desembarcar no Brasil, ela anunciou, hoje, o cancelamento da sua recepção na cidade em que nasceu, Imperatriz-MA, sob a justificativa de se evitar aglomerações, que têm sido foco de contaminação da Covid-19.

A fadinha, como assim ela é conhecida pela mídia, publicou vídeo em seu Twitter explicando a decisão, tendo esclarecido que “Estamos passando por um momento, ainda, muito delicado sobre a Covid-19, então decidi cancelar a minha recepção na chegada a Imperatriz para evitar as aglomerações”.

A garota Rayssa, segunda colocada no skate street, em Tóquio, ainda fez outro importante pedido, no sentido de que “seus fãs respeitem as restrições estabelecidas por protocolos contra o coronavírus e não estejam presentes em seu desembarque no aeroporto.”.

Ela disse que “Queria muito receber todo o carinho de vocês, mas, infelizmente, não é esse o momento. Agradeço demais por todo o carinho, todo o apoio, mas, por favor, se cuidem, usem máscara, álcool em gel, e tomem a vacina, porque em breve vamos vencer este vírus”.

Como não poderia ser diferente, a garota Rayssa foi bastante elogiada nos comentários de sua postagem, onde vários usuários criticaram e detonaram a postura do presidente da República, que não se cansa de pregar péssimos exemplos contra às medidas de isolamento social recomendadas por órgãos especialistas em saúde pública, em especial, do seu governo.

Na verdade, além de digna campeã, por sua capacidade e adestramento sobre o skate, algo que exige bastante habilidade, essa garota Rayssa se torna belo exemplo de sentimento humanitário e de liderança, atributos essenciais que estão faltando nas autoridades públicas do Brasil.

É verdade que o seu gesto humanitário nem precisava ter se originado de fadinha muito sensata, como é próprio das fadas, que têm os poderes mágicos para fazerem o bem, mas a sua sensibilidade tem sim a magia de mostrar aos homens públicos e às pessoas em geral a importância sobre a necessidade de se respeitar os princípios da racionalidade e de amor ao próximo, mantendo a integridade das conquistas próprias da vida e isso somente tem o condão de valorizar a grandeza da medalha que ela colocou no seu peito, com sacrifício e louvor.

É preciso se enaltecer a atitude sensata dessa, digamos assim, criança com a mentalidade muito acima da experiência de muitos marmanjos, que precisam, urgentemente, estagiar no mundo dos skates, para sentirem literalmente, no corpo e na alma, com os fortes efeitos das quedas, que capazes de da modulagem das pessoas no sentido de as tornarem sensíveis aos sentimentos de amor ao seu semelhante, segundo o Evangelho de Jesus Cristo.

Fica muito claro que a fadinha Rayssa merece outra medalha, agora de ouro, a ser concedida pelos brasileiros igualmente de boa vontade, em reconhecimento por seu gesto humanitário de grandeza, quando abdica, de moto próprio, as merecidas homenagens por sua relevante conquista, manobrando equipamento extremamente difícil de dirigir e controlar, que somente a genialidade humana consegue domá-lo sob a magia concedida a quem realmente tem o merecimento de ser instrumento do bem e do amor.  

Parabéns, fadinha Rayssa Leal, não somente pela brava conquista da medalha de prata, na Olimpíada do Japão, mas também por sua lúcida demonstração de amadurecidas mentalidade e consciência sobre a verdadeira gravidade de doença que tem sido causa de importantes perdas de vidas humanas, rogando ao deus dos esportes que seja seu eterno patrono e protetor, permitindo que você continue colecionando montanhas de medalhas, porque você é competente e habilidosa e bem merece os melhores sucessos na sua já vitoriosa carreira de atleta.

          Brasília, em 28 de julho de 202

terça-feira, 27 de julho de 2021

Em defesa da terceira via

 

Como os candidatos da polarização entre direita e esquerda já se lançaram à disputa eleitoral, os respectivos titulares decidiram se manifestar sobre o surgimento de candidatura referente à representação da chamada “terceira via”, em que eles disseram que essa ideia simplesmente inexiste.

Por enquanto, realmente não existe candidato que tenha reivindicado essa condição, para servir de opção entre essa horrível e deprimente ideia inevitável da polarização experimentada na última eleição presidencial.

É preciso se entender que o interesse da terceira via são os eleitores que não estão ideologicamente vinculados com os candidatos da polarização.

Com a abstração dos eleitores da chamada polarização, ainda restam, com base em variadas pesquisas recentes, aproximadamente 30% do eleitorado, que podem sim influenciar na decisão presidencial, porque ele não tem candidato preferencial, chamado de cabresto, que já decidiu em quem votar.

Os dois principais nomes da corrida eleitoral para 2022 procuraram desdenhar, por pura obviedade, da chamada “terceira via”, quando o atual presidente disse que “não há espaço para o surgimento de um candidato  que possa derrotá-lo. Está polarizado. Hoje, ia estar eu e o ex-presidiário que desviou bilhões dos cofres públicos e vai disputar as eleições do ano que vem", referindo-se ao seu opositor, na corrida presidencial. 

O petista declarou em discordância do presidente do país, que "A terceira via é uma invenção dos partidos que não têm candidato. Falam em polarização... O que tem de um lado é democracia e do outro é fascismo. Quem tá sem chance usa de desculpa a tal da terceira via. Seria importante que todos os partidos lançassem candidato e testassem sua força".

O ex-presidente disse que “Agora o Bolsonaro fica dizendo que se for derrotado nas eleições não vai entregar a faixa. Bolsonaro, pare de ser chucro. Pare de ser estúpido. Ninguém quer receber a faixa de você. Pode deixar que o povo vai empossar o presidente eleito em 2022. E não será você. Terceira via? O povo não engole isso aí. O vaselina… O vaselina não vai dar certo, não vai agregar, não vai atrair simpatia da população. Não existe terceira via, está polarizado.”.

É preciso se entender que, com a consciência de pura civilidade e brasilidade, pessoa envolvida em suspeitas de graves irregularidades na administração pública, sem ter conseguido provar a sua inculpabilidade nos casos denunciados à Justiça, em princípio, à luz dos conceitos da decência e da mortalidade, não tem direito de invocar para si o sentido de democracia, como fez o ex-presidente, ante o ferimento do verdadeiro desiderato do seu tão importante significado, que tem o símbolo da imaculabilidade.

A propósito, ressalvada, com o devido respeito, a compreensão do político sobre o sentido de verdadeira democracia, tem-se que a sua pureza não pode ser confundida com nada que possa turvar, como dito acima, a alma da imaculabilidade, da insuspeitabilidade, da ilegitimidade, porque estes são princípios que não condizem com quem pende de explicação à Justiça sobre atos na vida pública, exatamente por fortes suspeitas de malversação de recursos públicos, não tendo, salvo melhor juízo, condições mínimas da normal invocação da sagrada democracia em seu benefício, porque isso pode caracterizar verdadeiro sacrilégio, nos tempos modernos e mais ainda à vista do devido respeito à honradez da sociedade, .

Sob o aspecto da razoabilidade política, o apelo à democracia para o próprio político não tem a menor pertinência, diante do antagonismo existente, o que o impossibilita de representá-la, à vista da grandeza moral que ela significa para o mundo político civilizado.

Enfim, que democracia é essa representada por político extremamente populista de esquerda, que é notoriamente subserviente às ditaduras cubana e venezuelana; possuidor de histórico na vida pública bastante complicado, à vista da existência de vários processos com denúncias sobre suspeitas de práticas de irregularidades com dinheiro público, os quais correm ativamente na Justiça, tendo grande possibilidade de ele voltar a ser condenado à prisão, como já foi, por duas vezes; classificado como corruptor na sua gestão, por meio dos escândalos do mensalão e do petrolão, constituindo faraônicos esquemas de desvio de dinheiro público, de magnitude inédita, para garantir a permanência de seu partido no poder, sem que tivesse a dignidade de reconhecer a paternidade de nenhum deles, que tiveram a chancela da Justiça garantindo a filiação deles à gestão do mencionado político?

Os aludidos fatos são escabrosos de tamanha e descomunal envergadura, à luz dos consagrados princípios democrático e republicano, que o normal sentimento humano os tem como de tanta deprimência moral que a ninguém deveria ser concedida oportunidade para representar politicamente coisíssima alguma, muito menos o povo que é digno de consideração e respeito, sob os sentimentos da pureza da cidadania, quanto mais em se tratando do envolvimento do cargo máximo de comandante de uma nação, que não merece a intromissão de nada sob suspeita de falcatruas e anormalidade quanto ao zelo com a res publica.

Nesse caso, sendo ele eleito, inevitavelmente, todos os brasileiros passarão a ser submetidos compulsoriamente à chefia de pessoa que, indiscutivelmente, não preenche os mínimos requisitos de conduta moral, fato este que é visivelmente inadmissível até mesmo nas piores republiquetas, onde seu povo certamente preza, sobretudo, pelo que é mais nobre no seu sentimento, que é a preservação da grandeza da sua dignidade moral, não permitindo que político em plena decadência moral seja coroado o homem mais importante da nação, pondo toda nação ao ínfimo nivelamento do rasteiro nível da imoralidade, ficando caracterizada a banalização da esculhambação na República, pelo indiscutível ultraje às suas honra e dignidade, em termos dos salutares princípios da ética, da moral e da decência.

Por outro lado, as negligências notoriamente letais causadas no seu governo contribuem muito para o afastamento da população ao atual presidente, que, por certo, teria tudo para se reeleger mil vezes se fossem possíveis, se a sua sensibilidade humanitária tivesse sido minimamente despertada, precisamente em momento da maior gravidade pela qual a saúde pública foi afetada e intensamente fragilizada, causando a maior mortandade de brasileiros que se tem conhecimento nos últimos tempos, dando a se entender que se trata de algo normal, quando o esforço administrativo poderia sim ter mudado essa cinérea e trágica realidade.

À primeira vista, definitivamente, não tem o menor cabimento se descartar a esperança sobre o aprimoramento da democracia brasileira, no sentido de se experimentar algo inovador, com a alvissareira perspectiva de completa mudança de parâmetro de políticas divisionárias e segregacionistas da sociedade brasileira, a demostrarem retrocesso social, por ela ser impedida de progredir por força da forte e nefasta ideologia, que já demonstrou resultados contrários à ansiedade de desenvolvimento dos brasileiros, ante a intransigência da defesa ideológica, que não convergência para a tolerância e a união de propósitos em benefício da sociedade.

Convém que se defina a terceira via como candidatura que realmente se distancia dos ranços e das marcas amargos da indesejável polarização, porque ela em nada contribui para o aperfeiçoamento dos princípios republicano e democrático, posto que o próprio nome já diz que é ela se intensifica à direita ou à esquerda, em que deve, ao final, prevalecer a supremacia de um dos lados, em prejuízo do todo, ficando decidido que são “eles contra nós e vice-versa”, cuja ideia divisionista só serve para separar os sentimentos de brasilidade e de interesses quanto aos objetivos unificados de desenvolvimento nacional, que somente prospera se houver união e integração de propósitos, sem essa desgraça e demoníaca ideologia política.

Fala-se até que a terceira via nasceria para acomodar os inconvenientes fisiologistas concentrados no famigerado Centrão, com todas as suas malévolas aspirações, que já são do amplo conhecimento dos brasileiros, donde se pode inferir os seus reais objetivos sobre a conquista do poder, com forte predomínio sobre os cargos públicos e os recursos federais, para o fortalecimento de suas ações referentes à dominação política, extremamente prejudicial ao interesse público, que se assenta, ao contrário disso, exclusivamente na satisfação do bem comum da população.

É conveniente que o candidato da terceira via seja capaz de depurar ao máximo a existência dos verdadeiros sentimentos da direita e da esquerda, com base na experiência bastante disseminada por ambas as ideologias, tendo por base a arraigada dominação do poder, de modo que seja possível se arquitetar estrutura de governo livre de seus atávicos pecados e inconveniências, que são extremamente prejudiciais aos interesses nacionais.

Com respaldo nesse rigoroso e necessário filtro de ideias e práticas, com o livramento das precariedades existentes nas alas da direita e da esquerda, a terceira via poderia sim montar estrutura de metas sérias, dignas, honestas, eficientes e principalmente imunes às desgraças próprias da polarização, que são centradas exclusivamente na consecução de metas destinadas à priorização da satisfação de seus interesses ideológicos, em marcante detrimento das causas próprias dos brasileiros e do Brasil, situação essa que precisa ser mudada, mesmo que seja como forma de experimentação, na tentativa de beneficiar tão somente os brasileiros, com o prejuízo das eternas regalias da classe política.

Eis que a terceira via poderia ser a verdadeira salvação do Brasil, justamente diante da possibilidade da desvinculação das mazelas que contribuem para o garroteamento das condições de desenvolvimento socioeconômico dos brasileiros, em razão de a direita ou a esquerda sempre visarem à satisfação das suas facções ou metas partidárias, precisamente em defesa de maneira privilegiada de seus aliados, ou seja, do grupinho de sempre, à vista das experiências comandadas pelo horripilante sentimento de “nós contra eles”, em infernal divisão que tem como resultado a inferioridade dos objetivos nacionais, porque eles são colocados em planos inferiores aos interesses pessoais ou partidários.

Ou seja, à primeira vista, tem-se o sentimento de que a candidatura da terceira via poderia ser a cara do verdadeiro e autêntico Brasil, onde as suas metas de governo somente contemplariam o melhor para a reconstrução do país, com a aceitação de ideias de pureza em tudo que representasse o governo brasileiro, sem Centrão, oportunismo, fisiologismo e principalmente o distanciamento das terríveis ideias dos demais candidatos da polarização, porque é exatamente a finalidade precípua da terceira via, como posição independente, autônoma e soberana, que prima exclusivamente para a real satisfação do interesse dos brasileiros, com vistas ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Tendo em vista os pronunciamentos contrários do ex-presidente da República e do atual presidente, tem-se então absoluta certeza de que a terceira via será projeto de vanguarda extremamente vitorioso, precisamente por ele ser construído em ideias diferentes das praticadas pelos referidos políticos, que são fortemente criticadas, ao seu tempo, por parcelas da sociedade que alegam insatisfação, de uma forma ou outra, pelas gestões defendidas e praticadas por ambos os políticos, fato este que ajuda a compreender a necessidade da esperançosa terceira via, como forma de experimentação de alternância de gestão pública competente, eficiente e efetiva, sempre aconselhável quando se pretende se conhecer novos horizonte da administração pública, com a finalidade de satisfazer plenamente o bem comum e os interesses da população, que, na essência, essa é realmente a sua razão de existir, mas, infelizmente, o verdadeiro sentido da sua institucionalização não é devidamente respeito.  

Enfim, a ideia da terceira via no Brasil precisa ser algo realmente que precisa urgentemente ser experimentado pelos brasileiros, por tratar-se de sistema sensivelmente diferente e inovador, que tenha por fundamento a defesa do interesse maior dos brasileiros.

É preciso que haja sim o desejo de mudança político-administrativa, com a força, a determinação e a clareza da sublime e da completa rejeição de tudo aquilo que representam os dois principais candidatos da polarização, tendo em vista que a experimentação dessa inovadora ideal possa provar que, enfim, o Brasil tem conserto e pode sim crescer, em termos de metas construtivas e efetivas, em todos os setores, em especial da educação, da saúde, da segurança, da infraestrutura, dos programas sociais e em todos segmentos integrantes das ações governamentais, que poderão ser transformados em benefícios dos brasileiros.

Também pode ser atribuída à mentalidade da terceira via o desejo de revolucionar a administração pública brasileira, por meio do genial propósito de aperfeiçoamento e modernização das retrógradas, arcaicas e contraproducentes estruturas do Estado, tendo por importantes iniciativas amplas e abrangentes reformas de todas as políticas de incumbência constitucional do Executivo, de modo que se possa ter por metas a eficiência e a eficácia em bons resultados na educação, na saúde, na segurança púbica, na infraestrutura, no saneamento básico, nos programas sociais, enfim, em tudo que estiver sob os cuidados do governo, de modo que a gestão pública só tenha a finalidade de produzir os melhores e qualificados serviços prestados à população.

É imprescindível que os brasileiros se sacrifiquem ao desafio da refundação do Estado brasileiro, para que ele seja completamente reinventado, por meio de ajustes profundos nas suas estruturas, como forma de se obter futuro mais seguro, justo e promissor, por meio de missão que precisa ser ansiada por toda a sociedade, porque os louros também hão de ser distribuídos igualmente todos os brasileiros, sem a famigerada senha da divisão defendida pela desgraçada da polarização.      

Enfim, a existência da terceira via se justifica também em razão de o Brasil já ter experimentado, nos últimas décadas, o sabor mais do que amago do radicalismo de esquerda e outras maledicências, com todas as inevitáveis consequências, que bastante visíveis, estando obrigado a experimentar, conviver e aturar o outro lado também desagradável da moeda, em que pululam, com igual ardor da irracionalidade, os radicais de direita, quando é mais saudável somente a convivência da racionalidade, em termos da estrita tolerância e dos respeitos aos princípios da cidadania e da brasilidade, tendo por pensamento a exclusiva unificação dos bons propósitos em prol do engrandecimento e do desenvolvimento do Brasil.  

Convém sim que surja, no Brasil, o mais rapidamente possível, a candidatura para a representatividade da terceira via, obviamente com ideias de vanguarda, muitas delas elencadas acima, como importante alternância de poder e gestão pública, não somente para esconjurar os perigos das nefastas ideologias do “nós contra eles”, em consonância com o arejamento político-administrativo propiciado pelas normais evolução e modernidade científica e tecnológica propiciadas ao homem, quanto mais ainda para a transformação do verdadeiro sentido da existência do Estado, que é a garantia da satisfatoriedade das necessidades dos brasileiros, quanto às suas obrigações previstas na Constituição Federal.

Brasília, em 27 de julho de 2021

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Socorro para a fome?

 

As pessoas se perguntam como o governo vai lidar com tantas crises pós-pandemia do coronavírus, em especial no que se refere ao combate à fome, que vem progressivamente afetando a população brasileira e tem sido causa de muita preocupação, mas nem tanto por parte dele, que não se mobiliza em ações efetivas, com o fito de se antecipar ao caos que já aponta em todo território nacional?

Há temor de que possam surgir implosões sociais se o governo não agir neste instante, enquanto há espaço para se pensarem os melhores planejamentos para o efetivo combate à fome dos brasileiros, que ficaram sem emprego e se somaram a outros grupos da mesma situação de desafortunados, abrangidos pela notória crise econômica da maior gravidade, que também não vem sendo cuidada com as necessárias diligência e competência exigidas para o momento muito especial.

Há previsão de que possam existir dezenove milhões de brasileiros, quase 10% da população, que atualmente não têm emprego nem alimentação para o seu sustento, ou seja, essa importante parcela de pessoas constitui pesado fardo para o governo sustentar com alimentos, que nem seja o caso, porque é do seu primacial dever constitucional dar assistência à população carente de recursos, em especial de alimentos e outros serviços essenciais à vida.

Há dois anos, a carência de recursos nessa área já atingia mais de 10 milhões de pessoas, fazendo com que muitas famílias brasileiras se tornassem pedintes e dependentes de migalhas, que são distribuídas nas ruas, com as pessoas andando a esmo, à procura da ajuda de um e de outro ser humano de boa vontade.

Ontem, foi mostrada imagem de muitas pessoas, em uma capital de estado brasileiro, que foi digna de atenção e preocupação, onde um açougue fazia distribuição de pedaços de ossos com retalhos de carne, em disputa que, em condições humanas, tem o condão de mostrar o esforço despendido pela pobreza para a necessária sobrevivência, em condições de precariedade, que poderia ser normalmente evitadas, desde que houvesse interesse do governo em se dedicar com a destinação de programas para cuidar da distribuição de alimentos em áreas de maior carência.

A dona do aludido açougue disse que distribui os ossos há dez anos e que isso acontecia antes apenas uma vez por semana e, agora, são três vezes, em razão da demanda causada pela crise provocada pela pandemia do coronavírus, que contribuiu para aumentar a fila de necessitados.

A mencionada empresária disse, em tom de emoção, que "Tem gente que pega e já come cru, ali mesmo", fato este que toca no coração, em se tratando de ser humano, que merece cuidados especiais por parte do governo, que certamente nem tem consciência sobre tamanha calamidade que grassa no Brasil, principalmente porque as suas atenções estão votadas para questões relacionadas com urnas eletrônicas, que tem a ver com a reeleição presidencial, de suma “relevância” para o pobre país, enquanto assuntos de reais importâncias são relegados a planos secundários, a exemplo desse crise humanitária que diz com a sobrevivência da população.

A verdade é que, desde o início da pandemia, os produtos básicos usados pela população aumentaram de forma incontrolável, a exemplo do arroz, que ficou 56% mais caro e o preço do feijão preto, pasmem, aumentou 71%, em cadeia de carestia que simplesmente acompanha a esteira da crise econômica, que não se sabe onde deve parar, quando não se vislumbra a menor preocupação pelo governo, nesse sentido.

Muitas famílias ainda encontram saída na compra de alimentos de qualidade inferior, de segunda linha em diante, como o arroz fragmentado e o feijão bandinha, que vêm quebrados e com mais impureza, mas é exatamente assim que muitas famílias conseguem driblar a crise, com o aproveitamento do preço compatível com as suas condições financeiras.

          Todo período de crise, como neste caso da pandemia, exige demanda de iniciativa e criatividade por parte das autoridades públicas, em especial quando a população pobre tem sido a mais afetada, com a imposição compulsória do isolamento e privações decorrentes, cabendo ao governo liderar medidas tanto para a retomada da economia, o mais urgente possível, como para manter a dignidade dessa população, com urgente distribuição de alimentos e outros produtos vitais, de modo a se evitar que ela se movimente e se mobilize na busca de medidas capazes de satisfazerem às suas necessidades, em especial de alimentos.  

Neste momento de notória dificuldade causada pela pandemia, o governo precisa se movimentar como nunca, tendo a obrigação de se antecipar em todas as áreas governamentais, com a disponibilização de medidas apropriadas, com enfoque especial para os cuidados com a assistência social, que não pode mais ser negligenciada, diante do enorme custo que isso resulta, em termos de responsabilização por conta da inafastável incumbência constitucional do governo.

Convém que os brasileiros se conscientizem sobre a existência desse grave problema resultante da falta de cuidados por parte do governo, diante da gravidade de a possível implosão social refletir fortemente no seio da sociedade em geral, principalmente tendo por consequência o crescimento da violência e de outras precariedades públicas.

Essa forma de cobrança por parte da sociedade mais esclarecida é da maior importância, porque cabe a ela o ônus de tudo que é patrocinado pelo governo, por meio dos pesados tributos que exigidos dela e que precisam retornar como bons benefícios, em especial em forma da prestação dos serviços públicos de qualidade e que apenas cumpre ao governo ter as necessárias competência e eficiência para administrá-los para o bem comum e a satisfação do interesse da população, em especial a mais pobre e carente de assistência social.

Por fim, vale se afirmar, por questão de justiça social,  que todo cuidado demandado com a questão social ainda é pouco, quando a vida humana clama pela atenção das autoridades públicas, à vista do envolvimento da sensibilidade humanitária, que precisa ser urgentemente despertada pelo governo, porque ele ficou muito a desejar, à luz dos fatos, com relação aos devidos cuidados com o combate às questões relacionadas com a pandemia do novo coronavírus, conforme as críticas da sociedade.

Brasília, em 26 de julho de 2021