quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Indignidade humana!

      De acordo com estudo acadêmico apresentado ontem, intitulado Pesquisa Nacional de Condições de Vida 2021, coordenada pela iniciativa privada Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), de Caracas, Venezuela, três em cada quatro venezuelanos, o equivalente a 75% das pessoas, vivem em extrema pobreza em meio à longa crise econômica que foi agravada pela pandemia da Covid-19 e pela escassez de combustível.

O aludido estudo indica que a pobreza extrema atingiu 76,6% das famílias venezuelanas, ao se considerar que a renda delas não cobre as suas necessidades alimentares, e 94,5%, vivem em situação de pobreza.

Um sociólogo integrante do estudo disse que “Atingimos o teto da pobreza, enquanto a pobreza extrema continua a aumentar”.

Na apresentação da pesquisa, consta que a população da Venezuela é estimada em 28,7 milhões de habitantes e que mais de cinco milhões já terem emigrado, desde 2014, em busca de sobrevivência.

A pobreza na Venezuela aumentou 91,5% e a extrema, em 67,7%, no período 2019-2020, quando o país foi acometido por forte hiperinflação e está em seu oitavo ano de recessão.

A verdade é ainda mais dura, porque os referidos números estão longe dos divulgados pelo governo, que garantiu, em sua prestação de contas ao Parlamento, que 17% da população vivia na pobreza, em 2020, e apenas 4%, na pobreza extrema, o que são números bem distantes da realidade.

O sociólogo explicou que apenas 5,5% da população está acima da linha da pobreza, que ainda conseguiu “adaptar” a sua renda à inflação e à desvalorização da moeda local, o bolívar.

O sociólogo esclareceu que sobre a “crise de mobilidade”, por força das quarentenas impostas aos venezuelanos, nos últimos dois anos, que se tornaram necessárias por falta de gasolina, decorrente do colapso da indústria petrolífera venezuelana, que tem impactado no número de trabalhadores ativos.

Ele disse que apenas 50% dos venezuelanos em idade produtiva são ativos, conforme levantamento da pesquisa, o equivalente a cerca de 7,6 milhões de pessoas, tendo citado que as mulheres são as mais afetadas, com apenas 32,9% das trabalhadoras em atividade.

O sociólogo disse que as pessoas estão saindo do trabalho “porque os custos para ir trabalhar começam a ser maiores do que a remuneração que você vai receber”, ou seja, “o salário mínimo, complementado por uma gratificação alimentar obrigatória, mal ultrapassa o equivalente a dois dólares mensais. O valor não é mais uma referência no setor privado, onde a renda média gira em torno de US$ 50, segundo pesquisas privadas.”.

As pessoas precisam saber, em especial aquelas simpatizantes da esquerda brasileira, que o salário mínimo de 2 dólares equivale a cerca de R$ 11,00 e a renda média de 50 dólares corresponde a aproximadamente R$ 275,00, que são valores extremamente irrisórios, para se viver com o mínimo de dignidade humana, mostrando a insignificância dada à vida dos ainda mais pobres venezuelanos.

Em face de verdadeiro colapso da economia venezuelana, 86,5% das famílias daquele país, ou seja, entre 10 pessoas, 9 recebem ajuda do governo e o restante recebe remessas de dinheiro de parentes no exterior, cujo procedimento foi prejudicado pela pandemia do coronavírus.

A coordenadora do estudo destacou o impacto da crise na educação, ao esclarecer que, dos 11 milhões de pessoas em idade escolar (de 3 a 24 anos), apenas 65% estão matriculadas em centros educacionais de diferentes níveis de ensino, havendo queda de 5%, em relação a 2020.

Foi esclarecido, por fim, que a pesquisa em tela abrangeu cerca de 14 mil famílias, na Venezuela, entre fevereiro e abril deste ano.

À toda evidência, o resultado do estudo não deixa a menor dúvida de que o regime socialista da Venezuela tem sido verdadeiro contraponto para as pessoas que ainda ficam defendendo apoio a políticos com mentalidade esquerdista, cujo resultado de governo socialista é apenas a tragédia em forma de transformação do capitalismo em crueldade, sofrimento e desumanidade, com a implantação da mais ampla pobreza entre a população, como aconteceu na Venezuela, em processo absolutamente irreversível, cuja certeza geral é a da tragédia social e humana, para perdurar por tempo indefinido e isso é insuportável, para os padrões humanitários.

É preciso ficar muito claro que os governos socialistas, como o da Venezuela, por exemplo, apenas têm o condão de transformar os países em patrimônio do Estado, que passa a administrar tudo de riqueza da sociedade, como empresas, propriedades, bens e valores sob controle total como bem público, ficando a população completamente empobrecida e sob completo domínio do Estado, que normalmente é comando por bandos de incompetentes e aproveitadores dos recursos oriundos da sociedade, que passa a ser escravizada por brutamontes ditadores e ainda perde os direitos humanos e democráticos, ou seja, a sua individualidade passa a pertencer ao domínio do Estado, que passa a ditar as regras da sociedade totalmente escravizada e monitorada nos seus direitos de cidadania.

A verdade é que essa desgraça que existe atualmente na Venezuela, mostrada por meio de estudo, pode vir a existir normalmente também no Brasil, caso qualquer líder de partido com tendência socialista venha a conquistar o poder, exatamente porque, em todos os partidos da esquerda, têm escrito nos seus estatutos sociais dispositivo no sentido de que o principal objetivo da agremiação é, prestem atenção: a socialização, que nada mais é do que transformar todas as pessoas em igualdade de condições, onde não só predomina a vontade ditatorial e totalitária do Estado, ex-vi da Venezuela.  

Ou seja, todas as pessoas passam a ser iguais perante a sociedade, sem direito a decidir nem resolver nada, nem mesmo à própria individualidade, porque todo mundo passa viver sob o total controle do Estado, que é o único ente que pode dispor de recursos e valores materiais e financeiros, para a distribuição igualitária da miséria para todos, exatamente como vem acontecendo em todos os países de regime socialista/comunista, como no caso da Venezuela, que tem e conta com os decididos apoio e aplauso dos esquerdistas brasileiros, que sonham com a implantação do monstruoso socialismo no Brasil, conquanto tem sido a sua defesa de luta contra regime verdadeiramente democrático, onde os brasileiros gozam de plenas liberdades próprias e inerentes à grandeza do ser humano.

Embora a desgraça que vive o povo da Venezuela não se deseje para o pior inimigo, convém que os brasileiros que ainda podem avaliar as consequências sobre a implantação do regime socialista no Brasil se dignem a compreender que o sonho da esquerda tupiniquim é transformá-lo tal e qual igual àquele país, onde predomina a pobreza e a miséria, em que quase todas em pessoas não têm absolutamente nada e dependem cada vez mais do governo igualmente falido e sem perspectiva de coisa alguma, além da total perda dos direitos humanos e de todos os outros próprios às pessoas.

Veem-se na deplorável vida dos venezuelanos total regressão das vidas humanas que, ao contrário da evolução natural da humanidade, que tem aproveitado novos conhecimentos e as modernidades para o seu o seu proveito evolutivo, o homem, ao contrário, em nome do socialismo absolutamente retrógrado e inconveniente, decide optar pela própria desgraça, a exemplo do que ocorre com a esquerda brasileira, que insiste em defender os princípios deletérios da ideologia socialista/comunista, que até pode haver, em princípio, algo defensável como ideário, mas que, na prática, ainda não foi possível identificá-lo, ante à realidade da sua monstruosidade contra a sociedade, que é algo inexorável e incontestável, à vista do que mostra o estudo em comento, com a confirmação da patente pobreza das pessoas.

Convém que os defensores da esquerda brasileira pelo famigerado regime socialista expliquem e justifiquem, se possível com detalhes, o seu cego desejo de que ele se firme no Brasil, porque, em princípio, à vista dos péssimos e trágicos resultados da sua experiência em outras nações, conforme mostram os fatos, não passa de vergonhosa e lamentável tentativa da sua disseminação entre nós, diante da total inexistência de algum benefício de natureza social, posto que, ao contrário, todos os exemplos evidenciados na prática são extremamente fartos e degradantes, fato esse que ajuda a induzir os eleitores a rejeitarem apoio a candidatos da esquerda, precisamente porque é preciso se evitar, a todo custo, o suicídio político-democrático da sociedade sadia, que precisa se cuidar ao máximo, também em termos político-ideológicos.  

É preciso sim chamar a atenção dos verdadeiros e ajuizados brasileiros que ainda têm condições de pensar, em termos de sociedade livre e independente, no sentido da intransigente defesa da evolução do homem moderno, à vista do conhecimento dos princípios evolutivos, havendo todas as possibilidades para a valorização dos seus sentimentos fundamentais e essenciais à vida plena, no que dizem aos direitos, às individualidades e às liberdades de decisão, com amplos poderes para agir, sem precisar se limitar a absolutamente nada, porque é assim o viver racionalmente colocado à disposição da vida humana.                 

          Brasília, em 30 de setembro de 2021

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Desprezo aos princípios?

           Por meio do Messenger, que é coluna de caráter pessoal, recebi mais um vídeo, embora depois de alertado o emitente de que não gostaria de saber de mensagem enfatizando as qualidades do ex-presidente da República petista.

        Mais uma vez eu disse que não havia gostado desse episódio e, logo depois, providenciei, muito a contragosto, o seu bloqueio da minha página, sem antes lhe enviar a mensagem a seguir, deixando muito claro o meu entendimento sobre o tema em referência, por não ser do meu interesse conhecer, nas circunstâncias, nada que se refere àquele cidadão, quando são omitidos, de propósito e por conveniência política, os fatos nefastos cuja autoria é atribuída a ele.

             É pena que as pessoas somente enxerguem os elogios e as boas coisas acontecidas com seus ídolos e fiquem absolutamente cegas para os atos degradantes e indignos referentes à mesma pessoa, que foram muitos e lastimáveis, por envolver desvio de dinheiro público, a ponto de colocá-lo atrás das grades, justamente por ele ter sido completamente incapaz de mostrar a inocência dele. 

            É pena, além de ser muito triste, que aconteça isso, mas é compreensível, no âmbito da normalidade ideológica, na qual não se permite o reconhecimento senão das bondades, como se verifica nos vergonhosos e repudiáveis inúmeros escândalos de corrupção do governo dele, a exemplo dos recrimináveis mensalão e petrolão, todos ocorridos precisamente na gestão desse líder, que ainda, a despeito desses fatos nefastos, é venerado possivelmente por puro fanatismo ideológico, em que as pessoas deveriam se envergonhar, se entristecer, exatamente por se tratar da comprovada degeneração dos saudáveis princípios da dignidade, da honestidade e da moralidade, salvo se provado em contrário, que ainda não foi.

            Trata-se de acontecimentos absolutamente incompatíveis com as finalidades dignas de representantes do povo, na forma que se exige de conduta ilibada, exatamente sem registro de qualquer imaculabilidade, o que não é o caso desse político, que ainda merece, ao contrário, o endeusamento, justamente por parte de pessoas que demonstram completo desprezo aos princípios republicano e democrático e principalmente desamor ao Brasil.

            Extreme de dúvidas, o Brasil merece ser governada por pessoas imunes às suspeitas de práticas irregulares ou até mesmo de envolvimento com casos suspeitos de malversação de recursos públicos, que tem sido justamente muitos dos adjetivos atribuídos a esse cidadão.

            A despeito de tudo isso, infelizmente ainda tem pessoas que não se envergonham de adorá-lo e apoiá-lo como se ele fosse político digno, quando deveria, em atenção aos consagrados princípios da moralidade e da dignidade, exigir que ele se conscientize sobre as conveniências cívica e patriótica de limpar, previamente, a imagem do seu nome, para ter condições do merecimento de ser chamado de homem público de verdade, voltando a merecer o respeito e a admiração dos eleitores honrados. 

        A minha posição, ante o salutar princípio da moralidade, se harmoniza com o pensamento geral de que não tem espaço na administração pública para político que não se preocupa em limpar seu nome perante a Justiça brasileira, como no caso do seu ídolo, que foi denunciado ao Poder Judiciário, mas não demonstra esforço em provar a sua inculpabilidade quanto aos casos demandados.

        É evidente que, na qualidade de militante da política, ele deveria dar prioridade em mostrar a lisura de seus atos na vida pública, ante o entendimento segundo o qual os ocupantes de cargos públicos eletivos tenham conduta ilibada e atestada a sua lisura em todos os sentidos, não importando que as pessoas possam pensar diferentemente disso, porque essa é a única regra padronizada para atender aos interesse do Brasil.

        Diante de todo exposto, deflui que nada impede que as pessoas possam adorar e idolatrar seus ídolos, mesmo que eles não sejam o padrão da moralidade e da honestidade na vida pública, que é exigido do homem público, porque, nesse caso, o pensamento ideológico dos eleitores se amolda exatamente à mesma mentalidade de quem acha normal os casos questionados na Justiça, por suspeita da prática de atos irregulares e ainda não querer se conscientizar de que isso não condiz com os saudáveis princípios republicano e democrático, ou seja, pouco importa que atos sob a sua responsabilidade estejam pendentes de julgamento na Justiça, quanto à regularidade deles.

        Enfim, apenas é de se lamentar que muitos brasileiros também comunguem com esse pensamento ideológico, em prestar apoio a políticos que desprezam a pureza das condutas da ética e da moralidade na administração pública, porque elas ainda são as vigas mestras de sustentação da República e do regime democrático brasileiros.

             Brasília, em 27 de setembro de 2021


Decadência moral

 

Recebi, por meio do Messenger, que é coluna de caráter pessoal, vídeo com mensagem enfatizando só qualidades do ex-presidente da República petista e não gostei desse episódio, tendo pedido ao interlocutor que evitasse me enviar mensagem com conteúdo semelhante, por não ser do meu interesse, nas circunstâncias, conhecer nada que se refere a ele.

Na mensagem, eu disse que desculpasse a minha franqueza, mas eu não gostaria de receber qualquer mensagem que se refira ao cidadão cujo nome consta da bandeira da mensagem, porque ele não é digno do meu respeito, uma vez que ele foi presidente do Brasil e em cujo governo aconteceram, em especial, dois escândalos horrorosos: o mensalão e o petrolão, conforme comprovam a roubalheira de bilhões de reais dos cofres públicos.

Trata-se de dinheiro público que poderia ter sido aplicado em programas de interesse dos brasileiros, além de bilhões de recursos públicos que foram desviados, sob forma de empréstimos, para construção de importantes obras públicas em países comandados por ditadores sanguinários, a exemplo de Cuba, Venezuela, Bolívia, países africanos e outras nações, enquanto os brasileiros precisavam dessas obras aqui no Brasil, como forma de investimentos em benefício dos brasileiros, como a criação de empregos e construção de importantes obras de melhorias, como metrôs, portos, rodovias etc.

À vista de todas essas horrorosas desgraças contra o Brasil e os brasileiros, esse cidadão, além de não ter a dignidade para assumir seus gravíssimos erros extremamente prejudiciais aos interesses dos brasileiros, ainda vem sendo venerado como verdadeiro deus por fanáticos, que o tratam como sendo o todo-poderoso, que até pode ser para as pessoas que têm a mesma mentalidade dele, que se envolveu em múltiplas irregularidades e ainda considera que isso seja normal, a ponto de se achar puro, imaculado e inocente, como se nada tivesse acontecido de errado.

Além de tudo isso, não se pode ignorar que ele foi julgado em dois processos pela Justiça e foi condenado à prisão, tendo ficado trancafiado no xadrez, por mais de ano, porque ele não conseguiu provar a sua inocência, em pelos menos dois casos, diante das robustas provas sobre a materialidade da autoria dos crimes julgados com base nos elementos constantes dos autos, cujas sentenças foram confirmadas pelas 2ª e 3ª instâncias, no caso do Tríplex.

Embora as sentenças tenham sido anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que o juiz não tinha competência para julgar a ação, ou seja, houve a anulação dos julgados não por comprovação de inculpabilidade do réu, mas sim porque ele deveria ter sido julgado em outra jurisdição da Justiça, o que vale dizer que os fatos estão em plena validade, aguardando novo julgamento, agora no juízo competente.

          Ou seja, é de se ficar ruborizado e horrorizado como é que ainda tem gente que consegue adorar homem dessa estirpe que tem passado manchado criminalmente pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o que significa se afirmar que ele é absolutamente incapaz e indigno de sequer pensar em representar a lisura e a dignidade do povo imaculado, uma vez que o exercício de mandato de cargo público eletivo exige que o cidadão tenha ficha corrida limpa e acima de qualquer suspeita sobre a prática de irregularidade na vida pública.

À toda evidência, esse cidadão somente conseguirá respeito, pelos homens de bem e honrados, quando ele provar a sua inocência perante a Justiça, porque, nas condições atuais, quando ele responde a vários processos referentes a ações penais, justamente por seu envolvimento em suspeitas de malversação de dinheiro público, fica muito feio que ainda alguém se digne a respeitá-lo como homem público, exatamente porque quem se dispõe a exercer cargo público eletivo precisa provar a sua imaculabilidade quanto às suas atividades na vida pública.

Pode-se até alguém alegar que ele teria sido extremamente bondoso para a pobreza e as pessoas necessitadas e com isso mostrado o seu lado generoso em defasa dos pobres, mas nada disso pode interferir nas suspeitas de irregularidades cuja autoria é atribuída a ele, conforme os processos em tramitação na Justiça, porque, nesse caso, inexiste a lei da compensação, em que o erro possa ser anulado por acerto.

Pode até ter acontecido exatamente isso, mas as pessoas ingênuas e desinformadas se esquecem de que essa estratégia de política maquiavélica teve e tem por único objetivo angariar a simpatia do povão para a formação do chamado “curral eleitoral” contando com o apoio das pessoas pobres, que são assistidas pelo governo, exatamente com essa finalidade.

O certo é que o governo socialista age precisamente dessa maneira e com essa finalidade de trocar atividades assistencialistas pelo apoio popular, podendo, com isso, ajudar a conquistar o poder e se perpetuar nele, sempre com a criação e a manutenção de programas sociais, como o Bolsa Família, que tem como destinação a compra da consciência da população pobre.

Os exemplos mostram que as pessoas pobres são conscientizadas no sentido de que a manutenção do governo é a certeza do recebimento dos benefícios assistencialistas, que são criados justamente como forma de turbinar o populismo e o endeusamento por meio de investimentos com o vergonhoso e indecente uso de dinheiro público, para o fortalecimento desses programas inclusive vinculados a partido político, como se somente ele tivesse condição e capacidade para mantê-los em atividade, a despeito de que o atual governo, que é de direita, também vem cuidando muito bem do programa Bolsa Família, tendo até criado o 13º salário, algo que o governo socialista não fez.

Então, por gentileza, prezado senhor, evite me enviar, como instrumento de publicidade partidária e até ideológica, qualquer mensagem envolvendo esse cidadão, porque o meu sentimento é o de que ele precisa ter a dignidade de se afastar da vida pública, para se dedicar aos seus casos junto à Justiça, até se livrar, em definitivo, de todos os processos nos quais ele foi arrolado sob forte suspeita da prática de atos irregulares envolvendo dinheiro público, em dissonância com os salutares princípios republicano e democrático.

Convém que fique muito claro que, no mundo moderno, sério, civilizado e evoluído, onde vivem as pessoas de bem e honradas, que primam pela defesa da prevalência dos princípios da ética, da moralidade, da dignidade, entre outros  na administração pública, não aceita mais, em hipótese alguma, que cidadão com os nefastos atributos dele possa merecer respeito e apreço, salvo depois de apresentar à nação o devido comprovante oficial de “nada consta”, passado por cartórios da Justiça.

Brasília, em 27 de setembro de 2021

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Intolerável radicalização?

 

As lideranças políticas habilidosas são capazes de perceberem o sentimento de avaliação do eleitorado, com vistas às necessárias estratégias de sustentação na vida pública, de modo a se manter politicamente palatável e em condições de competitividade no jogo político, que cada vez mais vem sendo disputado em ambiente de verdadeira truculência, onde as melhores cartadas são capazes de cacifá-las junto aos seus fiéis seguidores.

O presidente do país demonstrou que não teve maiores habilidades nem vocação política nem muito menos capacidade para ampliar a sua base de apoio, no curso do seu governo, que foi direcionado apenas para o seu mais fiel eleitorado, não tendo demonstrado interesse na disseminação de discurso com abrangência para o resto da sociedade, como teria sido, em se tratando de governo, que deve ser indistintamente para todos os brasileiros.

Ao contrário disso, o presidente do país preferiu carregar a sua pauta com discurso de radicalização, elegendo formas de agressões e críticas não somente ao Supremo Tribunal Federal, mas a todos quanto se opuserem ao seu estilo de governar, com sustentação em agendas conservadoras e negacionistas, tendo negligenciado o foco na gestão propriamente do país de incumbência presidencial, ou seja, a pauta do dia a dia foi passada para plano secundário, inclusive no que se refere à economia.

Com base nesse novo contexto político, o presidente do país conseguiu afastar de si os eleitores do centro e os moderados, tendo ainda motivado o desembarque de muitos conservadores, podendo agora contar somente com a base de apoio bem menor e extremamente radical, ou seja, com isso, ele vai ficando com o poder político distante da sustentação necessária para a reeleição, conforme mostram os fatos.

Embora seja bastante insignificante a quantidade de eleitores consultados, as pesquisas mostram que a rejeição ao presidente do país só cresce, em percentuais recordes, mostrando expressiva queda de popularidade, desde dezembro último e com ela também acompanha a queda na aprovação do governo, em índices crescentes e preocupantes.

A popularidade do presidente do país vem sendo alimentada, de modo geral, por segmentos de evangélicos e habitantes beneficiados pela explosão do agronegócio, que conta com incentivo do governo, mais especificamente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul.

Há a constatação de que a aprovação do presidente entre os evangélicos, que antes era forte, vem se derretendo no dia a dia, possivelmente em razão do seu discurso com viés de forte radicalização.

O recente isolamento ao presidente foi dado com o afastamento de grandes empresários e banqueiros no último Sete de Setembro, quando a Febraban e entidades empresariais criticaram o clima de instabilidade institucional e as ameaças ao Supremo, tornando-se caso inédito, em razão de se tratar de distanciamento de peso do governo, porque eles são os maiores formadores do Produto Interno Bruto - PIB.

Na verdade, o recuo estratégico do presidente do país, por meio da chamada “carta pacificadora” ajudou a distender um pouco o ambiente muito tenso, mas não foi capaz de promover a reaproximação dele a um dos principais setores produtivos, principalmente à vista da volta da inflação e da falta de rumo para a política econômica.

Importante apoiador político baiano resume a sua frustração com o presidente do pais, ao afirmar que “Deixei de apoiar quando ele escanteou políticos limpos em detrimento dos conchavos com figurões do Centrão, para blindar a própria família. É uma frustração total. Estamos num País bagunçado, sem perspectivas e com um clima de guerra civil.”.

Um outro político disse que “A gente vê uma sucessão de erros que é muito mais próxima de um governo Dilma do que se esperaria de um governo minimamente liberal. E quando vem a pandemia, foi uma tragédia a negligência, o superfaturamento das vacinas e toda uma gestão criminosa.”.

Um político que foi candidato à Presidência da República afirmou que “Estamos num ambiente político conturbado, com dólar, inflação e taxa de juros em alta, e começamos a ter o preço de commodities caindo, especialmente o minério de ferro. O presidente não consegue trazer empregos e mudar a vida das pessoas. Ele acabou com a esperança. Excluindo-se o grupo que é muito fiel a ele, a realidade está chegando às pessoas, mesmo que com algum atraso.”.

O diretor do Instituto Paraná Pesquisas deu seu o diagnóstico para o atual governo, dizendo que “O Bolsonaro cai muito nas avaliações por causa da economia. Se a população estivesse com dinheiro no bolso, ele poderia continuar a falar besteiras. Com o Lula tinha corrupção e a popularidade ia bem. Hoje, se a economia continuar assim, acabou”.

Um cientista político da PUC-RJ disse que “a economia começa a influenciar as ações do presidente e justifica a queda dele nas pesquisas. O discurso golpista é um problema para os próprios eleitores do presidente. Bolsonaro recuou porque apenas uma minoria apoiaria um golpe. Não teria apoio nem entre os eleitores dele. Seria um nocaute. Parou de esticar a corda porque está se isolando cada vez mais”.

O referido cientista vê outros fatores de desgaste do presidente, ao esclarecer que “Hoje, a CPI da Covid já chega no presidente. O discurso dele está desconstruído. Foi candidato outsider e se construiu no público antipetista, mas hoje ele não se escora em nenhuma base contra a corrupção. O sujeito mais simples deseja que a vida dele não piore. Por isso, o presidente passa a encontrar nos benefícios sociais uma tábua de salvação. Ele está correndo para subsidiar gás e eletricidade. Senão, vai perder todo o apoio do homem simples. Sem resolver os problemas econômicos, ele não vai ser competitivo para 2022”.

Um pastor da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito disse que “Os evangélicos estão retirando o apoio primeiro pela pandemia. Morreram, proporcionalmente, mais que a média brasileira porque aderiram ao negacionismo. Ele foi difundido dizendo-se que se você tem fé, está imune. Isso foi crueldade um crime contra uma população que emprestou a sua fé ao presidente.”.

          O mencionado religioso acredita que outro fator que pesa contra o presidente do país é o financeiro, porque “Há aumento da miséria, e quem perde com isso são os mais empobrecidos. A igreja evangélica é basicamente formada por negros, mulheres e pobres. Foi o grupo que mais sofreu com as questões econômicas”.

Já o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores demonstra arrependimento, tendo alegado que “Fizemos campanha para o presidente, colocamos faixa nos caminhões. Mas percebemos que tudo o que beneficia os caminhoneiros não tem caráter de urgência, enquanto o que é bom para os grandes empresários tem prioridade”.

Conforme se pode deduzir das manifestações acima, parece possível que o presidente brasileiro tem todo direito de governar o país da maneira escolhida por ele, porém, o caminho até então enveredado por ele somente acertou em cheio para aqueles que estão em sintonia fina com a linha da radicalização, da intolerância e da insensibilidade às reais funções de estadista de verdade, que sabe que a única maneira possível de se governar sem sobressalto é por meio do diálogo democrático e construtivo, procurando auscultar indistintamente todos os segmentos do país, desde os empresários até a população considerada excluída de todos os processos, exatamente porque todos os anseios precisam ser avaliados, sopesados e considerados no momento das tomadas de decisão.   

O certo mesmo é que a situação do presidente do país não chega a ser ainda mais complicada, até o momento, porque o seu afastamento do cargo vem sendo blindado pelo Centrão, à vista do espúrio acordo em troca da nomeação de cargos e da liberação de emendas parlamentares.

Certamente que não fosse o apoio do Centrão, que preside a Câmara dos Deputado e tem poder para manter engavetados mais de 130 pedidos de impeachment, cujo processo já estaria em tramitação há muito tempo, não fosse a compra da consciência de congressistas para protegerem o presidente da República, fato este que mostra a pequenez a que ele chegou, que se sustenta no cargo com o comprometimento de verbas públicas, que são desviadas da sua finalidade originária para a garantia dessa vergonhosa e indigna blindagem, que não tem nada relacionado com o interesse público, fato este que caracteriza falcatrua com dinheiro público.

A vida política do presidente do país não está tão segura assim, porque ele teve que ceder para assegurar o bilionário orçamento secreto, que foi obrigado a entregar ao Centrão, grupo marcado pelo arraigado fisiologismo, para assegurar fidelidade ao questionável e irregular acordo, por meio do qual ele se torna cada vez mais refém desse grupo de maquiavélicos aproveitadores.

Enfim, não há desconhecer que a extrema direita ou a extrema esquerda derivam da vocação ínsita da democracia, fato que, em si, se insere na vida normal da cidadania de optar livremente por filosofia de vida, com o especial detalhe de que, em princípio, a defesa dessa tese jamais deveria prevalecer como forma de governo que tem por finalidade a satisfação apenas do interesse público.

Na verdade, isso é bem diferente da ideologia filosófica e partidária, que termina desaguando, como vem acontecendo com o atual governo, na forma do deplorável sentimento do “nós contra eles”, que dissente do ideal de união nacional, quando se entende que país nenhum consegue progredir com o seu povo dividido, sob o entendimento de que cada qual deve remar para o lado que melhor satisfaz os seus interesses.     

Percebe-se, com muita clareza, que o conjunto da ópera se resume em péssima e sombria sinalização em rumo à incerta da reeleição, diante da posição assumida pelo presidente do país, que se define à direita radical, onde tem muitos apoiadores, mas não o suficiente para se contar vitória, porque a sua base de apoio se consolida com a força da radicalização, que não garante a permanência no poder, salvo por milagre, caso persista na defesa do posicionamento escolhido.

Brasília, em 28 de setembro de 2021

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O apoio de Ubiracy Veloso

 

Diante da crônica que analisei a retirada da imagem de Jesus Cristo do pedestal-altar, de igreja possivelmente da Argentina, mostrando muita indignação com o regime socialista, que, enfim, patrocina episódio deplorável como esse, o ilustre conterrâneo Ubiracy Veloso escreveu mensagem, dizendo que “Esse é meu Ir. Adalmir, de formação religiosa e crente no Cristianismo! Defendo, tudo dito por você, por não termos, nenhuma terceira via confiável, continuo observando o atual Governo e, colocando-me ao seu lado, por falta de outra via. Abraço fraterno, caríssimo primo!”.

Em resposta, em disse que somos todos filhos de Deus e O amamos igualmente, porém cada qual a seu modo, mas a finalidade desse gesto é sempre a mesma: amar uns aos outros.

Mesmo que os socialistas não amem a Deus, como fica muito claro nesse caso que mostrei por meio de crônica - carregada de realismo de protesto contra muitos homens, porque tudo acontece por sua ação ou omissão -, eles nunca deixarão de ser filhos de Deus, posto que todos têm a mesma acolhida no reino celestial de amor.

O que pensamos pode não ser o melhor dos mundos, mas é o que temos de melhor para se pensar e é sempre melhor se pensar de algum modo, nem sendo o ideal para a humanidade, do que nada pensar, porque o deixar de pensar é o mesmo que deixar de viver e aproveitar, ao menos, o pouco da inteligência propiciada pelo genial Criador.

Fico sempre feliz em puder contar com o seu apoio, mesmo que ele seja parcial, porque isso demonstra o seu lado intelectual superior, a se indicar que eu tenho ainda que caminhar longa estrada para tentar alcançar o seu nível de aprendizagem, que somente a poucos homens são dados tamanhos merecimentos nesse nível de experiência especial.

Já me contento com o pouco que aprendi, que, graças a Deus, tem sido o conhecimento com o qual ainda me atrevo a dizer o meu sentimento, que procuro refletir um pouco de mim para o meu próximo, não em forma de ideias, porque cada qual tem a sua, mas sim na tentativa de se mostrar que cada tema pode ser analisado por vários ângulos e dificilmente alguém conseguirá definir o melhor deles.

Fico agradecido a Deus por ser escriba inveterado, porque, inicialmente, eu queria apenas agradecer o seu apoio aos meus textos, quando eles lhe convêm, meu caro irmão Ubiracy, mas fui muito além disso, graças a verve (não no seu sentido verdadeiro) imaginativa e fértil, o que é muito bom, por se tratar de conversa sadia entre nós, mesmo a distância e virtual.

Muito obrigado.  

Gentilmente, o querido Ubiracy me responde, dizendo que “Agradeço sua generosidade! Sou apenas, galho da mesma árvore, de onde você veio e, a inteligência e a cultura você a conseguiu com brilhantismo, eu, um esforçado aprendiz em escrever alguns textos, para poder me comunicar com pessoas que se expressam com muita facilidade e ainda, consegue, extraordinariamente, produzir mais de 50 livros, contendo tudo que você transmitiu de ótimo para os seus leitores. Receba meu carinho, com um abraço”.

Finalizando, eu agradeci o carinho demonstrado pelo querido irmão Ubiracy Veloso.

          Brasília, em 26 de setembro de 2021

Inadmissível desperdício?

 

A Controladoria Geral da União, tendo por base auditoria realizada no Ministério da Saúde, constatou gravíssimos exemplos de desperdício de dinheiro público, no exercício de 2020, consistente na grande quantidade de remédios e vacinas incinerados ou extraviados, entre outras irregularidades que causaram expressivos prejuízos aos cofres públicos.

Nos termos do relatório de auditoria pertinente, foram gastos R$ 21 milhões com a destruição, por exemplo, de mais de 25 toneladas de vacina Pentavalente e quase quatro toneladas de vacina Tríplice, totalizando, em dez meses, quase 30 mil toneladas de medicamentos jogados no ralo da incompetência, exatamente por descarte desses produtos, que é reflexo do superdimensionamento dos estoques, tendo por base o excesso de compras, evidentemente bem além das necessidades nacionais.  

Os auditores também verificaram que milhões de doses de vacinas perderam o prazo de validade antes de serem usadas, com destaque para vacinas contra a febre amarela e hepatite e, em especial, medicamentos de alto custo.

O relatório aponta que, no total apurado, deixaram de ser aproveitados 750 lotes de medicamentos e o mais grave é que havia relação de remédios vencidos, pasmem, desde julho de 2009, cuja soma do prejuízo ascende ao valor de R$ 172 milhões, que é algo impensável nos dias atuais, onde a tecnologia existe inclusive para ajudar ao planejamento e ao controle dos produtos.

Os auditores ainda verificaram que 66 doses de medicamento de alto custo - vendido a mais de R$ 12 mil a dose - tinham sido sumidos, de modo que eles saíram do estoque, mas não há registro do seu destino, que é totalmente conhecido, cujo descontrole causou prejuízo ao erário do valor de R$ 840 mil.

A desastrosa gestão do almoxarifado também revelou o sumiço de equipamentos decisivos no combate à Covid-19, a exemplo de respiradores, que não foram encontrados no estoque.

Os auditores se surpreenderam com a fragilidade de controle do sistema de armazenamento do Ministério da Saúde, que, em pleno século XXI, não tinha os comprovantes da entrega de quase 5 mil respiradores, fato este que obrigou aos auditores a promoverem rastreamento dos equipamentos, em estados e municípios, cujo trabalho permitiu a localização de quase todos, faltando ainda 336 respiradores, que tiveram o custo de mais de R$ 18 milhões.

Consta do relatoria da auditoria em tela que "resta evidenciado que os controles das doações efetuadas pelo Ministério da Saúde são inadequados, pois verificou-se, além da ausência de comprovantes de entrega, de guias de remessa e de termos de doação nos processos SEI, a ausência de comprovação de recebimento dos aparelhos. Existem graves inconsistências entre os registros de entrega do Ministério da Saúde e os registros de recebimento dos entes federativos".

Os auditores da CGU ainda lembram que, ao longo do ano passado, houve o acompanhamento parcial dos processos de compras do Ministério da Saúde e que “já tinha feito alertas para evitar prejuízos, mas destaca que os avisos não foram levados em conta.”.

Os fatos irregulares verificados pela auditoria realizada por órgão interno do governo atribuem maior credibilidade quanto à completa desorganização e falta de controle de bens públicos, mostrando a gravíssima deficiência da gestão em saúde pública, uma vez que a excelência do aproveitamento dos recursos púbicos, na forma do seu eficaz e efetivo gerenciamento certamente poderia ter contribuído para ajudar a salvar vidas humanas, durante a pandemia do coronavírus.

À toda evidência, a eficiência da gestão dos recursos públicos, em todas as suas formas, em especial no caso do Ministério da Saúde, tem importância fundamental no combate à pandemia, justamente por se tratar do principal órgão de coordenação das políticas de saúde pública, que deveria ser modelo de competência e eficiência no combate à maior crise sanitária da contemporaneidade.

Ao contrário disso, o principal órgão do governo, incumbido da execução das políticas de saúde pública, apenas confirma o tanto de negligência que jamais poderia ter ocorrido, onde somente a eficiência e a competência deveriam estar presentes, mas aconteceu exatamente o inverso, em que importantes insumos essenciais à vida somente mereceram descaso e despreparo no seu controle, conforme noticia o relatório elaborado pelo próprio governo.

Sem dúvida alguma, esses fatos lamentáveis jamais poderiam acontecer na atualidade, onde existe enorme suspeita sobre a negligência do governo em relação ao combate à pandemia, conquanto o desperdício de medicamentos e equipamentos, em muito pode ter sido causado por gritante falta de controle, somente ajuda a compreender o caos e as mazelas reinantes na saúde pública, de modo a se potencializar as fortes suspeitas de descaso e incompetência de gerenciamento em órgão que somente tem a obrigação de acertar e ser eficiente ao extremo, em especial quando se trata de terrível crise pandêmica.

Enfim, o relatório de auditoria em apreço ainda é elemento para análise preliminar, mas ele é de suma importância para o governo, por servir de base para as necessárias apurações, com vistas à definição de responsabilidades se elas realmente existirem e a consequente condenação dos culpados por monstruosos prejuízos causados ao patrimônio dos brasileiros.

De antemão, é preciso que seja feito o registo de muita tristeza por que o país ainda passe por situação de desmazelo como essa de gigantesco desperdício de recursos públicos, tão somente por notória falta de controle de material, o que mostra injustificável e enorme descaso com a coisa pública, que exige o devido zelo.

Os brasileiros acreditam que o governo federal, ao tomar conhecimento desses gravíssimos fatos, tenha a necessária sensibilidade para o reconhecimento das inadmissíveis e imperdoáveis irregularidades, que certamente já causaram enorme prejuízo não somente ao patrimônio dos brasileiros, mas também à vida humana, de modo que sejam adotadas, com urgência, severas e competentes medidas tanto no sentido da completa investigação dos fatos denunciados como também com vistas à adoção de medidas eficientes e efetivas de controle e fiscalização dos bens públicos gerenciados por todos os órgãos do governo.

          Brasília, em 27 de setembro de 2021

domingo, 26 de setembro de 2021

Promessa é dívida?

 

Circula nas redes sociais carta dirigida ao presidente da República, fazendo veemente apelo para que ele se digne a se transformar em salvador da pátria, ao fazer o que for possível para livrar o Brasil do “sistema político falido e contaminado pela corrupção”.

Os termos da carta garantem que os brasileiros “Estamos ao seu lado e queremos ver você a frente desta grande transformação, pois há muito esta nação não confia em uma pessoa como nós hoje confiamos. Já estamos em guerra, antes velada, hoje escancarada e no momento estagnado com ambos os lados esperando pela próxima jogada para seu contra-ataque. (...) Iremos ter novamente as rédeas da nação. Somos soberanos e queremos isso, não tenha mais dúvidas ‘FAÇA O QUE TEM QUE SER FEITO.’. Estamos ao seu lado e dispostos a lutar esta luta por um país próspero, justo, livre, onde novamente os criminosos sejam tratados como devem ser tratados, ondem nossos filhos tenham uma educação decente e que façam ser homens e mulheres de bem e com a grande oportunidade de serem prósperos no futuro. Sem ideologias, mas sim sabendo respeitar e serem respeitados pelas suas diferenças e terem amor a sua família aos próximos e amor a este país. Estamos ao seu lado e vamos à luta com você, acredite em seu povo, pois seu povo já mostrou em 7 de setembro que acredita em você.”.

          Infelizmente, os brasileiros não passam de eternos iludidos e ingênuos nos seus patrióticos propósitos, sempre sustentados em lindos argumentos, tendo por base especialmente a vontade que o presidente do país se torne verdadeiro herói nacional, no sentido de consertar, da noite para o dia, as mazelas que grassam no Brasil e infernizam a vida da população, cada vez mais carente da prestação de serviços públicos de qualidade.

O presidente brasileiro deixou muito claro, nesse fatídico episódio de 7 de setembro, que ele somente enxerga seus projetos políticos, tendo agora declarado que será candidato à reeleição, embora ainda nem sequer se apoderou do trono destinado à chefia do Executivo, para o qual foi eleito pela vontade soberana do povo, que não perde a esperança de que ele resolva cair na real e descubra, finalmente, que não é mais candidato, mas sim o verdadeiro presidente do Brasil e, já nessas condições, precisa trabalhar com o propósito de cuidar exclusivamente da defesa dos interesses dos brasileiros.

Pois bem, todos se lembram de que o presidente do país implorou, com veemência, pelo apoio do povo e pediu que isso fosse demonstrado nas ruas, sob a promessa de que ele faria o que o povo quisesse, ou seja, realmente ele disse, ao que parece, da boca para fora: “Eu faço o que o povo quiser”.

Conforme pretendido pelo presidente do país, deu tudo certinho, nos exatos termos da vontade presidencial e o povo ainda teve o cuidado de dizer, muito bem-dito e em bom e claro português, o que realmente queria que ele fizesse.

 A vontade do povo foi precisamente a de que o presidente do país cuidasse, evidentemente aos costumes não constitucionais, da vida de alguns ministros do Supremo, que vinham perturbando alguns “patriotas” seguidores do presidente do país com violentas repressões, inclusive prisões, apenas porque eles agrediam com palavrões, ameaças de morte e outras agressões nada republicanas, com a evidência de ambiente nada civilizado, que tinham os apoio e incentivo do mandatário da nação, que eram indevidos, em se tratando de querelas estranhas ao interesse do Estado.

Pois bem, o recado do povo não poderia ter sido mais cristalino, tendo o presidente o entendido direitinho e, em razão disso, logo anunciou em discurso, de corpo presente em palanque, que iria reunir, no dia seguinte ao Sete de Setembro, o colendo Conselho da República, certamente para tratar e discutir das medidas a serem imediatamente aprovadas por ele, sob o entendimento de que elas seriam realmente relevantes e na forma exata dos anseios do povo, porque se não fossem assim, não se falaria nessa hipótese, por não haver necessidade delas.

Embora com todas as ideias miraculosas já maquinadas na cabeça, acontece que o engenhoso presidente brasileiro se esqueceu de acertar previamente com os "russos" e isso foi o suficiente para levar a vaca literalmente para o brejo, em muito pouco tempo, com consequente e completo esquecimento do tal conselho, porque a reunião dele não contou com o menor apoio político que viria do Congresso, para o que se pretendia fazer sem antes combinar com ninguém.

Além desse forte revés, o presidente do país recebeu, no mesmo dia, severo e claro alerta sobre o seu possível afastamento do cargo, por meio do devido processo legal do impeachment, à vista da truculência com que ele havia se referido ao Supremo e, em especial, a um ministro, que foi chamado, em via pública, de “canalha”, tendo ainda a promessa do mandatário de que não mais cumpriria decisão proferida por ele, fatos estes que simplesmente caracterizariam crime de responsabilidade, diante de tão grave agressão à instituição republicana e a integrante dela.

O certo é que o amor ao cargo presidencial falou muito, muito mais alto do que aquela vontade inicial de atendimento do anseio do povo, que teve a cara de promessa enganosa, que agora precisa servir apenas como aprendizagem da política, como importante lição de que não se pode confiar piamente no que alguns homens públicos dizem e prometem, muito menos em palanque, como visto nesse decepcionante episódio.

Acontece que, como evidenciado no resumo da ópera, o presidente do país, para o próprio bem, decidiu seguir os conselhos de quem tem um pouco mais de juízo ou experiência política e simplesmente deu “banana” para o povo e fez as pazes com os ministros do Supremo, inclusive "beijando" as mãos deles, em sentido implícito de pedido de perdão pelas ofensas, grosserias e agressões colecionadas ao longo do tempo, que nem faziam o menor sentido, porque, em ambiente de pessoas civilizadas e racionais, as demandas são sempre discutidas por meio do diálogo em alto nível de conversa, tudo em harmonia com o ordenamento jurídico, onde se prevalecem os argumentos e a verdade sobre os fatos demandados.

Ou seja, o presidente do país decidiu da melhor maneira que realmente satisfizesse às suas conveniências pessoais e políticas, tendo, ao final, mandado o recado muito claro para aquele povo que foi enganado na sua ingenuidade de ter ido maciçamente para as ruas do país, com  muito sacrifício e ainda sob risco da ameaça da Covid, tendo a certeza final de que, para o real sentimento do presidente tupiniquim: “que o povo se exploda!”.

Resta se lamentar todo ocorrido, ficando a certeza de que o povo precisa avaliar este momento, exatamente diante das circunstâncias, para apenas exigir que o presidente do país seja coerente com as suas promessas, de modo que elas sejam devidamente cumpridas, em ambiente de mútua confiança e credibilidade entre o eleitor e seu representante político, tendo em vista que a quebra da palavra, no caso de que “eu faço o que o povo quiser”, termina ficando muito feio para quem não a concretiza, à vista de que promessa é dívida.  

Enfim, parece que seja importante que os brasileiros somente devam reivindicar o que realmente seja factível, sem que isso não interfira nos interesses e nas conveniências políticos do mandatário brasileiro, porque já ficou muito claro que eles prevalecem sobre os demais assuntos, inclusive nacionais e isso é da maior gravidade para a vida de um povo.

Brasília, em 26 de setembro de 2021

sábado, 25 de setembro de 2021

A cartilha presidencial?

 

Depois dos acontecimentos do dia 7 de setembro, com tanta gente nas ruas fazendo apelo ao presidente do país, para que ele, pelo menos, desse a merecida lição que o povo esperava ao Supremo Tribunal Federal, muita gente ficou extremamente decepcionada, depois que ele simplesmente decidiu assinar a “Declaração à Nação”, em manifestação clara de que ele teria decidido agir, doravante, com estrita observância aos princípios da racionalidade e da civilidade, no sentido de ser fiel à cartilha própria do presidente da República.

Não há a menor dúvida de que esse presidente é a cara dele mesmo e não tem nada que se identifique com o povo, que compareceu maciçamente às ruas, para, depois, merecer especial “banana” dele, na maior cara lisa do mundo, ao deixar de prestar qualquer satisfação ao povo, depois de ter prometido fazer o que ele quisesse, mas terminou fazendo o que seria melhor para ele próprio, em satisfação com as suas metas políticas.

Quem não se lembra que o presidente do país dizia e repetia, dizia e repetia: "eu faço o que o povo quiser"?

O mandatário brasileiro falava tão sério, mas tão sério, que convenceu o povão, que resolveu dizer, de corpo presente, em Brasília e São Paulo, que ele simplesmente fechasse, ao menos, o Supremo e, de quebra, para não perdesse a viagem, também o Congresso Nacional.

É evidente que o presidente ouviu o clamor das ruas e entendeu muito bem o que o povo queria, porque o recado não poderia ter sido mais claro.

Ainda no calor da multidão, o presidente prometeu reunir o Conselho da República, que o aconselharia a adotar as medidas pedidas pelo povo.

Não obstante, havia o imponderável no depois dos palanques, com o recado seguro para que ele desse meia-volta-volver, contasse até dez e criasse juízo.

O presidente do país imediatamente esqueceu a promessa de que ele faria o que o povo quisesse e resolveu aceitar o ajuizado conselho em harmonia com a preservação do cargo, porque era muito mais saudável para ele do que ser submetido ao processo de impeachment e ainda correr o risco de viajar do Palácio da Alvorada para a Papuda, com o direito de apenas ver o sol nascer quadrado e comer a “deliciosa” marmita servida por lá.

Ou seja, o ilustre presidente passou o cano, como se diz no popular, no povo e, o pior, não teve a menor consideração para justificar para a nação o real motivo da sua surpreendente decisão e absolutamente contrária ao seu jeitão de "prende e arrebenta", passando a ser o mandatário mais diplomata do planeta, partir da assinatura da "Declaração à Nação".

O que ele decidiu foi extremamente correto, porque ele parou de raciocinar pelo umbigo e dá sinal que começa a agir com o que de melhor fazem os verdadeiros estadistas, com racionalidade e ponderação.

A verdade é que cada qual que faça as suas ilações e conclusões sobre esse mais do que polêmico imbróglio republicano, em que o presidente da República imbica em nova fase de governo, parecendo agora mais experimentado, na esperança de que ele realmente tenha encontrado, enfim, o melhor das suas competência, sensibilidade, compreensão e racionalidade.

Brasília, em 15 de fevereiro de 2021

Sem golpe, mesmo?

 

O presidente da República, depois de assimilar o seu isolamento político e a visível baixa nas pesquisas sobre a avaliação de seu governo, fatos que podem comprometer o seu desempenho na disputa da reeleição, disse à revista Veja que “não existe nenhuma chance de tentar um golpe no país.”.   

O presidente do país disse que "Daqui pra lá, a chance de um golpe é zero. De lá pra cá, a gente vê que sempre existe essa possibilidade. De lá pra cá é a oposição, pô. Existem 100 pedidos de impeachment dentro do Congresso. Não tem golpe sem vice e sem povo. O vice é que renegocia a divisão dos ministérios. E o povo que dá a tranquilidade para o político voltar".

Ao se referir às próximas eleições presidenciais, o presidente do país disse que “não irá melar", tendo aproveitado até para elogiar as decisões recentes adotadas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral.     

Com relação a esse tema, o presidente do país afirmou o seguinte: "Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição. O que o Barroso está fazendo? Ele tem uma portaria deles, lá, do TSE, onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora. As Forças Armadas têm condições de dar um bom assessoramento.".

O presidente concluiu a conversa afirmando: "Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia -- desde que as instituições participem de todas as fases do processo".

A ilação que se pode tirar dessa entrevista é a de que o presidente tinha realmente ideia de golpe em maturação na sua cabeça, que atingiu o ápice com as manifestações de apoio popular, no último dia 7, quando a multidão nas ruas tinha todo ingrediente necessário para a decretação do golpe arquitetado por ele, que contava, para tanto, com o maciço apoio do povo, que compreendeu perfeitamente o apelo presidencial.

Essa absoluta certeza se teve a partir do respaldo do empolgado anúncio da reunião do Conselho da República, que é órgão de aconselhamento de alto nível, com capacidade para a orientação acima de qualquer suspeita, no sentido da palavra final sobre o pensamento de quem realmente pode ditar as regras de soberania nacional.

Ainda bem que essa nefasta ideia golpista tenha sido afastada em boa hora, em face da total falta de apoio político vindo do Congresso Nacional, porque ela teria por propósito interferir nos destinos do Supremo Tribunal Federal, com a promoção de verdadeira reformulação na sua composição ministerial, à vista da declaração do presidente de que não respeitaria mais decisão de um ministro e ainda o chamou de “canalha”, atitudes estas completamente dissonantes com a postura de verdadeiro estadista que honra a dignidade do cargo que ocupa, em nome do povo.

Causa perplexidade o presidente do país se dignar a afirmar que “não irá melar as eleições”, porque isso implica a intuição de que ele tinha intensão de criar tumulto envolvendo o processo eleitoral, questionando severamente e de forma intransigente a legitimidade das urnas eletrônicas, como se elas fossem as mais cavernosas da face da Terra, quando ele não teve a mínima  competência para indicar a incidência de um único caso irregular, de modo a comprometer a lisura das eleições já realizadas, inclusive a de 2018, quando ele foi consagrado vencedor e cujo escrutínio não mereceu nenhum questionamento, em razão de fato irregular.

Essa mudança de mentalidade - e por que não dizer de estratégia política? - somente evidencia multiplicidade de personalidade, quando ele age ao sabor do momento, a depender exclusivamente das suas conveniências, em evidente detrimento dos interesses nacionais e da população, fato este que ajuda a compreender a enorme dificuldade de se acreditar em político de dupla ou muitas mentalidades que estão a serviço apenas dele próprio, sem muito compromisso com a dignidade dos princípios, que precisa imperar nas atividades político-administrativas, por terem por finalidade tão somente a satisfação do bem comum, em forma da plena satisfação do interesse público.

Há motivos mais do que suficientes para não se acreditar nas palavras do presidente do país, ao se avaliar a sua postura de homem público, quando, por exemplo, dias atrás, ele atacou violentamente a honra do ministro que agora o elogia, quando o xingou, em evidente prova de incivilidade e desrespeito, de “filho da p...”, exatamente no auge das discussões sobre o voto impresso, que este defendia posição contrário à do presidente, evidentemente porque ele desejava manter a credibilidade das eleições brasileiras, não aceitando as inconsistentes e injustas acusações e críticas desferidas pelo mandatário brasileiro.

Esse deplorável episódio protagonizado pelo chefe do Executivo permanece sem retratação pública, apenas deixando bem evidente o verdadeiro nível intelectual de quem tem o dever de ser modelo de bons exemplos da diplomacia republicana.

Embora a entrevista em comento tenha sido as últimas declarações do presidente do país, fica bastante temerário se acreditar em quem demonstra falta de firmeza de propósitos, quanto aos seus objetivos políticos, quando ora se mostra extremamente contra o sistema eleitoral e, de repente, muda de ideia, da água para o vinho, inclusive, de certa forma estranha, no sentido de elogiar a firmeza do dirigente do TSE, apenas por entender que a participação das Forças Armadas no processo pertinente cria expectativa segura sobre a sua legitimidade.

A verdade é que, no auge das infrutíferas e desnecessárias agressões ao sistema eleitoral protagonizadas pelo chefe do Executivo, o presidente daquele órgão já garantia a participação não somente das Forças Armadas, mas também da OAB, dos partidos políticos e da sociedade representativa no processo eleitoral, fato este que somente se confirma a diversidade nada confiável das atitudes de quem precisa sempre agir com o extremo da coerência nos seus atos presidenciais.

Enfim, convém que os brasileiros fiquem atentos quanto às atitudes e aos atos demandados pelo presidente da República, de modo que se possa cobrar dele, como lídimo representante do povo, a necessária e inata coerência do verdadeiro estadista, que objetiva apenas exercer o mandato com a obrigação de atender aos interesses da sociedade, com embargo das causas e projetos políticos pessoais ou partidários.

Brasília, em 25 de setembro de 2021

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Violência no campo

  

Circula vídeo nas redes sociais em que o presidente da República expõe para a nação o drama de senhora lavradora que foi expulsa de suas terras pelo famigerado MST.

O presidente relata que teria enviado a Força Policial Federal para o local, para proteger os ruralistas contra a violência desse grupo desumano, mas um ministro do Supremo teria determinado que a polícia saísse do região do conflito, permitindo que a bagunça se intensificasse na localidade.

Não se sabe qual tenha sido o final dessa deplorável questão social, envolvendo invasão do famigerado MST e agricultores, porque o vídeo é antigo.

Não obstante, parece extremamente deprimente que o presidente da República tivesse levado o assunto a público, apenas lamentando a desgraça perpetrada contra pobre senhora, completamente destroçada, por causa de violência disseminada no campo.

A verdade é que, em razão da retirada da Força Policial Federal, do local do conflito, caberia ao governo não ficar apenas se lamentando e criticando o ministro e o governador da Bahia, mas sim ter impetrado imediatamente recurso ao Supremo, para que a polícia pudesse permanecer no local, tendo por base a sua competência constitucional de garantir a paz social e a ordem pública, à vista do que dispõe o artigo 144 da Constituição, que estabelece: "A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,...".

Ou seja, à toda evidência, faltaram sensibilidade e competência por parte do governo, para o trato de situação que poderia ter sido contornada por meio de diálogo intermediado com o legal e apropriado recurso da incumbência do Executivo ao Supremo Tribunal Federal, que, a meu juízo, não pode permitir que barbaridade continue a acontecer sob os auspícios desse monstruoso e deformado movimento rural.

Nesse caso, causa perplexidade que o presidente do país procurasse pôr em evidência muito mais as ações nefastas e antissociais adotadas por autoridades, quando ele deveria deixar isso à margem e enfatizar a sua atitude em defesa dos direitos de propriedade dessa senhora e certamente das pessoas da comunidade perturbada pelo deplorável MST.  

          Enfim, teria sido bastante louvável para o presidente do país se ele, a par de fazer o relato jornalístico sobre a triste realidade da violência do campo, que diminuiu significativamente no seu governo, conforme mostram os fatos, também tivesse esclarecidos sobre as medidas efetivamente adotadas sob a sua incumbência constitucional do seu governo, de modo a garantir não somente a permanência da cidadã na posse da sua terra, mas, sobretudo, a tranquilidade e a manutenção da ordem pública.

Brasília, em 20 de setembro de 2021

No palco da ONU

            O presidente da República brasileiro discursou na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Estados Unidos da América.

O presidente brasileiro início o discurso com a firmeza habitual de atacar, em especial, a imprensa nacional e internacional, de modo a firmar a sua clara vocação de inimigo da liberdade de opinião, a dizer ao mundo que se sente incomodado com as críticas dirigidas ao seu governo e a ele, mesmo que elas façam apenas parte do necessário diálogo interno, em que compete a ele, se discordar delas, mostrar a verdade sobre os fatos que o incomodam, procurando agir em contestação, por meio de argumentos e diálogos válidos e esclarecedores, como fazem os verdadeiros estadistas que privilegiam a dignidade do cargo que ocupam.

A propósito, um site de notícias comparou as principais declarações do presidente do Brasil com fatos considerados verdadeiros e verificou distorções nas suas afirmações, conforme mostram as anotações a seguir.

Estamos há dois anos e oito meses sem qualquer caso de corrupção”: É evidente que essa afirmação pende de respaldo, porque foi ignorado o fato a que se refere às investigações, em especial, relacionadas à compra de vacinas contra a Covid-19, que são objeto dos trabalhos a cargo da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal, para apurar se houve negligência quanto às medidas de combate à pandemia do coronavírus.

Ou seja, a CPI apura denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra a Covid-19 pelo governo, que até pode resultar em nada, mas, ao que já foi apurado, é possível que possa haver revelação da prática de atos irregulares, o que se recomendaria prudência enquanto não se tenha o resultado das investigações.

A propósito disso, há outro caso que diz respeito à aquisição de doses da vacina Covaxin, por meio de contrato com a empresa Precisa Medicamentos, com possível superfaturamento e tráfico de influência na negociação.

Existe ainda suspeita de irregularidade referente ao pedido de propina, por agente público, de US$ 1 por dose, em troca de assinatura de contrato de venda de vacinas da AstraZeneca com o Ministério da Saúde.

Por seu turno, não existe nada de verdade que o presidente do país seja tão honesto como apregoado por ele próprio, senão ele jamais teria resolvido se juntar em ilícita parceria com o mais do que famigerado Centrão, e ainda de forma vexaminosa e humilhante, para os padrões da ética e da moralidade, na administração pública, por ele propalada na campanha eleitoral, porque esse espúrio acordo envolve a distribuição de cargos e emendas parlamentares, no contexto imundo e fedorento, em termos de promiscuidade, que foi capaz de contaminar, de forma indelével, a gestão dele.

Essa forma inadmissível de procedimento é pura corrupção, que não aquela clássica de se meter a mão na botija, mas se trata sim do desvio da finalidade pública, com o envolvimento de recursos públicos, para a compra de apoio político no Congresso Nacional, no sentido de se evitar a abertura de processo de impeachment do presidente do país, somente, sem qualquer vinculação com o interesse público, que jamais poderia se efetivar, os quais necessariamente se vinculam os atos na gestão pública, em especial no que diz às funções constitucionais da incumbência do presidente da República.

Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa”: No que se tem conhecimento, o atual governo federal, na prática, incentivou o desmonte da legislação ambiental e enfraqueceu os órgãos de controle, por meio de políticas ambientais facilitadoras do agronegócio, fato este que tem sido objeto de inquérito de iniciativa do Ministério Público Federal.

O referido órgão alega que houve a desestruturação de áreas de controle em quatro frentes, sendo que uma delas aconteceu com a fragilização normativa, tendo a liderança do Ministério do Meio Ambiente, que teria contribuído para enfraquecer o arcabouço da legislação ambiental, para facilitar a vida de grandes agricultores e isso o governo não tem como negar, à vista do seu fomento à agricultura, devidamente comprovado com excelentes colheitas.

Os procuradores citam, por exemplo, a mudança de normas de proteção da Mata Atlântica, por meio de mera portaria do Ministério do Meio Ambiente, deixando de ser observada a legislação específica para o bioma, para cujo controle exige a aplicação do Código Florestal, fato este que os procuradores definem como “decréscimo de proteção”.

"Somente nos primeiros 7 meses desse ano, criamos aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos": Embora essa informação esteja em conformidade com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia, importa se destacar que o governo, em janeiro de 2020, alterou a metodologia desse cadastro e passou a levar em consideração as informações do eSocial.

Diante disso, houve a inclusão de mais profissionais na base de análise, como os temporários e os bolsistas, por exemplo, o que diferencia da metodologia usada até dezembro de 2019, cujo artifício contribuiu para alterar, de forma positiva, os números de criação de empregos.

"No último 7 de setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história": A afirmação tem sido contestada, porque o ato com pautas antidemocráticas, exatamente por defenderem, em especial, a extinção do Supremo Tribunal Federal, não teria sido a maior manifestação da história do país, por haver registro de que o maior movimento de protesto política teria ocorrido na cidade de São Paulo, em atos favoráveis ao afastamento da então presidente da República, em 2016.

Esse fato tem sim o peso de mostrar o apoio ao presente do país, porque o movimento populacional socorreu apelo feito pelo mandatário, que alimentava o desejo de decretar atos golpistas, que foram abortados em boa hora, principalmente por falta de apoio político, exatamente pelo afastamento das principais lideranças do Congresso Nacional, que negaram apoio aos possíveis atos de exceção.

Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina”: Na verdade, o governo adotou postura anticiência durante a pandemia e recomendou o chamado “tratamento precoce” com a adoção de medicamentos declarados de nenhuma eficácia contra a Covid-19, também não sendo correta a afirmação de que ela se tratava de diretriz adotada pelo Conselho Federal de Medicina, porque o referido conselho dá autonomia para os médicos receitarem remédios fora das orientações de bula, que é o chamado uso “off label”, o que é diferente de recomendação especifica do tratamento com determinado remédio.

Consta, no site do CFM, a seguinte observação: “Deve ser lembrado que a autonomia do médico e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido —como é o caso da covid-19—, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do Homem, além do reconhecimento pelas competências legais do CFM, que permite o uso de medicações “off label”.

Por sua vez, é preciso se ressaltar que o medicamento somente é considerado eficaz após passar por estudos clínicos e metodológicos que atestem seus benefícios e riscos, porquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou estudo, em março do corrente ano, sobre medicamentos preventivos, no qual “faz uma recomendação forte contra o uso de hidroxicloroquina”, tendo citada a análise de seis estudos/pesquisas pertinentes.

Em termos científicos, até o momento, não há estudos suficientes que comprovem o benefício da ivermectina na prevenção ou tratamento em qualquer estágio da doença, razão por que a OMS ter declarado que “não temos evidências persuasivas de um mecanismo de ação da ivermectina na Covid-19” e, com base nisso, ela recomenda que o medicamento não seja usado, exceto no contexto de um ensaio clínico.

É evidente que, na prática, tem-se conhecimento que muitos doentes foram curados ou não pioraram em razão do uso desse medicamento, mas isso não seria capaz de o presidente do Brasil se mostrar afrontoso às autoridades que cuidam da saúde mundial, sendo de melhor tom que ele até reconhecesse as qualidades do remédio, mas isso, por cautela, como nem médico é, que ficasse apenas com ele, à vista de que a posição do principal órgão da saúde tem por base estudos científicos e isso é fato, não competindo a mais ninguém tentar contestar ou mostrar o contrário, quanto mais sem se dispor de nada para comprovar em contrário, salvo os casos de cura colacionados, que são irrelevantes perante a ciência, que se baseia em estudos precisamente com pessoas.  

O presidente brasileiro demonstrou insensibilidade e desprezo às vacinas, chegando a dizer que era contra a obrigatoriedade da vacinação, em dissonância com os demais os governos mundiais, que fizeram o máximo possível para a proteção de seus povos contra a Covid-19.

Em termos de discussão política, não é muito provável que não tenha pertinência a afirmação do presidente do país de que o Brasil corria o risco de virar um país socialista ou comunista, precisamente por falta de parâmetros, em forma de fatos concretos ou até mesmo de indícios, eis que nunca, em especial nos últimos tempos, até mesmo quando ele foi governado por partido socialista, houve esse risco.

A verdade é que o Brasil sempre esteve sob a égide da normalidade democrática, com os auspícios da Constituição Federal, promulgada no final de 1988, quando, a partir de então, o país tem as suas instituições constituídas legalmente funcionando normalmente e sem nunca ter passado por qualquer abalo ou ameaça nesse sentido, em que pese o atual presidente ter tentado, sem sucesso, decretar, recentemente, medidas golpistas, com o apoio do povo, que foi às ruas movimento de protestos, no último dia 7 de setembro, que foram abortadas por falta de respaldo político, quando os principais congressistas o deixaram sozinho no barco que estava prestes a afundar com ele sozinho dentro.

Também inexiste consistência a afirmação do presidente brasileiro de que o governo dele teria recuperado a credibilidade internacional do Brasil, quando os fatos mostram que o isolamento do país tem muito a ver com a política ambiental que contribuiu para a destruição das florestas brasileiras e isso motivou o isolamento do país das grandes nações, cujos líderes, salvo um deles, não quiseram encontro com o brasileiro, ou seja, no momento a credibilidade internacional do país é a pior possível, conforme mostram os fatos, diante das brigas protagonizadas pelo presidente tupiniquim, em passado recente, em face das questões ambientais mundiais.

Esse fato se evidencia em especial porque ninguém no mundo tem interesse em contatá-lo nem o ouve mais, possivelmente em razão da sua postura isolacionista e negacionista, além de sua deliberada posição de privilegiar políticas voltadas para a destruição das nossas florestas, com destaque para a região amazônica, com a finalidade da implantação de injustificáveis projetos referentes à ocupação da região, com a exploração da agricultura rudimentar.

A vergonha do Brasil é acentuada quando o presidente diz que preserva a floresta amazônica, quando é sabido que o Inpe registra, mês após mês, a devastação ambiental na região, a despeito de não haver medidas à altura para combatê-la.

O presidente também disse que as demandas indígenas estão sendo protegidas, quando a maioria dos silvícolas está sendo incomodada com a invasão e a exploração de suas terras, quando é sabido que a luta deles é pela demarcação de suas propriedades, que estão sendo invadidas e tomadas, na marra, por latifundiários, mineradores e exploradores de suas riquezas.

Por fim, o presidente brasileiro chegou a afirmar que as manifestações de Sete de Setembro tiveram como objetivo defender a democracia, quando o seu propósito não era exatamente com essa finalidade, porque a defesa da democracia não deveria inserir a advocacia do fechamento do Supremo Tribunal Federal, inclusive ele aproveitou o ensejo para chamar um ministro da corte de canalha, tendo afirmado que não cumpriria mais as decisões adotadas por ele, em clara aversão ao compromisso de posse, quando jurou cumprir a Constituição e as leis do país, abrangendo também as decisões judiciais, conquanto deixar de cumprir decisão do Supremo implica pisar sobre juramento de posse.

Para que não fiquem dúvidas sobre o comportamento golpista do presidente do país, no discurso do dia 7 de setembro ele anunciou que pretendia reunir o Conselho da República no dia seguinte, naturalmente para tratar de possível decretação de medidas fora das quatro linhas, ou seja, ao arrepio da Constituição, porque, se as medidas pertinentes estivessem em conformidade com o ordenamento jurídico do país, não precisaria do aconselhamento do mencionado órgão especial.

O certo mesmo é que o presidente, não tendo apoio para a decretação das medidas golpistas, preferiu acolher sugestão para a assinatura de “Declaração à Nação”, onde ficava ali evidenciada a sua transformação de leão em gatinho, que jurava se comportar em estrito respeito à liturgia do cargo presidencial, exatamente por ter sido obrigado a perceber que ele tinha ido longe de mais com suas injustificáveis e inúteis agressões a ministros e à própria corte, que, por pouco, não penalizada com os arroubos do presidente sempre descontrolado e impulsivo.

O presidente do país prometia fazer o que o povo quisesse, mas terminou mudando de ideia, evidentemente para o bem do Brasil, embora tivesse ocorrido que ele não teve coragem nem dignidade para explicar, que é do seu dever como homem público, para quem lhe deu carta branca para agir, os reais motivos da sua surpreendente mansuetude, tendo ficando muito feio para ele, que seria mais elegante se ele tivesse dito que foi obrigado a mudar o seu comportamento porque poderia perder o cargo e ainda correr o risco de ficar preso.

A ideia que ficou e todos imaginavam assim era a de que a referida singela declaração era realmente para valer, que fosse contribuir para mudar o comportamento do mandatário brasileiro, mas uma vez mais vem ele aparecer no principal palco da ONU, para demonstrar que não é da sua índole mudança radical, à vista do seu sentimento negacionista, que tem dificuldade de encarar a real cátedra de estadista, com a sensibilidade de tratar os assuntos sob a ótica somente do interesse público, em plano da verdade, sem necessidade de agredir nem criticar ninguém, exatamente porque isso não faz parte das suas funções presidenciais.

O presidente brasileiro se comportou como verdadeiro candidato a cargo político, ao afirmar, no principal palco político do mundo, o seu desejo de apresentar o Brasil diferente somente dele e de seus seguidores, como se existisse outro Brasil de seus adversários que somente pode existir em campanha eleitoral, quando há declarados oponentes ao mesmo cargo, o que não é o caso, em se tratando de pessoa que representa o país em evento especial de abertura de trabalho, onde se exige o mais alto nível de seriedade no tratamento dos assuntos, com embargo dos ressentimentos políticos, porque isso só mostra o nível do mandatário, que não se incomoda de mostrar as mazelas internas para o mundo.

Afinal, o presidente brasileiro se apresentou ao plenário da ONU não como o verdadeiro estadista, aquele que tem apenas o compromisso de mostrar a verdadeira grandeza do Brasil, com os seus valores representativos do seu povo, que vem se esforçando para contribuir para o seu progresso, sem nada que sequer patenteasse uma nação esgarçada por ferrenha disputa política e brigas com a imprensa, conforme ele achou de suma importância que a roupa suja fosse mostrada no palco da ONU.

Ficou ali a evidência do nível da principal autoridade do país, que, diante da relevância dos ouvintes do discurso, certamente que mereciam, no mínimo, ser poupados de tamanho vexame, principalmente porque é sabido que, em todas as nações há igualmente sujeira, mas ela e lavada no próprio país, sem necessidade da sua disseminação pelo mundo, como fez o mandatário brasileiro, por certo, por achar que isso pega bem para autoridade do seu quilate, cujo ato pode ser definido como vergonha internacional.

Por último é de se lamentar profundamente que apaixonados apoiadores do presidente da República tenham se vangloriado exatamente porque ele se apresentou no mais importante cenário mundial da ONU para mandar recados duros, grosseiros, desaforados e até mesmo verdadeiros e necessários, mas o uso dessa tribuna ganha relevo justamente para a produção de efeitos contrários àqueles, no qual o estadista competente e inteligente aproveita o ensejo para a elevação e a relevância dos salutares princípios diplomáticos, onde, muitas vezes, ele é aplaudido de pé e demoradamente, em razão de ter discursado em alto nível, na devida elegância à altura da importância que precisa ser atribuída ao evento da maior expressividade mundial.

          Brasília, em 24 de setembro de 2021