segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Abuso do poder econômico

 

O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba houve por bem cassar a chapa vitoriosa no último pleito eleitoral para prefeito do município de Taperoá, à vista do resultado de Ação de Investigação judicial Eleitoral, tendo por base acusação de compra de votos, que, na forma da legislação eleitoral, caracteriza abuso do poder econômico.

Com base nessa respeitável decisão, o mencionado tribunal vai determinar nova eleição indireta, a ser escrutinada pelos vereadores, no município, para a escolha do novo prefeito, que terá mandato até 31 de dezembro do corrente ano.

O prefeito e seu vice podem recorrer da decisão em causa ao Tribunal Superior Eleitoral, o que, em tese, pode impedir a realização da nova eleição e os integrantes da chapa que infringiu a legislação eleitoral poderá tranquilamente terminar o mandato de quatro anos, em clara demonstração de que, nesse caso, o crime compensa, ante o reconhecimento do abuso do poder econômico no processo eleitoral, mas, até aqui, tudo funcionou como se nada tivesse havido de anormal.

O que se passa nos meandros do presente episódio, por sua especificidade, certamente jamais deveria ocorrer nas piores republiquetas, quando se sabe que o pedido de impugnação da chapa agora cassada teria sido formulado tão logo foi concluído o processo eleitoral, quando a chapa supostamente prejudicada impetrou recurso ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, objetivando, pasmem, impedir a posse dos candidatos eleitos, diante da alegação do crime de abuso do poder econômico.

É evidente que o recurso de que se trata mostrava que os candidatos da chapa vitoriosa usaram expediente viciado e irregular, incompatível com os saudáveis padrões civilizatórios e republicanos, tornando inaceitável a investidura deles em cargos públicos eletivos e esse ato espúrio acaba de ser confirmado por meio da decisão em apreço, que reconhece, finalmente, a ilicitude denunciada na origem.

Ou seja, o recurso que tinha por finalidade se evitar que aproveitadores  e criminosos assumissem o governo do município, praticamente, não surtiu o efeito pretendido, poque eles ficaram no cargo 44 dos 48 meses do mandato, salvo ainda se o Tribunal Superior Eleitoral conceder liminar suspendendo os efeitos da decisão do TRE-PB, quando eles poderão completar tranquilamente o resto do mandado.

Nesse caso, o remédio buscado por meio do recurso, destinado à impugnação da posse em causa, se mostrou absolutamente inócuo, cujo efeito foi extremamente prejudicial ao aperfeiçoamento dos trabalhos de incumbência constitucional da Justiça Eleitoral, mostrando que a morosidade nas suas decisões sobre recursos referentes a fatos irregulares ocorridos nas eleições contribuiu para sanar a falha somente quase no final do mandato ilegítimo, ante a demonstração de visível desinteresse em julgar tempestivamente as denúncias sobre casos suspeitos de graves e insanáveis irregularidades.

O caso em comento deixa a precisa impressão de que ter tribunal específico para julgamento de casos que tais seria bem melhor que nem existisse órgão nesse sentido, porque valeria mais a pena ficar sem ele, ante a substancial economia dos recursos jogados pelos ralos da incompetência, os quais poderiam ser destinados para outras finalidades em atendimento de necessidades públicas e certamente a Justiça comum poderia supri-lo com muita mais vantagem, em termos de agilidade.

No presente caso, o TRE-PB reconhece, implicitamente, que os candidatos eleitos da chapa cassada, por irregularidade insanável, praticaram atos administrativos irregulares por quase quatro anos, o que poderia ter sido evitado se houvesse mecanismo que obrigasse a agilidade do julgamento, ficando suspensa a posse deles enquanto não houvesse a solução do ato impugnatório.

Ou seja, diante da denúncia sobre a suspeita do emprego criminoso da compra de votos, que caracteriza abuso do poder econômico condenado pela legislação eleitoral, não poderia haver a posse dos candidatos sob a suspeita da prática de irregularidade, que precisava sim ser apurada imediatamente e com urgência, com a celeridade suficiente para se permitir o julgamento definitivo do caso, não se permitindo a posse deles enquanto não houvesse o deslinde da questão.

Enfim, o presente caso só confirma que as sistemáticas de trabalho e julgamento dos tribunais brasileiros, em especial o que cuida dos processos eleitorais, precisam passam por completa reformulação e reestruturação, de modo que as suas decisões passem a corresponder exatamente às finalidades para as quais eles foram institucionalizados, em harmonia com o atendimento do interesse público,

É preciso se compreender que não faz o menor sentido que processo de denúncia de grave irregularidade eleitoral, a exemplo desse em referência, fique pendente de solução por quase quatro anos, já na proximidade da posse do novo governo municipal, porque isso não condiz precisamente com o espírito da legislação eleitoral, que deve versar precipuamente sobre a necessidade do prévio saneamento das falhas processuais antes da posse dos eleitos.

Brasília, em 31 de agosto de 2020  

domingo, 30 de agosto de 2020

EM DEFESA DA DIGNIDADE DE UIRAÚNA

 

Na crônica intitulada “Apelo aos candidatos e ao povo de Uiraúna”, fiz apelo aos candidatos aos cargos eletivos dessa cidade, no sentido de se comprometerem, publicamente, no empenhamento da aprovação do importantíssimo título de herói e heroína, que tem por objetivo a valorização histórico-cultural tanto da cidade como do seu povo.

No mesmo sentido formulei pedido especialmente ao povo de Uiraúna, para que, apelando ao amor às tradições, à cultura, ao civismo e ao engrandecimento da própria cidade, defenda junto aos candidatos o comprometimento com a aprovação da aludida medida, permitindo o reconhecimento do precioso legado deixado pelas pessoas que honraram, dignificaram  e amaram verdadeiramente os princípios humanitários e cristãos, em devotamento voluntário às causas do seu semelhante.         

Por se tratar de proposição importante para o conceito cultural e tradicional do povo e da cidade, muitas pessoas se manifestaram em apoio à medida em tela, como no caso do conterrânea cidadão Roberto Fernandes.

A sua mensagem foi escrita nos seguintes termos: Acompanho, Adalmir, seu interesse pela nossa querida cidade da Uiraúna. Enceta campanha de mobilização para promover o bem da população. Por isso, faço-lhe uma proposta de acordar Uiraúna para o fato do esvaziamento do município, relativamente, à assistência judiciária. A comarca de Uiraúna tem, aproximadamente, 60 anos de instalação. Os membros do judiciário aportavam à cidade valores como autoridade, contribuição cultural e educacional, tornando-se professores e o Dr. Gentil um dos juízes, dos idos de 1960, criou o ginásio professor Afonso Pereira. Hoje, a cidade encontra-se despojada de um dos poderes, o judiciário. O que justifica isso, esse distanciamento dos prestadores de um serviço essencial à coletividade? Que mudança radical! Podemos pensar nas razões que levaram a tal decisão pelos burocratas desse poder. Os juízes e procuradores, atuais, são garotos acostumados nas capitais, que não suportam uma cidade do interior, por incapacidade de com ela interagir e o corporativismo os leva a se protegerem, criando feudos judiciários nas cidades maiores. Então, conclui -se que se está criando uma casta privilegiada, que cuida de seus interesses próprios em desfavor da prestação pronta e eficiente de serviço indispensável. Assim, há de se conclamar as forças vivas da cidade para reverter tal desprestígio, menosprezo e quase humilhação. Os poderes se falam quando interessa. Juntem-se as lideranças do município, com deputados estaduais, federais e, também, senadores e governador do Estado para um esforço de reversão desse ato de tamanha infelicidade. É o que proponho.”.

Quanto é lastimável a decadência referente à evaporação da assistência judiciária ao povo de Uiraúna, a tal ponto escandalosa que atingiu o ápice do escracho e da desmoralização para as autoridades públicas que têm a incumbência constitucional de cuidar, zelar e defender os interesses do município, em princípio os homens públicos que foram eleitos precisamente para representar o povo em grau máximo e em todos os sentidos, 

Cabe a essas legítimas autoridades dizerem à população, evidentemente por dever cívico e moral, antes de se prepararem na busca do precioso voto, para se eleger ou se reeleger, o que cada qual fez ou deixou de fazer, em termos de fidelidade ao seu dever de representante legal do povo, no sentido do estrebuchamento, em forma de inconformismo contra o fazimento e a transformação do município de Uiraúna em reles instância desprezível e abandonada da Justiça, sem a menor importância, quando a sua jurisdição deixou ter sede no próprio município, com a retirada da voz e da dignidade próprias, em termos de autonomia e cidadania.

Há clara e transparente demonstração de que tudo acontece nas barbas das autoridades constituídas da cidade e fica tudo por isso mesmo - se é que, nessas condições, se possa chamar-se de autoridades no sentido de representante legal do povo -, à vista da existência de homens públicos que se calam, se omitem e ainda permitem tamanha esculhambação, sem esboçar disposição alguma, em termos de reação para a briga em defesa da honra e da dignidade de seu povo, cada vez mais desprestigiado e desconsiderado.

Prezado senhor Roberto Fernandes, endosso as suas precisas palavras sobre tema que é essencial para a dignidade de Uiraúna, no que diz respeito, em especial, à assistência judiciária, que atualmente é inexistente, o que bem demonstra o descaso não só por parte do poder Judiciário, mas sim, em destaque, das autoridades públicas da cidade, em especial a classe política dominante de longa data, que nada fizeram nem possivelmente fazem para dignificar a cidade, em termos de lutar e defender seus interesses.

Sei que até posso ser mal interpretado nesse e noutros casos que me coloco em defesa do povo de Uiraúna, mas isso não vai ao caso, poque falo sobre fatos que são verdadeiramente incontestáveis, cuja culpa pela ruína é tanto dos homens públicos quanto do próprio povo, sendo que este tem maior parcela de responsabilidade, que tem originária competência para escolher seus representantes, a quem se delega o poder para guerrear em nome do povo.

Cabe frisar que são os representantes políticos que têm a incumbência legal de defender os interesses maiores tanto da cidade como da população, só que o resultado desse processo, à luz dos fatos, tem sido o pior e o mais atrapalhado possíveis, à vista dos péssimos resultados contabilizados nos últimos tempos, conforme mostram as manchetes do noticiário sobre Uiraúna, que têm sido bastante desagradáveis, sobressaindo assuntos como falta de água, improbidade administrativa, desinstalação da Comarca e outras que jamais deveriam ser objeto de notícia e muito menos em âmbito nacional.

À vista da evolução natural dos tempos, esperava-se que o município estivesse em nível de desenvolvimento satisfatório, diante da nobreza e do sentimento de esperança do seu povo, que tem se esforçado bastante para a melhoria cultural, educacional e econômica, com tantas pessoas alcançando níveis superiores de graduação escolar e de expansão no comércio, o que bem demonstra o progresso da cidade.

O mesmo sentimento de progresso parece não acompanhar no setor político, onde grupo de dominação se apoderou da chave da cidade, evidentemente com o consentimento da população, que certamente se satisfaz com essa forma de predominância político-administrativa, em que somente a ala do poder político-social entende normal que é exatamente assim que Uiraúna deva ser administrada, cada vez mais distanciada dos padrões ideais de cidade sob a normalidade administrativa, em que a comunidade precisa se sentir satisfeita com a qualidade da prestação dos serviços públicos essenciais que tem direito, em termos de plena cidadania.

Na realidade, muitos dos fatos nefastos que aconteceram em Uiraúna têm o condão de contribuir para que os uiraunenses, aqueles que verdadeiramente amam a sua cidade, possam refletir profundamente sobre a necessidade ou não de mudanças radicais na atual estrutura de governabilidade, posto que, à vista dos péssimos exemplos recentes, a tendência natural é a continuidade do que está aí, ou simplesmente a piora da administração, porque os fatos mostram a degradação do direito à cidadania, com destaque, por óbvio, no que se refere à falta da atuação da Justiça na cidade, salvo se há recurso em defesa da normalidade dos serviços na jurisdição de Uiraúna.

Enfim, não se pode olvidar que há importante provérbio popular que diz que o povo tem o governo que merece, evidentemente na presunção de que ele foi escolhido pelo povo, embora considerada a maioria de votos, mas, na democracia, sempre prevalece a vontade de metade mais um e que esse unzinho seja o fiel da balança, nas próximas eleições para o cargo majoritário da cidade.

Ou seja, a escolha é feita por aqueles que estão felizes com a gestão do município, não importado possíveis reverses, porque é o povo que precisa avaliar o seu grau de satisfação pela maneira como vem ele sendo administrado ou se seria o caso de mudança, que poderia vir acompanhada das exigências para a nova maneira de governo.

 Aproveitando o ensejo, ouso indagar ao povo de Uiraúna: se ele merece ser governado na maneira como vem sucedendo, em que há sim representação política, mas a cidade se perde no abandono, à vista do exemplo recente, com o sumiço dos órgãos da Justiça e ninguém se incomoda, salvo em esporádico pronunciamento, aqui e ali, quando é preciso brigar junto aos tribunais, por meio de recursos efetivos e indignados, exigindo respeito e dignidade ao povo de Uiraúna?

Na minha modesta concepção, com base na experiência, tenho entendimento segundo o qual, por mais competente que seja o governo, é sempre salutar que haja constante mudança de gestão, como forma de possibilitar a renovação das práticas político-administrativas, em benefício da oxigenação de ideias novas, normalmente com chances de a alternância de poder se traduzir em diferente e profícuo gerenciamento dos negócios do município, se assim for a vontade da população, que precisa eleger as suas prioridades para serem exigidas dos candidatos.

Na proximidade da eleição para os quadros da representação política da cidade, acolhendo o fiel e acertado pensamento do nobre conterrâneo Roberto Fernandes, concito os uiraunenses a exigirem dos candidatos compromissos de luta em defesa da recomposição dos órgãos do poder Judiciário em Uiraúna, de modo que as lideranças políticas reconheçam que a cidade foi desprestigiada nessa área.

É preciso se reconhecer, até sem muita dificuldade, que esse processo depreciativo da cidade vem contando com a inadmissível condescendência das autoridades constituídas, que se acomodaram, se calaram, conquanto a culpa pesa sobre seus ombros, certamente em maior parcela, cabe ao povo a obrigação da cobrança para a luta em defesa de seus interesses, porque o seu silêncio pode ser entendido tacitamente como aceitação da degeneração político-administrativa da cidade.

 Esse estado intolerável de insignificância precisa ser revertido o quanto antes, por meio de medidas capazes de mostrar a importância dos serviços judiciários ao povo do município, os quais jamais voltarão se nada for providenciado nesse sentido, pelos filhos que amam verdadeiramente a sua terra natal, que precisam ter firme consciência sobre a necessidade de se resgatar a dignidade de Uiraúna, de modo que o seu prestígio possa ser restabelecido, como forma de justificar a confiança do povo aos homens públicos, no sentido de que sejam eleitos aqueles que também se comprometam com a honra dos cargos para os quais tenham sido eleitos.   

Enfim, como filho de Uiraúna que torce intensamente para o bem de seu povo, embora não tendo direito ao voto no município, nada impede que eu faça apelo a ele para que reflita com profundidade sobre a melhor maneira de governança para cidade, de modo que ela possa satisfazer aos interesses exclusivamente da população e da cidade, com embargo das formas de gratidão pessoal que comumente vem acontecendo nos pleitos eleitorais, porque, no caso, estão em jogo o interesse público, que é bem diferente da retribuição de bondades.

          Brasília, em 30 de agosto de 2020

O sentido maior do bem

 

Como forma de cortesia, eu enviei ao doutor Francisco Orniudo Fernandes, para conhecimento, a crônica intitulada “Carinho ao povo de Uiraúna”, em razão de o assunto versar sobre as pessoas dele e do seu saudoso pai, o celebrado cidadão uiraunense Francisco Euclides Fernandes.

Logo em seguida, recebi importante mensagem do doutor Orniudo, vazada nestes termos: “Bom dia, Adalmir. A você e o nosso estimado cronista Xavier Fernandes, eu não adjetivos para expressar tanta generosidade e gratidão pelas homenagens prestadas e divulgadas. Xavier, além de cronista, que tem a grande qualidade de resgatar a história de Uiraúna e seus benfeitores é um exímio multiinstrumentista herança do inesquecível e ilustre amante das artes, seu pai Ariosvaldo Fernandes. Ariosvaldo foi um homem multiprofissional, exímio alfaiate, músico e apaixonado pela  sétima arte. Ele difundiu o cinema em Uiraúna(PB), Luiz Gomes e Paraná (RN). Foi também um grande benfeitor da cidade. Xavier é um ser humano abnegado e dedicado, apoiando e conduzindo os pacientes encaminhados de nossa cidade para serem atendidos e internados nos diversos hospitais da capital; sobretudo, o Hospital Napoleão Laureano  onde trabalhei 13 anos na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Xavier é uma figura simples, humilde e competente, genética de seu Joãozinho, dona Ubaldina, Ariosvaldo e Zeneide. Abraços”.

Sem demora, eu respondi a tão amável mensagem, dizendo exatamente que  endossava, doutor Orniudo, as suas palavras sobre o nobre conterrâneo mestre Xavier Fernandes, como pessoa inteligente e generosa, que tem prestado relevantes serviços em benefício do povo de Uiraúna, com destaque para os aspectos humanitários, sociais, literários e culturais.

Realmente, não é novidade alguma que venha sendo implementado pelo eminente mestre Xavier Fernandes esse lindo sentimento de solidariedade e amor ao próximo, precisamente em  razão da sua requintada e pura genética, da mais refinada sensibilidade humana, nas pessoas de seus saudosos avós, Seu Joãozinho e dona Ubaldina, e pais, maestro Ariosvaldo Fernandes e dona Zeneide (esta ainda muito amada, nos braços e no amor de seus familiares), ícones de Uiraúna e exemplos maiores de sociabilidade e amor ao seu semelhante, à vista de seus legados em benefício da sua geração, cujas obras são notórias e marcantes na história de nossa terra.

Rogo a Deus que o nosso ilustre, sapiente e generoso, mestre Xavier Fernandes continue a nos brindar com importantes obras beneficentes de cunho humanitário, cultural e literário, que têm sido a sua espontânea maneira de demonstrar o seu amor ao povo de Uiraúna e de honrar a grandeza histórica de seus antecedentes familiares.

Com o meu abraço.

Sinto-me muito honrado em puder enaltecer, em pinceladas, um pouco de tantas qualidades de nobreza desse imponente e ilustre filho de Uiraúna, o professor Xavier Fernandes, que tem dignificado a sua origem, com bons exemplos de magnanimidade e sabedoria, por meio de importantes e vastas obras, que são reconhecidas por seus conterrâneos como sendo merecedoras de aplausos, que são a única maneira que se mostra capaz do agradecimento que brota espontaneamente dos corações das pessoas.

Muito obrigado mestre Xavier Fernandes, por sua demonstração de amor ao próximo e contribuição à cultura, na certeza de que a sabedoria de Deus também agradece por sua voluntariedade em servir no sentido maior do bem.

Brasília, em 30 de agosto de 2020

sábado, 29 de agosto de 2020

Amor ao povo de Uiraúna!

 

O neto do cidadão honorífico de Uiraúna, Paraíba, conhecido por Francisco Euclides Fernandes, fez linda homenagem ao avô quando ele completaria 100 anos de idade, ao lembrar essa data especial, como forma de carinho a alguém realmente especial e inesquecível.

O historiador e escritor Xavier Fernandes aproveitou o ensejo e escreveu importante texto, descrevendo a biografia espetacular desse importante conterrâneo para a história cívico-cultural dessa cidade, mostrando o quanto ele foi fantástico, tendo deixado memorável legado para a nossa terra natal, com o que eu concordei e escrevi algumas mensagens em solidariedade aos textos tratando desse tema.

Em razão do que foi dito na crônica original, o historiador Xavier Fernandes escreveu, depois, texto complementar, contando com a colaboração recebida especialmente do doutor Francisco Orniudo Fernandes, onde ele revela mais detalhes importantes sobre a história maravilhosa desses nobres filhos de Uiraúna: Francisco Euclides e doutor Orniudo.

Foi aí quando eu aproveitei, mais uma vez, para parabenizar o historiador e mestre Xavier Fernandes, por mostrar, com muita sapiência e competência, a exuberância do curriculum vitae de grandes e ilustres filhos de Uiraúna, a exemplo do patriarca Francisco Euclides e do seu filho, o doutor Francisco Orniudo, este renomado e respeitado médico, com vasto trabalho médico-científico produzido em benefício da ciência e da humanidade, que merecem o reconhecimento e a eterna veneração de seus conterrâneos, como forma de gratidão pelo importante legado de ambos.

Em agradecimento às minhas palavras, o mestre Xavier Fernandes disse, verbis: “Obrigado pela força e estímulo. Fico lisonjeado quando vejo suas análises e comentários Sobre os textos que escrevo. É assim como um aval e a bênção do Mestre. Fico alegre e feliz. Agradeço de coração, é motivo de alegria. Pois o ilustríssimo conterrâneo tem gabarito e Experiência qualificada para fazer avaliações especiais e gratificantes e até generosas para comigo, pelas quais me sinto envaidecido e orgulhoso. Muito obrigado Querido Amigo pelo prestígio e consideração. Um forte abraço!”.

Em resposta à aludida mensagem de carinho, eu disse ao querido mestre Xavier Fernandes que é sempre com muito prazer que escrevo mensagem acerca de seus textos, porque eles versam sobre o carinho e o amor que você devota ao povo e aos fatos de Uiraúna e isso precisa merecer o estímulo dos conterrâneos, para que você se encoraje cada vez mais e amiudadamente a escrever sobre eles, mostrando a sua rica e valiosa história.

          Brasília, em 29 de agosto de 2020  

O horror do religioso

 

O padre da paróquia São João Batista da localidade de Visconde do Rio Branco, em Minas Gerais, inconformado com a ausência da comunidade na sua igreja, desejou, durante a missa dominial, a morte aos fiéis que não frequentavam a eucaristia por causa da pandemia de Covid-19, sendo o suficiente para gerar controvérsia e repúdio contra a atitude dele, nas redes sociais. 

Segundo o entendimento do pároco, os fiéis que não estão no grupo de risco e optam por não voltar à igreja até haver uma vacina, deviam "morrer antes" que esta chegue à população.

O padre proferiu a estúpida  e recriminável mensagem, verbis: "A gente vai vendo quem realmente ama a eucaristia. Tem alguns católicos que têm saúde e tudo e dizem: 'Só vou na igreja quando tiver a vacina'. Tomara que não apareça vacina para essas pessoas. Que morram antes da vacina chegar". 

Diante da indignação e perplexidade da população, o padre, dois dias depois da sua leviandade, emitiu manifesto pedindo de desculpas à sua freguesia, tendo dito que se tratou de "um comentário infeliz" e, ao mesmo tempo, fez apelo ao perdão.

Na verdade, na forma ingênua, impensada e irracional como o padre tratou os fiéis, não tem como ser perdoado senão por Deus, diante da extrema insensatez e desumana com que ele desrespeitou os cristãos, que estão deixando de ir às igrejas não por vontade própria, mas sim por força das circunstâncias, em rigorosa observância às orientações prudenciais das autoridades da saúde pública, no sentido de que o isolamento social é a maneira preventiva de melhor maneira para se combater a disseminação do temível coronavírus.

A rudeza e a maldade do religioso contrariam frontalmente as regras preventivas oficiais para se evitar aglomerações, que foram identificadas como facilitadoras da disseminação do Covid-19, que já demonstrou que é vírus tenebroso e perverso, que aproveita a aproximação das pessoas para mostrar o seu real  poder de contaminação.    

Por outro prisma, a insensata agressividade do padre mostra que ele se distanciou dos princípios do Evangelho de Jesus Cristo, que tem como essência a defesa e a preservação da vida, em qualquer circunstância, quanto mais em momento excepcional como este da pandemia, em que é imperioso que seja mantido o isolamento das pessoas, independentemente de ideologia, religião ou outras formas filosóficas de pensamento.

À toda evidência o religioso não agiu com racionalidade nem muito menos como sacerdote, que tem como primazia orientar as pessoas a serem cuidadosas com as medidas de preservação da vida, como forma de consolidação do amor à vida e às coisas de Deus, porque quanto mais saúde se tem mais o apego às graças divinas.

É possível se perceber que o religioso, a um só tempo, cometeu dois pecados gravíssimos, quando propugnou por que as pessoas “morram antes da vacina chegar” e que, por mais alarmante, “não apareça vacina”, sendo que esse remédio pode servir até para salvar a vida dele contra a Covid-19 e do resto da humanidade, fato este que demonstra o quanto o religioso não faz a menor ideia dos perigos que podem surgir com a volta às aglomerações em igrejas , clubes, escolas, estádios, bares e, enfim, em locais que propiciem aproximação entre as pessoas.

Por fim, não basta somente o religioso simplesmente dizer que foi infeliz e pedir indulto, diante do princípio secular e fundamental de que o perdão implica prévia demonstração de arrependimento pelas palavras insanas, maldosas e desumanas proferidas por ele, em absoluta evidência de desprezo à vida dos fiéis que frequentam a igreja sob os cuidados dele, que, de resto, o seu recriminável pensamento se estende à humanidade, pelo desejo de que a vacina nem apareça, tamanha a sua maldade.  

Em síntese, vê-se que o religioso demonstrou total e escancarado desamor no coração perante os fiéis da sua paróquia, ao desejar o pior dos mundos para eles, que, como filhos de Deus merecem viver com as graças divinas, inclusive com a proteção das ansiadas vacinas, porque certamente essa é a verdadeira vontade do Criador, que toda a humanidade viva em perfeita harmonia e compreensão entre as pessoas, em especial com o usufruto da saúde no corpo e da felicidade no coração.          

          Brasília, em 29 de agosto de 2020  

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

"Matar" de inveja?

               Recebi na minha caixa “Menssenger” um vídeo que mostra o ex-presidente da República petista sendo homenageado com a entrega de alguns importantes títulos de Doutor Honoris Causa, por diversas universidades de renome da Europa e da América do Sul.

Junto com o aludido vídeo tem a seguinte mensagem, in verbis: “Lula é o brasileiro com mais diplomas de Doutor Honoris Causa PRA MATAR DE INVEJA: Relembre alguns dos títulos de Doutor Honoris Causa conferido a Lula por importantes universidades do mundo. O melhor presidente do Brasil também é o brasileiro com maior número de prêmios e honrarias.”.

À toda evidência, o citado vídeo tem por finalidade chamar a atenção para fatos importantes ocorridos na vida do político, a par de fazer promoção da imagem dele, ao abordar algo que é realmente fabuloso como feito extraordinário para quem tem poucos estudos e conseguiu ser homenageado pelas principais universidades do mundo, com a concessão de títulos honoríficos, em razão do seu notável trabalho em defesa do social, o que, por certo, o faz merecedor das importantes láureas.

A outra evidência, por mera ilação, é que os autores dessa vídeo pensam iguaiszinhos

Esse contexto poderia ser bastante interessante, com o propósito  também para se relembrar, que, no mesmo vídeo, constasse a desagradável história desse grande brasileiro, que surpreendeu e envergonhou o mundo.

O mesmo colecionador de importantes títulos foi envolvido em rumorosos casos policiais, pertinentes à improbidade administrativa, por decorrência do seu arrolamento no tenebroso episódio do petrolão, que consiste propriamente em complexa operação criminosa de desvio de bilhões de reais dos cofres da Petrobras, cujos atos irregulares não foram assumidos por ninguém, embora não haja a menor dúvida de que eles ocorreram no curso do governo dele e os brasileiros não têm a orgulho algum dos horrorosos fatos delituosos.

Normalmente quando se pretende “matar” as pessoas de inveja, convém que não se mostre somente os grandes feitos do homenageado, porque elas certamente têm interesse em conhecer também tudo sobre o completo currículo do agraciado, como nesse caso proposital do petrolão.

 É sempre muito estranha a omissão a esse notório episódio, ignorado pelas pessoas que adoram “matar” alguém de inveja, embora esse caso tenha importância fundamental para compreender se não seria o caso de se “matar” de vergonha, pelo fato de que a mesma pessoa que foi alvo de extrema valorização com a conquista maravilhosa de tantas e magníficas láureas internacionais também foi capaz de se envolver em casos indignos de polícia, já tendo sido condenado à prisão, diante da incapacidade de provar a própria inculpabilidade com relação aos fatos denunciados, em que pese a invejável coleção internacional de títulos de Doutor Honoris Causa.

Não se conhece exatamente como é o comportamento conceitual, em termos de princípios cultuados pelas universidades que concederam títulos ao brasileiro, diante dos conceitos da moralidade e da dignidade atribuídas aos seus títulos de Doutor Honoris Causa, conquanto, à luz da decência e da valorização, especificamente sob o aspecto da credibilidade, impunha-se que elas promovessem reavaliação ética, se já não a fizeram, quanto à imperiosa necessidade da suspensos dos títulos pertinentes, até que os laureados condenados à prisão consigam provar a sua inocência.

Isso condiz com a forma de respeito aos demais laureados, que devem se sentir horrorizados na companhia de pessoa sob penosas condições de suspeita de desvio de conduta ética e moral, enquanto atuante na vida pública, assim decretado pela Justiça brasileira, com base em fatos que estão em plena validade para criminais e penais.  

Enfim, o que adianta ser colecionador de importantes títulos internacionais concedidos por renomadas universidades, as mais relevantes que sejam, e não se conseguir provar a sua inocência em dois processos criminais, nos quais já foi condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sendo que, em um dos quais, já houve a condenação até na terceira instância, ou seja, no Superior Tribunal de Justiça?

O que adianta a pessoa ser tão laureada e ainda responder, como réu na Justiça brasileira, a outros seis processos, todos pertinentes à denúncia da prática de crimes relacionados à improbidade administrativa?

Seria bem melhor para o homem público que ele não colecionasse condecoração alguma, mesmo que fossem as mais singelas do mundo, mas sim tivesse a consciência tranquila de não ter envolvimento algum com a Justiça do seu país, sob a certeza de que a sua vida pública é respaldada por atos absolutamente imaculados e ainda pudesse se apresentar à sociedade, em qualquer local e em qualquer momento, com as mãos limpas, merecendo o respeito e o carinho da população.

Há de se convir de que nenhum dos títulos honorários de Doutor Honoris Causa foi concedido ao político depois do seu arrolamento pela Justiça, o que vale dizer que o seu envolvimento com as denúncias referentes à prática de aos suspeitos de irregulares pode ter contribuído para que ele não fosse mais laureado, em que pese aqueles atos em defesa do social permanecerem em plena validade, a justificar os citados títulos.

Espero que o Brasil se orgulhe dos títulos de seu filho homenageado por universidades destacadas do mundo, mas somente quando ele tiver a grandeza de provar a sua inocência em todos os processos nos quais é acusado, denunciado e julgado como no deplorável sinete de criminoso, que não condiz em nada com os títulos recebidos por ele, ainda quando se encontrava na glória, embora os cofres da Petrobras, em especial, já eram saqueados no governo chefiado por ele, conforme mostram as investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato.

O que impressiona bastante são as pessoas apenas conseguirem a proeza de enxergar as qualidades em alguém, o que é natural, mas, por dever de justiça, por qual razão elas também não verem os erros, os desvios de comportamento, quando estes têm a sublime condição de provar a real nobreza da pessoa, em termos de submissão aos princípios da moralidade e fidelidade à melhor conduta de cidadania?

Afirmo que nada tenho contra essas pessoas que amam os títulos honoríficos e desprezam os deslizes na vida pública, como se estes fossem realmente desprezíveis e irrelevantes mesmo, porque cada qual é dono da sua consciência, mas seria muito mais convincente se essas pessoas exigissem que os acusados, denunciados e condenados à prisão provassem, primeiro, a sua inocência, para depois merecerem os devidos aplausos, tanto mais por terem provado que sempre agiram sob o manto da licitude, na vida pública.

À vista das robustas provas materiais constantes dos autos, enquanto elas não forem infirmadas, de preferência pelo próprio interessado, para dar peso e importância ao fato em si, cai por terra toda importância dos títulos conquistados, diante da imputação da prática de atos indignos com capacidade de extrema degeneração do que pode ter existido no passado, enquanto estes não forem extirpados de quem colecionava capaz de “matar” de inveja seus opositores.        

É preciso ficar claro que a presunção de inocência somente tem validade quando for validada, declarada pela Justiça, não tendo o menor cabimento que as pessoas assim entendam, por contra própria, sob o respaldo, normalmente, em razão da melhor governabilidade ou de a pessoa ser a melhor da face da Terra, em menosprezo aos atos suspeitos de irregulares, os quais não têm o condão de abonar os atos de desacerto, em razão do que consta dos processos criminais que estão em curso e com plena validade, que não podem ser ignorados por mais boa vontade que seja e muito menos por mera piedade.

É de se lamentar profundamente ter que se pensar diferentemente de muitos brasileiros, que, infelizmente, não conseguem enxergar a realidade sobre os fatos, diante do entendimento segundo qual o verdadeiro homem público é aquele que precisa caminhar sobre a linha reta e nunca ser acusado de absolutamente nada, mas se o for, deve, em respeito aos princípios da ética, da dignidade, da moralidade e da honorabilidade, se afastar da vida pública e somente retornar a ela depois de obter o certificado de nada consta de quem de direito e que, na sua ficha corrida, não haja nada que macule a sua conduta na vida pública.

Pensar dessa maneira é como deva agir o verdadeiro cidadão que cultua os princípios e as condutas que possam contribuir para a pureza das atividades políticas, em estrita sintonia com os conceitos e regramentos republicano e democrático.            

          Brasília, em 27 de agosto de 2020

À mulher de César...

 

Integrantes da cúpula do Palácio do Planalto,  em especial os principais assessores presidenciais, querem blindar o presidente da República do mais novo capítulo da crise envolvendo o policial militar aposentado, amigo do presidente e ex-assessor de um de seus filhos.

Assessores do presidente admitem que a estratégia adotada desde que esse imbróglio veio à tona agora tem interpretação mais complicada, já que envolve a primeira-dama brasileira, que vive com o presidente no Palácio da Alvorada.

Os assessores compartilharam e discutiram a reportagem da revista Crusoé, que revelou que a quebra do sigilo bancário do ex-assessor de seu filho revela novos empréstimos do amigo do presidente à sua esposa, em valores que precisam ser esclarecidos à opinião pública.

É curioso que os auxiliares palacianos monitoram as reações e se disseram na expectativa de como o presidente irá reagir ao ser confrontado por jornalistas.

Conforme foi publicado pela revista Crusoé, os elementos constantes dos extratos do assessor  contrariam a versão apresentada até aqui pelo presidente do país, uma vez que, as transações feitas por ele eram no sentido de que haveria repasses que somavam o valor de R$ 24 mil, para a mulher do presidente.

Na ocasião, o presidente do país disse que o ex-assessor repassou à sua esposa dez cheques no valor individual de R$ 4.000, para a quitação do valor de R$ 40 mil que tinha com ele, mas, estranhamente, essa dívida nunca foi declarada junto ao Fisco, e que os recursos foram para a conta de sua mulher em razão de "não ter tempo de sair".

Segundo a revista Crusoé, os cheques em questão foram depositados na conta da primeira-dama, no total de R$ 72 mil e não de R$ 24 mil, até então revelados pelo presidente, que também são diferentes do valor de R$ 40 mil, que teria sido o total da dívida.

De acordo com levantamento da regista Crusoé, pelo menos 21 cheques foram depositados pelo assessor na conta da primeira-dama, no perde 2011 a 2018.

A quebra de sigilo bancário do assessor teve acesso à sua movimentação financeira, no período de 2007 a 2018, período em que não há depósitos do presidente do país na conta do ex-assessor, a comprovem o possível empréstimo alegado.

O jornal Folha de S.Paulo confirmou as informações obtidas pela revista Crusoé, tendo  apurado ainda que a mulher do assessor também depositou pelo menos quatro cheques na conta da primeira-dama brasileira, em 2011, no valor total de R$ 11 mil.

Em síntese, os repasses ocorreram em dois períodos, de 2011 a 2013, com os depósitos do assessor e da sua mulher, no valor de R$ 40 mil, por meio de cheques à primeira-dama, enquanto,  em 2016, foram outros nove cheques, no valor de R$ 4.000 cada.

Acerca dessas novas e gravíssimas acusações, o Palácio do Planalto se mantém em completo silêncio, tendo contribuído seriamente para que o presidente fique cada vez mais explosivo quando alguém questiona sobre assunto que exige que ele preste os devidos esclarecimentos à sociedade, à vista de se tratar da transparência dos atos envolvendo a pessoa dele e a da sua família, a exemplo a primeira-dama.

O homem público, não importa o cargo ocupado por ele, precisa demonstrar plena transparência sobre seus atos, na vida pública e qualquer suspeita de ato inquinado de irregularidade precisa ser imediata e prontamente esclarecida, sob pena de se admitir que ela é verdadeira, fato este que não condiz com a figura de estadista de verdade.

Nesse caso nebuloso da esposa do presidente do país, não resta a menor dúvida de que é preciso que os fatos sejam imediatamente esclarecidos, tendo em vista que não é nada normal que alguém deposite, de maneira continuada, dinheiro na conta de alguém sem que não haja motivação plausível para isso, segundo a tradição da ética e da moralidade, como forma de preservação dos valores ínsitos da dignidade da cidadania, de modo a justificar a regularidade das transações, à luz dos comezinhos princípios da legalidade e da transparência.  

Diante da relevância do assunto, convém que o presidente do país tenha sensibilidade suficiente para que não é caso de se delegar a seus assessores a incumbência de prestar os devidos esclarecimentos sobre a verdade que precisa urgentemente vir a público, tendo em vista que se trata de grave acusação envolvendo família dele, em caso particular anterior ao atual mandato, cujo fato se reporta a possível irregularidade da maior gravidade, que diz respeito à suspeita do recebimento de dinheiro cujas origem e destinação precisam ser devidamente justificadas, à luz da verdade e da regularidade.

Não tem o menor cabimento que o presidente da nação espere que seus auxiliares encontrem motivos para justificar fatos extraídos de documentos bancários, dando conta de transações efetivamente concretizados, que exigem a maior transparência possível, sob pena de serem aceitos como sem a devida explicação, o que é bastante grave, para quem se vangloria de ser o suprassumo da honestidade, enquanto os extratos autênticos evidenciam que a primeira-dama pode ter participado de esquema ilegal.

O presente episódio suscita a invocação de fato histórico famosíssimo, ocorrido em 62 a.C., em que a primeira-dama de então, de nome Pompeia, esposa de César, pontífice máximo, o sumo-sacerdote da religião estatal romana, realizou, no palácio pontifício, festival em homenagem a Bona Dea (boa deusa), com restrição à participação de homem, mas o jovem Públio Pulcro conseguiu entrar no local da festa, disfarçado de mulher, que foi pego e processado por sacrilégio.

Como César não apresentou evidência sobre o crime contra Públio, ele foi inocentado, mas, mesmo assim, o pontífice se divorciou da esposa, sob o argumento de que: "minha esposa não deve estar nem sob suspeita".

A célebre frase deu origem ao igualmente famoso provérbio, cujo texto tem sido usado por grandes intelectuais, que diz o seguinte: "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

O presidente da República precisa, com a máxima urgência, vir a público para esclarecer, de maneira minudente, os fatos relacionados com a presente acusação, sob pena de ser considerado conivente e cúmplice com atos nada republicanos, eis que os fatos envolvendo a primeira-dama colocam o seu esposo em situação de responsabilidade solidária, à luz do ordenamento jurídico pátrio, o que pode comprometer seriamente a dignidade da figura do presidente do país, quando ele se esquiva a demonstrar a regularidade dos fatos questionados.       

          Brasília, em 28 de agosto de 2020 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Insensibilidade

            O presidente da República, que fez  ameaça a jornalista após ser questionado sobre depósitos em dinheiro não justificados na conta bancária da primeira-dama, afirmou, no outro dia, ser perseguido por uma empresa das comunicações. 

O presidente usou as redes sociais para denunciar supostas ligações dessa empresa com um doleiro preso e condenado no âmbito da Operação Lava-Jato, ou seja, ele trata de assunto absolutamente estranho à indagação suscitada pelo repórter da emissora, possivelmente na tentativa de mostrar que quem tem “rabo preso” não poderia cumprir o seu dever de informar, conforme mostram os fatos a seguir.

O presidente do país afirmou que "O sistema (...) está me perseguindo há pelo menos 10 anos sem provar nada" e que aguarda "explicações da família (...)",  que é dona da referida empresa sobre denúncias feitas pelo citado doleiro, condenado a 13 anos de prisão, na semana passada, por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

O presidente se referia à reportagem publicada pela revista Veja sobre acordo de colaboração judicial firmado pelo citado doleiro, ainda mantido em sigilo judicial, no qual ele teria dito que realizou operações irregulares de câmbio para a família dona daquela empresa.

Não obstante, a própria revista Veja já esclareceu que o doleiro não apresentou qualquer prova sobre suposto negócio com os donos daquela empresa, os quais também negaram, de maneira veemente, por meio de suas redes de comunicação, qualquer relação com o doleiro.

A referida informação vem à tona um dia após o presidente ter se irritado publicamente com repórter da aludida empresa, por ele ter perguntado sobre possível escândalo que envolve a sua mulher, quando ele teria dito, verbis: "A vontade que tenho é de encher a sua boca de porrada".

Conforme denúncias publicadas nos últimos dias, nos meios de comunicação social, no sentido de que ex-assessor da família do presidente teria feito, no período de 2011 e 2016, cerca de 20 depósitos na conta da primeira-dama, no exato valor total de R$ 89 mil.

A verdade é que essa briga entre o presidente do país e a imprensa e recorrente, desde que ele assumiu o poder, em janeiro de 2019, e têm como alvo, em particular, a referida empresa, quando, vez por outra, se ela recrudesce de maneira exagerada, como no caso em voga.

À toda evidência, as querelas que, de maneira visivelmente ingênuas, inconsequentes e irresponsáveis, que o presidente da República insiste em manter nas entranhas do governo e que a todo instante são avivadas e discutidas de forma incivilizada publicamente remontam há muito tempo e dizem respeito exclusivamente à questão pessoal referente à possível perseguição pessoal, segundo a afirmação alegado por ele.

É terrivelmente lamentável o mandatário da nação ficar brigando, vez por outra, em público, tendo por enfoque questão pessoal que tem repercussão direta na imagem do Brasil, porquanto o seu comando fica sob a responsabilidade de quem ignora os princípios comezinhos que divisam o público do privado, ou seja, as questões particulares precisam ser separadas dos elevados interesses da nacionalidade, como forma de preservação da dignidade das coisas do Estado.

Quanto aos esclarecimentos sobre possível irregularidade na transação financeira entre o ex-assessor familiar e a primeira-dama, isso sim tem a ver com os interesses da transparência, no sentido de que compete ao presidente da República dizer à opinião pública, à sociedade, e provar a licitude dos depósitos feitos na conta dela, quando há forte suspeita de que o dinheiro provém de fonte não fidedigna, ou seja, tendo como origem arrecadação de fundo constituído pelo espúrio sistema da “Rachadinha”.

Nas nações com o mínimo de seriedade e evolução, em termos políticos e democráticos, o governante tem sim dever de prestar contas sobre a regularidade de seus atos e os da sua família, a exemplo da sua esposa, à vista da unificação patrimonial, que tem visibilidade perante a sociedade, em termos de transparência e legitimidade patrimonial.

Ou seja, é dever do governante esclarecer os fatos relacionados com a sua pessoa ou pessoa da sua intimidade familiar, como maneira civilizada de mostrar que não existe nada que possa macular a sua dignidade como homem público.

Ao contrário disso, ao invés de procurar esclarecer educadamente os fatos, como fazem os verdadeiros homens públicos, exatamente no âmbito do dever de cidadania, o presidente brasileiro prefere agredir o profissional da imprensa e ainda fazer acusação sobre fato que não tem a menor pertinência com a pergunta do repórter, tudo a conspirar contra os seus interesses, por causar muito mais embaraço e transtorno à elucidação dos fatos colocados em discussão.

A verdade é que, havendo regularidade na transação financeira em questionamento, tudo se resolveria pacificamente com a devida e precisa informação sobre os fatos, porque é exatamente assim o entendimento entre pessoas civilizadas, sem necessidade alguma de retaliações nem acusações intempestivas e fora do contexto sobre o cerne da questão.

Não há a menor dúvida de que a verdadeira estupidez nasce e tem fonte precisamente na pessoa do presidente do país, porque o assunto questionado diz respeito à pessoa da esposa dele e tudo não passaria da normalidade se ele tivesse se dignado a responder de forma educada e civilizada à indagação do repórter, se pertinente ou não, que não interessa ao caso, porque a ele sim compete responder na forma do melhor e do mais elevado padrão de elegância e cortesia, à vista da sua relevância como principal representante da nação, diante da sua obrigação de prestar informação sobre fatos relacionados à sua pessoa ou à pessoa da sua intimidade, que é o caso da esposa.

Por seu turno, a acusação sobre a atividade do doleiro soa como deselegância e tentativa de intimidação da maior estupidez por parte de homem público, por ter sido invocado episódio completamente dissonante do cerne da pergunta do repórter, que diz com depósitos suspeitos de dinheiro na conta da primeira-dama, que não foi respondida prontamente, como é do dever moral dele, que preferiu incursionar em assunto do maior equivoco, como se ele fosse capaz de justificar alguma coisa em prol da causa que permanece na pendência de esclarecimentos e isso é bastante desagradável para a imagem do presidente do país.  

De qualquer modo, não é de bom tom que o presidente da República fique fazendo acusações nas redes sociais, com alusão direta sobre quem demonstra ter forte animosidade, mesmo que a acusação de que se trate seja verdadeira, porque isso em nada pode servir para o seu aproveitamento, como forma de aliviar o peso da suspeita de irregularidade com relação aos depósitos de dinheiro feitos na conta bancária da sua esposa, eis que os fatos objeto da denúncia sobre a mencionada empresa somente interessam à Justiça, que tem competência constitucional e legal para julgá-los, independentemente da lembrança sobre a existência deles.   

Enfim, o presidente da República perde excelente oportunidade para esclarecer à nação fato que é sim do seu dever mostrar e provar a devida regularidade, para o próprio bem da imagem do seu governo, que ganharia em credibilidade com os oportunos esclarecimentos sobre a questão suscitada pelo profissional da imprensa, que apenas cumpria o seu dever de ofício, em sintonia normal com a prática de levar informação à sociedade, em especial, no caso, fato que já era objeto de notícia, que envolve a pessoa da primeira-dama e, por via de consequência, à do próprio mandatário brasileiro.         

          Brasília, em 25 de agosto de 2020  

Adeus a Ditinho Minervino


É com o coração contristado que recebo a notícia da despedida definitiva do irmão Ditinho, que nos conhecemos nesta coluna do Facebook.

Ele sempre muito lúcido nas suas colocações e opiniões, que as defendia com puro ardor, sempre demonstrando ardente amor à pátria, que queria o melhor para ela.

Perdi um amigo que, vez por outra, entrava na briga em minha defesa, quando eu precisava do braço protetor e ali ele aparecia para escrever em apoio ao meu texto.

Fico muito triste sim, porque eu imaginava conhecê-lo pessoalmente, quando eu fosse a Uiraúna, para abraçá-lo com o carinho que ele merecia, mas Deus quis que ele partisse ainda cedo demais, certamente para cuidar de parte do jardim do céu, aproveitando a sua experiência acumulada há bastante tempo, no cuidado de suas plantas, que ele se orgulhava de, vez em quando, em nos mostrar, todo feliz.

Lembro-me que ele queria comprar um livro meu, mas eu disse que ele ia ganhar o livro que ele queria.

Dias depois, mandei para ele dois livros, sendo que um foi aquele que eu fiz importante homenagem ao sempre querido Grupo Escolar Jovelina Gomes.

Por meio do Facebook, ele me agradeceu e me disse que não acreditava que eu mandaria nenhum, quanto mais dois livros.

Rogo a Deus que acolha no seu reino celeste a alma do querido amigo Ditinho, que eu teria tido muito prazer em conhecê-lo pessoalmente, para conversarmos longamente.

Peço a Deus que conforte os familiares de Ditinho Minervino, para quem eu transmito o meu abraço de solidariedade neste momento de intensa dor.

Brasília, em 25 de agosto de 2020 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Pecado capital

           Segundo reportagem que circula na imprensa, a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que administra o Santuário Basílica de Trindade, tem o formato de “uma grande empresa”, à vista do resultado de investigações do Ministério Público sobre as movimentações financeiras da entidade.

Embora o principal envolvido, que é padre, se comprometeu em provar que não houve crime, há denúncia sobre o possível desvio pela referida associação do valor de R$ 120 milhões, dinheiro com origem em doações de fiéis, que destinaram à compra de casa em praia, fazendas e outros tantos investimentos altos e estranhos às atividades daquela associação.

As investigações apontaram que algumas empresas com as quais a Afipe negociava tinham os mesmos sócios e funcionavam no mesmo endereço e que, em dez anos, houve a movimentação financeira do valor de R$ 2 bilhões, cujo dinheiro teria sido usado, entre outras finalidades, para a construção da nova Basílica, orçada, inicialmente, em 2012, no valor de R$ 100 milhões, mas as obras ainda se encontram na fase de fundação, com previsão de conclusão para 2026, no custo total de R$1,3 bilhão.

Os promotores afirmam que o dinheiro não foi usado somente na citada construção, porque “As contas bancárias da Afipe foram usadas para comprar fazendas, residências em condomínio fechado, apartamentos em São Paulo, em Goiânia, fazendas em todo Brasil, mineração. A Afipe, hoje, é uma grande empresa. Ela tem o argumento religioso, mas ela se converteu em uma grande empresa do estado de Goiás, que explora inúmeras atividades, agropecuária, mineração. Ela compra inúmeros imóveis e vende inúmeros imóveis”.

Entre os bens sob sub suspeitas foram elencados pelo Ministério Público uma fazenda, no valor de R$ 6 milhões, em Abadiânia, e uma casa de praia na Bahia, no valor de R$ 2 milhões.

Os advogados do padre negam irregularidades na aplicação do dinheiro referentes às doações de fiéis, que atinge o montante mensal de aproximadamente R$ 20 milhões, e que os investimentos em outras áreas eram forma de aumentar os lucros da igreja e ainda expandir as obras sociais.

Eles também afirmaram que, “Para que nós possamos chegar a essa evangelização do maior e do melhor modo possível, nós precisávamos de investimentos. Esses investimentos nunca foram exclusivamente em conta corrente. Muitos deles são em atividades, negócios que existem e todo seu rendimento é aplicado nas atividades fins da Afipe”.

Na decisão que autorizou as buscas e apreensões e o sequestro de bens dentro da operação, consta que a KD Administradoras de Bens teria sido beneficiada por pagamento de dezenas de imóveis de propriedades da Afipe, “e que em todas as transações foram evidentes os prejuízos suportados pelas associações”.

Os promotores citam, a título de exemplo de negócios suspeitos a operação envolvendo um imóvel que a Afipe deu como forma de pagamento à KD, avaliado pelo valor de R$ 1,35 milhão, mas, para fins fiscais, o valor dele foi de R$ 2 milhões e, depois de dois meses desse negócio, o mesmo bem foi hipotecado pelo valor de R$ 7,35 milhões.

Em outra negociação, a Afipe comprou uma fazenda pelo valor de R$ 6,8 milhões e, três anos depois, ela foi vendida pelo mesmo valor, para uma empresa do grupo suspeito de participar dos esquemas de desvio de dinheiro da igreja.

Em vídeo publicado em sua rede social, o padre se defendeu das acusações, tendo afirmando que, in verbis: “Sempre estive e continuo à disposição do Ministério Público. Por isso, esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que seja confirmado que toda doação que fazemos ao Pai Eterno - terços rezados, o dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregado na evangelização - foi toda, repito, toda empregada na própria associação Afipe em favor da evangelização”.

Na decisão sobre o caso, a juíza decretou, verbis: “Forte nesses elementos, os Promotores de Justiça sustentaram a existência de indícios da prática de crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores pelos investigados. Os elementos informativos coletados indicam que as doações feitas por fiéis de todo o país para o custeio das atividades da Afipe e para o pagamento das obras e projetos de cunho social da mencionada associação, na verdade, estariam sendo utilizadas para finalidades espúrias”.

Nesse episódio, há fortes indícios de que o gigantesco patrimônio formado pela igreja, com provável movimentação financeira de dois bilhões de reais, algo extraordinariamente fantástica, considerando que se trata de patrimônio proveniente de doações e fiéis, que foram certamente iludidos e enganados na sua boa-fé, foi desviado por grupo de criminosos, que se aproveitaram das facilidades propiciadas pela fartura de dinheiro, que pode sim ter saído do controle do padre, talvez não por intenção de desviar recursos, mas por experiência no manejo de muito dinheiro.

Afora os rendimentos resultantes dos investimentos do patrimônio da Afipe, a arrecadação mensal atingia, pasmem, o montante de vinte milhões de reais e todo esses valores eram confiados a empresas que transacionavam com a associação comandada pelo padre, que parece ter sido levado pela amizade e confiança, as quais, ao que evidenciam as investigações não correspondiam na mesma lealdade demonstrada pelo padre, vindo resultar em gigantescos rombos nas contas da Afipe, conforme mostram as investigações.     

Os fatos mostram, com muita robusteza, que são notórios os prejuízos causados à igreja e não se pode afastar, em hipótese alguma, a culpa do religioso, que era o principal controlador do dinheiro que existia em quantidade extraordinária, mas ele não se cansava de pedir mais ajuda dos fiéis, nos programas de rádio e televisão que participava.

À toda evidência, trata-se de religioso sem coração caridoso, porque todo autêntico religioso tem coração bondoso que somente cabe o amor de Jesus Cristo e este jamais se coadunaria com casa de luxo e muito menos com roubalheira de dinheiro de tão expressivo montante, porque a igreja foi transformada em enorme e fabulosa empresa comercial, com negócios impressionantes envolvendo mineração, fazendas, agropecuária, ramo imobiliário e outras transações milionárias, sob a administração da Santa Igreja Católica, que tem por princípio o Evangelho de Jesus Cristo, que, em vida, somente pregou o amor à pobreza.

Fica a lição de que esse padre foi longe de mais com negócios mirabolantes, à luz da simplicidade secular que norteia a existência da igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, tendo se perdido completamente na montanha de tanto dinheiro, que jamais poderia existir com esse exuberância que ultrapassou todos os níveis de controle, à vista do patrimônio de bilhões de reais, que ultrapassam soberbamente às necessidade para a sua destinação, qual seja a construção da catedral.

Não há a menor dúvida de que esse padre precisaria retornar ao seminário, para ser apresentado novamente ao verdadeiro Evangelho de Nosso Senhor de Jesus Cristo, que tem como princípio essencial o respeito sagrado às coisas alheias, uma vez que fica muito claro que ele cometeu abusos em continuar arrecadando e pedindo mais dinheiro aos fiéis, quando a igreja já tinha tanto dinheiro que ele nem conseguia mais controlar, à vista do que foi apurado.

Para a verdadeira Igreja Católica, qualquer desvio de recursos já constitui pecado gravíssimo, mas a considerável apropriação indébita de 60 milhões de reais, logo oriundos de doações de ingênuos fiéis da igreja, certamente na maioria gente pobre da comunidade, isso não tem enquadramento nos mandamentos da igreja, porque é simplesmente imperdoável, cujo castigo, de tão grave ato, é a perda da batina, com a proibição da celebração de qualquer sacramento da Santa Apostólica Romana Igreja Católica, que precisa punir com severidade todos aqueles que são seduzidos pela malignidade do demônio, ao crescer a mão desregrada sobre o que não lhe pertence.

Ainda como forma de reparação dessa gravíssimo gesto de desprezo aos sagrados mandamentos de Deus, todos os valores desviados precisam retornam às origens, para que eles possam ter a serventia para a qual houve a doação e recebimento, tudo de boa-fé por parte dos fiéis.

Normalmente, os religiosos de verdade fazem votos, espécie de juramento de pobreza, em estrita harmonia com os princípios instituídos pelo criador da Igreja Católica, que basicamente tem por finalidade o arraigado apego à conduta segundo a qual sem o respeito à honestidade não há salvação para alma e muito menos para o corpo, porque vai ser preciso o pagamento de dívida gigantesca perante a sociedade, que normalmente tem como sede o Código Penal.

À vista de muitas preces em apoio e solidariedade ao famoso padre, é até compreensível que ele seja poderoso na fé e na religiosidade, mas os fatos investigados demonstram, de maneira indiscutível, que ele foi omisso, descuidado e irresponsável com o controle do dinheiro oriundo dos fiéis, os filhos de Deus, para quem ele foi desonesto em conseguir tirar deles recursos suficientes para esbanjamentos, desperdícios, enriquecimentos ilícitos, luxúrias e outros tantos e graves pecados condenadas pela Igreja Católica, que tem por pregação importantes lições de muita humildade e respeito aos filhos de Deus, ao contrário do que cultuava o padre acusado, que simplesmente nadava de braçada em dinheiro extraído da pobreza, que é a base do povo de Deus.

          Brasília, em  de agosto de 2020

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O sentimento de sensatez?

 

 

Depois de tantos abusos e de provocações aos poderes Legislativo e Judiciário, entremeados com ameaças bem ao estilo de intimidação de que “somente eu tenho o poder”, de repente o presidente da República, se transforma em verdadeiro agente da pacificação, mostrando a outra face bem diferente, com a estampa da paz e do amor, sem que isso tenha alguma garantia de perenidade.

Acredita-se que, para a mudança tão sensível como essa, o presidente deva ter sido alertado e orientado, com bastante ênfase, em tom de muita dureza, por parte de alguém centrado e com sentimento aguçado de sensatez e maturidade política, possuidor de senso crítico bem experimentado e acima do padrão daqueles que o vinham conduzindo no caminho da estupidez, em termos político-constitucionais.

O novo conselheiro do presidente demonstra ter enxergado, com muita nitidez, o grave perigo pela maneira perigosa, desastrada, precipitada e temerosa como ele vinha se conduzindo, ao se preparar fortemente para a guerra sem razão, que parecia iminente, à vista do entrincheirando e do armamento de grosso calibre que ele usava nas suas entrevistas, tendo dito para apoiadores que já se aproximava o desfecho do seu tresloucado ataque contra aqueles considerados seus inimigos.

Ainda bem  que, em bom momento, apareceu o generoso Deus para iluminar a mente e a consciência perturbadas do presidente, para afastar dele a maneira estranha usada normalmente sob o enfoque de sentimento de puras beligerância, arrogância, intolerância, como se ele fosse os únicos poder e autoridade sobre tudo e todos.

Trata-se de importante estratégia de mudança operada em boa hora, com troca da pseudo-opulência pelo educado e civilizado silêncio obsequioso, passando a demonstrar tolerância e compreensão, no tom próprio de estadista moderno, moderado, inteligente e acima de tudo consciente dos limites da sua verdadeira autoridade, porque é esse o único caminho que o mandatário tem para se concentrar nos graves problemas enfrentados pelo seu governo, em especial pela pandemia do coronavírus, para quem ele fez explícita questão de mostrar completo desprezo, em forma de atos de rebeldia, à vista das atitudes irreverentes às normas e orientações emanadas do próprio governo, que não foram escondidas de ninguém.

Ao que tudo indica, o homem que se comportava como se o Brasil fosse todinho patrimônio seu, completamente seguro de suas ações, no alto do poder que considerava absoluto, por talvez se julgar ter a sustentação dos generais e por impulsiva meia dúzia de apoiadores das ruas, parece que ele se acordou do seu sonho que vinha alimentando de plena dominação e pode ter compreendido, enfim, a verdadeira realidade dos fatos, no sentido de que, das duas, uma, ou ele se tornaria soberano, no trono da plena dominação, ou seria defenestrado do governo, sem direito a sequer estrebuchar, à vista dos exagerados e tresloucados descontroles emocionais e insensatos.

É bem possível que o presidente pode ter ouvido o canto mavioso dos quartéis, no sentido de que já era chegado o momento seguro e ideal para descer o tom e ensarilhar as armas, na busca providencial, prudente e inteligente do armistício, posto que ele já havia ultrapassado o limite da tolerância, tendo invadido terreno movediço e perigoso, no âmbito da civilidade assim compreendida na seara da democracia e da República, em que pese ele ter se comprometido a defender a ordem pública e o fiel cumprimento do regramento jurídico pátrio, diferentemente de suas atitudes muito mais de confronto com o monstruoso inimigo imaginado por ele.

Tanto isso é grande verdade que, a partir do momento em que o presidente se silenciou, se acalmou e passou a cuidar somente das suas obrigações constitucionais, evitando confrontos, o ambiente se transformou em verdadeira bonança, sem nenhum sobressalto no horizonte, justamente porque era ele próprio que nutria a situação de antagonismo, para quais objetivos não é ainda possível se vislumbrar, tamanha a estranheza do quadro de instabilidade político-administrativo reinante.  

O certo é que os brasileiros, cônscios de suas responsabilidades cívica, patriótica e democrática, já demonstravam espanto e perplexidade diante do alarmante descontrole emocional do presidente, que sempre se apresentava completamente obcecado por suas voluptuosas agressões e ameaças a integrantes de outros poderes e jornalistas, em completa dissonância com os princípios republicanos que precisam prevalecer nas relações harmônicas entre os poderes constitucionais da República e os cidadãos.

É bem possível que o presidente dos brasileiros percebeu, enfim, que a sua atitude de anormalidade comportamental não tinha apoio da maioria da sociedade, a par de resultado de pesquisa realizada por um jornal, mostrando que 75% dos entrevistados preferem a democracia; 52% não aprovam presença fardada no poder político e a maioria absoluta abomina ímpetos golpistas antidemocráticos.

Não há a menor dúvida de que o presidente do país percebeu, de repente, que precisava urgentemente se transformar em bonzinho, se amansar e controlar a sua língua badalar, baixar a bola e, enfim, cair na realidade nua e crua, porque a situação começava a azedar perigosamente contra ele, com a gravidade maior da perda de apoio da sociedade e, por via de consequência, correr sério risco de perder o cargo e a glória antes do término do seu mandato, precisamente em razão da nítida e intolerável insanidade, completamente incompatível com o exercício do principal cargo da República.

É de constatar que os inconciliáveis estragos que vinham sendo causados ao sentimento democrático não afetavam exclusivamente o ambiente nacional, com o afastamento proposital dos demais poderes da República, em grau de máxima hostilidade, mas também era notório o reflexo da atitude presidencial na comunidade internacional, sob risco de afastamento do Brasil até mesmo dos governantes que ainda mantêm saudáveis e normais relações diplomáticas, em clima de estreita cordialidade.

Os brasileiros anseiam por que o presidente da República dê continuidade, sob rigorosa obsequiosidade, de seu comportamento maravilhoso demonstrado nos últimos tempos, em harmonia com a conscientização sobre a imperiosa necessidade de exercer o mandato em perfeita sincronização com a liturgia do Palácio do Planalto, cumprindo exclusivamente a agenda estabelecida na forma da Constituição do Brasil, com o devido respeito à autonomia e à independência dos outros poderes da República e aos cidadãos.

          Brasília, em 24 de agosto de 2020