quinta-feira, 31 de março de 2016

E o juramento do "Pai da Medicina"?


Segundo notícia publicada na mídia, uma médica pediatra de Porto Alegre (RS) se recusou a atender criança de um ano e meio de idade, pelo simples fato de, pasmem, ser filha de pai militante do Partido dos Trabalhadores.
A mãe da criança relatou essa triste e absurda, mas dura e real, situação em que a política agora interfere nas relações que deveriam se restringir tão somente no âmbito do atendimento médico-paciente, estritamente no que diz respeito aos princípios fundamentais de civilidade e humanidade, como forma de contribuir para os seus aprimoramento e aperfeiçoamento, com o emprego dos ensinamentos dos importantes recursos da medicina.
Segundo a mãe da criança, “Na semana passada, no auge dos ataques contra o presidente Lula (após nomeação para ministro da Casa Civil e divulgação dos grampos) fui surpreendida por uma mensagem da pediatra do meu filho a dizer que estava declinando de maneira irrevogável de atender o Francisco por eu ser petista”. Ela acrescentou que a médica era pediatra de seu filho “desde que ele nasceu”. 
A mensagem enviada pela médica à mãe da criança foi vazada nestes termos: “Bom dia Ariane. Estou neste instante declinando em caráter irrevogável da condição de pediatra de Francisco. Tu e teu esposo fazem parte do Partido dos Trabalhadores (ele do PSOL) e depois de todos os acontecimentos da semana e culminando com o de ontem, onde houve escárnio e deboche do Lula ao vivo e a cores, para todos verem (representante maior do teu partido), eu estou sem a mínima condição de ser pediatra do teu filho. Poderia inventar desculpas, te atender de mau humor, mas prefiro a HONESTIDADE que sempre pautou minha vida particular e pessoal.  Se quiser posso fazer um breve relatório do prontuário dele para tu levar a outro pediatra. Gostaria que não insistisse em marcar consultas mais. Estou profundamente abalada, decepcionada e não posso de forma nenhuma passar por cima dos meus princípios. Porto Alegre tem muitos pediatras bons. Estarás bem acompanhada. Espero que compreendas”.
No entendimento do presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, manifestado em entrevista ao site Pragmatismo Político, a conduta da médica foi “absolutamente ética”, porque a pediatra não tem que se arrepender de sua atitude, mas sim de “se orgulhar, porque agiu de maneira ética e honesta”.  
Diante dos fatos que causaram enorme polêmica, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul decidiu que vai abrir sindicância, na forma do seu Estatuto, para investigar a denúncia em apreço.
Em princípio, o presidente do sindicado em apreço faltou com a ética profissional, por se antecipar à conclusão da sindicância, ao dizer que se trata de atitude ética da médica, que até pode ser sob o ponto de vista dele, em lamentável defesa explícita do corporativismo, que também é censurável, mas, certamente, não será da opinião das pessoas sensatas e de bom senso, que não podem concordar que, em pleno século XXI, um profissional da mais relevante área de utilidade pública possa recusar a prática do seu mister, sob o desprezível e inominável argumento de que antipatiza o sentimento ideológico dos país do paciente.  
É lamentável que a médica tenha confundido os sentimentos políticos com o puro dever profissional de cuidar da saúde do ser humano, fato que demonstra absoluto desprezo ao seu precioso juramento de médico, segundo o qual nada pode interferir no seu ofício que possa causar, de forma injustificável, a ruptura da sua obrigação de cuidar da saúde das pessoas, sob pena da quebra do compromisso de partilhar seus conhecimentos médicos em prol da preservação e da construção da vida.
A propósito, convém que seja transcrito o juramento que tem sua autoria atribuída ao “Pai da Medicina”, nestes termos: “Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higia e Panacea e por todos os deuses e deusas, a quem conclamo como minhas testemunhas, juro cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”. Hipócrates
A ética médica tem se pautada, há séculos, pelo célebre “Juramento de Hipócrates”, que estabelece, com bastante sabedoria, as bases e os princípios essenciais às atividades da profissão da medicina, onde não se vislumbra a menor possibilidade de seus seguidores recusarem pacientes, ainda que sejam ultrarrelevantes os motivos alegados, sob pena de se contribuir para a completa invalidade dos princípios de extremo sentimento humanitário.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com vistas à consolidação da melhor construção da sua sensibilidade humanitária, de que a saúde e a vida do ser humano estão acima de quaisquer sentimentos ideológicos, porquanto o dever profissional é indiscutivelmente apartidário e não deve se confundir ou ser comparado, por qualquer motivo, com mera preferência ou simpatia pessoal, sob pena de se negar o milenário compromisso hipocrático, que tem sido a viga mestra seguida historicamente pelos profissionais da medicina. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
        Brasília, em 31 de março de 2016

Instabilidades tupiniquins


A presidente brasileira afirmou ter ficado "estarrecida" com trecho do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a economia do país, tendo criticado a parte em que o órgão previu a "continuidade da situação crítica no Brasil".
Tudo isso somente porque o FMI piorou a perspectiva de queda da economia brasileira, em 2016, e informou que não vê mais retomada do crescimento em 2017 – como era previsto pela entidade, em outubro último.
Na realidade, no entendimento do FMI, a piora na economia brasileira irá contribuir como peso muito incômodo sobre a economia mundial, como um todo.
A presidente não se conteve e disse que "Eu fiquei recentemente estarrecida com uma frase que li no relatório do FMI. Nós sabemos que o FMI fala muita coisa. No último relatório dele, avaliando a economia internacional, ele diz que três fatores são muito relevantes no atual cenário e explica as dificuldades que o mundo enfrenta: a diminuição do crescimento da China, instabilidade no Oriente Médio, e o terceiro era a continuidade da situação crítica no Brasil".
A petista estranhou que o FMI tivesse se imiscuído em assuntos pertinentes à instabilidade política e às investigações a cargo da Operação Lava-Jato, quando, no entendimento dela, o fundo deveria analisar apenas a situação da economia, que é a especialidade dele e nunca outros assuntos exclusivamente da administração interna de cada país.
Na avaliação da petista, "Ao que ele (FMI) atribuía a situação crítica do Brasil? Não era da economia, eram duas coisas. Instabilidade política e o fato de as investigações quanto à Petrobras terem prazo de duração maior e mais profundo do que eles esperavam, e que isso seriam os dois principais fatores responsáveis pelo fato de eles terem de rever posição do FMI, em relação ao crescimento da economia no Brasil".
Contrapondo às críticas do FMI, a presidente afirmou que tem certeza de que o Brasil vai alcançar a estabilidade política e terá tranquilidade para retomar o crescimento econômico, tendo afirmado que, "Na democracia, é absolutamente normal que a oposição critique, que qualquer um critique, se manifeste, divirja do que está acontecendo. Isso é normal, mas nós não podemos aceitar que as questões essenciais para o país não sejam objeto de ação conjunta para voltarmos a gerar emprego e renda. Faremos nossa parte".
Em conclusão, a presidente afirmou que "Nós assegurarmos, reformamos para melhorá-los e preservá-los. Vamos voltar a investir no Brasil e vai voltar a crescer. Temos fundamentos sólidos mesmo diante de uma crise. (...) Nós não vamos parar com a inclusão social e não vamos parar de dizer que a educação é uma questão central".
Em que pesem as críticas do FMI terem sido abrangentes e realistas, por que feitas sobre fatos do cotidiano brasileiro, que, no conjunto, têm tudo a ver com o contexto conjuntural, com reflexo no desempenho da economia do Brasil e mundial, a petista não teve a humildade para entendê-las como contribuição ao país por parte de quem realmente tem condições e autoridade para se manifestar com isenção e conhecimento de causa, que, aliás, nem precisa ter muito conhecimento para opinar sobre a situação de extrema penúria e precariedade que se encontra o país tupiniquim, em que muitos fatores estão contribuindo para a regressão do desenvolvimento econômico, principalmente pela degeneração das políticas de governo, que não conseguiram evitar a recessão e suas consequências maléficas para os brasileiros.
Agora, na verdade, não é a presidente que deveria ficar estarrecida com as críticas ponderadas do FMI, que são justas e acertadas sobre o estado deplorável da situação ética, moral, política, econômica e administrativa, mas sim os brasileiros honrados e responsáveis pela manutenção do Estado, que não merecem tanta omissão do governo e falta de iniciativa para combater, com determinação, eficiência e efetividade, as graves crises contribuíram para quebrar, por completo, a economia brasileira.
A presidente ainda fala em recuperação da situação crítica e dramática pela qual ela conduziu, de forma cruel, o Brasil, sem apresentar nenhuma medida capaz de reverter as enormes dificuldades, porque praticamente tudo permanece como sempre, salvo a apresentação de pacote de ajustes fiscal e econômico, tendo no seu bojo medidas para penalizar os já sacrificados brasileiros, a exemplo do aumento de tributos e da recriação da impopular e abominável CPMF, que, se aprovada, irá incidir desde a produção até o consumo, onde todos serão sobrecarregados no bolso, inclusive a pobreza que o governo tanto diz que protege, mas não a poupa quando o assunto diz respeito à tributação, para apenas tapar o rombo das contas públicas, que deveriam ser saneadas com medidas de austeridade, por meio da racionalização e aperfeiçoamento da máquina pública.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com o máximo de urgência, sobre a necessidade de exigir qualificação dos homens públicos no sentido de entenderem que as críticas sobre as dificuldades do país têm a finalidade de contribuir para que o governante seja despertado para a premência de medidas capazes de corrigi-las, por meio de ações efetivas e eficientes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de março de 2016

quarta-feira, 30 de março de 2016

Estupenda irresponsabilidade


O programa político do PT, transmitido há poucos dias, foi recebido com panelaços pelo país afora e acompanhado por protestos em vários estados, em indiscutível evidência da enorme rejeição ao partido que não consegue, nem mesmo na televisão, transmitir a verdade sobre os fatos da vida real, à vista da descarada tentativa de descaracterização da sua realidade.
Como não poderia ser diferente, o programa foi comandado pela estrela maior do partido, que apareceu fazendo o que mais entende, por ter se especializado em jogar a culpa pelos erros seus do partido aos eternos inimigos, à imprensa ou além, deixando de mencionar o que os brasileiros gostariam que ele dissesse sobre as graves suspeitas de corrupção que pesam contra ele, que foram omitidas, obviamente por conveniência política e tentativa de preservação da sua imagem, que vem perdendo o lustre dia após dia.
Enquanto o panelaço rugia ruidosamente país afora, o locutor do comercial petista classificava como "ofensas e acusações de preconceituosos" as diversas investigações contra o ex-presidente da República petista, em especial aquelas que se referem ao tráfico de influência internacional, ao tríplex e ao sítio em nome de sócios de um dos filhos do ex-presidente e sobre as medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo, aprovadas, conforme o Ministério Público, com pagamento de propina.
O locutor disse que "Os que hoje tentam manchar sua história (do ex-presidente) são os mesmos de ontem. Os preconceituosos que nunca aceitaram suas ideias e suas origens. Mas não vão conseguir. As ofensas, as acusações, a privacidade invadida. Tudo isso passa, Lula", dando a entender que o petista não passa de eterno injustiçado, que sequer deveria ser investigado, por se julgar acima de tudo e das leis do país, como se aqui fosse a República das bananas, em que a pessoa endeusada estar acima de qualquer suspeita, mesmo que os fatos mostrem realidade bastante dura contra ele.
Por seu turno, com pose de vítima, o ex-presidente apareceu no programa afirmando que "De um tempo para cá, parece que virou moda falar mal do Brasil. As pessoas que ficam falando em crise, crise, crise, repetem isso todo santo dia e ficam minando a confiança no Brasil. É verdade que erramos, mas acertamos muito mais", dando a entender que ele está no país das maravilhas e não no Brasil, sem crise de espécie alguma, embora a presidente de seu partido se encontra no olho do furacão da pior turbulência causada por ela mesma, com suas desastradas políticas públicas que colocaram o país à beira do gigantesco abismo que representa exatamente o fim de governo completamente incompetente, omisso e ineficiente, sendo responsável por causar enormes prejuízos aos interesses dos brasileiros.
O ex-presidente ainda alegou, de forma demagógica, que há "gente que não gosta de dividir a poltrona do avião" e que prevalece a falta de credibilidade do governo para recuperar a economia, cujas argumentações não passam de estupenda irresponsabilidade, por haver, nesse desabafo, magistral desprezo sobre os seguidos e ruidosos rebaixamentos da nota de crédito do país, com a retirada do conceito de bom pagador, por agências de classificação de risco, além das previsões cada vez mais assustadoras, por que bastante pessimistas, do Banco Central para o país, que tem a economia destroçada graças à incompetência e à má gestão do governo petista, que ainda faz ouvidos moucos para os apelos da sociedade por urgentes reformas e reestruturação dos mecanismos administrativos, que são obsoletos e ultrapassados.
De forma inexplicável, o programa petista também recuperou os argumentos já desgastados durante a última campanha eleitoral, com citação, de forma patética, sobre a crise econômica mundial de 2008, dando a entender que ele somente teria afetado o Brasil, mas isso é mais uma vã tentativa de justificar a fragilidade do desempenho da economia brasileira, que se encontra aos frangalhos.
O certo é que o programa petista se esforçou ao máximo para tentar dizer que seus erros não foram causados por culpa de seus integrantes, mas sim por ação daqueles que não se conformam com sua ascensão ao poder, ou seja, o PT é totalmente incapaz de reconhecer seus próprios erros, como se os bestas dos brasileiros fossem um bando de imbecis que não soubessem distinguir o certo do errado e que não tivessem condições de enxergar a realidade sobre os fatos do cotidiano.
É evidente que os estrondosos panelaços durante os pronunciamentos de petistas deixaram muito claro que as mentiras se repetiram em desculpas esfarrapadas que os brasileiros já não mais acreditam nas argumentações destituídas de conteúdo, conforme mostra a falta de paciência para se ouvir programa político que não oferece o mínimo de aproveitamento, justamente porque as afirmações são forçadas ou antigas e não condizem com a verdade sobre os fatos.
O programa do PT é inequívoca demonstração de perda de tempo, por se colocar no ar algo totalmente inútil, diante da falta de conteúdo e de verdade sobre os fatos da atualidade, principalmente no que diz respeito à degeneração dos princípios da ética e da moralidade, que o partido os ignora por conveniência político-partidária, notadamente aqueles pertinentes aos escândalos do mensalão e do petrolão, que representam tudo de ruim inerente ao partido, que foi capaz de protagonizar os mais graves escândalos de corrupção da história brasileira recente.
Não à toa que o PT vem sendo contestado e repudiado pelos brasileiros, com pleno senso de justiça, diante de seu trágico e nefasto legado de indiscutível destruição dos princípios da administração, ética, moralidade e verdade, que são conceitos fundamentais à construção das nações evoluídas democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de março de 2016

terça-feira, 29 de março de 2016

Criminoso desperdício


A presidente da República foi a São Bernardo (SP), com a clara finalidade de prestigiar o correligionário ex-presidente da República, investigado pela Operação Lava-Jato, cuja força-tarefa promoveu vasculhamento, por ordem judicial, na véspera da ida dela, de recintos, dependências, armários, gavetas de residências e empresas do petista, por força de suspeita do beneficiamento, por parte dele, de recursos desviados por meio de atos ilícitos de corrupção.
Não bastasse a indiscutível afronta ao Poder Judiciário, a atitude da presidente brasileira também menosprezou a dignidade dos brasileiros, com o uso indevido de aparato presidencial, como pessoal, veículos, avião e helicóptero da União, em viagem de natureza estritamente política de interesse visivelmente pessoal.
Diante da demonstração de desperdício de dinheiro público, um partido político decidiu protocolar representação na Procuradoria Geral da República contra a presidente brasileira, sob o argumento da prática de crime de improbidade administrativa, com vistas à investigação sobre a viagem que ela fez àquela cidade, para visitar o ex-presidente, em apoio presidencial, pelo fato de ele ter sido obrigado a comparecer à Polícia Federal, para prestar depoimentos, em face de fortes suspeitas de atos irregulares praticados por ele.
O citado partido apresenta o argumento de que a presidente petista e o então ministro da Casa Civil, que é também do PT, utilizaram recursos públicos para a prática de atividade com finalidade exclusivamente político-partidário, o que não condiz com o princípio da legalidade.
O líder do partido disse que "É inadmissível que uma presidente use o aparato do Estado para fazer uma viagem de solidariedade a uma pessoa que está sendo investigada pela Justiça por crime de corrupção, sob a suspeita de ocultação de patrimônio".
Na opinião dele, a postura da presidente do país incentiva o clima de enfrentamento entre os grupos que apoiam e os que são contra o ex-presidente: "Isso mostra que ela não tem estatura nenhuma para ser presidente da República".
Um deputado do mesmo partido resolveu apresentar requerimento na Câmara dos Deputados, no sentido de que sejam solicitadas informações à Presidência da República e à Casa Civil sobre a viagem em foco, nestes termos:  "Queremos saber por que ela usou o avião e o helicóptero da Presidência para visitar o Lula".
Não deixa de ser forma caricata e esdrúxula a presidente do país se solidarizar com alguém que é investigado com autorização judicial, por suspeita de ter recebido presentes milionários de empreiteiras que formaram cartel na Petrobrás, entre 2004 e 2014, para o fim de desviar dinheiro dela para beneficiar políticos, partidos políticos, empresários, ex-executivos da estatal etc., tudo em dissonância com os princípios da dignidade e da moralidade.
Diante dos questionamentos sobre o uso de bens públicos, pela presidente do país, para a visita em comento, o vice-líder do governo na Câmara ironizou e debochou a ofensiva do citado partido, ao afirmar que "Da próxima vez eu vou sugerir que a presidente visite Lula de jumento, em homenagem a uma parte da oposição brasileira", fato que demonstra afronta ao saudável princípio da economicidade, que deve ser observado em governo sério e responsável. 
Auxiliares da presidente tentaram minimizar a questão e afirmaram que a oposição só quer "fazer barulho", já que eles sabem que, por questão de segurança, qualquer deslocamento da presidente é feito com a estrutura do governo, esquecendo eles que a presidente do país precisa justificar seus deslocamentos para fins do cumprimento de funções relacionadas ao cargo, em estrita necessidade pública, como forma de justificar o aparato disponibilizado para os eventos pertinentes. 
          Por seu turno, causa perplexidade a rapidez como a presidente decidiu visitar seu padrinho político, para prestar-lhe mera solidariedade que poderia ter sido evitada, uma vez que houve uso de dinheiro público para ato absolutamente dispensável, por se tratar de medida de cunho visivelmente particular, bem diferente da tragédia de Mariana, que envolveu calamidade pública, quando milhares de brasileiros ficaram à mercê de efetivas e imediatas ajudas governamentais, mas a presidente passou quase 15 dias para visitar a região atingida pelo lamaçal tóxico, em clara demonstração da falta de prioridades das políticas públicas e da reafirmação da prevalência do regime de "província", onde o interesse particular sobrepõe ao público.
          Sobre o aspecto da economicidade na administração pública, compete, na forma constitucional e legal, aos órgãos de controle externo e de fiscalização verificar a regularidade do uso de bens e dinheiros públicos, pois todo aparato pessoal da comitiva presidencial e das aeronaves foram utilizados em finalidade estritamente particular, em serventia pessoal da presidente da República, que tem o dever constitucional de dar o exemplo de austeridade na aplicação do dinheiro dos contribuintes.
Não há a menor dúvida de que a matéria suscita a premência de os órgãos de controle e fiscalização promover levantamento dos casos em que a mandatária do país se ausentou da capital federal, fazendo indevido uso de bens e recursos públicos para o exclusivo atendimento de necessidades pessoais, a exemplo de sua ida agora a São Paulo, o que implica que os gastos pertinentes precisam ser apurados, ante o atendimento do interesse público, com vistas ao devido ressarcimento dos valores pertinentes às despesas estranhas ao serviço público.
Essa medida se faz necessária tendo em conta que os recursos públicos, por força do ordenamento jurídico, somente devem atender às atividades relacionadas com o interesse da população, devendo ser responsabilizados os agentes públicos que derem causa ao uso indevido e irregular de bens e recursos públicos, como muito bem caracteriza a viagem de solidariedade da presidente do país ao seu padrinho político, que até pode ser justa, no terreno particular, mas ela poderia ter evitado desperdício do dinheiro público, eis que, tratando-se de interesse pessoal, como de fato foi, o correto teria sido ela ter feito uso da aviação da linha comercial, sem o aparato de pessoal, como aviadores, profissionais técnicos, segurança e demais serviços mobilizados para propiciar conforto em viagem estritamente dispensável, em termos de atendimento das finalidades públicas.
O visível esbanjamento do dinheiro público pela presidente contrasta com os escassos recursos para a prestação dos serviços de competência do Estado, permitindo que brasileiros continuem morrendo e padecendo principalmente nos hospitais, por falta de atendimentos dignos, que são negados a eles diante da inexistência de investimentos em serviços públicos de qualidade.
Enquanto isso acontece, sem o menor constrangimento por parte da presidente, logo em seguida a mais esse absurdo, ela deverá implorar aos parlamentares para a urgente aprovação de medidas de arrocho que penalizam a sociedade, a exemplo da absurda recriação da CPMF, com a justificativa totalmente inconsistente e infundada de que o governo não tem mais condições de economizar, conquanto não sabe ela que a eliminação das abusivas e dispensáveis viagens é forma cristalina de economicidade de recursos dos bestas dos contribuintes, cujos recursos poderiam ser investidos em serviços para a população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de março de 2016

segunda-feira, 28 de março de 2016

O trabalho dignificante


Talvez seguindo o magnífico exemplo do relator do famigerado caso do mensalão, que prestou importante trabalho de inovação do Judiciário, ante a inusitada tentativa de se aplicar punição a corruptos de colarinho branco, quando antes isso era quase impossível, ante a prevalência da influência política sobre o sistema de então, eis que surge novo paladino brasileiro que tenta, com determinação, liderança e altruísmo, livrar o país do câncer da corrupção que usurpou os poderes constitucionais e desencadeou violento terremoto político, tendo por base a chamada "República de Curitiba", de onde partem as principais decisões objetivando a moralização da administração pública.
A maior e mais competente operação anticorrupção que já aconteceu no país, sob a batuta de juiz que ganhou fama nacional por comandar com muita competência, coragem e destemor as investigações sobre o bilionário esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, que foi integrada por importantes empresários, executivos e políticos.
Já são contabilizadas mais de cem condenações e dezenas de fases de investigações, apreensões e buscas de documentos e elementos relacionados ao escândalo, tendo passado pelo crivo do juiz a avaliação sobre ex-diretores da petroleira, donos das maiores empreiteiras do país e políticos da maior relevância, inclusive o até então todo-poderoso e intocável ex-presidente da República petista, que protagonizou o maior alvoroço depois de ter sido conduzido, de forma coercitiva, para prestar depoimento à Polícia Federal.
Abismado depois de seu depoimento, o petista esbravejou dizendo "Eu, sinceramente, tô assustado com a República de Curitiba. Porque a partir de um juiz de primeira instância, tudo pode acontecer neste país".
O juiz de Curitiba é doutor e professor universitário, com curso de formação na respeitada Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, sendo considerado "Um magistrado tecnicamente preparado, com uma capacidade de trabalho extraordinária e experiência em processos de grande magnitude".
O atual astro da Operação Lava-Jato tem fascinação por decifrar os caminhos do dinheiro sujo, pois sempre mostrou seu encantamento pela histórica Operação Mani Pulite (mãos limpas), responsável pela desarticulação da complexa e bem organizada rede de corrupção na Itália, que teve atuação na década de noventa.
Quase como vaticínio, o juiz fez esboço, em artigo publicado em 2004, sobre os meandros dessa operação, como se tivesse adiantando a arquitetura e os caminhos para estruturar os trabalhos por meio dos quais o levaria ao mundo da fama, com o seu talento para comandar as estratégias necessárias à obtenção das colaborações premiadas de delatores ou a divulgação de informações à imprensa, como poderosas armas utilizadas para a contabilização de resultados altamente positivos, que ainda estão em pleno curso, com perspectivas ainda para importantes revelações.
Um advogado extremamente insatisfeito com a atuação do juiz pontificou que "Moro instituiu a prisão preventiva como regra, enquanto em qualquer país civilizado é a exceção". Esse fato dá a exata dimensão do tamanho do incômodo que o juiz causa aos investigados, que concordam com a delação premiada, na tentativa de se livrar do cárcere o quanto antes, principalmente porque tem sido a única maneira de se desgarrarem dos calcanhares do citado juiz.
Não há a menor dúvida de que o juiz de Curitiba foi alçado ao nível de verdadeiro cavaleiro solitário da Justiça, que luta de peito aberto contra os construtores do mar de lama que se encontra o país, com a revelação da podridão emergida dos esquemas de ladroagem arquitetadas e executadas por mentes doentias do PT, PMDB e PP, que aparelharam a estatal para desviar dinheiro para seus cofres, conforme mostram os fatos investigados e dados a público.
Em momento de rara manifestação de sua discrição, o juiz declarou sentir-se "comovido" depois que os mais de três milhões de brasileiros que protestaram nas ruas, declarando irrestrito apoio ao seu brilhante e importantíssimo trabalho à frente da Operação Lava-Jato.
Diante do descalabro, da incompetência generalizada do governo, conforme atestam, em especial, os resultados econômicos, que contribuem para a firme e progressiva retração do país, os brasileiros têm muito motivo para apoiar, por todos os meios e formas, a atuação destemida, impoluta e altamente favorável aos interesses dos brasileiros do juiz de Curitiba, que vem demonstrando enorme vontade para passar este país a limpo, principalmente com a sua moralização, que poderá ser efetivada com a prisão de bandidos empresários, executivos e políticos, não muito acostumados com medidas duras que somente acontecem nos países sérios e evoluídos democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 28 de março de 2016

A robusteza dos indícios


O Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-presidente da República petista pelos crimes de lavagem de dinheiro, na modalidade de ocultação de patrimônio, e falsidade ideológica, à vista das investigações sobre fatos pertinentes ao tríplex sob suspeita de que ele pertence, de verdade, ao petista, cujo imóvel teria sido reformado às expensas da construtora OAS, empresa objeto de investigação da Operação Lava-Jato.
Os procuradores garantem que há robusta e consistente comprovação testemunhal e material sobre a real propriedade daquele imóvel como sendo do petista, que não a teria assumido por razões desconhecidas, em que pese haver fortes e suficientes indícios para a materialização dos crimes supraindicados.
A denúncia contra o ex-presidente resulta da investigação de fraudes em negócios realizados pela Bancoop, cooperativa habitacional de bancários que deu calote em milhares de associados, com o desvio de recursos para os cofres do PT, segundo indicaram investigações nesse sentido.
Segundo os fatos denunciados, a Bancoop teria ido à falência nos idos de 2006, sob a gerência do ex-tesoureiro do PT, que se encontra preso por outros motivos não menos graves, o qual teria deixado milhares de família a ver navio, que ficaram inermes e absolutamente isolados, ao perceberem que seus imóveis poderiam ser construídos para a nata petista, que teria o privilégio de receber, sem a menor preocupação, seus apartamentos, depois que a construtora OAS atendera pedido do todo-poderoso petista, amigo do peito do então presidente da empreiteira, para assumir as obras deixadas sequer iniciadas  pela Bancoop.
A empreiteira assumiu a construção de vários prédios da cooperativa, inclusive daquele que se localiza o questionado tríplex, que teria sido, de forma inexplicável, reformado pela construtora, sob custo zero para o seu suposto proprietário, com o capricho e o esmero somente compatíveis com o bom gosto do ex-presidente e da sua família, que estiveram por algumas vezes no apartamento, apenas por visita de cortesia e aprovação das obras.
Segundo os procuradores, a construtora, além de promover as belíssimas arrumações aos moldes dos futuros moradores, desempenhou o papel de "laranja" do petista, passando-se por dona do tríplex, cuja manobra foi cuidadosamente apurada pelos promotores do Ministério Público de São Paulo.
Pelo período de seis meses, os procuradores se empenharam no esquadrinhamento das operações que destrincharam as relações entre a OAS e o patrimônio imobiliário dos chefes petistas, tendo concluído que o aludido imóvel é a evidência material mais visível da rentável parceria do petista com os empresários corruptores, que faziam qualquer coisa para manter saudáveis e em alto nível relações com as inescrupulosas autoridades públicas, obviamente na esperança de que seus negócios estivessem sempre em evidência junto à administração pública, em claro desprezo aos princípios da ética, moral, dignidade e honestidade, que jamais deveriam se distanciar dos homens públicos, bem assim dos empresários.
Para fundamentar e tornar firme e consistente a sua denúncia, o Ministério Público de São Paulo ouviu dezenas de testemunhas e obtiveram recibos e contratos que robustecem a necessidade de o ex-presidente se esforçar ao extremo para se explicar, na Justiça, as razões pelas quais ele tentou, por todos os meios, negar ser o verdadeiro dono do tríplex.
Embora o ex-presidente procurasse desprezar e descaracterizar, tão somente com argumentos sem consistência, ou seja, destituídos de elementos probantes, o competente trabalho desenvolvido pelo Ministério Público, procurando ridicularizá-lo com o maior deboche possível, a denúncia mostra que há robusteza de indícios sobre atos delituosos praticados por ele, que jamais seriam denunciados à Justiça se não estivessem presentes os elementos indispensáveis ao preenchimento da juridicidade sobre a denúncia em si, uma vez que os procuradores não seriam incompetentes, incapazes e irresponsáveis a tal ponto de sugerir medidas extremas de punição, inclusive de prisão a envolvido, caso não houvesse fundamento jurídico suficientemente comprovados nos autos.
Convém que os brasileiros, no seu dever cívico, sejam capazes de repudiar, com veemência, as práticas deletérias dos salutares princípios da dignidade e da honestidade, tão banalizadas por homens públicos sem o menor escrúpulo, que ainda se acham no direito de se considerar imaculados, à luz da ingenuidade e da desinformação de alguns brasileiros, que deveriam ter vergonha na cara para eliminá-los da vida pública, em benefício da moralização do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de março de 2016

Reflexão à cautela


Um ex-prefeito de Uiraúna, Paraíba, afirmou que será candidato ao cargo de prefeito da cidade, na próxima eleição municipal, caso consiga reconquistar seus direitos políticos, perdidos por força de decisão da Justiça.
Não obstante, em caso de não se obter êxito na sua ação impetrada na Justiça contra o seu afastamento do cargo conquistado no último pleito, o ex-prefeito disse que uma filha sua tem sido lembrada, por seus correligionários, para participar do pleito, como candidata ao cargo de prefeito, e que a jovem já teria aprovado seu próprio nome para representar a figura política de seu pai.
É evidente que não se pode fazer juízo de valor antecipado sobre a capacidade da jovem política que o país a lançará como candidata, caso sejam vencidas as suas pretensões políticas, mas a afirmação em si conduz à interpretação de que se trata da tentativa da continuidade política de um clã, cuja modalidade política, diante dos notórios prejuízos causados ao interesse público, precisa acabar, com urgência, porque isso não condiz com os princípios essenciais de atividades políticas saudáveis que possam beneficiar as causas da comunidade, à vista do possível uso do prestígio político do pai para respaldar a ascensão dela ao mundo político, ainda sem a comprovação da sua real capacidade administrativa.
Os brasileiros precisam se conscientizar de que essa forma transversa e esdrúxula – representação política familiar - de se fazer política não contribui para o aperfeiçoamento e a modernização dos princípios democrático e republicano, cuja evolução exige a renovação de mentalidades arejadas de ideais saudáveis próprias da alternância do poder, dissociadas de grupos com estratificações edificadas em conveniências que podem não satisfazer plenamente o interesse geral da comunidade.
Não há como se avaliar, de antemão, que a mencionada jovem seja lançada no mundo político tão somente para satisfazer grupos de caciques políticos inconformados com a possível perda da dominação político-partidária regional e dos privilégios e das benesses propiciados pelo poder, principalmente pela tristeza de se perceber que outros grupos políticos se encontram no comando do município, quando isso deveria estar sob a direção de seus aliados, como se a alternância de poder não tivesse a menor importância, porque isso representa completo menosprezo aos avanços e às conquistas da humanidade, que precisam espargir, com muita urgência, seus bons fluidos de civilidade e de razoabilidade, mesmo na iminência da perda da importante influência política, que até pode ser representativa para satisfazer o ego de seres humanos, mas a vida ensina que os embates, mesmo no campo político, precisam, necessariamente, ser avaliados com bastante cautela e bom senso, porque a precipitação poderá levar a consequências desagradáveis e prejudicais, em todos os sentidos.
No caso sob análise, em que a filha de importante político regional poderá ser lançada como sucessora do legado do pai, isso representa, sem a menor dúvida, enorme precipitação diante da demonstração de indiscutível prematuridade com possíveis efeitos desastrosos para os interesses públicos.
A visão de quem se encontra alheio aos acontecimentos pode contribuir bastante para vislumbrar as melhores decisões em benefício da comunidade, com embargo de paixões e interesses político-partidários, que pode até não ser o caso do possível lançamento de jovem candidata a cargo majoritário local, por ela ser iniciante no mundo político, que não estaria ainda devidamente preparada para exercer, com a indispensável eficiência e competência administrativas, as relevantes funções de administrador municipal.
Convém que o mentor dessa ideia, em princípio, precipitada e prematura, tenha a sensibilidade de avaliar, com profundidade, as reais repercussões sobre o futuro da jovem política, principalmente levando-se em conta a importância da satisfação do interesse público e não a mera conveniência de causas pessoais e partidárias, que pode se fazer presente na situação em apreço. Acorda, Uiraúna!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de março de 2016

domingo, 27 de março de 2016

Crise humanitária?


Enquanto a Venezuela se afunda progressivamente numa espiral de desabastecimento, miséria e caos administrativo, na sua capital Caracas tem loja de altíssima especialização de bom gosto, que vende produtos importados sofisticados para a classe abastarda, como relógios Patek Philippe, a grife suíça mais prestigiada entre colecionadores e tantas excentricidades, que convivem muito bem entre escassez imposta à população afetada pela degeneração das estruturas do país.
          Com clara dissonância com a elevada escassez e alheia à inflação mais elevada do mundo, estando beirando agora ao astronômico 280% a.a. e a contração do PIB próxima de 10%, conforme previsão do Fundo Monetário Internacional, uma pequena parcela da população do país mantém vida ímpar de luxo e opulência, mas somente se enquadram nesse seleto grupo, como não poderia deixar de ser em país de regime totalitário, empresários, famílias com renda em dólar e pessoas ligadas ao chavismo, ou seja, ao poder, que estão imunes às agruras do regime mais pernicioso surgido nos últimos tempos, à vista, no caso da Venezuela, das potenciais reservas petrolíferas do país, que não têm sido capazes de contribuir para se evitar a sua  destruição socioeconômica.
Como é normal nos países socialistas, a concessão de privilégios permite que pessoas de classe média alta possam desfrutar, com a maior naturalidade, de vida confortável e despreocupada, em contraste com a situação deplorável submetida coercitivamente à classe pobre.
Importante empresário relata, ironicamente, diante da crise do país, que passa os finais de semana num clube à beira-mar, onde ancora sua lancha com suíte e "Fico aqui numa boa tomando uísque e, às vezes, saio com esse bichão (barco)."
Outro empresário morador numa mansão no mais abastado de Caracas esteve em Miami somente para ver show de cantora famosa, a par de sentenciar que "Tenho uma qualidade de vida que eu não teria em nenhum outro lugar. E eu amo o meu país”, evidentemente sem sopesar a desgraça por que passam seus semelhantes venezuelanos, totalmente atolados na lama patrocinada pela incompetência administrativa.
Na realidade, há os casos de exceção de pessoas que se beneficiam do regime totalitário, enquanto muitas outras, que não suportaram conviver com as agruras, já se mudaram para o exterior, para fugir das expropriações ilegais e de tantas outras políticas absurdas do governo chavista, a exemplo do perverso e destruidor princípio econômico, com o famigerado controle de preços e de câmbio, que contribuiu para a desestruturação do setor produtivo e consequentemente do desabastecimento generalizado do país.
A verdade atual é que a sobrevivência da maioria absoluta dos venezuelanos depende dos alimentos e produtos básicos vendidos sob preços regulados em poucos mercados estatais, onde imperam filas e racionamentos, fazendo com que a população carente seja submetida ao ridículo da desumanidade, diferentemente o que acontece com as classes média alta e alta, que são abastecidas por camelôs, que revendem, com ágio, mercadorias adquiridas nos mercados estatais ou em comércios privados, menos atingidos pela escassez, mas com preços impeditivos para a classe pobre.
O disparate existente no regime socialista chega a ser gritante, por faltar até papel higiênico na rede estatal, mas nas delicatesses seletivas de Caracas têm sal do Himalaia, mostarda francesa moída na pedra e 14 tipos de azeite de oliva importado, sendo que somente uma garrafa de água com gás francesa é vendida a 1.500 bolívares, mais de 10% do salário mínimo venezuelano.
Essa situação contrastante entre classes ricas e pobres da Venezuela é muito importante que seja do conhecimento dos brasileiros, como forma de se avaliar, com base em dados reais, as distorções existentes no regime socialista/comunista que privilegia, com concessões excepcionais, as classes que apoiam o sistema de governo, enquanto a pobreza se nivela no mesmo porão da miséria e das dificuldades, em cristalina demonstração de que o referido sistema é discriminatório, desumano e cruel com aqueles que apenas serviram de massa de manobra para a conquista do poder, que sempre será defendido de forma ferrenha, porque a alternância dele não combina com a “democracia” apregoada falsa e indevidamente pelos governos socialistas.
Os brasileiros precisam se conscientizar, ante os péssimos exemplos vindos da Venezuela, que o regime socialista/comunista tem como princípio fundamental a completa degeneração dos conceitos de administração eficiente e competente, à vista das distorções de tratamento adotadas com relação às classes sociais, porquanto algumas são privilegiadas e outras desprezadas e jogadas na vala comum da desumanidade, sem direito ao usufruto da individualidade, da liberdade e da democracia, que tem como parâmetro o princípio de que é tudo do povo para o povo, em condições de igualdade, em direitos e obrigações, sem as indignas exceções consentidas pelos governos ditatoriais, permitindo-se que o país conviva com picos elevados de inflação, pobreza e criminalidade, em total materialização de real crise humanitária. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de março de 2016

sábado, 26 de março de 2016

Acentuada indignidade


Já contado com a debandada do PMDB do seu governo, a presidente da República decidiu, em grau de último recurso, apostar na negociação dos cargos de primeiro e segundo escalões como como moeda de troca, ou seja, será promovido verdadeiro balcão de negociata, para atrair o apoio das alas partidárias que ainda não perceberam a realidade dos fatos degenerativos e resistem em aderir ao desembarque.
As conversas foram intensificadas pela petista, que começou a contatar com parlamentares e líderes partidários, na tentativa da efetivação de negociações com aliados para ouvir suas demandas em torno de cargos no governo, tendo como recompensa o apoio e a fidelização incondicionais ao Palácio do Planalto, como forma de garantir a permanência da petista no cargo presidencial.
O principal foco das investidas palacianas ainda é o PMDB, que detém a maior bancada nas duas Casas do Congresso Nacional e tem ensaiado o desembarque do governo, mas alguns parlamentares são altamente seduzidos pela vaidade dos cargos na Esplanada dos Ministérios.
Já se sabe que o afastamento por parte dos peemedebistas é considerado como verdadeiro "tiro de misericórdia" em contribuição à queda do governo, haja vista que também deverá servir de fio condutor e de inspiração para a debandada de outros partidos da base aliada, que deverão tomar o mesmo caminho dos peemedebistas, principalmente na perspectiva de melhores dias quanto à imediata formação do novo governo, caso se efetive o afastamento da petista do Palácio do Planalto.
A estratégia do governo é atrair os ministros do PMDB para próximo da presidente, com a finalidade de mostrar que a decisão pela debandada da legenda não será unânime, porque muitos parlamentares permanecem com espaço assegurado na Esplanada dos Ministérios.
A presidente já deu seu recado sobre o plano a ser executado, ao dizer que "Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza de que meus ministros têm compromisso com o governo. Vamos ver quais serão as decisões do PMDB e respeitaremos tal decisão".
Em seguida à fala da petista, alguns ministros do PMDB, em defesa dos cargos que ocupam, engrossaram o coro contra possível desembarque do partido, com afirmação ameaçadora como essa: "Eu pergunto: e os mais de 1.000 cargos que o PMDB exerce no governo hoje? Como é que farão? Irão esvaziar também? Irão levar o debate político ao extremo de paralisar o país ou vamos agir com responsabilidade diante de um momento tão duro que o país passa?".
Em que pese a presidente do país lutar desesperadamente para conquistar apoio à sua permanência no cargo, é absolutamente inconcebível que administração que tenta se passar por séria e responsável fique cooptando apoiadores à sua causa em troca de cargos públicos.
Trata-se de atitude da maior insensibilidade administrativa, porque os cargos públicos devem ser preenchidos exclusivamente por meio da comprovação do requisito do mérito, da capacidade técnico-profissional, como forma de corresponder às expectativas de qualificação satisfatória para a prestação de serviços dignos à população, que, na atualidade, padece justamente diante dos crônicos e permanentes arranjos protagonizados pelo governo, para resolver questões de interesse pessoal, como nesse caso do impeachment contra a presidente, que tudo vem sendo feito, com uso da máquina pública, para satisfazer interesse pessoal da petista.
À toda evidência, essa forma já consagrada do “toma lá, dá cá”, em que a presidente nomeia parlamentares para cargos de ministros, em troca de apoio político no Congresso, representa indiscutível cometimento de indignidade e desonestidade por ambas as partes, uma vez que a máquina pública é envolvida e prejudicada seriamente pela precariedade dos serviços públicos prestados à população, que continuarão sendo de péssima qualidade, à vista das mazelas visivelmente constatadas na saúde, na educação, na segurança pública, nos transportes, no saneamento básico, na infraestrutura e nos demais setores que envolvam a prestação de serviços da incumbência do Estado, conforme a generalizada insatisfação dos brasileiros, que são afetados pela incompetência administrativa do país.
Diante de mais esse lamentável episódio de nomeação de parlamentares para cargo públicos, em inescrupulosa e imoral troca de apoio político, fica a firma convicção de que o governo já acabou há bastante tempo e a premente necessidade de mudança da administração do país, como forma da sua moralização, eficiência e competência, quanto à execução das políticas de governo, que terá o compromisso com o estrito respeito aos princípios da ética, moralidade, legalidade, probidade, honestidade e dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de março de 2016

Situação insustentável


O grampo da conversa do ex-presidente da República com a sua sucessora deu a exata dimensão de como o poder é usado, nos bastidores, sob pilares de artificialismo que funcionam com muita desenvoltura em prol e proteção de interesses e conveniências pessoais, partidários, mostrando formas inescrupulosas e nada republicanas, embora tenha sido nesse sentido que a mandatária do país tentou justificar que a sua comunicação estivesse relacionada com assuntos republicanos, quando, na verdade, ela tratava de socorrer o seu padrinho político.
Não à toa que a petista se esforçou, de forma indignada e desesperada, para tentar desfazer a real finalidade de seu telefonema para o novel ministro da Casa Civil, mas o máximo que ela conseguiu foi colocar mais lenha na fogueira da desastrada interlocução presidencial, que teve o condão de levar para o seio do conturbado Palácio da Alvorada questões relacionadas com a Operação Lava-Jato, fazendo com que se complicasse, de forma irreversível, a já difícil situação política brasileira, que passou a ficar mais insustentável.
Não há dúvida de que a nomeação do ex-presidente para chefiar a Casa Civil, principalmente no pior momento que ele vem atravessando, ante a intensificação das investigações contra ele, tendo inclusive pedido de prisão sendo examinado na Justiça, representou muita falta de sensibilidade política da petista, diante da indiscutível tentativa de protegê-lo das garras implacáveis do juiz de Curitiba, que tem sido temido por suas posições inflexíveis contra a corrupção abrangidas nos esquemas que destruíram a Petrobras.
A presidente demonstrou completo despreparo de não perceber que seu ato representou, em essência, gigantesco erro diante da cristalina tentativa de transformá-lo em ministro com o objetivo de tirar a investigação sobre ele da primeira instância da Justiça, para dar-lhe foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal e isso ficou patente na conversa entre ambos.
Por seu turno, a fragilidade das justificativas oferecidas pela presidente somente reforçou a veracidade da finalidade objeto da ligação, que era exatamente blindar o ex-presidente, em caso da decretação da prisão dele, cuja artimanha ganhou relevância e insustentabilidade com a desesperada e até inexplicável pressa para a efetivação da nomeação e da posse dele como ministro, justamente para se evitar que ele fosse preso.
A conversa grampeada é assustadora quanto à sua finalidade, onde a presidente diz que encaminhará ao petista o "termo de posse" de ministro para que seja usado em caso de necessidade, dando clara interpretação que o diálogo tratava da tentativa de se evitar a efetivação da prisão do petista, mesmo que decretada.
Na verdade, a presidente cometeu grave irregularidade administrativa, por ter tentado socorrer o seu padrinho político, no momento em que ele se encontra no olho do furacão da Operação Lava-Jato, tendo que responder a investigações sobre possíveis apropriação indébita, quando a liturgia do cargo de Presidente da República jamais poderia sequer pensar em prestar proteção a quem quer que seja, diante dos princípios constitucionais da impessoalidade e da legalidade.
          Embora não fosse esse objetivo, há forte evidência que o episódio contribuiu para que a Operação Lava-Jato adentrasse no Palácio do Planalto de forma definitiva, ficando muito claro que a presidente não pode mais descartar a cola do ex-presidente sob a sua proteção, fato que foi transformado em gigantesco problema de difícil solução, quando se imaginava, sendo vozes palacianas, que “O objetivo inicial era de que ele ajudaria a barrar o processo de impeachment.”, mas não há a menor dúvida de que o tiro saiu pela culatra.
É induvidoso que a presidente do país deixou muito claro que ela quis interferir nos trabalhos da Operação Lava-Jato, tanto com relação ao caso da nomeação em comento como nas informações constantes da delação do senador ex-líder do governo.
O episódio em apreço demonstra, com muita clareza, que a presidente do país se encontra completamente atordoada, perdida e sem assessoramento adequado para evitar desastre administrativo dessa magnitude, que feriu gravemente a liturgia do cargo de presidente do país, com a tentativa de interferir diretamente nos trabalhos da Justiça, na forma como ela deixou transparecer no seu telefonema, cuja ato pode ter contribuído para apressar o processo da queda do governo, ante a gravidade de sua atitude antirrepublicana, em injustificável proteção a um amigo, fazendo uso da máquina pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de março de 2016

sexta-feira, 25 de março de 2016

Referendo como solução



A oposição venezuelana anunciou que convocará referendo revogatório e promoverá emenda constitucional para tirar do poder o presidente daquele país, a par de fazer grande mobilização para pressionar a renúncia do chefe de Estado.
Importante membro da oposição disse que "A Mesa da Unidade Democrática (MUD) tomou a decisão unânime de convocar o povo da Venezuela a formar o maior movimento de pressão popular que já existiu para ativar todos os mecanismos de mudança".
Ele disse também que o Parlamento, de maioria opositora pela primeira vez em 17 anos de hegemonia chavista, planeja aprovar emenda constitucional, tendo por base o voto dos venezuelanos, ou seja, a vontade popular, para dar legitimidade à redução do mandato presidencial e conseguir eleições este ano.
Em convergência com o afastamento do presidente, o oposicionista ponderou sobre a necessidade de se "iniciar o processo de referendo revogatório", que pode ser ativado, porquanto o presidente, eleito em abril de 2016 para período de seis anos, cumpre, dentro de menos de mês, a metade de seu mandato.
Com a finalidade de cumprir a estratégia aprovada pela oposição, foi convocada "ampla mobilização popular e pacífica" para a consecução da imediata renúncia do presidente do país e também apoiar as vias legais que paralelamente antecipem as medidas do Parlamento.
O oposicionista disse que a unidade do povo é o caminho para a união de mecanismos apropriados, como forma de junção de estratégias de luta contra o desgoverno daquele país.
Não obstante aos esforços da oposição, analistas constitucionalistas entendem, a título de advertência, que os mecanismos imaginados para agilizar a saída do presidente terão que passar pelo filtro do Tribunal Supremo de Justiça, acusado pela oposição de ser órgão subordinado ao governo e que há uma semana reduziu drasticamente os poderes do Legislativo, como forma de fragilizá-lo e tirar suas forças contra a tirania bolivariana.
O oposicionista disse que "O governo trancou o jogo e aprofundou o desastre econômico (...) Já não aguentamos. Somos vítimas da pior crise da história do país. Nada funciona. Por isso, a Venezuela assumiu o caminho da mudança". Ele concluiu seu pensamento, declarando-se convicto de que, com esta estratégia múltipla, serão conseguidos avanços em seus objetivos.
Não é de agora que a principal estratégia adotada pelo comunismo é tentar demonstrar que seus governantes sempre defendem a democracia, como forma de reafirmação da disseminação da popularidade em primeiro plano, sob a estrutura de socialização, que, em muitos casos, tem o nome de bolivarianismo, mas a tacanha fundamentação desse famigerado regime despreza, por completo, um dos pilares da importante democracia, que se traduz exatamente na rotatividade do poder.
Nos países que implantaram o socialismo, não existe outro pensamento ideológico senão a perenidade no poder, a qualquer custo e sob os piores argumentos, porquanto os esquerdopatas tentam de todas as formas corromper as instituições e ludibriar a população com insinuações absurdas de que só há futuro para o país se eles permanecerem no poder, mesmo que as estruturas das instituições estejam depauperadas e fragilizadas, como é o caso específico da Venezuela, onde há falta de tudo e maneira generalizada para a população, desde gêneros de primeira necessidade até remédios, fazendo com que o país se encontre mergulhado, em especial, em verdadeiro caos humanitário.
Em que pese a visível desgraça que se apoderou da administração bolivariana, o governo ainda tenta se sustentar e se apoiar na figura do líder e "herói" carismático do fundador do chavismo, que foi a figura de extrema maldade para os interesses dos chamados "fracos e oprimidos", uma vez que as ações centradas nos princípios instituídos por ele conduziram o país à falência e à degeneração, em especial quanto às políticas econômicas, que se consumem nas graves crises comandadas pela fortíssima inflação de mais de 180% a.a., cujos efeitos são destruidores e dramáticos para a população, que foi submetida aos horrores da violência, da miséria e da incerteza sobre o futuro sob o comando de governo sem rumo e completamente perdido, em termos administrativos.
Não há dúvida de que, diante de comprovado grave dano aos interesses da nação, obviamente da população, não somente na Venezuela, mas em todos os países deveriam existir mecanismo, disposição jurídica prevendo, por meios  legais e constitucionais, como o referendo pretendido na naquele país, o imediato afastamento do principal causador da desgraça ao povo, que não merece e não pode, por questão de bom senso e razoabilidade, continuar sendo prejudicado pela incompetência, insensibilidade e insensatez da insistência da permanência no comando da nação, quando isso somente contribui para agravar cada vez mais as gravíssimas dificuldades administrativas e demonstrar a extrema falta de amor e zelo para com o interesse da população e do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de março de 2016